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Tabata Mey
Quem é a brasileira
Sonho de que conquistou
chocolate Paul Bocuse
O bolo de brigadeiro
coberto com uma
ganache de
Na brasa!
Como assar carne,
enlouquecer
peixe, aves, porco,
legumes e
até frutas
Homem
do campo
Exclusivo: o segredo
do francês Daniel Boulud,
o “rei de Nova York”
ANO II · 2018 · Nº 15 · R$ 16,90 · € 4.00
SUA COZINHA SERÇO
PALCO PRINCIPAL
DESTE ESPETÇCULO
DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos – christiane@innereditora.com.br
DIRETOR EDITORIAL
Robert Halfoun – robert@sabor.club
, CONSELHO EDITORIAL
Christian Burgos, Miguel Cui Filho,
Paulo Bueno, Robert Halfoun
o manifesto: REDAÇÃO
COLABORADORES
Larissa Januário, Leticia Rocha (texto), Fernando Eduardo
e Diego Mello (foto)
REPRESENTANTES COMERCIAIS
Renato Scolamieri – renato@innereditora.com.br
Carminha Aoki – carminhaaoki.adegasabor@gmail.com
na gastronomia, na qual, durante anos, a palavra chef vinha acompanhada FALE CONOSCO
INFO@INNEREDITORA.COM.BR |
exclusivamente de um artigo masculino (tsc). +55 (11) 3876-8200
Diz o tolo ditado, de forma preconceituosa e desmerecedora, que “lugar
IMPRESSÃO
de mulher é na cozinha”. Sim, lugar de mulher também é na cozinha, Maistype
no bar, no salão, no valet, na portaria. Sem distinção, claro. E com o
DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
reconhecimento e remuneração baseados exclusivamente no mérito. Distribuição nacional pela Total Publicações
Paul Bocuse, vale lembrar, aprendeu a cozinhar com mulheres. Só com Revista SABOR.CLUB é uma publicação
elas. Depois, alimentou um machismo na cozinha, a partir de um pensamento mensal da INNER Editora Ltda.
militar, no qual também foi criado. No fim da vida, repensou a coisa toda: A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões,
“Estava errado. Só os idiotas não mudam de ideia”. Salve, mestre. ideias e conceitos emitidos nos textos publicados e
assinados na revista Sabor.club, por serem de inteira
responsabilidade de seu(s) autor(es).
Robert Halfoun e Christian Burgos
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+ de
1 MILHÃO
de leitores
N E S TA E D I Ç Ã O
Alberto Landgraf
Chef inaugura o novo
melhor restaurante do Brasil
11
Clássicos de chocolate
Um delicioso resgate das guloseimas
que fizeram história
14
Moeu f*}#u
Porque todo bom café deve
ter o grão moído na hora de preparar
16
Tabata Mey
Quem é a brasileira eleita de Paul Bocuse, à frente de
um dos cinco melhores restaurantes da França
18
Bel Carvalho
As trufas e os bolos incríveis da
chocolateira favorita dos cariocas
24
Bacalhau do rei
A receita fácil e econômica do chef William Ribeiro,
que conhece o peixe como poucos
30
Daniel Boulud
Em entrevista exclusiva, ele fala
como o campo definiu a sua forma de cozinhar
34
Lígia Karazawa
A chef que é uma craque na brasa dá uma aula
de como assar carne, peixe, porco e até frutas
42
Colunista do mês
Janaína Rueda e o encanto de Ferran Adrià
pela comida que ela faz
48
Caipirinha de café
Como duas paixões nacionais vão parar no mesmo copo
51
Best buy!
Ótimos brancos, tintos, rosés e espumantes a partir de R$ 30
52
Hora do latão
Cervejas refrescantes no recipiente favorito dos cervejeiros
54
Izabel Alvares
A vencedora do MasterChef usar arte para fazer
a comida que a ajudou a perder 42 quilos
56
Orgânicos com preço justo
Como é possível vender os produtos sem agrotóxicos
sem esfolar o produtor e o consumidor
63
O clube de assinaturas
mais gostoso do Brasil
BE A EDIÇÃ
CE O
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MÊ
DO CL
S DE SABO
GANHE!
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DELICATESSEN
Sente a maresia
Cercado de pescados, o talentoso Alberto Landgraf está de volta,
à frente do mais novo melhor restaurante do país
por Robert Halfoun
Tem um algum tempo que eu ando de olho no cá estou ocupando a quase virgem mesa do chef, no
Alberto Landgraf. O talentoso (e meticuloso) chef seu novíssimo Oteque, num imóvel com fachada
paranaense filho de um alemão com uma japonesa, tombada, no bairro carioca de Botafogo.
curiosamente, deixou o seu prestigiado Epice, É sábado, pré-carnaval. Alberto abriu o
em São Paulo, no auge. Acabara de ganhar estrela restaurante faz uma semana e, ao jeito dele, sempre
Michelin, um monte de prêmios e não se falava comedido e muito educado, é a figura do foco
em outro nome senão no dele na nossa capital da encarnado, na cozinha aberta da casa. Ele orienta
gastronomia. De lá para cá, passaram dois anos, ele a pequena equipe formada apenas por cozinheiros
foi para o Rio, deu uma sumida geral, e entre uma que tiveram passagem por restaurantes estrelados,
troca de mensagens aqui, um telefone acolá e um mundo afora. Fala baixo, prova aqui, refaz ali, dá
rápido encontro durante um almoço, em São Paulo, toques de como fazer o serviço com excelência
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 11
O mar de Landgraf
“Agora estou perto da praia, tinha que aproveitar isso”
Piso
Lambreta adentro
com leite de Camarão
A projeto do
castanha churrascado,
pirãozinho e folha
Oteque é um
de azedinha primor de
arquitetura
O ambiente
moderno é
minimalista,
mas muito
aconchegante.
Tem mobiliário
contemporâneo,
com traços
Batata baroa, Merluza, precisos, em
creme de picles de madeira e couro.
anchova, maçã e tuille *PIWǻGEQ
cogumelo cru de vieira perfeitamente
integrados
à cena, com
tijolos à mostra,
em dois tons,
e iluminação
com um olho no peixe e o outro gato – no caso, a lambretas e mariscos chegam do Nordeste, ainda indireta. Tudo
clientela, escancarada, bem na sua frente, no salão. vivos, e assim ficam num aquário, discretamente isso debaixo de
um pé direito
Depois de dois anos sabáticos, nos quais posicionado num dos cantos do salão. Aliás, um imponente,
repensou a sua cozinha contemporânea, ele vê um espetáculo à parte, bolado pela arquiteta Bel Lobo provocado a
sonho se realizando: conduz um restaurante no qual (veja quadro). Esse nesse cenário elegante que vemos partir de uma
desenvolveu do conceito à xícara que serve um café um primor de serviço, feito à perfeição, andar fácil, grande sacada.
Como não
muito especial ao fim da refeição. ao som de uma trilha animada que vai do jazz ao
era possível
O que o incomodava no Epice é que o boom rock, passando pelo eletrônico e até pela MPB, com aumentá-lo, a
veio de repente e, com a estrutura que tinha, não a maior coerência. arquiteta Bel
conseguia evoluir a alta cozinha que desenvolveu, Essa coletânea antenada, resume, de certa entrou piso à
depois de anos em Londres e de passagens por forma, a cozinha do Alberto. A mistura de várias dentro, revelando
as pedras da
restaurante de nomes como Gordon Ramsay, Tom influências parece clara, só que não, devido a fundação e
Aikens e Pierre Gagnaire, este em Paris. O desabafo assinatura personalíssima que ele dá aos seus pratos. deixando as
vem ao pé do ouvido, com olho no olho, enquanto Ao final do menu de sete cursos (R$ 195) janelas a quase
gentilmente se agacha para ficar à altura do balcão harmonizado brilhantemente com vinhos feitos dois metros
do assoalho.
onde estou, ao lado da minha belíssima companhia. com uvas pouco convencionais, de regiões também O resultado é
É dessa mesma forma que ele explica os pratos fora da rota clássica, é inevitável pensar no cuidado fascinante.
(veja acima), a maior parte deles com pescados, uma com que o Alberto pensou e desenvolveu a coisa
vez que agora está num balneário e, diz, sentiu o toda. E constatar como tudo, embora ainda tão
que a cidade pedia, ao entendê-la depois de um fresco, funciona tão bem. Um dos critérios que o
ano morando perto do mar. A matéria-prima chega Michelin usa para dar as suas desejadas três estrelas
fresquíssima, diariamente, depois de ir ao encontro é se a experiência no restaurante é tão boa a ponto
dos pescadores e conquistá-los a ponto deles de justificar uma viagem apenas para conhecê-
mandarem para o Oteque só que veio de melhor lo. O Oteque vale. É fácil, hoje, o novo melhor
nas pescarias do dia. Frutos do mar como vieiras, restaurante do Brasil.
12 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
COMER FORA
3
i Sakam
nj
ot
Ju
o
ão
Casarão
P
S
Paulo – S
Pérolas de das geladas
Fórmula boa: só chopes nacionais,
chocolate clima despojado e pet friendly
Casas de cerveja artesanal
costumam ser descoladas –
claro que muitas vezes um tanto
fake porque o resultado acaba
sendo algo mais engessado ao
invés do tom informal. Aqui,
acertaram o tom: 15 torneiras
Jun para todos
Parte do impecável – e caro – menu degustação
de Jun Sakamoto ganha formato mais acessível
1 CUORE DI CACAO
– Um dos projetos novos
que merece atenção na loja,
com chopes brasileiros, que
mudam de tempos em tempos.
Não há serviço nem garçom.
O restaurante que leva o nome do chef, em Pinheiros, em Curitiba, é o chocolate Se a fome aplacar, é só ir até o
São Paulo, é um dos mais reservados da capital, para poucos bean to bar, no qual as balcão da cozinha, fazer o seu
e bons, que mergulham numa inesquecível degustação apenas chocolatières participaram
pedido e quando este estiver
de todas as etapas da
com reservas. Nela, descobre-se, como no Japão, que um sushi, pronto, o bip te avisa. Bolovo,
produção: da escolha do
por exemplo, vai muito além de uma tira de peixe sobre um insumo até a torrefação das coxinha e burgers são boas
bolinho de arroz. E que o de um sushiman jamais é igual a de amêndoas de cacau. pedidas. E mais: mesonas para
outro. Agora, para a alegria de todos e o bem estar da nação, compartilhar no quintal, música
Jun faz parte dessa degustação, mantendo o mesmo rigor boa, jogos no andar superior
de preparo, no seu Junji, muito mais casual e acessível, no e... o seu pet é bem-vindo!
