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Curitiba
2016
PREFÁCIO
Capítulo 9: Psoríase
Tabela 9.1. Formas de manifestação da psoríase 131
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 9: Psoriase
Figura 9.1: psoriase vulgar ou em placas 130
Figura 9.2: manifestações ungueais da psoriase 132
ANATOMIA
A mão é dividida em cinco raios. Durante a extensão total ficam afastados e
na flexão total ficam juntos sem se sobreporem. (1) A mão também pode ser
dividida em punho e dedos, além de apresentar uma região ventral e outra dorsal.
O primeiro dedo é lateral e extremamente móvel na sua base. (4)
O punho é formado pelos ossos do carpo, rádio e ulna. O rádio distal
apresenta como ápice o processo estiloide e como base a cavidade articular para a
cabeça da ulna (fossa sigmoide). Além disso, as margens posterior e lateral do
rádio distal têm efeito de contenção, contribuindo para a estabilidade dorsal e radial
da articulação radiocárpica. (2)
Os ossos do carpo são distribuídos em duas fileiras transversais, sendo a
primeira (mais proximal) formada pelo escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme,
enquanto a segunda (mais distal) é formada pelo trapézio, trapezoide, capitato e
hamato. Estes ossos possuem sua congruência mantida por ligamentos fortes,
localizados principalmente ventralmente. Há duas articulações no punho: uma
radicárpica (entre o rádio e a fileira proximal dos ossos do carpo), e uma
mediocárpica (entre a 1ª e a 2ª fileiras). (2)
A articulação entre o primeiro metacarpo e o trapézio é a articulação de
maior mobilidade na mão, porém, devido ao seu formato, há instabilidade e maior
risco de desenvolvimento de osteoartrose.(1) As articulações metacarpofalângicas
permitem movimentos de flexo-extensão, além de adução e abdução quando em
extensão. Já as articulações interfalangianas permitem apenas movimentos de
flexão e extensão. (1)
A musculatura da mão está dividida em musculatura extrínseca e intrínseca,
sendo os intrínsecos aqueles que têm origem e inserção na própria mão, e os
extrínsecos aqueles que possuem origem no cotovelo e antebraço. (1,3)
A palma da mão apresenta três eminências: a eminência tenar, a eminência
hipotenar e a saliência digital palmar, de modo que todas circundam o centro da
mão. A eminência tênar localiza-se na base do polegar e é inervada principalmente
pelo nervo mediano. A eminência hipotênar é localizada imediatamente e
proximalmente ao dedo mínimo, sendo inervada pelo nervo ulnar. Lesões
compressivas ou traumáticas desses nervos podem levar à hipotrofia das
respectivas regiões. (1)
Em ambas as faces da mão há aponeuroses, palmares e dorsais, que são
estruturas que dividem a mão em compartimentos. A aponeurose palmar é a mais
relevante, pois é nela que se desenvolve a doença de Dupuytren, uma metaplasia
fibrosa que resulta em espessamento nodular e contratura da fáscia palmar,
resultando em flexão dos dedos nas articulações metacarpofalangeanas. (1, 9)
Os tendões dos músculos extensores adentram na mão na altura do punho
através do retináculo dos extensores (ou ligamento anular anterior do carpo), que é
uma espécie de cinta fibrosa. (1) Já os flexores superficiais e profundos dos dedos,
Exame Fisico das Mãos 2
ANAMNESE
EXAME FÍSICO
Primeiramente realizar o exame físico completo a procura de manifestações
extra-articulares e de acometimento de outras articulações. Posteriormente,
proceder ao exame físico das mãos com o membro superior totalmente exposto,
posicionando-se em frente ao paciente. Avaliar ambos os membros para poder
comparar um lado com o outro. (1) Para sistematizar o exame clínico e não
esquecer nenhum aspecto recomenda-se realizá-lo de proximal para distal,
começando pela região dorsal e depois ventral, de acordo com a seguinte ordem:
inspeção estática e dinâmica, palpação e manobras especiais. Para facilitar a
sistematização e a interpretação dos achados de exame físico, os autores optaram
por descrever os exames para avaliação de função motora nas seções de inspeção
Exame Fisico das Mãos 4
volume nas
Metacarpofalangenas Observar o desaparecimento das saliências formadas pelas cabeças dos metacarpos. Comum na artrite
articulações
reumatoide, doenças difusas do tecido conjuntivo, artrite psoriásica (Fig.1.2C)
Interfalangeanas Artrite reumatoide (Fig.1.2D), doenças difusas do tecido conjuntivo, artrite psoriásica (Fig.1.5), osteoartrite
proximais (Fig.1.6)
Interfalangenas distais Artrite psoriásica (Fig.1.5), osteoartrite (Fig.1.6)
Atrofia de inter-ósseos Depressões nítidas e assimétricas na região dos inter-ósseos. Indica desuso e pode ocorrer na artrite
reumatoide ou em casos de lesão nervosa, onde é mais acentuada e assimétrica (Fig. 1.2B)
Exame Fisico das Mãos 6
Nódulos nas superfícies extensoras Tofos ou nódulos reumatoides. Em algumas ocasiões, podem ser muito semelhantes ao exame físico, a
diferenciação será através da história clínica (Fig.1.1 e Fig.1.7). Os tofos também podem se localizar
difusamente
Lesões cutâneas Descamação Placas papuloescamosas bem delimitadas, de coloração vermelha a rosada, com escamas grosseiras de
grosseira cor prateada, não aderentes, ocorre na psoríase (14)
Pápulas de Gótron Pápulas rosadas, eritematosas ou violáceas nas proeminências ósseas das articulações
metacarpofalangeanas e interfalangeanas. Característico da dermatomiosite (15)
Polpas digitais
Reabsorção de polpas digitais Acrosteólise com perda das polpas digitais secundária a isquemia crônica. Ocorre na esclerose sistêmica
(16)
Cicatrizes estelares Pequena área de depressão arredondada na polpa digital, resultante de isquemia. Ocorre na esclerose
sistêmica (17) (Fig.1.8)
Úlceras digitais Podem ser muito pequenas e ocultas sob as unhas, mas também podem apresentar alguns centímetros,
sendo dolorosas e sujeitas a infecção secundária. Ocorrem na esclerose sistêmica (12)
Necrose de polpas digitais Resultante de isquemia, ocorre na esclerose sistêmica e nas vasculites de médios vasos (11)
Onicodistrofia Crescimento alterado do corpo da unha. Ocorre na psoríase (13)
Manchas de óleo Descoloração sub-ungueal de tonalidade amarelada , alaranjada ou acastanhada. Ocorre na psoríase (Fig.
1.5) (13)
Unhas
Palma das mãos Telangiectasias Vasos sanguíneos dilatados, de cor púrpura ou avermelhada, irregulares que sofrem colapso com a
Aspeto ventral
digitopressão e que enchem lentamente quando a pressão desaparece; ocorrem na esclerose sistêmica
sistêmica (16)
Saliências e Espessamento e contratura da fascia palmar, que leva a retração da pele subjacente e em casos graves
depressões resulta em deformidade em flexão dos dedos na região das articulações metacarpofalangeanas, quadro
conhecido por contratura de Dupuytren (Fig.1.10) (8)
Região tenar Hipotrofia Lesão do nervo mediano, ocorre nos casos graves de síndrome do túnel do carpo (Fig.1.11) (1)
Região hipotênar Hipotrofia Lesão do nervo ulnar (1)
Exame Fisico das Mãos 7
Figura 1.2.: inspeção da mão de um paciente com artrite reumatoide. A) inspeção geral
evidenciando polegar em Z, 5º dedo direito em botoeira e 5º dedo esquerdo em pescoço de cisne
(setas); B) aumento de volume em punhos sugestivo de artrite; C) aumento de volume em
metacarpofalangeanas sugestivo de artrite; D) aumento de volume em interfalangeanas proximais
sugestivo de artrite (setas vermelhas) e nódulo reumatoide (seta azul); E) atrofia de inter-ósseos. A
palpação das articulações com aumento de volume revelará consistência borrachosa.
Exame Fisico das Mãos 8
Figura 1.5: inspeção da mão de um paciente com artrite psoriáica. Observar placa com escamas
prateadas no punho (circulo azul); aumento de volume em interfalangena proximal (setas vermelha)
e distais (seta azul) indicativo de artrite e manchas acastanhadas nas unhas, também conhecidas
como manchas de óleo. A palpação das articulações com aumento de volume revelará consistência
borrachosa.
Figura 1.6: inspeção da mão de um paciente com osteoartrite. Observar aumento de volume nas
interfalangeanas proximais (nódulos de Bouchard, setas azuis) e distais (nódulos de Heberden,
setas vermelhas). A palpação revelará consistência endurecida.
