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1. Framework de análise de
Programas Vigentes de ILP
16
pág. 18
3. Como analisar os impactos
da crise em Novos Programas
3.1. Como a crise impacta o tamanho da
minha nova outorga?
3.2. Como a crise impacta as metas
pág. 21 associadas ao plano?
3.3. Como vai ser a reação do público,
pág. 23 acionistas, legisladores e mídia em
relação à outorga?
24
4. Estratégias de resposta aos
desafios da crise em novos
programas de ILP
pág. 39 Contato
Introdução
Introdução
Em nosso blog, publicamos o artigo Planos de Incentivos de Longo Prazo
em tempos de crise, no qual falamos sobre a preocupação das empresas em
relação aos planos de ILP na crise gerada pela pandemia da COVID-19. Essa
preocupação esteve ligada à queda brusca sofrida pelas ações da maior parte
das empresas e, consequentemente, à perda de valor dos planos de ILP.
Introdução 1
No e-book, discutimos sobre os objetivos do plano, como a retenção e o alinhamento
de interesses, e como esses objetivos são impactados por uma crise. O material será
dividido nas seguintes partes:
Programas Vigentes
Novos Programas
Introdução 2
Framework de análise
de programas vigentes
de ILP
1. Framework de análise
de programas vigentes
de ILP
Em um contexto de crise, a primeira atitude a ser tomada pelo RH das empresas
que têm planos de ILP vigentes deve ser a compreensão da situação. Algumas
perguntas deveriam ser feitas, como: Temos realmente um problema? Se sim,
quais os programas mais afetados? Para esses programas, qual foi a queda do
ganho esperado?
Por outro lado, planos de opções têm um caráter mais forte de compartilhamento
de riscos e resultados, já que proporcionam ganhos mais alavancados em
cenários mais positivos, enquanto não há nenhum ganho em cenários de
desvalorização.
Stock Options
Ações Restritas
Essa análise deve ser feita para cada uma das pessoas beneficiárias ou, ao
menos, para grupos com outorgas e valores de total compensation semelhantes.
Para os top performers, a análise deve ser ainda mais cuidadosa, já que a perda
de um colaborador crucial em um momento de crise pode agravar a situação.
Isso se aplica especialmente para programas que não estão em fase crítica,
com expiração ou medição de performance previstas para o ano vigente do
acontecimento turbulento.
Não tomar nenhuma ação imediata também pode ser uma boa alternativa para
o caso de planos que têm como principal objetivo o compartilhamento de riscos
e resultados, item 1 do nosso framework de análise.
Caso essas alterações não sejam permitidas pelo desenho atual, seria necessária
uma nova aprovação em Assembleia. Além disso, é possível que alterações não
sejam bem vistas por acionistas, já que podem resultar em aumento de custos
em um momento de restrições.
Essa interferência pode ser utilizada como argumento para uma autuação
da Receita Federal no momento da liquidação, gerando custos com encargos
trabalhistas e até multas.
Em alguns casos, a outorga vigente ainda tem valor, apesar de poder ter sofrido
uma queda no ganho esperado do beneficiário. É o caso do exemplo de programa
de ações restritas apresentado no item sobre cálculo do tamanho do problema.
Uma alternativa para atenuar esse problema seria uma outorga de bônus
diferido, na qual é outorgado um valor financeiro desassociado do valor da
empresa. Porém, nesse caso, perde-se a característica de compartilhamento
de riscos e alinhamento entre beneficiários e acionistas de um plano baseado
em ações, o que pode ser questionado pelos acionistas.
A CPC10 ainda determina que, caso o plano não tenha sido totalmente
provisionado, as despesas futuras devem ser antecipadas e 100% provisionadas
na data de cancelamento, o que pode gerar um forte impacto no resultado da
companhia.
Além das desvantagens contábeis, deve ser avaliado se não há nenhum entrave
legal para o cancelamento sem nenhuma compensação para o beneficiário. Para
que seja viável, essa hipótese de cancelamento deve estar prevista no contrato
de outorga.
Pela nossa experiência, essas são algumas das ações avaliadas por empresas
com planos de ILP ativos em momentos de crise. Cabe a análise cuidadosa das
características do seu plano para optar pelos caminhos mais apropriados.
Um ponto importante, qualquer que seja a ação tomada, é uma boa comunicação
com o beneficiário e beneficiária. Isso deve ser feito de forma pontual, sempre
que houver alguma alteração no programa, e também de forma sistemática,
para que a pessoa tenha continuamente uma boa visibilidade de suas outorgas.
Dito isso, é natural que crises econômicas tragam reflexos para essas outorgas,
por exemplo, mudando referência de valor justo, chamado de fair value,
das ações ou opções que serão outorgadas, ou mudando os parâmetros de
referência de determinada condição de performance, por exemplo, dos planos
associados ao Total Shareholder Return - TSR.
Após tais avaliações, cabe a análise de estratégias que podem ser adotadas
como reação aos efeitos da crise.
Agora, voltando à crise. Como sabemos, a grande maioria das companhias pode
perder valor em função das más expectativas econômicas de um momento
desfavorável. Isso é visível para as empresas de capital aberto, mas também
deve (ou deveria) ser verdade para boa parte das empresas de capital fechado.
Com o fair value valendo R$2, e não mais R$5, temos claro que o plano estará de
alguma forma “diferente”, ou “desbalanceado” em relação ao que foi planejado
originalmente. Se a empresa decidir manter o número de ativos originalmente
calculado quando o fair value era de R$5, ela deve outorgar os mesmos 20 mil
ativos planejados originalmente.