Shopping Iguatemi, também na capital paulista. O Omakasê,
Capitão Barley – Rua Cotoxó,
servido apenas no jantar, traz entrada, uma sequência de
11 sushis, prato quente e sobremesa por R$ 123. A relação 516, Pompéia, São Paulo - SP.
custo-benefíco é ótima, pode investir que vale a pena. Tel.: (11) 2609 9476
2609-9476
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 13
– Almanaque –
Clássicos
do chocolate
Alguns ícones fizeram a história
do doce no Brasil
1
A Língua de Gato é um ícone da O Baton, o bastão com chocolate
Kopenhagen. Ele começou a ser produzido e cristais de mel, foi lançado pela
por aqui em 1940, mas não Garoto como Leite Mel, em 1948.
é uma invenção do casal Apenas em 1976 ganhou o nome
da Letônia Anna e David atual. A explosão do produto, no
Kopenhagen. entanto, veio nos anos 80 com
a propaganda-chiclete na qual
uma menina com turbante e
2
voz de cartomante “hipnotizava”
O chocolate e o nome dele foi as mães dizendo: “Coooompre
Baton, coooompre Baton.
GVMEHSRSǻR^MRLSHSW³GYPSTIPE
IYǻPLSQIVIGI'EXSRƹ
GLSGSPEXIVMEEYWXV¸EGE0ÇǺIVPI-«
Vendeu como água.
VIKMWXVSWXEQF³QUYIRE-YRKVMEE
receita do doce, com o mesmo nome,
é passado de geração em geração.
3 7
A Nhá Benta nasceu A Serenata de Amor surgiu como
em 1950, a partir da um concorrente do Sonho de
Valsa, lançado 11 anos antes. O
ideia da Kopenhagen Chocolate nome veio com a jovem Úrsula,
de fazer hóstias para
as igrejas.
do padre sobrinha do dono da Garoto, que
Embalagem famosa usa sugeriu Serenata ao Luar em
ŅÆų±ÚåŞĜĹƋŅųĀŅųåĹƋĜĹŅ homenagem às cantorias que
4
A caixa de chocolate em pó era o principal produto
namorado fazia sob a sua janela.
O projeto não vingou e o biscoito da Gardano, no Brás, em São Paulo, quando a Nestlé
PIZIIGVSGERXIKERLSY[EǾI comprou a marca e os seus produtos.
8
e virou a base para receber a Mudou muita coisa, menos a embalagem que traz
Como já havia um chocolate com
montanha de marshmallow uma reprodução do quadro do pintor italiano
Alessando Sani. Ele era conhecido no século 19 o nome “luar” no mercado, surgiu
coberta com chocolate. Primeiro, pelas obras que satirizam a vida doméstica e IVIREXEHI&QSV4EQEHS-YKS
o doce foi chamado de Pão de o dia a dia dos frades, em Florença. Musso, hoje é nome de rua em
Açúcar, depois Sinhá Moça e A obra, um óleo sobre tela, continua Guarapari, cidade-sede da Garoto.
então ganhou o nome atual. na casa dos Gardano, em
São Paulo.
5
foi lançado, no entanto, só era
6
Conhaquinho: é assim consumido por mulheres,
UYIǻGSYGSRLIGMHS O Diamante Negro, chocolate
vendido, num formato
o Bombom recheado com castanhas e mel já existia
menor do que o atual,
com Chocolate, da Pan, quando, em 1938, o jogador
em bombonières.
talvez o maior sucesso Leônidas da Silva (inventor da
de todos os tempos bicicleta), ganhou o apelido
nos baleiros das salas e a Lacta resolveu
de cinema. O produto rebatizar o doce.
é vendido até hoje na Fez um gol de
10
forma e no conteúdo, placa usando
o próprio A ideia de romance surgiu
assim como foi lançado
para as quatro anos depois quando um
anos e anos atrás.
propagandas casal dançando foi colocado na
do produto. embalagem e o bombom, mais
robusto, invadiu todo tipo de
ponto de venda.
14 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
A ALMA DO VINHO DE TERROIR
14 15
O Galak, feito de Nos anos 1970, a
manteiga de cacau, Nestlé teve uma
açúcar e leite surgiu grande sacada:
depois da I Guerra.
Só chegou no Brasil
lançar o seu
mais tradicional
ma A essência do
nos anos 60, sob o chocolate em
ch
pastilhas no
pa
discursos de que
era mais nutritivo
porque tinha “bem
formato de uma
fo
tigelinha, com
ti
terroir da
mais leite do que as abas altas,
a
um bom chocolate
ao leite”.
embaladas uma
e
a uma com pela
laminado. Elas
Borgonha
eram colocadas
num tubo de
papelão grosso,
em seis garrafas
fechado com
uma tampinha
11
de plástico. O
A Pan (Produtos
Croquete era um
Alimentícios
charme e um
Nacionais) já
sucesso. Não há
existia faz tempo
registro do porquê
quando lançou
Ícone dos anos 80 e 90, foi criado foi descontinuado.
o Cigarrinhos na França e por aqui, foi sucesso
de chocolate, absoluto. Em barra e ao leite trazia
confeitos em cards temáticos de natureza,
forma de cigarro,
embalados com
tal, metidos numa
caixa como se
16
fosse uma carteira A Neugebauer é a nossa primeira
do produto. Foi um fábrica de chocolates. Dela saíram
estouro. alguns clássicos como o Choco
Preto e Branco, de
1954, e o adorado
Stick, recheado com
12
A embalagem tinha duas morango. Mais tarde
versões: uma com um virou Stickadinho e continua tendo
garoto negro e outra com uma legião de fãs.
um branco, ambos fazendo
17
pose de fumante.
O Alpino, um dos grandes
sucessos da Nestlé nasceu, na
verdade, das mãos de Paulo
13
Só em 1996, a apologia Gardano que desenvolveu não
ao fumo foi condenada só o seu sabor peculiar como a
pelos órgãos públicos embalagem numa forminha de
e surgiram os Rolinhos papel laminado, com ranhuras que
de Chocolate. davam uma textura muito especial
à lateral do bombom, muito
diferente da forma como o Alpino é
apresentado atualmente.
3
Moeu, f*{#u regras para
um café mais
O slogan criado pela barista Isabela Raposeiras diz gostoso
muito sobre como lidar com cafés especiais
1
para tomar dias, tempo porque Compre em grão
semanas depois, é da natureza e consuma em até
desculpe, você dele. Só não dois meses depois
da data de torra,
nunca tomou um apodrece, mas facilmente visível na
café de verdade. vai envelhecendo embalagem.
Isso por que o sem parar”.
grão da fruta, Em outras
mesmo depois palavras, café
de torrado, bom mesmo
é tão volátil precisa manter
que as suas as nuanças de
propriedades aroma e sabor.
mais bacanas são literalmente para o espaço E quanto melhor for o grão, mais interessantes
2
depois de 10 minutos de moagem. Sim, 10 elas serão. O café é muito complexo e guarda Moa a quantidade
minutos! cerca de mil características especiais, 3 vezes necessária e
Num dos inúmeros vídeos da Isabela na mais, por exemplo, do que o vinho. infusione com o
internet ele repete incansavelmente o que já Por isso, quando descoberto atrai adeptos método que preferir.
Não espere.
falou dezenas de vezes. “Café moído é café inveterados, em busca do grão perfeito.
Com que
moedor eu vou?
3
Tipos de moagem:
Fina – Para café
XYVGSRSǻPXVEHS
16 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
2
Para
COMER 3
4
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 17
A pequena
grande chef
Ela foi treinada por Paul Bocuse, em pessoa, e o seu restaurante
acaba de ser eleito um dos melhores da França. Quem é
Tabata Mey, a chef brasileira que você precisa conhecer
por Robert Halfoun
Tabata aqui com o
marido e também
cozinheiro, Ludovic Mey,
no Les Apothicaires, o
badalado restaurante
deles, em Lyon. Ao lado,
em outdoor que celebra
as personalidades
lionesas, na principal
praça da cidade
(SYZIǼSVVIMHVEXEHEIQGEPHSHIPIKYQIWIGL«ZIVHIGSQT¾HIJIVQIRXSJVIWGSXSVVIǻGEHS
“SÓ OS IDIOTAS NÃO MUDAM DE IDEIA”. FOI EXATAMENTE COM
esta frase que Paul Bocuse explicou para Tabata Mey porque colocaria, pela
primeira vez na história do lendário L’Auberge du Pont de Collonges, uma
mulher na sua cozinha. A essa altura, a carioca hoje com 40 anos (e carinha
de 25) já havia começado sua vida na gastronomia com Roland Villard, no
saudoso Le Pré Catelan, no Rio; feito os quatro anos completos da formação
superior de cozinheiro no Instituto Paul Bocuse, em Ecully, na França;
trabalhado com inúmeros chefs estrelados pelo país todo e ganhado a sua Ela e ele
estrela Michelin (creditada com todas as letras no guia), quando comandava “Apesar da idade,
a cozinha do restaurante de Nicolas Le Bec, em Lyon, na época ocupado M.Paul sempre
com a expansão dos seus negócios. Também já era conhecida pelos bufês de esteve motivado.
alto nível que fazia para a elite lionesa e respeitada por grandes cozinheiros Queria transmitir
conhecimento”
como Christophe Muller, o chef executivo do grupo Paul Bocuse, há anos
à frente do três estrelas do grande mestre. Tabata Mey diz que,
Foi ele quem a levou pela primeira vez para a cozinha de Collonges, apesar do Mal de
Parkinson, que o
a fim de treiná-la para concorrer ao título de MOF – Meuiller Ouvrier de consumiu, Paul Bocuse
France, o mais importante do país (conferido em várias áreas de trabalho nunca perdeu o olhar
visionário e vanguadista.
“La petite é boa, hein?”, soltou Paul Bocuse, famoso “Ele pegava as coisas
no ar. Sentia, antes, tudo
por poupar elogios, ao ver a brasileira derrotar o seu o que ia acontecer na
pupilo no principal concurso de cozinha da França gastronomia. Era mesmo
incomparável”, conta.
manual), que permite a aplicação das listras bleu, blanc, rouge na lapela Quando ele a colocou
na sua cozinha, foi
da dólmã de quem o conquistou. uma surpresa e tanto.