Exame Fisico das Mãos 10
1
O sinal do círculo é descrito na língua inglesa como sinal do OK. Porém o que os britânicos interpretam como
algo positivo, é interpretado de maneira pejorativa em nosso país. Por isso as autoras fizeram uma pequena
modificação no movimento a ser realizado pelo paciente, sem, entretanto modificar seu significado
semiológico.
Exame Fisico das Mãos 12
A B C D
Figura 1.11: testes rápidos de função motora A) sinal do círculo normal (nervo mediano): a segunda
interfalangeana proximal e que a interfalangeana do indicador são capazes de fazer flexão
completa; B) sinal do círculo alterado: a interfalangeana proximal do indicador e a interfalangeana do
polegar estão em extensão. C) sinal de positivo (nervo radial). D) cruzamento dos dedos indicador e
médio (nervo ulnar).
Palpação
Durante a palpação, avaliar a espessura da pele. A região palmar e dos
dedos possuem uma pele naturalmente mais espessada e fixa a planos profundos.
Além disso, observar se aumento de temperatura local, utilizando-se o dorso da
mão (Fig.1.13D), lembrando que nas artrites crônicas o aumento de temperatura
pode ser sutil. Avaliar se a pele está apresentando sudorese normal, caso contrário
há lesão neurológica. Todas as articulações devem ser palpadas individualmente a
procura de sinovite, artrite ou nódulos.
Durante a palpação buscar sinais específicos de algumas doenças. Por
exemplo, nódulos e aderências na aponeurose palmar indicam doença de
Dupuytren. Aumento de volume em interfalangeanas, de consistência borrachosa
indicam sinovites. Já nódulos duros e dolorosos nessa região indicam osteoartrite
(caracteristicamente chamados de nódulos de Heberden e Bouchard). (1) A tabela
1.3 e a figura 1.13 mostram a técnica para a palpação das articulações das mãos.
Exame Fisico das Mãos 13
A B
D
C
Figura 1.13: palpação da mão. Observe que as flechas vermelhas indicam ação e as azuis indicam
sensibilidade, ou seja, na palpação das articulações é necessário apertar um lado (ação) para que
no outro possamos avaliar se há deslocamento de líquido ou da sinóvia espessada (sensibilidade).
A) palpação da articulação do punho; B) palpação da articulação metacarpofalangeana; deve ser
feita em todas as articulações; C) palpação da interfalangeana proximal (deve ser feita em todas -
tanto nas proximais, quanto nas distais); D) palpação da temperatura (sempre avaliar com o dorso
da mão).
Testes especiais
Os testes especiais devem ser realizadas se a história clínica sugerir lesão
específica, com exceção do teste da compressão látero-lateral, que deve ser
realizado em todos os pacientes com queixa de dor na mão. As principais
manobras para o exame físico das mãos com suas respectivas técnicas estão
descritas na tabela 1.4 e demonstradas nas figuras 1.14 a 1.17.
Exame Fisico das Mãos 15
Figura 1.15: manobras para avaliar nervo mediano. A) teste de Phallen ou da hiper-flexão dos
punhos; B) teste de Tinel ou da percursão do nervo mediano; C) teste do pinçamento: observar que
a interfalangeana proximal do indicador e a interfalangeana do polegar deverão estar em flexão.
Figura 1.16: testes para avaliar nervo ulnar. A) teste de compressão do nervo mediano ou de Tinel;
B) teste da pinça ulnar com sinal de Froment negativo indicando integridade do nervo ulnar: notar
que a interfalangeana do polegar está em extensão; C) teste da pinça ulnar com sinal de Froment
positivo indicando comprometimento motor do nervo ulnar: notar que ocorre flexão da
interfalangeana do polegar.
Exame Fisico das Mãos 17
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Os principais diagnósticos diferencias de dor nas mãos, com os diferentes
achados de anamnese e exame físico podem ser observados na tabela 1.5, que
resume as principais doenças sistêmicas que afetam as mãos, e na tabela 1.6, que
sintetiza os principais reumatismos de partes moles localizados nas mãos.
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Exame Fisico das Mãos 20
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Exame Físico do Cotovelo 21
ANATOMIA
ANAMNESE
EXAME FÍSICO
Inspeção
A inspeção do cotovelo inicia com a observação da pele, já que permite a
caracterização de algumas doenças como a psoríase e a dermatomiosite. A
psoríase é caracterizada por placas pápulo descamativas de cor prateada e
nitidamente demarcadas por uma borda rosada, sobre uma base eritematosa. Já a
dermatomiosite pode ser reconhecida por meio do sinal de Gottron que se
apresenta como máculas violáceas que aparecem nas superfícies extensoras dos
cotovelos e joelhos. (5)
Posteriormente, observar a apresentação geral do cotovelo, pois atitude em
flexão indica artrite (Fig.2.2A). Já na região postero-lateral, avaliar o recesso
infracondilar, localizado logo abaixo do epicôndilo lateral do úmero, entre a cabeça
do rádio e a borda do olecrano. Esse recesso é facilmente observado como um a
depressão, mesmo nas pessoas obesas (Fig.2.2B). Se estiver preenchido há artrite
ou proliferação sinovial (Fig.2.2A). (1)
Na porção posterior avaliar a bursa olecaranina, que estará proeminente em
caso de inflamação. Deve-se também procurar por nódulos reumatoides (Fig.2.2C)
na borda subcutânea da ulna e por tofos gotosos (Fig.2.2D-E). Se houver
proeminência da ponta do olecrano, pensar em luxação de cotovelo e em
articulação de Charcot. (1)
Exame Físico do Cotovelo 24
Palpação
Sempre começar a palpação observando-se a temperatura com o dorso da
mão e comparando com o cotovelo contralateral. Aumento de temperatura, ainda
que sutil, sugere artrite.
Posteriormente, proceder a palpação das principais estruturas anatômicas,
reconhecendo a localização dos epicôndilos (lateral e medial) e do olecrano. (1)
Na porção lateral é possível palpar o epicôndilo lateral, a origem dos
músculos extensores do punho, o complexo ligamentar lateral e a cabeça do rádio.
Se houver dor na porção lateral pensar em epicondilite lateral ou síndrome do túnel
radial, assim como se o paciente apresentar dor na cabeça do rádio pensar em
sinovite ou osteoartrite. Se houver proeminência da cabeça do rádio pensar em
luxação traumática ou congênita prévia. Em casos de dor à palpação no complexo
ligamentar lateral considerar a hipótese de traumatismo em varo. Derrame articular
será percebido à palpação do recesso infracondilar, entre a cabeça do rádio e a
borda lateral do olécrano. (1)
Na porção posterior palpa-se a bursa olecraniana sobre a aponeurose do
tríceps (Fig.2.3A). Em casos de inflamação há presença de dor e ela se apresenta
espessada. Um esporão ósseo também pode vir a ser palpável nessa região. A
fossa olecraniana pode ser palpada, também, com a articulação em semiflexão a
fim de relaxar a musculatura triciptal. E com o cotovelo fletido conseguimos palpar
ao mesmo tempo ambos os epicôndilos (lateral e medial) e o olecrano (Fig.2.3B).
Esses três pontos devem formar entre si um triângulo equilátero no cotovelo
normal. (1)
Na porção medial há um sulco formado pelo epicôndilo medial e pelo
processo do olécrano por onde passa o nervo ulnar, que é caracteristicamente
suave, flexível e cilíndrico à palpação (Fig.2.3C). A palpação do nervo ulnar deve
ser realizada de forma delicada, pois, do contrário, o paciente experimentará uma
sensação desagradável, mas é importante avaliar a mobilidade no nervo para fora
de seu sulco. Isso é útil para identificarmos compressão nervosa consequente à
proliferação de tecido cicatricial, que pode ser devida a traumas, artrose ou
proliferação sinovial (artrite reumatoide). Na síndrome compressiva ulnar os sinais e
sintomas serão de alteração da sensibilidade nos dedos mínimo e anular e
hipotrofia dos músculos intrínsecos da mão. Já em casos de espessamento do
nervo devemos pensar na possibilidade de hanseníase.(1) Neste caso, examinar
Exame Físico do Cotovelo 26
também a mão a procura de atrofia, garra ulnar e diminuição de força dos músculos
inervados pelo nervo ulnar (avaliar a capacidade de cruzar o dedo médio sobre o
dedo indicador, pesquisar o sinal de Froment e o sinal da flexão dos dedos - vide o
capítulo sobre exame físico da mão).A tabela 2.2 resume a palpação do cotovelo.
Testes especiais
Assim como no exame físico da mão, as manobras especiais devem ser
realizadas se a história clínica sugerir lesão específica. As principais manobras
para o exame físico dos cotovelos com suas respectivas técnicas estão descritas
nas tabela 2.3 e 2.4 e demonstradas nas figuras 2.4 e 2.5.
Exame Físico do Cotovelo 27
Figura 2.2: manobras para avaliar epicondilites. A) teste da extensão do punho contra resistência
para epicondilite lateral (Cozen); B e C) outro teste de extensão do punho contra resistência para
epicondilite lateral (teste de Mill) visto de diferentes ângulos; E-G) teste para epicondilite medial:
sequência da movimentação do membro superior do paciente.
