Você está na página 1de 10

GERDA WEGENER

Êmily Rafaela Da Rosa Novaski e Helen Aparecida Silva Alberti


Neila Duncke
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Artes Visuais (FLC3679ART) – Projeto de Ensino
30/10/22

RESUMO

Conhecer a História da Arte é primordial para que tenhamos o conhecimento adequado para a sala de aula ou
mesmo quaisquer outras áreas em que o nosso conhecimento seja condizente com a realidade, pensando
nisso, trazemos nosso olhar sobre as artistas mulheres na história da arte, neste caso especificamente sobre a
artista dinamarquesa Gerda Wegener, visando aprofundar em questões importantes levantadas por essa
artista, que trouxe importantes contribuições ao campo não somente artístico, mas também social.
Considerada uma mulher a frente do seu tempo Gerda foi uma importante artista de sua época e neste projeto
iremos abordar e conhecer um pouco mais da vida e da história dessa artista, suas obras e suas contribuições
sociais que refletem e são importantes até os dias atuais.

Palavras-chave: Gerda Wegener. Arte. História da Arte.

1 INTRODUÇÃO

Na história da arte, a presença de artistas mulheres sempre foi desproporcional à presença


de homens, mesmo no modernismo e na arte contemporânea. De fato, as obras das mulheres são
apagadas, e a historiografia tem feito poucos esforços para restaurar, preservar e inserir essas obras
e artistas. No entanto, o fato das perspectivas masculinas dominarem a arte não significa que as
mulheres nunca existiram, ou que não fizeram história no mundo da arte. É importante recuperar
artistas apagadas pela história, compreender os padrões que levam às desigualdades de gênero, raça
e classe na cultura e afirmar que o trabalho das mulheres, sua alternativa feminista à arte, é regido
por outras regras que não o guia de mercado e machismo, sabemos que essa visão está pautada na
dominação, na desigualdade e no descaso com as realidades vivenciadas pelas mulheres. Essa
representação constitui a verdade na maioria das culturas e ideologias que conhecemos e temos até
hoje. Então pensando nisso, neste projeto iremos abordar uma dessas artistas que fizeram história,
mas que como outras, não receberam o reconhecimento merecido, Gerda Wegener, uma artista
dinamarquesa que estava à frente do seu tempo, que fez arte e deixou sua marca na história.
2 CORPO DO TRABALHO

Gerda Wegener, na verdade Gerda Marie Frederikke Gottlieb, nasceu em 15 de março de