O teste é duríssimo, elege um em centenas de candidatos. Tabata parou Para ela e para todos
na semifinal, entre os quatro melhores, com uma pontuação altíssima, os outros cozinheiros.
maior que o pupilo que o próprio Bocuse havia inscrito no concurso. “Mas se M. Paul falou
para que eu entrasse,
“La petite (a pequena, apelido carinhoso como o chef a chamava) é boa, hein?”,
quem iria discordar?”, ri.
havia comentado com Christophe, antes de levá-la, afinal, para trabalhar Na verdade, ela lembra,
no seu lendário restaurante. Ali, depois de poucos meses, foi além: Paul Bocuse foi criado
prestes a abrir o seu mais novo restaurante, o mais gastronômico depois apenas por cozinheiras,
de Collonges, não teve dúvida e comunicou naquele jeitão reto porém como La Mére Fillioux,
e percebera que a
carinhoso como ele falava: “Tabata, você vai comandar a cozinha de lá.” ditadura masculina na
Assim, a chef brasileira assumiu o Marguerite, no icônico Instituto Lumière. GS^MRLETVSǻWWMSREP
Virou celebridade. Foi parar na tevê e em outdoor nas ruas de Lyon, como fora um enorme erro.
personalidade lionesa, a única estrangeira entre tantos locais. E desabafou: “Sempre
fui contra mulheres
Hoje, Tabata Mey está a frente do seu próprio restaurante, na cozinha. Mas só os
Les Apothicaires, lugar onde, ela define, faz “uma cozinha simples mas idiotas não mudam
não simplista”. Em outras palavras, usa muita criatividade e técnica para de ideia”.
apresentar algo instigante porém aconchegante, que surpreende e abraça o
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 21
comensal, prato a prato, no seu menu degustação de sete cursos. “Se você tem
só descoberta e surpresa, perde o chão”, defende. “E a refeição vira um circo,
sem sentido.”
Tabata trabalha ao lado do marido, o também cozinheiro Ludovic Mey. Com
ele, deu uma volta ao mundo, entre a saída do Marguerite e a abertura da nova
casa, em busca de sabores, técnicas, costumes. O resultado é uma cozinha muito
pessoal, com uma identidade lapidada dia a dia. O Les Apothicaires abriu há dois
A torre rosa anos e, diz a chef, agora começa a ter a cara que idealizou. “No início, é difícil
Tabata e Ludovic aplicar tudo que você quer. Vêm as dúvidas se o menu é ousado ou caro demais,
Mey lançam projeto por exemplo. Aos poucos, você vai conhecendo a clientela e ganhando confiança.”
visionário na França
Sempre cheio no almoço e no jantar, o restaurante da brasileira acaba de entrar
La Tour Rose é um dos na lista dos cinco melhores da França, da revista Le Point (a Veja de lá).
marcos históricos de E é objeto de um longo texto do respeitado crítico Franck Pinay-Rabaroust,
Lyon, no coração de ex-inspetor Michelin (hoje à frente do site atabula.com), defendendo que é um
Vieux Lyon, o bairro dos esquecidos pelo guia, devido a visão antiquada da publicação de avaliar, por
mais antigo – e hoje
turístico da cidade. exemplo, coisas como toalhas sobre a mesa.
O imóvel, tombado pelo
patrimônico histórico,
estava sendo usado
“Busco uma cozinha fácil de ser compreendida. É simples mas
por um hotel até ser não é simplista. “Se você tem só descoberta e surpresa,
abandonado e ir à leilão. perde o chão. E a refeição vira um circo, sem sentido”
O casal, então, viu a
oportunidade de investir
num velho sonho: criar Diante de tanta badalação lá fora e pouca por aqui, Tabata não esconde que,
um espaço para investir
na nova gastronomia
sim, gostaria de ter mais reconhecimento no seu país, principalmente porque,
francesa. Com previsão como aprendeu com o mestre Bocuse, pode ajudar muito a passar conhecimento
HIEFIVXYVERSǻQHI e a até introduzir alguns brasileiros na Europa. “Nós somos lutadores, resilientes.
2108, La Tour Rose E temos jogo de cintura”, diz. “Eu cheguei onde cheguei porque sou brasileira.
abrigará inúmeros
Sempre trabalhei muito duro, sempre dei um jeito de fazer o que aparentemente
pequenos restaurantes
de novos ótimos chefs, não dava para fazer. Me dei 1000% e fui além do meu limite em tudo.”
escolhidos a dedo por A perseverança, diz, foi algo que desenvolveu, ainda mais, no convívio com
eles. “Toda estrutura Bocuse. “Não há outra maneira de cozinhar a não ser com rigor. Buscar a perfeição
já estará pronta. e ter o gosto pelas coisas bem feitas.”
Eles entrarão com o
trabalho”, explica a Ninguém sabe, ninguém vê, mas Tabata Mey tem a assinatura de Paul Bocuse
brasileira. Num ponto tatuada próxima ao punho, no braço direito. “Perto da mão com a qual seguro a
com audiência e mídia faca. É uma homenagem muito pessoal a quem confiou em mim. Ele vai me guiar
garantidas. O renomado para o resto da vida. O que aprendi com ele estará sempre na minha cozinha.”
guia Gault & Millot se
encantou pela proposta
e, já anunciou, dará Les Apothicaires – 23 Rue de Sèze, Lyon, França.
apoio irrestrito. Tel.: +33 4 26 02 25 09; www.lesapothicairesrestaurant.com
22 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
41IW&TSXLMGEMVIWRSFEMVVSQEMWIPIKERXIHI1]SRJE^EKIRXIWIWIRXMVIQGEWE)EGS^MRLEWEIQTVEXSWGSQSEWZMIMVEWGSQPIMXIGPEVMǻGEHS
óleo de rosas e physalis e a perdiz levemente defumada com repolho e folhas de cassis marinado e molho reduzido de cassis fermentado
A vida é como uma
caixa de chocolates
A da Bel Carvalho passou pela paixão de fazer
trufas e bolos num momento em que não havia
glamour nenhum nisso
por Leticia Rocha fotos Diego Mello
Quimíca na cozinha
“Sabe quando você descobre algo e acha que todo mundo deveria saber também?”
Bel confessa que não tinha a menor noção da importância do açúcar, do ponto da clara, dos tempos perfeitos, do
do processo químico na confeitaria. Por isso, tem todo encontro da manteiga com o açúcar.” A obra de cabeceira
tempo que pode ao assunto. A fonte de pesquisa são os no momento é A Química dos Bolos, de Joyce Galvão
livros. “É mágico entender o processo de caramelização (Companhia de Mesa, R$ 124,90).
ERA PÁSCOA E ELA DECIDIRA FAZER OVOS DE CHOCOLATE. Pensamento bem típico de
uma jovem de 18 anos, no início da década de 1990, época em que era muito normal “fazer
para vender”. Nesses tempos, vale pontuar, era inimaginável prever o status que a gastronomia
iria alcançar no país. “Vendeu tudo. E eu gostei dessa coisa de ter um dinheirinho meu para
gastar com as minhas besteiras”, conta Bel Carvalho, da Bel Trufas, no Rio de Janeiro. “Tempos
depois, minha amiga organizava um bazar e pensei ‘hum, por quê não?’. Disse sim e naquele
momento eu me dei conta que tinha sido picada por esse business e pelo chocolate.”
Mal sabia ela que quase trinta anos depois, seria uma referência na cidade e seus doces
cobiçados por olhos gulosos. Gente que passa diariamente espiar o que tem na vitrine, gente
que quer suas receitas em suas festas, gente que gosta do que ela faz: o simples de uma forma
mágica, bem executada e com produto de qualidade. Bolo de chocolate com cobertura de
chocolate, trufa de chocolate, cookie de chocolate, receitas em que o tom autoral fica guardado
nas entrelinhas e pode ser, por exemplo, fazer o próprio chocolate em pó, triturando uma barra
de cacau 100% com açúcar. Outro segredo ela aponta para o lado comilona e diz que só faz o
que gosta de comer.
O frisson lá do início seguiu: fez trufas, acondicionou tudo em caixinhas de madeira
forradas de tecido, ofício que desde pequena aprendera com a mãe. O dom da cozinha, esse
“Um dia, uma tia virou para mim e perguntou: quando é que
eu ia parar de brincar e ia arrumar um emprego de verdade?”
veio da avó e de uma pessoa especial, Lourdes, figura que quebra o discurso da confeiteira, que
altera momentos de emoção, outros de silêncio. “Ela era a cozinheira da nossa família e eu só
sabia ficar ao lado dela perto do fogão. Foi a pessoa que me viu crescer e esteve em todos os
momentos importantes da minha vida. Coincidência ou não, nos deixou em uma Páscoa.”
Terceiro momento importante nesse caminho foi ler no jornal sobre um curso de trufas,
ela amava e se podia comia todo dia. Voltou para a casa e ficou com a informação ‘martelando
na cabeça’. Resumo: matriculou-se, se pôs a tentar decifrar como era feita aquela sua receita
preferida, fez mil testes e alcançou o objetivo desejado. “Paguei toda a minha faculdade com essa
brincadeira”, revela ela, que formou-se em Administração de Empresas. Na sequência, veio a
trajetória clássica de muita gente: começou a receber encomenda e depois, a não dar conta delas;
foi convidada para vender em um café e depois, em restaurantes, lojas e até em supermercado.
Não demorou muito para começar a fazer eventos, casamentos. E ainda trabalhava como
vendedora de uma loja e tinha que se dividir entre as duas operações.
Tinha também que ouvir indiretas bem diretas. “Um dia, uma tia virou para mim e
perguntou: quando é que ia parar de brincar e ia arrumar um emprego de verdade?”
Bel engole e tenta absorver todo o processo até aqui. Precisou chamar uma pessoa para
ajudar na cozinha de casa – o socorro ora da avó, ora da mãe, à essa altura, eram insuficientes.