Exame Físico do Cotovelo 28
força (3)
Síndrome do → É uma neuropatia → Sinal de Tinel positivo na fossa cubital
túnel cubital compressiva ou de tração do indica neuropatia compressiva (3)
nervo ulnar na altura do túnel →O nervo ulnar deve ser palpado no
cubital (3) túnel cubital durante a flexão e extensão
→ Os pacientes geralmente a fim de procurar possível subluxação do
apresentam dor associada a nervo ulna (3)
formigamento e entorpecimento → Podem estar presentes: incapacidade
na borda ulnar do antebraço e de aduzir o 5º dedo (sinal de
mão, no 4º e 5º dedos (3) Wartenberg), mão em garra, flexão da
interfalangeana proximal e distal do 4º e
5º dedos (3)
→ Ao exame físico é necessário excluir
outras neuropatias compressivas do
membro superior e da coluna cervical (3)
Epicondilite → Geralmente a dor é de início → Dor durante pronação contrarresistida
medial insidioso, acompanhada de é o teste mais sensível (3)
perda de força de preensão (3) → Dor durante flexão do punho
→ História de atividade repetida contrarresistida (3)
de estresse em valgo e flexão,
assim como flexão e pronação
repetitivas do cotovelo (3)
Bursite → A bursite olecraniana é a 1)Séptica: edema, aumento de
olecraniana causa mais comum de dor temperatura e eritema sobre o olécrano
posterior no cotovelo 2) Não séptica massa macia sobre o
1)Séptica: dor olécrano sem rubor, aumento de
2) Não séptica: a história de temperatura, limitação da amplitude de
traumas menores sobre o movimento ou sinais de infecção
cotovelo (3)
Impacto → Em atletas jovens que → Dor na porção posterior do cotovelo
posterior promovem estresse em valgo durante flexão total forçada (3)
associado à hiperextensão do → Com o tempo deformidade fixa em
cotovelo. Ex.: lançadores de flexão (3)
dardos (3)
Tendinopatia → História de extensão → Dor na porção posterior do cotovelo
triciptal repetitiva do cotovelo com com extensão resistida (3)
resistência, como por exemplo, → Sensibilidade na inserção do tríceps
em trabalhadores industriais ou (3)
em atletas levantadores de peso
(3)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Exame Físico do Ombro 31
ANATOMIA
O ombro é a articulação mais móvel do corpo humano e isso traz importantes
consequências clínicas, justificando o conhecimento anatômico para ser realizado
um bom exame físico. É formado por 3 diartroses (glenoumeral, acromioclavicular e
esternoclavicular), por 3 sistemas ligamentares (subacromial, umerobicipital e
escapulotorácico), além de 14 ligamentos e 19 músculos. (1)
As estruturas ósseas que devem ser reconhecidos para um bom exame físico
do ombro são a fossa subescapular, a espinha da escápula, a fossa
supraespinhosa, a fossa infraespinhosa, o tubérculo maior do úmero e o tubérculo
menor do úmero, pois são pontos de origem ou inserção dos músculos que
estabilizam o ombro. (1) Além disso, o acrômio, por ser um importante ponto de
referência para o exame clínico e a articulação acrômio-clavicular, por ser sede de
osteoartrite e, consequentemente, dor, também devem ser reconhecidos. (1)
O manguito rotador, constituído pelos músculos supraespinhal, infraespinhal,
redondo menor e subescapular, estabiliza a articulação glenoumeral (3). Participa da
abdução, da rotação interna e externa e também atua como depressor da cabeça do
úmero, o que evita o impacto da cabeça do úmero com os turbérculos maior e menor
contra as estruturas osteoligamentares que o circundam. Além do manguito rotador,
o cabo longo do bíceps estabiliza o ombro, impedindo a avulsão da cabeça umeral.
(1)
Conhecendo-se a origem e inserção de cada músculo, é possível deduzir qual
a sua ação, basta imaginar que movimento resulta da contração (ou encurtamento)
das fibras musculares. Entendendo-se a ação de cada músculo, é possível deduzir
qual a manobra para testá-lo, uma vez que o objetivo destas manobras é submeter o
músculo à tensão máxima. Para isto, basta pedir que o paciente faça o movimento
pelo qual o músculo é responsável, contra resistência oferecida pelo examinador.
Uma vez que ocorra qualquer tipo de lesão, a tensão máxima de suas fibras
reproduzirá dor. Além disto, se houver ruptura total do músculo, o paciente terá
dificuldade para realizar a manobra, traduzida por diminuição de força ou mesmo
incapacidade de realizar o movimento. Na tabela 3.1 podem ser observadas as
origens, inserções e ações dos estabilizadores do ombro.
A bursa subacromial é uma bolsa serosa, localizada entre a face inferior do
acrômio e a capsula articular, que funciona como um amortecedor diminuindo o
impacto entre os músculos do manguito rotador e o acrômio (3)
Todas as estruturas anatômicas supracitadas (tendões do manguito rotador,
cabo longo do bíceps e bursa subacromial) são relevantes do ponto de vista clínico
porque estão sujeitas a compressão entre o aspecto lateral do acrômio e a cabeça
do úmero, o que causa inflamação e consequentemente, dor (3).
Exame Físico do Ombro 32
ANAMNESE
Diversos dados semiológicos podem guiar o raciocínio clínico diante do
paciente com queixa de dor no ombro. Destes, alguns podem ser de grande
relevância, como a idade, a ocupação ou profissão do paciente, esportes e
atividades de lazer, as características da dor (início, localização, irradiação,
intensidade, qualidade, sintomas associados, momento em que a dor ocorre, fatores
de alívio e de piora ou desencadeamento), história de trauma prévio no local inclui-
se também cirurgias, terapias já utilizadas (tempo, resposta e adesão),
acometimento de outras articulações e comorbidades como diabetes. A tabela 3.2
explica o significado de cada um desses sintomas. (3)
Exame Físico do Ombro 33
EXAME FÍSICO
Para realizar o exame físico do ombro, o paciente deverá estar com o ombro
exposto, lembrando-se que o examinador deverá garantir o conforto e privacidade
do paciente. O exame sempre será comparativo, ou seja, os dois ombros deverão
ser examinados e comparados um com o outro. Sistematizar o exame de acordo
com a seguinte ordem: inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação e manobras
especiais. Para que a avaliação da mobilidade passiva não seja esquecida, os
autores optaram por incluí-la juntamente com a inspeção dinâmica.
Inspeção estática
O paciente deverá ser avaliado tanto em posição anterior quanto em posição
posterior, a procura de assimetrias, deformidades ou atrofia muscular (3) Na tabela
3.3 podem ser observados os principais achados observados na inspeção estática e
qual seu significado.
Exame Físico do Ombro 34
Inspeção dinâmica
Todos os movimentos deverão ser realizados sempre comparando com o lado
contralateral porque a amplitude do movimento e o grau de flexibilidade são
individuais. Nesta etapa do exame físico o que o examinador busca limitação de
movimento.
Os autores recomendam iniciar a inspeção dinâmica com as provas funcionais,
que avaliam a combinação de diferentes movimentos do ombro e permitem avaliar
incapacidade para a realização das atividades diárias. A capacidade na execução
desses movimentos pode ser avaliada do seguinte modo:
I) Ausência de dor durante o movimento;
II) Existe algum impedimento na realização do movimento;
III) Incapacidade de realizar o movimento
As provas funcionais podem ser visualizadas na tabela 3.4 e na figura 3.1:
Tabela 3.4. Provas funcionais para avaliar mobilidade ativa do ombro. (1)
Prova Movimento
Mão – Nádega oposta Mover a mão em direção à nádega oposta (Fig. 1A)
Mãos - costas Mover o dorso da mão às costas, buscando encostar a
ponta do polegar no ângulo inferior da escápula oposta
(fig. 1B)
Mão – ombro oposto Mover a palma da mão à região deltoidea oposta (Fig. 1C)
Mão - nuca Opor a palma da mão em direção à nuca (Fig. 1D)
Exame Físico do Ombro 35
Sempre que houver limitação da mobilidade ativa, ou seja, quando o paciente for
incapaz de exercer determinado movimento, deverá ser avaliada a mobilidade
passiva, ou seja, será o examinador quem irá efetuar os movimentos. Se houver
apenas dificuldade na execução de mobilidade ativa, de um modo geral, o médico
deverá suspeitar de lesão tendínea ou muscular, (por exemplo: o paciente não
consegue elevar o ombro no plano da escápula, imaginamos que há uma ruptura
completa de supraespinhoso). Por outro lado, se houver limitação da mobilidade
ativa com discreta limitação passiva, deverá ser pensado em artrose; ou ainda, se
houver limitação da mobilidade ativa e passiva em mais de três planos, o diagnóstico
será de capsulite adesiva. Quando houver limitação da elevação passiva e ativa
no plano da escápula devido à dor, podemos pensar em bursite subacromial.