Por outro lado, se a empresa decidir manter o valor econômico do ILP (era
de R$100 mil originalmente), ela terá que recalcular a quantidade de ativos
outorgados. Como o novo fair value é de R$2, ela terá que outorgar 50 mil
ativos.
Caso a empresa tenha optado por manter a outorga com base no cálculo
pré-crise, outorgando 20 mil ações (lembrando que isso se aplica para Ações
Restritas ou Phantom Shares), mesmo uma recuperação significativa do
valor das ações (valorizando 50% entre a outorga e o resgate), manteria
a remuneração muito abaixo do “alvo original” de R$100 mil.
Por outro lado, se a empresa optar por revisar o tamanho da outorga do ponto
de vista do número de ações para manter o valor econômico original, a outorga
de 50 mil ativos pode trazer um enorme ganho ao beneficiário considerando
uma possível recuperação econômica. No exemplo apresentado, a mera
recuperação do valor das ações já daria ao beneficiário um ganho entre 2x e 3x
o valor de referência da outorga.
Ainda em linha com a revisão de metas, uma atenção especial deve ser dada
aos planos baseados em opções, caso do Stock Options ou SAR. Os valores
de referência do preço de exercício (strike price) podem ser vistos como uma
meta a ser superada pelo valor da ação, uma vez que só assim o beneficiário
efetivamente tem algum ganho com o plano.
Muitas vezes, esta informação é utilizada pela mídia para criticar pacotes de
remuneração dos administradores, em especial baseando na informação
divulgada no item 13.11 do Formulário de Referência, que traz o valor
contabilizado como remuneração dos administradores.
Ao avaliar estes três aspectos, a empresa terá uma visão mais clara sobre o
contexto de uma nova outorga e as variáveis que impactam a escolha da ou das
estratégias mais adequadas para seu momento.
São 6 as alternativas:
Adiamento da outorga;
Nesse contexto, uma das possíveis estratégias para este momento é a de adiar
uma nova outorga. Respeitando as regras do plano, inclusive, pode ser possível
manter a mesma data de fim de vesting pensada originalmente.
Nesse caso, o plano teria um período formal de vesting (prazo entre a outorga
e final da carência) menor do que o convencional, mas apenas porque a data de
outorga foi postergada. Esse adiamento pode ser feito de pelo menos 3 formas,
as quais explicamos a seguir.
Ainda considerando este caso de adiar a outorga de ILP dos níveis mais
altos, há também o benefício de reduzir a exposição ao risco de uma parcela
relevante da outorga total do ILP, considerando o fato de que normalmente,
quanto maior a responsabilidade da pessoa na empresa, maior o tamanho
da outorga de incentivos de longo prazo em termos absolutos e relativos.
Além disso, essa alternativa pode ser vista como uma forma de dividir os
riscos em dois instantes de valor de referência de ações.
Caso a empresa opte por manter o cronograma de outorga, ela pode dar ao
Comitê de Remuneração a flexibilidade de tomar medidas, ou fazer ajustes
futuros no pacote de remuneração, de modo a reduzir os impactos da crise no
ILP.
Isso pode ser feito, por exemplo, flexibilizando alguma meta futura, reduzindo
o preço de exercício de uma opção, aumentando o prazo de vencimento de um
plano, entre outras alternativas. A primeira parte do material, que trata dos
planos já outorgados, traz em maior detalhe essas estratégias.
Uma outra alternativa é manter a outorga, porém deixando mais fácil que o
beneficiário tenha ganhos com o ILP. Isso pode ser feito reduzindo as metas
ou alterando o período de referência para o cálculo da TSR, no caso de planos
de Performance Shares, ou também reduzindo o preço de exercício e/ou
aumentando o prazo de vencimento em planos que têm o conceito de opções,
como programas de Stock Options.
Além disso, ao fazer uma nova outorga de um plano já existente, pode ocorrer
que as regras aprovadas no plano não dêem margem a essa mudança. Seria,
então, necessária uma nova aprovação em Assembléia, o que poderia ser
desgastante considerando um cenário conturbado.
A ideia, nesse caso, é fazer com que o plano seja, mesmo que parcialmente,
isolado das condições externas ao negócio da empresa. Claro que isso é
desafiador, considerando que a maioria dos Planos de ILP traz o valor da ação
como variável chave para calcular os ganhos dos beneficiários.
Além disso, essa alternativa pode ser vista como uma forma de dividir os
riscos em dois instantes de valor de referência de ações.
Com essas alternativas em mãos, o ideal é que um grupo de trabalho avalie qual ou quais
dessas opções são viáveis para o contexto da empresa e, entre as viáveis, avaliar os prós e
contras considerando diferentes cenários futuros de recuperação econômica. De forma
geral, pela criticidade da decisão, é esperado que os C-Level (CHRO, CEO, CFO) sejam
envolvidos nessa decisão.
Esperamos que o material seja útil nas reflexões da sua empresa e ficamos à disposição
para auxiliar tanto na tomada de decisão, quanto na forma de implementar as escolhas
realizadas.
Autor
Daniel Eloi é Sócio Diretor da Pris. Trabalha
com Incentivos de Longo Prazo desde 2010,
tendo colaborado na concepção, revisão,
contabilização e gestão de Planos de ILP
de mais de 100 empresas de capital aberto
ou fechado. Participou da modelagem
de negócio do sistema Pris, primeira solução
para gestão de ILP da América Latina.
Já ministrou cursos in company sobre
a contabilização de ILP e palestras em eventos
e grupos de estudo voltados à remuneração.
Somos certificados com o selo Great Place to Work e estamos em 8º lugar geral no ranking
100 Open Startups como uma das empresas mais atraentes para o mercado corporativo.
(31) 2526.6040
www.pris.com.br
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