Foi morar sozinha e o lar era o centro de produção. “Tinha 24 anos e esse foi o maior medo
Bel Trufas – Rua General Venâncio Flores, 481, Leblon, Rio de Janeiro – RJ. Tel.: (21) 3114-8035
28 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
Bolo chocolate Trufa meio amarga
(1 bolo de 2 tabuleiros de 20 cm) (1 bolo de 2 tabuleiros de 20 cm)
INGREDIENTES qualidade [ganache] INGREDIENTES 5 g de manteiga em
[massa] 5 colheres de chá de 230 g de chocolate 400 g chocolate meio temperatura ambiente
315 g de farinha fermento meio amargo picado amargo picado 1 colher de sopa de
[recheio de brigadeiro] 90 g de creme de leite 175 g creme de leite água*
330 de chocolate
em pó (50% cacau) 1 latas de leite fresco fresco 1 pitada de sal
630 g de açúcar condensado 40 g de manteiga 10 g de glucose de
70 g de chocolate temperatura ambiente milho
8 ovos
amargo 10 g de água filtrada PREPARO
400 g de leite de (um coringa na
coco de boa qualidade 70 g de creme de leite Leve o creme de leite e a glucose
de caixinha (com 16 receita)
350 g de manteiga ou 17 % de gordura) 1 pitada de sal de milho ao fogo, misture bem. Desligue
sem sal de boa quando começar a levantar fervura
Já fora do fogo, acrescente o chocolate
PREPARO e repita o processo até dar o ponto meio amargo picado e misture bem
[massa] Depois de pronto, coloque um papel Junte, por último, a manteiga,
Preaqueça o forno (convencional) filme rente ao doce, para evitar o sal e acrescente água, se necessário
a 150 -160° C a criação de película Leve o recheio para a geladeira coberto
Coloque todos os ingredientes Espere esfriar. por uma película de filme transparente
(em temperatura ambiente), Está pronto para rechear o bolo para que não cristalize
menos o fermento, na batedeira [ganache] Deixe até esfriar e endurecer o suficiente para
Inicie batendo em velocidade baixa Leve o creme de leite ao fogo fazer bolinhas – o que leva 12 horas, pelo menos
e aumente gradativamente, batendo e mexa um pouco para que ele Faça bolinhas com o recheio
por 3 a 4 minutos. Pare aqueça por igual. Desligue quando
a batedeira e limpe as bordas começar a levantar fervura
Banhe as bolinhas em chocolate meio
amargo derretido e temperado
Volte a bater em velocidade Já fora do fogo, acrescente
alta até formar bolhas de ar o chocolate meio amargo picado
Disponha as trufas para secar em
e misture bem
tabuleiro coberto com papel alumínio
Coloque o fermento, volte
a bater por alguns segundos Dica: A água é necessária apenas para corrigir
Acrescente a manteiga
só para incorporá-lo à massa a receita, caso o chocolate aqueça demais
e incorpore a ganache
e a manteiga de cacau se separe da massa de
Despeje na forma untada e Dica: se a ganache não ficar brilhante, cacau, ficando como se fosse um linha
enfarinhada. Dica: Se quiser utilize água (até 10 ml) e vá de gordura boiando na lateral da panela.
enfarinhar com cacau, fica mexendo sempre para incorporar. [para variar o sabor]
ainda mais gostoso Não passe desta quantidade para
Deixe esfriar um pouco que a receita não desande. Faça uma infusão com laranja e creme de leite.
e vire em uma grade para esfriar [montagem] Aqueça o creme como na receita matriz e assim
Dica: faça o seu próprio chocolate Nivele o bolo, retirando com que começar a aquecer, desligue o fogo
em pó (coloque em partes iguais faca (ou nivelador) suas Raspe, com ralador fino, 1/2 casca de laranja
o açúcar e o cacau 100% e bata camadas de cima (preferencialmente a do tipo Bahia importada)
no meses ou liquidificador para Recheie com brigadeiro e coloque sobre o creme de leite fresco
processar) o segundo andar (disco de massa) Tampe a panela e deixe descansar por 10 minutos
[recheio de brigadeiro] Depois cubra com ganache, que Coe em uma peneira bem fininha
Coloque os ingredientes numa deve ser aplicada no bolo fria, mas Aqueça o creme e repita a receita matriz.
vasilha própria para microondas, não deixe esfriar muito porque ela Se quiser, decore a trufa com uma raspinha
misture e cozinhe por 2 minutos perde o brilho da laranja (ralada na hora).
Retire do microondas, mexa com Variação: se quiser usar Nutella Dica: este mesmo processo funciona para especiarias
fouet vigorosamente e retorne ao ao invés da ganache na cobertura como o cardamomo (use em pó ou se você tiver
micro-ondas do bolo, aqueça-a rapidamente um excelente triturador, faça com a semente,
Cozinhe por mais 2 minutos no microondas e espalhe no bolo. fica bem mais perfumado).
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 29
Simples
assim
Bacalhau do rei
Prato popular ganha ares de nobreza
em releitura igualmente econômica e fácil de fazer
por Letícia Rocha fotos Fernando Eduardo
30 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
INGREDIENTES 1 cebola roxa pequena cortada
[grão de bico] em cubinhos
250 g de grão de bico 1 tomate sem pele e sem semente
cortado em cubinhos
1 pedaço pequeno de cenoura
descascada 1 pimenta doce de cheiro bem
picada
½ cebola branca
1 maço de salsinha fresca picada
1 folha de louro
1 maço de cebolinha verde
1 dente de alho picada
[bacalhau] ¼ maço de coentro picado
800 g de bacalhau dessalgado 4 colheres de sopa do azeite que
sem pele e sem espinhos cozinhou o bacalhau
8 colheres de sopa de azeite Limão siciliano a gosto
extravirgem Sal e pimenta-do-reino a gosto
[vinagrete]
½ pimentão amarelo sem
sementes em cubinhos
1
Lave
2
Cozinhe
o grão de bico e leve até ficar bem macio.
para cozinhar com
todos os ingredientes.
3
Bata
no liquidificador com um pouco
do caldo do cozimento até ficar
na textura de um purê.
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 31
4
Tempere
5
Aqueça
com sal, azeite e reserve. o azeite sem deixar ferver.
6
Cozinhe
o bacalhau, coberto pelo azeite,
até começar a soltar em lascas.
7
Retire
8
Junte
o bacalhau do azeite com uma todos os ingredientes do vinagrete e
escumadeira e reserve aquecido. tempere com sal e pimenta a gosto.
9
Monte
em uma travessa, em camadas,
o purê, as lascas de bacalhau e
finalize com a salsa de cheiros.
32 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
10
Decore
com o broto de agrião
e sirva em seguida.
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 33
Homem do campo
Em entrevista exclusiva para Sabor.club,
Daniel Boulud deixa bem claro porque se tornou
um dos maiores chefs do mundo
por Robert Halfoun
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 37
conta. Então descreve cenas como a da figura com cabelos esvoaçantes que
saía do seu Mustang conversível, com seu poodle e um copo de uísque. Ela
bebericava durante todo o dia. Adorava o pequeno Daniel e, quando soube
O jantar de pelos seus pais que ele queria ser um cozinheiro, garantiu: “Vou arrumar o
1 milhão de melhor lugar de Lyon para ele trabalhar”. E lá foi Danielzinho, ao 14 anos,
dólares descascar cebolas e cenouras no notável Nandron. “Eu queria muito cair
Daniel recebe grandes fora da fazenda. Tinha fome para devorar o planeta inteiro”. Mas voltava
chefs mulheres para para casa nos fins de semana, para ver os pais e para jogar futebol. Até que
ĹŅĜƋåÆåĹåĀÏåĹƋå
começou a trabalhar também aos domingos. “Aí, adeus a bola. Foi um golpe
4GLIJ³YQHSW duro”, ri. E o primeiro passo para cozinhar com lendas como Roger Vergé
TVMRGMTEMWGSPEFSVEHSVIW e Michel Gerard, antes de igualmente se tornar um dos grandes chefs da
HS(MX]2IEPW4R
;LIIPWSVKERM^E±S cozinha francesa, o responsável por definir de uma vez por todas a cultura
HIHMGEEHEVHIGSQIV gastronômica do país nos Estados Unidos. Daniel é mesmo uma celebridade
EUYIQXIQJSQIIQ
3SZE=SVO)IWHI “Nada se compara ao sabor do alimento na hora certa de colher
N«WIVZMVEQQMPLÀIW
HIVIJIM±ÀIW*SGLIJ e comer. Não me esqueço das primeiras batatas da primavera”
JVERG´WN«JI^MRÅQIVEW
HIPEW&WWMQGSQS por lá, chamado de “rei de Nova York”.
FERGSYXERXEWSYXVEW Ele se orgulha com o trabalho mas, diz, não tem tempo para se preocupar
8SHSQ´WHIQEV±SL«
com títulos. Afinal, comanda uma corporação com milhares funcionários que
ERSWIPITVSQSZI
SYRHE]YTTIVEX o ajudam a tocar casas bem distintas umas das outras, desde o restaurante
)ERMIPYQNERXEVÅRMGS gastronômico, passando pelo bistrô moderno, pela brasserie e para épicerie,
RSUYEPWIVZIYQQIRY que vende comida simples, boa e barata. O chef participa do desenvolvimento
MR³HMXSTEVEUYIQIWX«
de todos os itens, de todos os cardápios. Como faz isso, mantendo sempre
HMWTSWXSETEKEVHI
9QMPE9QMP a sua assinatura? “Eu penso francês. Faço comida para alma. Ela deve dar
TEVEHIKYWX«PS prazer, ficar na memória e ser o veículo para viver grandes momentos.” E
*WXIERSEWGLIJW completa: “Aprendi isso com Paul Bocuse”, diz, embora nunca tenha trabalhado
GSQS(PEVIQ]XL
HS diretamente com ele. “O chef fez pratos muito simbólicos e definitivos para
Core, em Londres) e
XITLERMI.^EVH
HS mim. Estive com ele e cozinhando para ele inúmeras vezes, desde os meus 14
,MVP8LI,SEXIQ anos. Sou muito amigo do filho dele. Bocuse é família para mim.”