(1,6,7)
Exame Físico do Ombro 36
Palpação
Os objetivos da palpação são avaliar se há presença de (1,2,11):
Dor localizada, sugestiva de tendinite
Crepitação, sugestiva de osteoatrite
Pontos gatilhos (trigger points): são regiões dolorosas perceptíveis na
palpação caracterizadas por regiões de bandas musculares tensas. A
palpação desses pontos desperta sensação desagradável que pode se
sentida localmente, à distância ou ainda referida. Estes sinais são
sugestivos de síndrome miofascial.
Manobras especiais
A avaliação do paciente com queixa de dor no ombro, de um modo didático, pode
ser dividida em três grandes grupos: manobras para avaliar impacto da cabeça do
úmero com as estruturas osteo ligamentares adjacentes (tabela 3.6), manobras para
avaliar os tendões (tabela 3.7) e manobras para avaliar instabilidade (tabela 3.8).
Exame Físico do Ombro 38
Figura 3.5: manobras para avaliar instabilidade. A-C) Teste de Fukuda para avaliar instabilidade
posterior; D-F) teste da apreensão para avaliar instabilidade anterior; G) Gaveta Anterior; H) Gaveta
Posterior.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
A tabela 3.9 mostra os principais diagnósticos diferenciais de dor no ombro.
Exame Físico do Ombro 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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produção: estudo clínico e ultrassonográfico. Rev. Bras.
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Revisão: Documentação da síndrome dolorosa miofascial por imagem
infravermelha. Acta Fisiatr. 2007; 14(1):41-4.
Exame Físico do Ombro 44
ANATOMIA
A coluna vertebral é a estrutura central semi-rígida em torno do qual ocorrem
os movimentos do tronco, formada normalmente por 33 vértebras, unidas por discos
intervertebrais elásticos, e por ligamentos, compondo uma unidade funcional e
estrutural. (1)
As vértebras organizam-se em cinco regiões: 7 vértebras cervicais, 12
torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas, com movimentação significativa
somente nas 24 vértebras superiores. (1)
O tamanho e outras características das vértebras variam de uma região da
coluna vertebral para outra, mas sua estrutura básica é semelhante, sendo
constituída por um corpo vertebral, um arco vertebral e sete processos (um processo
espinhoso, dois processos transversos e quatro processos articulares). (1)
As duas vértebras cervicais superiores são atípicas. A vértebra C1, também
conhecida como atlas, é única porque não tem corpo nem processo espinhoso. Ao
invés de corpo, C1 possui um par de massas laterais que sustenta o peso do crânio
e origina os processos transversos, constituindo-a como a vértebra cervical mais
larga e auxiliando na função de alavanca dos músculos que se fixam a ela. (1)
A vértebra C2, também chamada de áxis, é a mais forte das vértebras
cervicais. A estrutura diferencial do áxis é o processo odontoide (dente) que se
localiza anteriormente à medula espinhal e funciona como eixo central para rotação
da cabeça. O giro da cabeça (movimento de “não”) é possível porque a vértebra C1
gira sobre as superfícies planas de sustentação do áxis. (1)
A flexibilidade da coluna vertebral, apesar do movimento entre duas vértebras
adjacentes ser pequeno, é possibilitada pelos discos intervertebrais que realizam a
fixação entre os corpos vertebrais, constituindo sua estrutura semirrígida contínua.
Os discos intervertebrais, devido a sua elasticidade e deformabilidade, são ainda
responsáveis por absorver o choque. (1)
Cada disco intervertebral é constituído por um anel fibroso, uma parte fibrosa
externa, composta de lamelas concêntricas de fibrocartilagem, e uma massa central
gelatinosa, denominada núcleo pulposo. Nas margens lateral e posterolateral dos
discos intervertebrais localizam-se as articulações uncovertebrais. (1)
As vértebras cervicais, torácicas, lombares e a primeira sacral, ao todo 25,
também se articulam nas articulações zigapofisárias (articulações dos processos
articulares), que facilitam e controlam a flexibilidade da coluna vertebral. Estas
articulações são do tipo sinovial plana, circundadas por cápsula articular fina, e
realizam o deslizamento entre processos articulares. (1)
A amplitude dos movimentos da coluna vertebral é determinada pelo tamanho
do disco intervertebral em relação ao corpo vertebral e varia de acordo com cada
região. A flexão é máxima na coluna cervical, a extensão é máxima na região lombar
(não realiza rotação), e a rotação máxima na região torácica (possui flexão limitada).
(1)
Exame Físico do Ombro 45
ANAMNESE
A avaliação de pacientes com queixas referentes à coluna vertebral (cervical,
torácica ou lombar), considerando-se que a dor nas costas é um sintoma freqüente,
inicia-se com a anamnese focada em alguns aspectos chaves: início (agudo ou
insidioso); descrição (localização, intensidade, duração, irradiação dermatomal ou
não dermatomal, periodicidade, fatores de melhora e de piora); fatores de risco
(idade, fatores psicossociais, ocupação e índice de massa corporal); histórico
médico e comorbidades (neoplasia, infecção, osteoporose, fraturas, distúrbios
endocrinológicos e cirurgias na coluna). (4)
Os sintomas neurológicos, por se relacionarem intrinsecamente com as
patologias da coluna, também possuem grande relevância e devem ser
pesquisados, questionando-se a presença de fraqueza muscular; parestesia; hipo ou
hiperestesia; anestesia; dificuldade em executar atividades que requerem o controle
motor fino das mãos (escrever ou segurar objetos) e disfunção do intestino e da
bexiga, incluindo urgência, incontinência ou retenção. (3,4)
Além do levantamento mencionado, na entrevista de pacientes com dor nas
costas, alguns fatores devem sempre ser investigados, uma vez que alertam para a
Exame Físico do Ombro 46
EXAME FÍSICO
O exame físico deve ser feito após o término da anamnese para confirmar a
hipótese diagnóstica aventada. É fundamental realizá-lo em uma sequência bem
estabelecida, aproveitando-se a posição em que o paciente se encontra, a fim de
garantir que todas as etapas e testes sejam efetuados de forma otimizada. (5)
Paciente em pé vista posterior:
Inspeção estática;
Inspeção dinâmica: teste de Adams, flexão/extensão e teste de
Schober;
Palpação.
Paciente em pé vista lateral:
Inspeção estática;
Medida da distância tragus-parede.
Paciente em pé vista anterior:
Inspeção estática;
Inspeção dinâmica: rotação e lateralização, expansibilidade
torácica.
Exame neurológico
Figura 4.1: alinhamento da coluna. A) escoliose evidenciada pelo desvio de eixo da coluna e
assimetria das pregas cutâneas; B) manobra de Adams mostrando discreta acentuação da
gibosidade a esquerda; C) cifose dorsal.
Inspeção dinâmica:
Inclinação anterior (Teste de Adams)
Utilizada para determinar a presença de escoliose e diferenciá-la em
escoliose estruturada (escoliose idiopática, neuromuscular e congênita) e escoliose
não-estruturada (relacionada à diferença de comprimento dos membros inferiores,
contraturas na articulação do quadril e a processos álgicos da coluna lombar). Pedir
ao paciente para afastar os pés (em aproximadamente 15 cm), manter os braços
pendentes e inclinar a coluna para frente até que esta fique paralela ao solo.
Observar se há aparecimento de giba costal, que é evidente nas escolioses
estruturadas e desaparece nas não-estruturadas. Outro sinal sugestivo de escoliose
estruturada é a persistência da assimetria entre as pregas cutâneas durante a
inclinação da coluna (Fig.4.1B). (5,7,8)
Flexão e extensão
Avaliar a amplitude dos movimentos através da flexão e da extensão ativa das
colunas cervical e lombar. (5,6)
- Coluna cervical: Para avaliar a flexão, pedir ao paciente para encostar o queixo no
tórax. Verificar a extensão, observando-se se há um alinhamento de perfil, entre a
fronte, o nariz e o plano horizontal. A amplitude normal de movimento na flexo-
extensão é de 130º. A redução da amplitude de movimento pode ser causada por
espondilite anquilosante. (6,9)
-Coluna lombar: Para avaliar a flexão (amplitude normal varia de 40 a 60º), solicitar
ao paciente que incline o tronco para frente de modo a tentar tocar os pés com os
membros superiores. Observar se ocorre inversão da lordose lombar- em situações
normais, a concavidade inicial assume a forma convexa ao término do movimento. A
limitação do movimento de flexão ou aparecimento de dor pode ser desencadeado
Exame Físico do Ombro 48
Figura 4.2: avaliação da mobilidade da coluna. A-C) teste de Schober; D) distância tragus-parede.
