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Psicopatologia Dinâmica

Relatório 29/10

2. Chegamos ao local, no sábado, às 8h conforme conversado com a clínica.

Fomos informadas de que, aos sábados, o número de psicólogos é reduzido. Neste dia, estava
presente apenas uma psicóloga.

Como a reunião da equipe multidisciplinar já havia iniciado, nos voltamos para observar os
“comunitários” (termo utilizado na clínica para se referir aos pacientes). Alguns estavam
tomando café da manhã, outros estavam dormindo ou fumando na área externa.

Ao entrarmos no refeitório, cumprimentamos a todos, fomos convidadas a nós juntarmos a


eles na refeição, então agradecemos e recusamos. Percebemos olhares de desconforto por
parte dos comunitários, então fomos para a área externa onde havia dois deles, os
cumprimentamos. O comunitário B. nos convidou a tomar café da manhã e nos sentarmos a
mesa com eles, nós agradecemos e recusamos, explicamos que estávamos ali apenas para
observar, pois se tratava do objetivo do nosso estágio, B. nos questionou se não poderíamos
sequer tomar “um cafezinho”, então nos ofereceu cadeiras, disse que poderíamos movê-las
para o local em que estávamos. Agradecemos e informamos que não era necessário já que,
logo, iríamos dar uma volta pelo local.

Uma, senhora, agente de limpeza da clínica chegou para varrer o local, B. a auxiliou afastando
as cadeiras enquanto conversavam. Eles falavam sobre o fato de ele pagar os gastos, “bancar”
quando saia com alguém, ela o elogiou e disse que a mulher que se casasse com ele seria
sortuda, ele sorriu e disse “então minha namorada é muito sortuda”. A senhora faz elogios aos
comunitários, diz que são boas pessoas e como a tratam bem, não é como em outros lugares.

B. nos apresenta seu primo que estava lá para uma reunião de trabalho, diz que como
psicólogas deveríamos estudá-lo, já que todos os homens de sua família são homossexuais
menos ele.

Perguntamos para a psicóloga sobre a programação do dia. Ela nos falou sobre a reunião que
ocorreria, logo, às 9h: tratava-se de uma Assembleia realizada semanalmente com o objetivo
de decidir sobre as atividades diferenciadas que ocorreriam na semana. A psicóloga
participaria da reunião como mediadora, o “prefeito” conduziria as pautas.

Na clínica vigora um sistema por eles denominado de “Prefeitura”, onde por meio dele, os
comunitários exercem papéis, como prefeito e seu vice, que são escolhidos para representar
os demais. Através desse sistema, os pacientes podem levar suas demandas à instituição, estas
demandas são discutidas por meio das Assembleias. As reuniões ocorrem semanalmente, em
roda de conversa e contam com a presença de um psicólogo que media a situação, lá os
comunitários discutem sobre as atividades diferenciadas que realizarão durante a semana

Em dado momento, os comunitários estavam decidindo sobre o local para onde iriam na Saída
Terapêutica. O prefeito, F. fazia sugestões, mas quando era contrariado por outros
comunitários, parecia ficar irritado e com as mãos trêmulas. Essa situação se repetiu algumas
vezes durante a reunião.

Ao fim da Assembleia, F. pergunta para a psicóloga se eles (equipe da clínica) poderiam lhe dar
um novo cinto, já que o que ele usava estava quebrado e eles (equipe da clínica) levaram os
outros por acharem que ele se mataria.
O prontuário de F. menciona depressão. Ele foi levado involuntariamente pelos pais,
inicialmente passava os dias no quarto, mas logo começou a participar dos grupos, praticar
atividades físicas regularmente. Os primeiros relatórios psicológicos mencionam que F.
inicialmente dizia não sentir emoções, já nos últimos relatórios é citada a raiva, F. diz
interpretar isso como algo bom já que está sentindo algo.

Vimos também o prontuário de D., seu histórico familiar é de alcoolismo por parte do pai, ele é
citado como agressivo e fora de si quando estava alcoolizado. D. sofria de anorexia, começou a
dependência pelo álcool logo após uma cirurgia bariátrica que não foi bem recuperada devido
um déficit de vitaminas no organismo. Além da compulsão por bebidas, também mencionou a
compulsão por compras. Possui uma filha de 13 anos, que não lida bem com sua ausência
devido a internação.

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