(LMGEKSWINYRXEQE
)ERMIPREGS^MRLE&
EVVIGEHE±SXSXEPTEWWE
HIQMPLSHIH¾PEVIW
HSEHSWMRXIKVEQIRXI
ªSVKERM^E±S
FIRIǻGIRXI
38 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
STEHIGSKYQIPSWWIPZEKIRWGSQGIZEHEISJVMGEWW³HIJVERKSUYIETVIRHIYGSQEEZ¾PIQFVER±EHSWXIQTSWIQUYIZMZMERSGEQTS
Está explicada a grande satisfação que foi comandar o time ianque, sim
ianque, que levantou o caneco na última edição do Bocuse D’or, a “Copa do
Mundo da gastronomia”. “O Thomas Keller vinha treinando essa turma há
dez anos e eles estavam afiados”, minimiza.
Agora, presidente do júri da etapa brasileira do concurso, o que o traz a
São Paulo, em março, diz que, no fundo, não há segredo para fazer bonito no
Bocuse D’or. Mas não é moleza. “É preciso treinar muito, conhecer e aplicar as
técnicas de forma impecável. Manter-se concentrado e fazer
| Sabor club
. [ ed. 015 ]
Sopa de cogumelos Fricassé de frango
selvagens com cevada da avó com batatas,
(6 porções) bacon, cogumelo e cebola
INGREDIENTES (4 porções)
3 colheres de sopa de manteiga INGREDIENTES
sem sal ou azeite extravirgem
2 colheres de sopa de azeite
3 dentes de alho finamente picados
1 galinha média cortada em 8 pedaços
2 talos de aipo cortados em
pedaços pequenos Sal e pimenta branca moída
1 alho-poró lavado e com apenas 2 colheres de sopa de manteiga sem sal
as partes branca e verde clara cortadas 3 dentes de alho cortados
em pedaços pequenos 3 raminhos de sálvia
1 cebola média cortada 3 raminhos tomilhos
em pedaços pequenos
50 g de bacon cortado em cubos pequenos
2 cenouras pequenas, sem casca,
cortadas em pedaços pequenos 12 chalotas descascadas
1 nabo médio, sem casca, cortado em 12 batatas lavadas
pedaços pequenos 4 cogumelos Eryngui cortados em quatro
Sal e pimenta branca moída na hora ½ xícara de chá de caldo de galinha sem sal
6 folhas de sálvia finamente picadas. 3 colheres de sopa de salsa picada
Reserve os caules para fazer um sachê
350 g de cogumelos variados, PREPARO
limpos e cortados em quarto pedaços Preaqueça o forno a 200ºC
3 litros de caldo de vegetais (ou galinha)
com um sachê pequeno com sálvia, salsa, Coloque uma grande frigideira de ferro
tomilho, louro, sementes de funcho e de em fogo médio-alto e aqueça o azeite
coentro, pimenta preta em grãos. Tempere a galinha com sal e pimenta
1 xícara de chá de cevadinha e doure com a pele para baixo,
por cerca de 5 minutos
PREPARO
Vire a galinha e adicione manteiga,
Numa caçarola, aqueça a manteiga alho, sálvia e tomilho. Espalhe
ou o azeite. Adicione o alho, o aipo, a manteiga por toda a galinha
o alho-poró, a cebola, a cenoura e o nabo e cozinhe por mais 3 minutos
Tempere com sal e cozinhe, mexendo Tire a galinha da panela e reserve
por uns 10 minutos
Na mesma panela, coloque o bacon
Coloque os cogumelos e tempere e frite por 5 minutos até dourar
novamente com sal. Cozinhe até
que eles soltem água (uns 3 minutos) Adicione as cebolas, as batatas
e os cogumelos e cozinhe por 10 minutos,
Mexa o caldo com o sachê de ervas temperando com sal e pimenta, se necessário
e a cevadinha e coloque na caçarola
Tire o excesso de gordura da panela
Deixe ferver, em fogo baixo, e coloque o caldo de galinha. Deixe ferver
e cozinha até que a cevadinha fica
macia (uns 35, 40 minutos) Coloque a galinha reservada dentro
da panela novamente
Prove e ajuste o sal e a pimenta,
se necessário Cubra e coloque no forno por 20 minutos,
regando o caldo sobre ela e os vegetais
Se quiser, depois fria a sopa por a cada 6 minutos
ir para a geladeira por 4 dias
ou se bem fechada, sem ar,
congelada por um mês
Sabor club
. [ ed. 015 ] |
Ela é uma
brasa, mora?
Lígia Karazawa já passou por inúmeros restaurantes
estrelados mundo afora. Acabou, no entanto,
se encontrando no quintal da sua casa
por Leticia Rocha fotos Fernando Eduardo
(EQEVSESE^IMXIGSQPMQSIWEPEHEZIVHI FEREREKVIPLEHE[EǾIQSYWWIHIGLSGSPEXIIGEPHEHSGIHIPIMXI
&FEM\SFSQFSQHIEPGEXVEEWWEHSHIXMVEǻP³QMKRSRIGSWXIPEHITSVGSƳXYHSREFVEWE
10
DICAS QUENTES
para fazer bons assados
1
Matéria-prima: é o
primeiro ponto de
um bom churrasco.
SE FALASSE QUE NÃO COMIA CARNE, APANHAVA. SE INSISTISSE
Invista nela e crie um ritual
em qualquer proposta vegetariana era deserdada. Conversinha de comida para isso. Vá ao açougue,
macrobiótica dava em caso de polícia... Foi nesse cenário, que pregava à peixaria, converse,
a ditadura da proteína animal, especialmente a carne bovina, no qual pergunte sobre o que está
cresceu badalada chef Lígia Karazawa. melhor, mais fresco. Para
as carnes de boi, atenção
Já adulta, imersa no universo da cozinha, foi para o lado oposto. para o marmoreio, a gordura
Na Europa, passou por alguns dos principais restaurantes do mundo, IRXVIQIEHEREWǻFVEW
todos com estrelas Michelin. A lista não é pequena e inclui ícones com
2
Mugaritz, El Celler de Can Roca e até o El Bulli, do genial Ferran Adrià. Equipamento: melhor
evitar churrasqueiras
Hoje, à frente do Brace, especializado em brasa, no Eataly, filial do de alumínio ou ferro
shopping gastronômico italiano, em São Paulo, para e reflete sobre a sua QYMXSǻRS*PEWRSVIX³QS
trajetória até aqui. calor como se deve. Entre
“Só vivendo tudo isso e acumulando essa bagagem toda que eu pude as de metal, as de inox,
costumam ser melhores.
fazer uma conexão do que vivi na infância com o que prega os melhores
3
Grelha: a distância
“A brasa é uma coisa que não camufla ingrediente da dela para a brasa
algum, é produto em seu melhor momento” deve ser de 20 cm. Aí,
sim, você terá o calor ideal.
IǻGEVQYMXSTIVXSTSHI
restaurantes do mundo: matéria-prima, produto da região, cuidar bem do queimar o alimento e muito
ingrediente e até o quão mágico pode ser o simples.” longe vai só defumar.
Aos 39 anos, ela credita à maturidade a conexão com o que viu
4
quando criança, em Presidente Prudente, distante 560 km da capital Carvão: quanto
melhor for a madeira,
paulista. O aprendizado sempre se fundiu com a visão profissional que mais potente será a
viveu até aqui. Ela apenas não havia percebido isso. brasa dela. Priorize as toras
A relação direta com a brasa abriu essa janela. grandes (sempre secas, sem
Seu avô, um dos grandes pregadores da carne na família (veja quadro), umidade).
5
dizia: “A brasa é uma coisa que não camufla ingrediente algum, é produto Brasa: acenda cerca
em seu melhor momento. Se for bom, vai ficar bom, se for ruim, vai ficar de 40 minutos antes
péssimo. E se você estragar uma carne boa, você é muito ‘nócego’!” de começar a assar.
A história do Seu Shingeo Karazawa vale um parágrafo à parte. Ele Ela deve estar bem viva,
com aquele vermelhão
nasceu no Japão e pequenino imigrou para cá. Gostava tanto de carnes, PMRHS-«IUYMTEQIRXSW
artigo raro e carne na terra dele, que deu um jeito de ter o próprio que ajudam a soprar a
brasa, para alimentar o fogo.
Use-os. Na falta, é quem
improvise com um secador
de cabelo.
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 45
6 Churrasqueiro: quem
cuida do churrasco
tem que ser responsável,
ter tempo, atenção com
a temperatura da brasa e
com o produto sobre ela e...
paciência! Colocar o que for
na brasa e ir beber com a
turma é roubada. Servir no
ponto cru é uma vergonha.
Passado demais, é pior O avô Shingeo, o ‘ditador’ da carne entre os
ainda, uma vez que não tem Karazawa, com Lígia (abaixo, à esquerda)
conserto.
7
Arsenal: tenha uma
boa tábua de madeira,
YQEJEGEEǻEHEHI açougue no fundo do quintal! Só para abastecer a família. “Lembro das
bom tamanho e uma pinça mantas de carne estendidas no varal, daquele sangue pingando. Toda festa
para virar os alimentos. Não tinha churrasco. Até casamento”, lembra a neta.
use garfos porque eles Além do produto fresco, o avô dela mantinha vários freezers para
furam as coisas e deixam o
suco do ingredientes irem
estocar bois inteiros. Depois criava cotas para cada um dos sete filhos.
embora. No pacote iam também iguarias que ele mesmo produzia, como matambre
recheado, embutidos e defumados. Nesse mergulho nas raízes familiares
8
Cuidados prévios: da chef, ainda é preciso falar da avó materna, Shizuko, que, apesar do
retire a carne da
nome oriental, é descendente de... italianos! Foi com ela que a pequena
geladeira cerca de
duas horas antes. Isso Lígia aprendeu a respeitar os produtos, valorizando a sazonalidade.
faz com que ela volte à
temperatura ambiente, o “Olha, não é preciso entrar numa onda de gourmetizar
que ajuda o produto chegar
ao seu estado de perfeição.
e só usar carnes especiais como Angus e Wagyu”
9
Cortes: ao invés de E depois a usá-los com simplicidade, numa cozinha de poucos
usar bifes e tiras, ingredientes e muito sabor.
TVIǻVEXVEFEPLEVGSQ De volta ao mundo das carnes e da brasa, ela para o novo mundo
peças inteiras. Assim, o
TVSHYXSǻGEREXIQTIVEXYVE desse segmento do qual faz parte, que vê o churrasco como cultura, modo
perfeita, grelhado por fora e de vida e também um fetiche, que lambe a ideia de modinha. Coisa com a
suculento por dentro. qual é preciso ter cuidado.
“Olha, não é preciso entrar numa onda de gourmetizar e só usar carnes
10
Tempero: sal!