Palpação
Palpar os processos espinhosos procurando pontos dolorosos ou depressões,
sugestivas de espondilolistese. Palpar trapézio, romboides, musculatura
paravertebral a procura de contratura e pontos gatilho. (5)
Dentre os pontos anatômicos de referência está o processo espinhoso de C7,
que é o mais longo e proeminente das vértebras cervicais. (8)
Já para o exame da região lombar, há como referência importante a crista
ilíaca póstero-superior, a partir da qual, desloca-se o dedo na direção medial e
superior num ângulo de aproximadamente 30º até que se encontre o processo
espinhoso da vértebra L5 - útil na palpação dos demais processos espinhosos. (10)
Inspeção dinâmica
Rotação e lateralização
Solicitar ao paciente que realize um deslizamento lateral, de forma que
consiga mover a pelve e tronco em direções contrárias, mantendo os ombros
nivelados no plano horizontal. Se os sintomas forem exacerbados ao realizar o
movimento para o lado da dor, a etiologia pode ser protrusão de disco intervertebral
lateral à raiz nervosa ou disfunção articular. Por outro lado, se os sintomas forem
acentuados por movimentos distantes do local da dor, a causa provavelmente é
lesão muscular ou ligamentar. Limitação da lateralização bilateral sugere espondilite
anquilosante (9,10).
Expansibilidade torácica
Colocar a fita métrica ao redor do tórax do paciente na altura quarto espaço
intercostal seguindo a linha mamilar, e medir o diâmetro torácico na inspiração e
expiração máximas (Fig.4.3). Há anormalidade se a diferença entre as medidas for
menor do que 3 cm. Nos pacientes com dor inflamatória, limitação da mobilidade da
Exame Físico do Ombro 50
Exame neurológico
O exame neurológico faz parte do exame físico da coluna vertebral, pois
permite identificar a presença de lesão neurológica associada e identificar se há
acometimento do neurônio motor superior ou do neurônio motor inferior. Os testes
devem ser comparados bilateralmente, buscando-se assimetrias. Faz parte do
exame neurológico a avaliação da força muscular, sensibilidade, reflexos superficiais
e profundos, toque retal para avaliar o tônus do esfíncter anal e manobras
compressivas como o teste de Spurling e de Lasegue. (3,4)
A força muscular deve ser classificada utilizando-se uma escala de 0 a 5,
demonstrada na tabela 4.2. O teste de força muscular deve ser executado nos
principais grupos musculares inervados por um mesmo segmento da medula
espinhal. (4,5)
Paciente sentado
Manobra da compressão cervical (Spurling)
É um teste de provocação que diminui as dimensões dos forames
exacerbando a compressão das raízes nervosas. Pedir ao paciente para flexionar a
cabeça lateralmente para o lado suspeito. Depois, apoiar a mão no topo da cabeça
dele, colocando-se pressão (carga sobre o áxis) (Fig. 4.4). O teste é positivo quando
provoca dor ou parestesia no trajeto radicular. Dores inespecíficas podem ser
consequentes a espasmos da musculatura enão caracterizam um teste positivo. O
teste de Spurling positivo também pode indicar radiculopatia cervical. (6,13)
Exame Físico do Ombro 57
Figura 4.7: teste da compressão do 3º quirodáctilo (Hoffman). A) teste negativo; B) teste positivo.
Toque retal
O toque retal (Fig.4.10) deverá ser realizado na suspeita de lesão de cauda
equina (história de disfunção de esfíncter e /ou anestesia em sela). Garantir a
privacidade do paciente, solicitar que outro profissional de saúde acompanhe o
procedimento, lubrificar a luva e explicar ao paciente o motivo pelo qual o exame
será realizado. Há diminuição do tônus retal na síndrome da cauda eqüina. (4)
Exame Físico da Coluna 64
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
A dor cervical e lombar pode ser atribuída a fatores mecânicos ou
inflamatórios, radiculopatia ou mielopatia e é classificada de acordo com os dados
obtidos na anamnese e os achados do exame físico (11) (tabela 4.7). As
informações do paciente e o exame físico também auxiliam na elucidação dos casos
de dor lombar, partindo-se dos diagnósticos diferenciais (tabela 4.8).
Exame Físico da Coluna 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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13. Corey DL, Comeau D. Cervical Radiculopathy.Med Clin North Am.
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Exame Físico do Quadril 68
ANATOMIA
O osso do quadril é o grande osso pélvico plano formado pela fusão de três
ossos primários – ílio, ísquio e púbis. Na face lateral do quadril localiza-se o
acetábulo, uma grande cavidade caliciforme que se articula com a cabeça do fêmur
para formar a articulação do quadril. Sua borda é revestida por uma estrutura
fibrocartilaginosa - o labrum acetabular, cuja função é adicionar profundidade e
estabilizar a articulação femoroacetabular. (1,2)
A musculatura que cerca o quadril permite a mobilidade articular e auxilia na
estabilização da pelve. Alguns músculos que se inserem no trocânter maior do fêmur
são de suma importância no exame físico reumatólogico, pois quando
sobrecarregados podem ser causa de dor no quadril. (1,3) As suas origens,
inserções e funções podem ser observadas na tabela 5.1.
Tabela 5.1. Principais músculos com inserção no trocânter maior do fêmur (1)
Músculo Origem Inserção Principal Ação
Glúteo Face externa do Face lateral do →Todo o músculo: abdução do
Médio íleo entre as trocânter maior quadril e estabilização da pelve no
linhas glúteas do fêmur plano frontal, isto é, mantém o
anterior e nível da pelve quando o membro
posterior ipsilateral está sustentando o peso
e passa a frente do lado oposto
(não sustentado) durante o
balanço.
→Porção anterior: flexão e rotação
interna
→Porção posterior: extensão e
rotação externa
Glúteo Face externa do Face anterior →Todo o músculo: abdução do
Mínimo íleo entre as do trocânter quadril e estabilização da pelve.
linhas glúteas maior do fêmur →Porção anterior: flexão e rotação
anterior e inferior interna
→Porção posterior: extensão e
rotação externa.
Piriforme Face anterior do Margem →Rotação externa com a coxa
sacro; ligamento superior do estendida; abdução com a coxa
sacrotuberal trocânter maior fletida e extensão do quadril;
do fêmur estabilização a cabeça do fêmur
no acetábulo
Exame Físico do Quadril 69
ANAMNESE
Ahistória abrangenteajuda aestreitar o diagnósticodiferencial. Na tabela 5.2
estão listados os principais dados de anamnese e as doenças mais comumente
associadas a cada um deles. É importante ressaltar que a localização da dor é um
dado de extrema relevância, pois ajuda a estabelecer se a lesão situa-se na
articulação do quadril, na sacroílica ou nas estruturas peri-articulares. A dor de
origem intra articular localiza-se em região anterior do quadril e na virilha. Já a dor
de origem extra articular pode ocorrer na região posterior, indicando síndrome de
piriforme ou acometimento de sacro-ilíacas. Finalmente a dor pode ocorrer ainda em
região lateral, indicando buriste trocantérica e rupturas na inserção dos glúteos
médios e mínimos. (2, 3)
Exame Físico do Quadril 70
EXAME FÍSICO
No exame físico do quadril, um simples teste não permite o diagnóstico exato,
mas sim a realização de múltiplas manobras associadas a uma anamnese
cuidadosa, permitindo maior acurácia ao diagnóstico clínico. (3)
Para realizar o exame físico, instruir o paciente a despir-se e colocar uma
roupa apropriada, expondo as áreas que serão analisadas. Sugere-se examinar o
paciente em pé, sentado e deitado em decúbito dorsal, lateral e ventral, realizando
em cada uma dessas etapas a inspeção estática e dinâmica, palpação e manobras
especiais. (3)
Paciente em pé
O paciente deve manter os pés afastados em aproximadamente 15 cm,
permitindo que seja observado a partir dos ângulos anterior, posterior e lateral. É
importante observar o paciente de ambos os lados, comparando-se os achados. (6)
O passo a passo do exame físico do quadril com o paciente em pé pode ser
observado na tabela 5.3.
Exame Físico do Quadril 72
Paciente sentado
Caso o paciente apresente história clínica sugestiva de diminuição de força
muscular ou alterações de sensibilidade (3) realizar o exame neurológico do membro
inferior com o paciente na posição sentada (tabela 5.4).
O nervo cutâneo femoral lateral (L2 e L3) é um nervo puramente sensitivo que
possui grande relevância clínica porque pode estar aprisionado no nível da virilha,
onde cruza o ligamento inguinal, causando uma síndrome conhecida como meralgia
parestésica. Os sintomas típicos incluem dor, “agulhadas”, parestesia ou redução
de sensibilidade na face antero- lateral proximal da coxa . Palpar o ligamento
inguinal em busca de dor e testar a sensibilidade no trajeto do nervo (região ântero-
lateral da coxa). (7)
Figura 5.2: avaliação da mobilidade passiva do quadril. A) flexão; B) abdução; C) adução; D) rotação
interna; E) rotação externa; F) extensão.