Preferencialmente
especiais como Angus, Wagyu. Ou cortes como prime rib ou shoulder
KVSWWSITEVEǻGEV steak. Bom mesmo é investir num açougue legal, conhecer o fornecedor,
mais delicado, triturado no e comprar o que ele tem de melhor. Pode ser fraldinha, costela. Carne
PMUYMHMǻGEHSV embalada é aquela que pode vir com defeito. E você não vai ver na hora
da compra. Depois, não dá para mascarar.”
46 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
VAMOS VARIAR?
Ņ±ŸŅŞÓŝåŸŞ±ų±Ĝų±ĬæĵÚ±ŞĜϱĹʱåÚŅÏŅĹƋų±ĀĬæ
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 47
Colunista
do mês
Janaína
Rueda
“Meu amigo
Ferran Adrià”
“Janaína, você precisa abrir uma casa só de feijoada”, pede
o grande chef espanhol, encantado pelo tempero da cozinheira
É domingo e estou em casa cozinhando para minha mãe, eu preciso falar sobre uma pessoa. Cozinheira, em São Paulo,
que quer comer feijoada. Toca o telefone. É a Rosa Moraes, é ela: Janaina Rueda! Que feijoada ela faz! Já comi várias vezes
figura das mais bem relacionadas no mundo da gastronomia: este prato, mas digo que comi a melhor da vida ontem”.
“Janaína, o Ferran (Adrià) acaba de desembarcar no Brasil Fico roxa, dá nó na garganta e me curvo,
e quer uma dica de lugar para levá-lo para almoçar”. Penso agradecida e emocionada. Não só pelo elogio
em algumas sugestões, mas surge a ideia: por que vocês mas porque ali, naquele momento, ele
não vêm aqui para casa? Estou me reconhece como cozinheira! Na
fazendo feijoada... frente de altos executivos de grupos
Meia hora depois, aqui internacionais, como o presidente do
estão eles no meu apartamento Google. Não há ninguém aqui do
e o Ferran está, literalmente, mercado gastronômico.
babando e botando a colher no Estou orgulhosa e nem imagino
caldeirão, para provar o caldo que ficaria ainda mais, no dia
de feijão. Colou ali para fazer seguinte. Tendo São Paulo toda para
essa “provinha” várias vezes. explorar, lá vem o Ferran almoçar
Está curioso, pergunta sobre os no... Dona Onça!
ingredientes e também sobre Sou avisada com um pouco
o modo de preparo. À mesa, de antecência e preparo algo num
entrega-se àquele clima de almoço estilão de PF. Compro contrafilé e
longo entre amigos. Repete a digo à ele que a carne é mais rígida
feijoada três vezes. Nada mal, hein? mesmo, mas de sabor incrível, se
Hora de ir para a quadra da Vai- tratada bem. Quero servir bifões
vai, onde havia me comprometido e mostrar para ele que brasileiro
que venderia galinhada para ajudar a i e que o nosso gado é
adora isso
escola. Adrià? Vai junto e quando vejo, Nelore Nada de Wagyu, Angus,
Nelore!
já está no meio do povo, dançando,
ndo, Chianina!
Chianin Na mesa ainda tem
ngo,
tomando caipirinha. Come o frango, arroz, feijão, codeguim, salada d de repolho, alface e farofa.
lambe os beiços – uma beleza de ver. Tudo servido nas panelas ou em cu cumbucas, para cada um
O Ferran está no Brasil para comandar um workshop sobre fazer o se
seu prato. Depois, vem pudim de leite, quindim
inovação, evento que o catalão faz
az pelo mund
mundo, por conta de e brigadeiro. Ele fica louco! Enfim, me chama de canto:
uma ação com o patrocinador de sua El Bulli Foundation. “Janaína, adorei a comida do Dona Onça também, mas esse
Desta vez, o evento acontece na Casa do Porco. No meio da é um restaurante já estabelecido. Escuta aqui, você precisa
palestra, ele faz uma pausa não programada. Eu ouço a turma abrir mais um negócio... Quando vai ter uma portinha para
do restaurante me chamar, às pressas. “Janaína, ele está te vender aquela feijoada? Só ela! Por favor, você precisa dividir
chamando no palco...”. E ele: “Olha, não está no script, mas isso com as pessoas”.
Janaína Rueda é paulistana, chef, defensora do Centro e como tal, todos os seus três negócios estão na região:
)SRE4R±E(EWEHS5SVGSI-SX5SVO
48 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
PARA BEBER
Salve, mestra
Se hoje as mulheres fazem sucesso atrás do balcão,
tudo começou pelas mãos de Sandra Mendes
por Robert Halfoun
Sabor club
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Manjericão!
A erva é
destaque no
drinque da
bartender
Adriana Pino
que está dando
o que falar
Smash
Dutch
(1 drinque)
INGREDIENTES
60 ml de
vodca
25 ml
de limão
Pina Descolada (vodca, côco, e abacaxi. Sem lactose); Dirty Apple (vodca, sucos de maçã e limão e xarope francês de maçã siciliano
verde); Hot a go go! (vodca, manga, damasco e pimenta); Skinny Puppet (vodca, suco melancia e um toque de manjericão) Sem
açúcar; Pink Spanking (vodca, cassis, cranberry, rosas e chá de hibiscus); dedo-de-moça) e Carnaval (cachaça, cajú, limão e 25 ml de
xarope artesanal de gengibre). Toda criatividades de Sandra Mendes: “Eles são audazes e picantes. Não espere o lugar comum” xarope de
maracujá
10 ml de
xarope de
“Sou precursora, né?” Não é preciso conversar Isso, nas janelas que tinha como gerente açúcar
muito com Sandra Mendes para ela lembra, de inúmeras casas noturnas. Só ficou 100% 1 folha de
com toda razão, que o Brasil não tinha mulher bartender em 2012, quando assumiu o balcão manjericão
atrás do balcão fazendo drinques, antes dela se do Meza Bar, no Rio, e ficou com o terceiro
PREPARO
aventurar nessa área. lugar do World Class, o principal concurso de
A coquetelaria entrou na raça na vida coquetelaria do mundo. Bater
da Sandra, na época na qual, como ela diz, Toda a experiência adquirida antes, com tudo na
“passava a vida” no Madame Satã, casa noturna música, shows e artes plásticas foi para nos coqueteleira
icônica nos anos 1980, em São Paulo. Toda a copos, com uma personalidade pouco vista e Finalizar
cena punk e roqueira da cidade passou por ali. justamente celebrada. “Os eventos também se com uma
folha de
“Fazia de tudo, do palco à bilheteria, passando ensinaram muito a lidar com público, entender o
manjericão
pelo bar. Aí, fui tomando gosto pela coisa.” que as pessoas querem.”
Aí, foi estudar, pesquisar, testar e chamar Esse know how hoje é aplicado em
atenção. Mas o bar pagava muito mal. inúmeras consultorias e na linha de drinques
“Naquela época era subemprego.” Sem falar prontos, a SM Drinks, que coloca em garrafas
da ditadura masculina do segmento. Quem charmosíssimas que ela vende nos eventos
trabalhava atrás do balcão, era barman. e também para lojas. As bebidas são feitas
E não se discutia isso. Sandra precisou artesanalmente, desde a compra dos ingredientes
colocar a sua personalidade forte em ação selecionados até o preparo de xaropes e infusões.
para romper a barreira e virar referência Para Sabor.club, Sandra pensou no Maria
para muito marmanjo que tentou sabotá- Bonita, em homenagem ao Dia Internacional
la. “Olha, não era fácil. O homem não da Mulher. “Para mulheres fortes”, diz. Ele tem
ensinava, escondia as coisas... Quando não cachaça infusionada com pimenta doce; xarope
rolava uma passadinha de mão.” artesanal com mix frutas nordestinas (jenipapo,
Passou então a dar aulas e fazer festas nas pitomba), bitter e duo de limões tahiti e rosa.
quais levava cenografia, brechó, transformava a
coquetelaria num show. www.smdrinks.com.br
Caipirinha
de café
(1 drinque)
INGREDIENTES
1/2 limão Tahiti
cortado em
pequenos cubos
1 colher de chá
de açúcar
3 colheres de sopa
de geleia de café
1 dose de cachaça
1 colher de sopa
de água com gás
PREPARO
Divida o limão ao meio,
retire a parte branca do
centro, corte em pedaços
pequenos mantendo
a casca
Amasse o limão com
o açúcar
Acrescente a A geleia
geleia de café de café
Encha o copo com gelo Produto é uma das iguarias
Acrescente a cachaça do Clube Sabor.club
e mexa bem A partir de um segredo, a craque das
Coloque 1 colher geleia Tânea Romão chegou num produto
de água com gás surpreendente: ao abrir o pote, sentimos o mesmo
aroma e frescor daquele cafezinho que acabou
de ser feito. Mas como usar a inusitada geleia
de café? No fundo, ela é das mais versáteis: vai
bem em doces e salgados, rende um molho
MRGV¸ZIPTEVEWIVZMVGSQSǻP³QMKRSRZMVE
calda de sorvete, recheio de bolo e dá
até para usar no tiramisù.
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89 Cooperativa Vinícola Garibaldi, 89
pts NOTÁVEIS DA AMÉRICA
pts
Serra Gaúcha, Brasil CABERNET FRANC 2014
Depois de algumas versões mais maduras e Aurora, Bento Gonçalves, Brasil
enjoativas, esta edição apresenta mais frescor e Com estágio de seis meses em carvalho francês,
tensão, o que equilibra o seu lado estruturado e de é cheio de tipicidade. Mostra-se tenso e fresco.
fruta tropical. A acidez pulsante levanta tudo aqui, É suculento, gastronômico e bom de beber,
tem final com boa cremosidade e notas cítricas. com toques de grafite no final.
R$ 30 | Álcool 12% R$ 65 | Álcool 13%
BOSCATO CABERNET SAUVIGNON 2014 ANNIE SPECIAL RESERVE PINOT NOIR 2016
89 Boscato, Nova Pádua, Brasil 89
pts
Bodegas y Viñedos De Aguirre, Vale Central, Chile
pts
Com estágio entre 3 e 5 meses em barricas Este vinho passa 9 meses em barricas de carvalho
de carvalho. Amável e frutado, é direto, tem gostosa francês. Com coloração típica de Pinot Noir, é translúcido
acidez e ótima textura de taninos. Interessante em e não engana ao ser servido na taça! Revela aroma de
sua simplicidade. Prova viva de que muitas vezes caramelo, com um leve toque de café. Em boca, ele
menos é mais. apresenta muita fruta vermelha, um belo equilíbrio, com
R$ 35 | Álcool 12,5% taninos elegantes, médio corpo e acidez na medida.