Exame Fisico do Quadril 77
Figura 5.3: manobras especiais com o paciente em decúbito dorsal. A- C) FADIR; D-F) FABERE; G-
H) Thomas para flexo de quadril; I-K) Gaenslen para sacroiliaca.
A tabela 5.6 mostra outros passos do exame físico do quadril que poderão ser
úteis de acordo com o contexto clínico.
Exame Fisico do Quadril 78
Tabela 5.6. Leitura complementar: avaliação da mobiidade ativa e outras manobras especiais
Posição do Etapa do exame Item observado Definição/significado
paciente físico
em pé Manobras especiais Teste de Avalia o músculo glúteo médio. Posicionar-se atrás do paciente para palpar as cristas
Trendelemburg ilíacas posteriores (Fig.5.4A) e solicitar que flexione o joelho do lado acometido e que
para avaliar mantenha o quadril em extensão (para anular qualquer ação do músculo psoas), enquanto
glúteo médio se observa o nivelamento das cristas ilíacas: (Fig.5.4B) (8)
Teste negativo: musculatura glútea contralateral suficiente eleva a crista ilíaca
ipsilateral ao joelho fletido (8);
Teste positivo: queda da crista íliaca ipsilateral ao joelho flexionado por
incapacidade de contração do glúteo médio contralateral. (8)
Sustentar a manobra por pelo menos 30 segundos, pois após este período a pelve pode
apresentar queda gradual (sinal tardio), sugerindo doenças não-específicas, como
tendinites (8)
Decúbito lateral Manobra especial “Hip leg sign” Realizar se houver suspeita de tendinopatia de glúteo médio e mínimo. Orientar o paciente
para que deite com o membro afetado para cima e realizar a extensão do quadril (Fig.5.5A)
concomitantemente à flexão do joelho em 45º (Fig.5.5B), à abdução e à rotação interna do
quadril (Fig.5.5C) - estabilizando a pelve. A seguir, soltar o membro avaliado, solicitando
ao paciente que mantenha o membro acometido nesta posição (Fig.6D). A manobra será
positiva para tendinopatia do glúteo médio e mínimo se o paciente for incapaz de manter o
membro nesta posição e se houver queda do pé superior a 10 cm (10)
Decúbito dorsal Inspeção dinâmica – Abdução O paciente deve deslocar o máximo possível, a extremidade inferior para longe da linha
Mobilidade Ativa média, sem que haja obliqüidade pélvica (8)
Adução O paciente deve deslocar a extremidade inferior, em extensão, para dentro sem retirar a
nádega da mesa de exame (8)
Rotação interna O paciente deve deslocar a extremidade inferior, em extensão, para dentro sem retirar a
nádega da mesa de exame (8)
Rotação externa Ao contrário da rotação medial o paciente deve deslocar a extremidade inferior para fora
(8)
Flexão O paciente deve dobrar o quadril, levando o joelho o mais próximo possível do tronco sem
rodar a pelve (8)
Decúbito ventral Extensão O paciente, que está realizando movimento passivo de flexão, deve retornar o membro
inferior à mesa de exame. (8)
Exame Fisico do Quadril 79
Figura 5.4: teste de Trendelemburg para avaliar glúteo médio. A) certificar-se que a pelve está
alinhada, palpando-se as cristas ilíacas póstero-superiores; B) teste negativo, quando não ocorre
queda da pelve.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAS
Várias doenças, originárias do quadril ou não, podem desencadear dor nas
regiões anterior, lateral e posterior do quadril, além de restrição de movimentos e
alterações de sensibilidade. Estas queixas podem ser referidas em outros locais, de
acordo com o trajeto percorrido pela inervação da estrutura acometida. (3) Os dados
obtidos na anamnese e exame físico auxiliam a definir o diagnóstico diferencial mais
provável (tabelas 5.7 – 5.9).
Exame Fisico do Quadril 80
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Exame Físico do Joelho
83
ANATOMIA
A articulação do joelho é a maior e mais superficial das articulações. É uma
articulação sinovial do tipo gínglimo; constituída por três ossos: fêmur, tíbia e
patela. Estes formam duas articulações: femorotibiais (lateral e medial) entre os
côndilos laterais e mediais do fêmur e a articulação femoropatelar intermediária
entre a patela e o fêmur. A fíbula não participa da articulação do joelho. (5)
A articulação possui reforço ligamentar através dos ligamentos colaterais
tibial e fibular. O ligamento colateral fibular (LCF; ligamento colateral lateral) é um
ligamento extracapsular forte. Estende-se inferiormente a partir do epicôndilo lateral
do fêmur até a superfície lateral da cabeça da fíbula. O ligamento colateral tibial
(LCT; ligamento colateral medial) é intracapsular, sendo uma faixa forte que se
estende do epicôndilo medial do fêmur ao côndilo medial e à parte superior da face
medial da tíbia. Os ligamentos colaterais têm a função de evitar a inclinação
excessiva do joelho, ou seja, as forças em valgo (LCM) e varo (LCL). (5)
Ainda reforçando a articulação do joelho, outros importantes ligamentos são
o ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP). Os
ligamentos cruzados são as estruturas responsáveis pela estabilidade do joelho e
estão localizados no centro da articulação. Eles recebem esta denominação de
acordo com sua inserção tibial, e por se cruzarem no centro do joelho. (5)
O LCA, o mais fraco dos dois ligamentos cruzados, origina-se na área
intercondilar anterior da tíbia, posterior à fixação do menisco medial. Estende-se
Exame Físico do Joelho
84
ANAMNESE
Além dos dados de identificação tradicionais é importante constar sobre a
atividade física principal, de lazer ou profissional, do esporte preferido e da sua
posição, atividade da vida doméstica, vícios posturais e detalhes sobre a profissão.
(7)
Após a análise desses fatores, explora-se a queixa principal determinando
se o início dos sintomas foi após um traumatismo agudo ou se o início foi insidioso.
Deve-se caracterizar a dor como mecânica ou inflamatória e se há acometimento
de outras articulações e do esqueleto axial. Se a dor é causada por uma lesão
aguda, o médico precisa saber se o paciente foi capaz de continuar atividade e
suportar o peso após a lesão ou foi forçado a interromper suas atividades
imediatamente, o que indica lesão ligamentar grave. (7)
Em caso de dor após lesão aguda, o paciente deve ser questionado sobre o
mecanismo do trauma. É importante saber se no momento da lesão o pé estava
fixo no chão, se houve um componente de torção, lesão por desaceleração,
aterragem de um salto, ou se o mecanismo foi um golpe direto. Por exemplo,
impacto direto sobre o joelho indica lesão óssea; histórico de torção com o pé fixo e
o corpo girando sobre o joelho, associado a estalido e derrame articular imediato
indica lesão de ligamento cruzado anterior. (7)
Pesquisar ainda a presença de dor, estalo ou estalido, falseio, travamento e
edema. Esses dados podem contribuir para o diagnóstico, como por exemplo: a
sensação de estalo no momento da lesão sugere lesão ligamentar; falseio também
indica lesão ligamentar e travamento sugere corpo livre intra-articular. O paciente
deve ser questionado sobre as tentativas anteriores para tratar a dor no joelho,
incluindo cirurgias, uso de medicamentos, dispositivos de apoio e fisioterapia. (7)
EXAME FÍSICO
O exame físico deve incluir uma inspeção cuidadosa do joelho e manobras
específicas. Sempre se devem comparar os dois joelhos. Os autores sugerem
esquematizar o exame físico da seguinte forma, para que nenhum aspecto seja
esquecido: (7)
Paciente em pé:
Inspeção estática: vista anterior, lateral e posterior;
Inspeção dinâmica: marcha.
Paciente sentado:
Inspeção dinâmica da patela.
Paciente em pé
Inspeção estática
Na inspeção observa-se o alinhamento, a presença de derrame, edema,
equimoses, atrofias musculares, deformidades. Na observação anterior o geno varo
e o valgo podem ser observados. Essas deformidades podem ser agravadas na
fase de apoio durante a marcha (alterações dinâmicas). (7)
O alinhamento patelar é avaliado observando o ângulo Q, que é o ângulo
formado entre uma linha imaginária que passa longitudinalmente pelo tendão
patelar e outra traçada da espinha ilíaca ântero-superior passando pelo centro da
patela. Este ângulo superior a 20º é considerado aumentado e pode ter relação
com as disfunções da articulação femoropatelar. (7)
Na observação lateral podem ser investigados o geno recurvado e a
deformidade em flexão. Na visão posterior do joelho uma tumoração na fossa
poplítea pode indicar cisto de Baker. (7)
Inspeção dinâmica
Observar se há alterações dinâmicas nas diferentes fases da marcha e
presença de deformidades, presença ou ausência de claudicação. Analisar se há
aumento do varismo (flambagem: comprometimento dos ligamentos colaterais do
joelho).
Paciente sentado
Inspeção dinâmica da patela
Pedir para que o paciente faça o movimento de flexo extensão do joelho:
observar o movimento da patela sobre uma linha imaginária reta em toda a
amplitude, analisar se há presença de crepitações e estalidos articulares. (7)
Paciente deitado em decúbito dorsal:
Inspeção estática
Avaliar a presença de lesões cutâneas (escoriações, equimoses) e aumento
de volume sugestivo de derrame articular. De maneira geral, o recesso medial é
bem visível, se houver derrame articular volumoso o recesso medial estará
preenchido (Fig.6.1A). (7)
Figura 6.1: inspeção do joelho. A) paciente em decúbito dorsal. Observar o recesso medial livre
(circulo) no joelho direito, onde não há artrite, e preenchido no joelho esquerdo, que está aumentado
de volum; B) paciente em decúbito ventral com cisto de Baker, evidenciado como aumento de
volume na região poplítea do joelho direito.
Exame Físico do Joelho
87
Palpação
Inicia-se a palpação do joelho procurando-se aumento de temperatura.
Utilizar o dorso da mão, onde a sensibilidade é maior e comparar a temperatura do
joelho com a temperatura da região anterior da perna (Fig.6.2A e B). O joelho deve
ser mais frio do que a perna. Se houver aumento de temperatura, ainda que sutil,
há artrite. (7)
Posteriormente, palpar todas as eminências ósseas do joelho que são
pontos de inserção ligamentar ou tediosas a procura de áreas dolorosas. Alguns
pontos dolorosos são característicos de algumas condições patológicas. Devem ser
palpados o tendão do quadríceps (Fig.6.2C), a patela (síndrome patelofemoral)
(Fig.6.2D), o ligamento patelar (Fig.6.2E), a tuberosidade anterior da tíbia (doença
de Osgood-Schlatter causa dor no local) (Fig.6.2F), as interlinhas articulares medial
(Fig.6.2G) e lateral (Fig.6.2H) (lesão meniscal ou osteoartrose) e inserção da pata
de ganso (tendinite ou bursite anserina) (Fig6.2I). Na região peripatelar pode ser
palpada um espessamento doloroso que pode corresponder à plica sinovial. (7)
Em seguida, pesquisar se há derrame articular extenso, o que pode ser feito
de empurrando–se com uma das mãos a bursa suprapatelar e com a outra mão a
região infrapatelar o que irá provocar o deslocamento do liquido, que será sentido
nos dedos das mãos. Outra maneira é pressionar a bursa pré-patelar com o
primeiro e terceiro dedo e com segundo dedo pressionar a patela posteriormente,
quando sentimos seu deslocamento em direção ao fêmur (Fig.6.2J). (7)
Finalmente, realizar movimentos de flexo-extensão dos joelhos com a mão
espalmada sobre a região anterior, a procura de crepitação, indicativa de
osteoatrite.
Exame Físico do Joelho
88
Manobras especiais
Em todos os pacientes com queixa de dor no joelho, deverá ser realizada a
manobra da compressão da patela sobre o fêmur (Fig.6.3). Na suspeita de luxação
ou subluxação da patela, deverá ser realizado o teste da apreensão patelar. Esses
testes podem ser avaliados na tabela 6.1.
Exame Físico do Joelho
89
Figura 6.3: testes para avaliação da patela. A) teste da compressão patelar; B-C) teste de
apreensão.
Manobras especiais
Na suspeita de lesão meniscal, pode-se realizar a manobra de Apley,
descrita na tabela 6.2 e figura 6.4.
Exame Físico do Joelho
90
Figura 6.4: testes para avaliar ligamentos. A) teste do deslocamento anterior (Lachman); B) teste da
gaveta anterior; C) teste da gaveta posterior; D) teste do estresse em valgo; E) teste do estresse em
varo.
Exame Físico do Joelho
92
Figura 6.5: testes para avaliar meniscos: A- C) teste de compressão dos meniscos com o paciente
em decutito dorsal (McMurray) ; D-F) teste de compressão axial dos meniscos (Appley).
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Exame Físico do Joelho
96
Articulação tíbio-társica
É formada pela articulação da tíbia e fíbula com o dorso do tálus. Classificada
como gínglimo ou dobradiça, os únicos movimentos possíveis realizam-se
anteroposteriormente, sendo a flexão e extensão: (2)
Flexão plantar: é o movimento do pé no qual a superfície plantar move-se
em direção caudal e posterior;
Dorsiflexão: é o movimento no qual a superfície dorsal do pé move-se em
direção anterior e cranial.
Articulação tibiofibular
É uma sindesmose formada entre a face articular do maléolo lateral e a
incisura fibular da tíbia. Abaixo dessa junção a articulação está coberta por
cartilagem lisa que é contínua à cartilagem da articulação do tornozelo. É sobre
essa articulação que transferimos todo o peso do corpo quando andamos. Não há
movimentos apreciáveis nessa articulação e os ligamentos anterior, posterior,
inferior transverso e interósseo circulam a articulação e unem firmemente as
extremidades distais desses dois ossos. (2)
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
99
ANAMNESE
A dor no calcanhar é um sintoma comum em clínicas ambulatoriais. Existem
muitas causas, mas uma etiologia mecânica é mais comum. Localização da dor é
fundamental para o diagnóstico adequado. Conforme a figura 7.1, informações
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
100
Localização da dor no
calcanhar
Médio pé
Plantar Posterior
Idade do
Tipo da dor Lateral Medial paciente
Síndrome do
Envolvendo túnel do tarso Criança/adolescente Adulto
Queimação/Formigamento Pontada Insercional
o tornozelo
Insercional Circunjacente
Com prolongado
Dor nos primeiros suporte de peso Em descanso
passos, após descanso
Tendinopatia Deformidade Haglund
do Aquiles com ou sem bursite
Fratura por estresse
Fasciíte Síndrome do Verruga de calcâneo
plantar calcanhar plantar
Figura 7.1: fluxograma para abordagem do paciente com dor no pé. (11)
EXAME FÍSICO
O exame físico inicia-se com uma abordagem geral buscando-se alterações
em todos os segmentos corporais, especialmente a coluna vertebral e articulações
do punho, mão, cotovelos e joelhos, procurando por sinais de doenças
reumatológicas como gota, espondilite anquilosante ou artrite reumatóide. Os
membros inferiores devem ser considerados como um todo, objetivando-se notar
defeitos, angulares (genu varum e genu valgum) e dismetria (discrepância de
membros). Em seguida, procede-se ao exame físico dos pés e tornozelos,
seguindo-se a seguinte sequência:
Paciente em pé:
Inspeção estática;
Inspeção dinâmica (marcha e tipo de pisada).
Paciente em pé
Inspeção estática
Inicia-se o exame com o paciente em pé, avaliando-se os tornozelos e pés
nas vistas anterior, lateral e posterior, com a finalidade de identificar artrite e
alterações estruturais dos pés e tornozelos que possam resultar em dor. A figura
7.2 e a tabela 7.2 mostram os principais aspectos a serem observados nessa etapa
do exame físico.
Figura 7.2: inspeção dos tornozelos e pés. A e B) artrite em tornozelo: notar que há aumento difuso
de volume; C) dactilite em 4º pododáctilo (seta); D) halux valgo e dedos em garra, mais evidentes
no pé direito e 4º pododáctilo do pé esquerdo.
Inspeção dinâmica
Aproveita-se que o paciente está em pé para avaliar a marcha e o tipo de
pisada. Idealmente, a determinação do tipo de pisada deve ser realizada com
parâmetros objetivos, usando-se um podoscópio ou avaliando-se a impressão
plantar. Pode-se utilizar também a baropodometria. Entretanto, muitas vezes no
contexto de atenção primária, estes equipamentos não estão disponíveis, podendo
então ser realizada uma avaliação grosseira observando-se como o pé toca o chão
durante a marcha e o aspecto do sapato. (4)
Desta forma, durante a insepeção da marcha, deve-se avaliar o modo com
que o calcanhar toca o solo, as reações do médio e antepé quando o passo se
desenvolve e a relação dos dedos com o solo durante os últimos estágios do
passo. (4)
A tabela 7.3 mostra os tipos de pisada e como a observação da marcha e do
calçado pode ajudar a identificá-las.
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
103
Paciente deitado
Inspeção estática e dinâmica
Nessa etapa do exame físico, deve-se avaliar a pele, unhas, calosidades
(indicam áreas de pressão e apoio) e alterações vasomotoras, incluindo perda de
pelos e alterações nas unhas dos pés. Compara-se cada área bilateralmente,
observando-se o trofismo muscular e o contorno da anatomia local, a procura de
edema, dactilite, artrite ou atrofia/hipotrofia muscular.
Durante a inspeção dinâmica, avaliar mobilidade ativa e passiva das
diferentes articulações dos pés, sempre comparando-se com o lado oposto;
procurar dor ou limitação dos movimentos. Pode-se aproveitar essse momento para
pesquisar tendinopatia, pedindo-se para que o paciente estes movimentos contra a
resistência imposta pelo examinador. A tabela 7.4 resume os principais itens a
serem avaliados.