R$ 73 | Álcool 13,5 % | Obra Prima
SALTON INTENSO MERLOT 2013 ARMANDO BONARDA 2016
88 Salton, Serra Gaúcha, Brasil 90
pts
La Posta, Mendoza, Argentina
pts La Posta é propriedade de Laura Catena, filha
Sem madeira, mostra notas florais e herbáceas
que envolvem os aromas de frutas vermelhas e negras do visionário Nicolás Catena. Com estágio de 10 meses
em barricas de carvalho francês (70%) e americano
mais frescas. No palato, confirma a fruta encontrada
(30%), este vinho de boa tipicidade segue o estilo mais
no nariz, tem boa estrutura, acidez, taninos macios
macio e estruturado da casa, com sua gostosa acidez e
e final médio, com notas de ervas e de especiarias. taninos de ótima textura, equilibrando o conjunto.
Experimente com queijos curados ou embutidos. US$ 24 | Álcool 13% | Vinci
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LA GROTTA NEGROAMARO 2015
ANAKENA BIRDMAN SERIES MERLOT 2017
88 Anakena, Vale Central, Chile
90
pts
Terra Rossa, Puglia, Itália
pts Tem coloração é intensa e escura, como
Sem passagem por madeira, esbanja amoras
e ameixas escoltadas por agradáveis notas florais, de promete o nome. Frutas vermelhas maduras e
ervas e de especiarias. No palato, é cativante, redon- especiarias dão características marcantes no nariz
do e macio, com acidez e taninos delicados. Fácil de e na boca. Tem corpo médio, taninos aveludados,
agradar e vai bem com ragús. final longo e saboroso. Tem boa acidez e é versátil na
R$ 47 | Álcool 12,5% | Winebrands harmonização devido à sua elegância.
R$ 88 | Álcool 13,5% | World Wine
52 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
CLASSIFICAÇÃO PONTOS
Extraordinário ............ 95 a 100
Excelente ..........................91 a 94
Ótimo ..................................89 a 90
Muito Bom ......................87 a 88
Bom ......................................85 a 86
Regular .............................. 82 a 84
Fraco.......................abaixo de 82
Pontuação conferida pela equipe
de degustadores da revista Adega
Tânger Margarita
Witbier com Sour
tangerina da Uma Sour (ABV:
Jupiter (ABV: 7%), da Treze
4%). A marca cervejaria, que
passou a faz parte de uma
oferecer suas linha de cervejas
cervejas em inspiradas
latas com em coquetéis
preços mais clássicos.
acessíveis.
a c e s s e : w w w. c l u b e a d e g a . c o m . b r
Na casa
da artista
A carioca Izabel Alvares cresceu cercada pela arte. Hoje,
usa a sensibilidade que desenvolveu para fazer comida
por Robert Halfoun fotos Diego Mello
Low carb?
O que é a dieta que queimou 42 quilos da Izabel Alvares
No modo de alimentação low carb, receitas. Com a diminuição do consumo
principal nutriente consumido é a proteína dos carboidratos complexos, o corpo para
de fontes como carnes, ovos e laticínios. a utilizar a gordura como combustível.
E também de gorduras “boas”, como a do *MWWSJE^IQEKVIGIV-«MRÅQIVEWHMIXEW
azeite. Muitas frutas, verduras e legumes low carb, mas nenhuma deles deve ser
também entram na dieta, o que permite feita sem a orientação de um médico.
YQWIQǻQHITSWWMFMPMHEHIWHITVEXSWI É realmente perigoso.
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 59
Salada de mini
folhas, vieira,
maionese de
laranja, alho-
poró crocante
e o mil folhas e
creme
de azeitona
60 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
Lombo de bacalhau confitado, purê de Mil Folhas de batata
couve-flor, farofa de raízes brasileiras e creme de azeitona
(1 porção) (1 porção)
INGREDIENTES 1 dente de alho 1 pitada de noz INGREDIENTES
com casca moscada
[maionese] [mousse de azeitona] [mil folhas de batata]
[purê de couve-flor] [farofa de raízes]
150 g de lombo 200 ml de creme 1 batata portuguesa
de bacalhau 1 xícara de ½ mandioquinha de leite fresco grande,
dessalgado com couve-flor ½ batata doce 3 colheres de sopa com casca
pele (somente os roxa de ricota fresca Óleo vegetal para fritar
1l de azeite extra- floretes) ½ batata Asterix ½ dente de alho Brotos e flores para
virgem ½ xícara de Óleo para fritar decorar (opcional)
creme de leite 1 sachê de gelatina
1 ramo de Brotos para em pó incolor Sal e pimenta
tomilho fresco
decorar 300 g de azeitona do reino a gosto
1 folha de louro 1 dente de alho (opcional)
sem casca preta ou verde sem caroço
1 ramo de Sal e pimenta a
alecrim ½ colher de sopa gosto PREPARO
de manteiga [mousse de azeitona]
1 pimenta dedo-
de-moça ½ xícara de Hidrate a gelatina, conforme as instruções da embalagem
parmesão ralado
½ cebola sem Junte, em um processador ou liquidificador, a gelatina
casca
hidratada, o creme de leite fresco, a ricota, o meio dente
PREPARO de alho e a azeitona, até virar um creme homogêneo
[bacalhau] Leve a geladeira por 2 horas
Em uma panela, coloque o bata no mixer ou então no [mil folhas de batata]
azeite ( tem que ser uma liquidificador Com uma mandolina, corte fatias muito finas da batata
quantidade suficiente para Finalize com queijo, (ao comprido) e coloque-as em um bowl com água gelada
cobrir o lombo), a pimenta manteiga, sal, pimenta e um Enquanto isso, aqueça o óleo em uma panela
dedo-de-moça, o alho inteiro pouco de noz moscada
com casca, a ½ cebola e as Seque bem as fatias de batata e frite
Ferva em temperatura alta, e no óleo quente até ficarem crocantes e douradas
ervas aromáticas até o creme atingir a textura
Em fogo muito baixo, confite de um purê Delicadamente, coloque as batatas
o azeite por 10 minutos. [farofa de raízes]
no papel toalha e salpique sal
O azeite não pode ferver Corte com uma mandolina, Mantenha-as em temperatura ambiente
em nenhum momento do fatias bem finas das raízes até a hora da montagem
preparo, fique atento MONTAGEM
Coloque-as em água gelada,
Acrescente o lombo e cofite seque-as e depois as frite Retire a mousse da geladeira 10 minutos antes
por mais 20 minutos ou em óleo quente até ficarem de servir e bata com um fouet para que
até as lascas começarem a crocantes e douradas ela fique cremosa e levemente aerada
desmanchar Distribua uma a duas colheres de
Tire o excesso de gordura
Desligue o fogo e deixe o com o papel toalha, salpique sopa de mousse sobre a batata
peixe descansar no azeite sal e quando atingirem a Coloque outra batata por cima, sem
por 10 minutos antes de temperatura ambiente, bata apertar. Repita o processo mais duas vezes
servir no processador até virar Sirva imediatamente
Quanto mais tempo ele ficar, uma farofa
mais saboroso ficará MONTAGEM
[purê de couve-flor]
Faça uma base com o purê
Cozinhe os floretes da de couve-flor e acomode
couve-flor com água e com o lombo do bacalhau Veja a receita
o dente de alho descascado, no centro. Regue-o com Salada de mini folhas,
até ela ficar bem mole um pouco do azeite da vieira, maionese de
laranja e alho-poró
Escorra e devolva para panela. Salpique a farofa crocante em
a panela (com o alho). por cima do purê e sirva www.sabor.club
Acrescente o creme de leite imediatamente.
Orgânicos
com preço justo
Antropóloga e sociólogo dão o exemplo e mostram como é possível
vender produtos sem agrotóxicos sem esfolar produtor e consumidor
por Letícia Rocha
Clichê desses novos tempos: orgânicos são bem Rafi Boudjikian e pela mulher, a antropóloga Beth
caros. E ponto. De fato, o que vemos no mercado Quintino. Eles entraram no mercado há dez anos
aponta para isso mesmo. Mas, nuances positivas e e são referência na venda dos produtos on line
promissoras começam a aparecer neste nicho. É o (veja quadro).
que comprova a Orgânicos 35, um projeto de dez A ideia da lojinha que mantém na região
anos que estava engavetado criado pelo sociólogo central de São Paulo mostra a filosofia que
Sabor club
. [ ed. 15 ] | 63
praticam no numeral que A loja mais se assemelha
usado no nome dela: operarr au uma quitanda, em uma
com até 35% de margem de es
esquina sem charme, com
lucro. aalgumas prateleiras de
Para isso funcionar, há ferro (daquelas simples
alguns segredos. “Não somos de escritório) nas paredes. Não dá para
uma ONG e claro que não há No centro do lugar há uma fazer mágica
milagres! Alguns produtos são bancada tipo as de feira mesmo. Ovo e tomate
mesmo mais caros para produzir E dependendo do horário, orgânicos, por
exemplo, são mais
de forma orgânica e vão custar mais nem sempre há tanta fartura. “Se caros mesmo
caro. Não temos como fazer mágica!”, seguimos o conceito da loja à risca, é
O preço é um
comenta Rafi e indica: “Ovo e natural que não vai ter couve todo VIǼI\SHI
tomate são alguns dos exemplos” Orgânicos dia. Se tem dia que chega 30 pés, toda a cadeia,
(veja quadro). surpresa em outro recebemos metade que começa,
Serviço entrega o que há de naturalmente,
Outros itens, no entanto, disso. Ou simplesmente não
melhor, duas vezes por semana pela produção. No
podem ser comercializados temos porque choveu demais
Funciona assim: há cestas, assinaturas caso das granjas,
com valores semelhantes ou o agricultor teve algum as exigências
e, claro, compra convencional. O ‘combo’
(muitas vezes mais barato) Família, com 13 produtos, por exemplo, custa
outro problema qualquer. começam com
aos de produtos não R$ 70. No catálogo, cerca de 100 itens e Como aqui não há estoque a alimentação
orgânicos, vendidos nos as entregas são feitas às terças e quintas- e não fazemos qualquer das galinhas, que
feiras, em 130 bairros de São Paulo. O Site precisa ser 100%
supermercados. negócio, funciona assim”, orgânica – ou seja,
HSW4VK¬RMGSWHS7EǻIHE'IXLIWX«
Rafi faz essa pesquisa e há 15 anos no mercado e é uma
comenta Rafi. sem agrotóxicos
publica no site deles. A fórmula referêncis desse mercado. www. É ele mesmo quem liga ou fertilizantes.