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
104
Tabela 7.4. Inspeção estática e dinâmica com o paciente em decúbito dorsal (5)
Item avaliado O que procurar/siginficado clínico
Inspeção Pele Vesículas, descolorações, escaras,
estática trofismo, úlceras de pressão
Unhas Onicodistrofia sugere psoríase, tínea,
insuficiência arterial crônica
Calosidades Indicam áreas de pressão e apoio
Espaços interdigitais Maceração indicando tínea
Deformidades nos dedos Hálux valgo, dedos em garra, dedos em
martelo
Artrite Aumento de volume difuso da articulação
Dactilite Aumento de volume difuso dos dedos,
ocorre na artrite psoríasica e artrite reativa
Edema generalizado Insuficiencia cardíaca, hepática, síndrome
nefrótica, problemas linfáticos
Alterações de pilificação Insuficiência arterial crônica
Trofismo muscular Atrofia por desuso, problemas neurológicos
Inspeção Flexo-extensão (articulação Dor ou limitação: artrite; limitação apenas:
dinâmica tibiotalar, tarso-metatarso, anquilose
metatarsofalangeanas e
interfalangeanas).
Eversão – inversão (articulação Dor ou limitação: artrite; limitação apenas:
subtalar e mediotársica). anquilose
Palpação
Inicia-se a palpação com a avaliação da temperatura, utilizando-se sempre o
dorso da mão, onde a sensibilidade é maior, comparando-se sempre os dois lados
e de proximal para distal. Posteriormente, observar a perfusão periférica e o
enchimento capilar através da compressão do leito ungueal. Posteriormente, deve-
se palpar as principais estruturas anatômicas dos tornozelos e pés, a procura de
dor e aumento de temperatura, conforme a figura 7.3 e a tabela 7.5 e 7.6.
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
105
Figura 7.4: manobras especiais. A) manobra da redutibilidade das garras dos artelhos; B)
compressão da panturrilha (manobra de Thompson); C) manobra de compressão da panturrilha
positiva resultando em dorsiflexão do pé; D) teste da compressão latero-lateral; E) teste da gaveta
anterior; F) teste do estressse em valgo; G) teste do estresse em varo.
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
108
Tendinopatia de aquileu Corrida, saltos e dança Pisada pronada, excesso ou falta de mobilidade do tornozelo,
Dor no tendão ao se contrair o tríceps da perna, o fraqueza muscular na perna ou no quadril, encurtamento da
que é feito ao ficar na ponta dos pés, saltar, correr ou musculatura da panturrilha*
subir rampas Dor a palpação da inserção do tendão de Aquiles
Pior pela manhã
Bursite retrocalcânea Dor na região posterior do calcanhar principalmente Eritema local com sensibilidade aumentada à palpação
Exame Físico dos Tornozelos e Pés
111
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Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo
113
Figura 8.1: formas de apresentação específicas do Lúpus Cutâneo. A) lúpus eritematoso forma
cutânea aguda localizado. Observe o aspecto em “asa de borboleta” característico devido ao
acometimento das bochechas e ponte nasal poupando-se o sulco nasolabial; B) e C) lúpus
eritematoso discoide localizado. Observe o aspecto em placa com hipergimentação periférica e
despigmentação central típico; D) lúpus eritematoso cutâneo subagudo forma anular. Observe as
lesões típicas em forma de placas que se unem. Fonte: Dra Thelma L. Skare.
Figura 8.3: manifestações não específicas do Lúpus Eritematoso Cutâneo. A) alopecia não
cicatricial; B) livedo reticular. Fonte: Dra Thelma L Skare.
Figura 8.4: parotidite em paciente com síndrome de Sjogren. Observar o aumento de volume em
região mandibular esquerda. Fonte: Dra. Thelma L. Skare.
ESCLEROSE SISTÊMICA
A esclerose sistêmica é uma doença autoimune, pouco comum e de etiologia
desconhecida. (11) É uma doença multissistêmica que leva a vasculopatia
(obliterativa e proliferativa) e fibrose de órgãos internos e, mais notadamente, da
pele, o que caracteriza seu nome (12). De fato, o termo esclerose descreve o
endurecimento como resultante do depósito excessivo de colágeno intersticial e
fibrose tecidual subsequente (13). A esclerose sistêmica pode apresentar-se sob
dois aspectos, forma difusa e forma limitada, tendo como diferenciação a extensão
da doença cutânea (11,12).
Pacientes com doença difusa apresentam espessamento da pele da face,
tronco, abdome e porção proximal dos membros. Nestes pacientes, a evolução da
doença é rápida e além do acometimento cutâneo, ocorre doença pulmonar
intersticial e há risco aumentado de crise renal esclerodérmica. Além disto, nesta
forma de doença é comum a presença de anticorpos anti-topoisomerase. (12)
Na forma limitada, o espessamento cutâneo geralmente se restringe às
mãos e face, podendo envolver a pele distal aos cotovelos e joelhos. Nestes
pacientes são comuns manifestações como telangiectasias, calcinose e
hipertensão pulmonar, assim como a presença de anticorpos anti-centroméricos.
Nas duas formas de doença, pode ocorrer envolvimento do trato gastro-intestinal,
sendo a dismotilidade esofágica a manifestação mais comum. (12)
O comprometimento da pele é caracterizado por 3 estágios: fase inicial
edematosa, onde observa-se edema, especialmente nos dedos, fase fibrótica
quando ocorre o espessamento da pele e fase atrófica, onde a pele torna-se fina,
porém ainda aderida a planos profundos. Áreas de pele mais fina nas superfícies
extensoras dos cotovelos e dedos ou os tornozelos podem sofrer ulcerações por
traumas mínimos. O espessamento da pele resulta em contraturas em flexão dos
dedos, podendo acometer punhos e cotovelos. (14)
Os principais sinais e sintomas da doença são decorrentes da alteração
vascular e da fibrose tecidual (12). Neste sentido, os principais achados
dermatológicos da esclerose sistêmica tais como fenômeno de Raynaud, presente
em praticamente todos os pacientes com esclerose sistêmica, telangiectasias,
cictrizes estelares, úlceras digitais, afilamento e reabsorção das polpas digitais,
calcinose são secundários ao acometimento vascular. Já o edema de dedos,
esclerodactilia, espessamento da pele e hiperpigmentação são secundários a
Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo
121
Figura 8.7: calcinose. Observe no detalhe o material extruso de uma calcinose. Fontes: dra Thelma
L. Skare e as autoras.
Figura 8.8: manifestações tardias da esclerose sistemica. Reabsorção de falanges distais, discromia
e contratura em flexão.Observe a reabsorção das falanges distais, as lesões alternadas de
pigmentação normal com regiões hipopigmentadas, as cicatrizes digitais e as contraturas em flexão
do 5º quirodáctilo esquerdo e das metacarpo-falangenaas da mão direita, secundárias ao
espessamento cuâneo em fase mais precoce da doença. Fonte: as autoras
DERMATOMIOSITE
A dermatomiosite é uma doença inflamatória crônica da pele e músculos. ()
que pode afetar outros órgãos, como pulmões e articulações. (17,18) O início do
quadro pode ser agudo (dias) ou insidioso (meses) e pode estar acompanhado de
febre e perda de peso. (19)
O acometimento muscular é caracterizado por um quadro de fraqueza
muscular proximal simétrica, quadro relatado por esses pacientes como dificuldade
para subir escadas e elevar os membros. Atrofia muscular ocorre em 40% dos
casos nas fases mais tardias da doença. Em casos graves, envolvimento da
musculatura respiratória e da orofaringe causa dispneia, disfagia e pneumonia por
broncoaspiração. (19)
As principais manifestações cutâneas se caracterizam como eritemas
fotossensíveis em face, tórax, braços, antebraços e mãos. Particularmente estes
Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo
125
2
Subgrupo de pacientes com dermatomiosite ou polimiosite associada a mãos de mecânico, fenômeno de
Raynaud, artrite, doença pulmonar intersticial e auto-anticorpos contra aminoacil-transferase-RNA sintetase,
sendo o mais conhecido o anti-Jo1. (5)
Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo
127
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo
128
CAPÍTULO 9: PSORÍASE
Sara Stephany Bobéki Pereira
Patricia Martin
Figura 9.1: psoriase vulgar ou em placas. Fonte: dr Carlos Augusto Zanardini Pereira e as autoras
Psoríase 130
Figura 9.2: manifestações ungueais da psoriase. A) unha em dedal (depressçoes puntiformes nas
pontas das setas); B) onicosditrofia; C) manchas de óleo (setas); D) onicólise. Fonte: Dr Carlos
Augsuto Zanardini Pereira e as autoras
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Manifestações Cutâneas da Artrite Reumatóide 132
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