para segurar o preço parte sitedosorganicos.com.br para os produtores e cuida de Nem remédios
ou antibióticos
fundamentalmente da ideia de um comprar o que vai vender no dia e devem ser
comércio justo para ambos os lados seguinte. Então, está a postos às 5 da criadas o mais
da cadeia, do produtor ao consumidor. Ele matina para receber o produto. próximo possível
garante a compra e consegue um bom preço por isso, “Prefiro trabalhar assim do que investir em de um galinheiro
das antigas. Já
sem exploração. Do outro lado, não busca o lucro feirinhas do setor. Elas cobram uma fábula para cada o tomate sem
abusivo. expositor e isso, claro, vai parar no preço.” agrotóxico
Além da estratégia, o casal foge de alguns pede terreno de
modelos vistos neste nicho. A Orgânicos 35 não Orgânicos 35 – Rua Marques de Itu, 456, produção maior
e isso implica
usa embalagem de design, nem fica em casinha Higienópolis, São Paulo – SP. Tel.: (11) 3486-0330;
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64 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
- redondas - Pedaço
do paraíso
Qual é o estilo de pizza
Romana – É a “pizza al taglio”
que mais lhe agrada? Nova-iorquina – Discos
ou “pizza alla pala”, clássica grandes, de cerca de 45 cm e
comida de rua de Roma. 8 fatias, em geral. Fininha e
Massa retangular, com ǼI\¸ZIPHSXMTSUYIH«TEVE
fermentação que pode dobrar a fatia e comer com
chegar até 36 horas, boa as mãos. A mais básica tem
para aperitivo no balcão molho de tomate e muçarela
ou para comer na rua. As ralada. É popular por todo os
pizzarias tradicionais servem Estados Unidos e vai recebendo
as redondas com os mesmos variações regionais.
preceitos da ‘prima’ quadrada.
Pizza pan –
O nome
Chicago vem de
Style – um objeto
&WXYǺIH importante
pizza (pizza para o seu
estufada) é alta preparo: uma
e fofa e mais se panela - que
parece com uma torta mais se parece com
- isso requer, inclusive, que uma assadeira. Massa
seja muito bem assada para grossa, quase sem borda,
evitar que seja servida com o que não é negativo,
partes ainda meio cruas. De porque é carregada de
crosta amanteigada, do tipo recheio por toda a sua
que derrete na boca, tem superfície.
como base camada espessa
de queijo e por cima, molho
de tomate ligeiramente
doce. Napoletana – Redonda, com
até 35 cm, leva fermentação
de, no mínimo, 8 horas. Massa
leve, macia e borda alta, feita
com farinha italiana tipo 00
e só pode ser trabalhada com
Paulistana – Não há características as mãos – não é permitido nenhum
determinadas. Mas é farta em recheio, utensílio, equipamento e nem rolo em
com combinações variadas e pode seu feitio. Molho de tomate pelatti,
ter borda recheada e sabores doces – recheio uniforme e não em camadas.
coisa que não é permitida na Itália.
Mystic Pizza
A pizzaria que batiza o primeiro grande sucesso de Julia Roberts existe, de fato, nos EUA
4ǻPQI³YQEGSQ³HMEVSQ¬RXMGEFIQX¸TMGEHSǻREP em Connecticut, na costa leste americana.
do anos 80. Com o tempo, virou cult. Seu roteiro foi O lugar está lá até hoje. Tem boas receitas ao estilo
escrito depois que a autora deste foi comer uma nova-iorquino e uma gift shop com itens, como
redonda da simpática casinha, na cidade de Mystic, EGEQMWIXEYWEHETIPEWTIVWSREKIRWHSǻPQI
1 2
A tradição diz que o bolo de rolo Para cortar na menor espessura
mistura ficar cremosa
deve ser consumido em fatias possível, sem quebrar, aqueça uma Leve ao fogo e cozinhe
ǻR¸WWMQEWGSQSYQGEVTEGGMS faca de chef na água quente e usá- até ferver, mexendo sempre
para que possamos sentir toda a la com o máximo de precisão, num Acrescente o vinho do
delicadeza do doce. único movimento, sem pressa.
Porto e misture bem
Deixe esfriar para
colocar na massa
66 | Sabor club. [ ed. 15 ]
2
Para 3
USAR
4
1
5 6 5 | PORTA COPOS |
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LPs antigos com 6 peças. Da Salute,
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picadinhas ou pequenas porções
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pelo diferencial utilit®ario do de madeira ou nylon e resistentes
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2 | CAFETEIRA EXPRESSO | Permite
ao barista doméstico o controle de 8 | PORTA OVOS |
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3 | DOG NA MESA | 9 `741-&*8*73& | Kit com duas
Uma maneira divertida de trazer unidades, em plástico, que promete
‘o melhor amigo’ da casa para o a vedação completa e a preservação
momento da refeição. Kit com 6 peças, das propriedades e sabores do vinho
10 em aço inox, na Utilplast. R$ 84,55. depois de aberto. R$ 35,99.
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4 | CAFÉ COADO DIFERENTE | 10 | TORRADEIRA COM DESIGN |
O pour Pour Over dispensa uso de Inspirada nas clássicas batedeiras
filtro de papel ou pano. Da Bialetti, da marca KitchenAid. Manual,
em aço inox, permite a passagem da traz duas fendas extras largas
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Sabor club
. [ ed. 15 ] | 67
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brasileira! Presente nas casas e nos bares desde Chore e pelo advogado e empreendedor Caetano
1947, ostenta recentemente um momento de Penna Altafin Cunha, prega humor e personalidade
revival e chega à nichos pops e badalados como na decoração. Então, quis fazer a sua homenagem
os da gastronomia e da arte. Está nos restaurantes ao setentão. Em grande estilo, a versão luxuosa do
badalados e já foi considerado obra de arte e copinho recebe a delicada inserção de um filete
chegou ao MOMA – The Museum of Modern dourado na borda, como os copos clássicos da
Art, em Nova York, nos Estados Unidos, em uma aristocracia européia. Cada um custa R$ 45.
exposição sobre a criatividade do design brasileiro. A loja tem cinco endereços entre São Paulo e Rio e
A Casa Mind, marca conceito criada pela e-commerce. www.casamind.com.br
68 | Sabor club
. [ ed. 15 ]
Harmonia
O que beber com as receitas desta edição
72 | Sabor club
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. [ ed. 015 ] | 75
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Diretora Sirha Rio
Diretora Geral Sirha
76 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
PROGRAMAÇÃO OFICIAL
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$OpPGHGHVDILDGRUDDFRPSHWLomREXVFDSULYLOHJLDU WpFQLFRGRVFDQGLGDWRV1DHWDSDQDFLRQDOEUDVLOHLUDRV
DDWLYLGDGHGRVRUYHWHLURHH[SORUDUDYHUVDWLOLGDGH FRPSHWLGRUHVGLVSXWDPSRUKRUDVGXDVYDJDVVHQGR
FULDWLYLGDGHHDJLOLGDGH XPDSHODFDWHJRULDDo~FDUHRXWUDSHODFDWHJRULDFKRFRODWH
27DOHQWRVGR*HODWRDFRQWHFHHPSDUFHULDFRPD 2WHPDp´)ORUHVWD(QFDQWDGDµHRVSURILVVLRQDLVGHYHUmR
&DUSLJLDQLOtGHUPXQGLDOQDSURGXomRGHHTXLSDPHQWRV SUHSDUDUHQWUHPHWGHVRUYHWHFRPXPDHVFXOWXUDDUWtVWLFD
SDUDVRUYHWHULDVHFRQIHLWDULDVFRPDFRRUGHQDomRJHUDO GHDWpPGHDOWXUDSDUDDSURYDGRDo~FDURX
GR0DHVWUR*HODWLHUH)UHGHULFR6DPRUD VREUHPHVDHPSUDWDGDGHFKRFRODWHTXHWDPEpPGHYHUi
FRQWHUXPDHVFXOWXUDDUWtVWLFDDFRSODGD
OS COMPETIDORES OS COMPETIDORES
78 | Sabor club
. [ ed. 015 ]
16 DE MARÇO 2018 MARCAS NACIONAIS
BOCUSE D'OR: E INTERNACIONAIS EXPÕEM
SELETIVA REGIONAL BRASILEIRA – SEUS PRODUTOS COM
11h ÀS 20h APRESENTAÇÃO DE CONTEÚDO
CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO 19h EXCLUSIVO
Local: Área de Concursos
DANI E L BOUL UD H E L E N A R IZ Z O
Presidente de Presidente do Júri
honra do júri
OS COMPETIDORES
Carolina Oda
Curadora
DANI L O MA R C EL O
NAKAM URA MIL A N I
L UI Z F I L I PE R IC A R DO
S OUZ A D O R N EL L ES
Sabor club
. [ ed. 015 ] | 79
SEMINÁRIO SENAC
DE GASTRONOMIA
26HEUDHYROWDDGHVWDFDUQR 26LUKD6mR3DXORWHPXPWHPSHURHVSHFLDO
(VSDoR7HUURLUDULTXH]DGHFHUFDGRV R6HPLQiULR6HQDFGH*DVWURQRPLD6DEHUHV
SHTXHQRVSURGXWRUHVGHLQ~PHURVHVWDGRV H6DERUHVD+RWHODULD3}HD0HVD(OHYLVD
HGR'LVWULWR)HGHUDO DSUHVHQWDUGHVDILRVHVROXo}HVSDUDR
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80 | Sabor club
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PARCEIROS
SAMBA IN THE BOX
SIRHA SÃO PAULO INOVA AO APRESENTAR PATROCINADOR MASTER E ESCOLA OFICIAL
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Clássica ou moderna,
há apenas uma
cozinha: a boa
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