1889, em Hammelev, sul da Dinamarca. Em 1902 mudou-se para Copenhague, onde estudou na
Academia Feminina da Real Academia Dinamarquesa de Belas Artes, onde permaneceu até 1905.
Lá, conheceu a pintora paisagista Lili Elbe, com quem se casou em 1904. Gerda começou a
participar de exposições em seu país de 1904 a 1909 (Charlottenburg Spring Exhibition, Autumn
Art Exhibition e Union of Journalists' Associations). Em 1907, no entanto, ela foi protagonista de
um evento polêmico que dividiu opiniões no mundo da arte dinamarquesa devido à rejeição de um
retrato dela pela Exposição de Charlottenburg e pelo Salon des Independants - Ellen von Kohl,
1906. A pintura foi descrita como um plágio do maneirismo italiano e pré-rafaelitas ingleses
(FRENDO, 2017).
De acordo com Frendo (2016), nesse mundo da ilustração, a imagem da artista
dinamarquesa Gerda Wegner viveu por 20 anos em sua vida, morando na capital francesa,
exercendo intenso trabalho artístico como retratista e ilustradora para livros e revistas, sua
singularidade foi notável. Mas hoje Gerda Wegener não é apenas conhecida por seu trabalho como
artista, pois é esposa de Lili Elbe, a primeira mulher transgênero da história, a passar pela cirurgia
de redesignação sexual. Gerda retrata Lili incansavelmente apresentando identidade transgênero em
uma infinidade de trabalhos, fazendo dela sua musa. Estas obras nos mostram um pouco da vida e
obra da artista, analisando o que fez sucesso e polêmica em seu tempo.
Analisar o retrato de Gerda Wegener é uma grande dificuldade, pois a grande maioria das
obras da artista atualmente faz parte de coleções particulares, cujos donos são desconhecidos.
Críticos e revistas da época também não estudaram detalhadamente seu trabalho, citando apenas os
títulos que ela dava para diferentes salões, e alguns comentários generalizados elogiando o estilo da
artista e a beleza e espiritualidade de suas mulheres.
Como apontado anteriormente, Gerda Wegener não apenas se destacou por seus quadros e
composições, mas ao mesmo tempo foi amplamente percebida por seus contornos e exageros, o alto
nível das imagens, o polimento das formas e a nuance dos tons, algumas aquarelas onde senhoras
sensíveis parecem caracterizadas por ovais e círculos em circunstâncias fisicamente expressas, o
olhar feminino prevalece, percebe-se a delicadeza e amabilidade com que esses delineamentos são
mostrados.
Para Frendo (2016), Gerda é uma dos muitos cartunistas - André Edouard Marty, Armand
Vallée, Benito, Bonnotte, Charles Gesmar, Charles Martin, Cheri Hérouard, Ernst Dryden, Erté,
Fabien Fabiano, Gaston Cirmeuse, George Barbier, Georges Léonnec, Georges Lepape, George
Pavis, Herouard, Jacques Loisy, Leo Fontan, Maurice Milliere, Paul Iribe, Pierre Brissand, René
Vincent, Sacha Zaliouk, Savy, Umberto Brunelleschi, Vald'Est, Zyg Brunner, etc. Assim, em 1922,
podemos vê-la e alguns desses cartunistas apresentando suas pinturas no terceiro desfile da Galeraía
G. L. de Manuel Frères em Paris. Esses nomes também incluem mulheres como Catherine
Marioton, Claire Avery, Elisabeth Branly, Grace Corson, Gordon Conway, Harriet Meserole, Helen
Thurlow, Lee Creelman, Madeleine Giraut, Olga Thomas Wagstaff, Suzanne Meunier, Vala Moro
ou Helen Dryden, que é responsável na projeção de muitas capas para a revista Vogue, além de
figurinos, guarda-chuvas para comédias musicais.
Na visão de López (2020), mais uma perspectiva sensual, sedutora e rica, é a apresentada
pela artista plástica Gerda Wegener. E como já citamos, além de ser conhecida por seus trabalhos,
hoje ela também é conhecida por estar ligada a primeira mulher transgênero da história, sua até
então esposa Lili Elbe, por ter sido a pioneira de que se tem relato a passar por um procedimento
médico para redesignação de sexo. Foi lançado até um filme contando a história das duas, chamado
“A garota Dinamarquesa” em português.
Gerda, de acordo com Frendo (2016), embora muito apreciada pela crítica de sua época, não
foi devidamente tratada pela historiografia da arte. Hoje, ela recebe pouca atenção no mundo da
arte, e dada à natureza inovadora, inovadora e vanguardista dos assuntos que ela trata, podemos vê-
la como uma injustiça colossal, mostrando-se como uma minoria rejeitada pela identidade de
gênero, pois era grande defensora dessas minorias como: lésbicas, transgêneros, travestis, etc. Ela é
um exemplo de tolerância e uma mulher que mudou todas as regras de seu tempo, tratando de
questões que até então eram reservadas apenas aos homens. Em Paris, ela foi mais bem tratada,
enquanto Gerda era uma verdadeira estranha para seus compatriotas dinamarqueses. São poucas as
exposições sobre o tema, assim como as publicações existentes. É por isso que vemos muitos
aspectos de seu modelo de vida e sua arte tão necessária, até mesmo nos dias atuais.
Nessa linha como pontua López (2020), Gerda Wegener não apenas se destaca por retratar
aqueles assuntos explicitamente endereçados aos homens, como o conflito, mas também comunica
em seus desenhos e obras de arte temas pouco tratados pela sociedade por estarem ligados a essas
minorias destituídas, devido à sua orientação sexual ou personalidade. Assim, começamos a ver
fotos de Lili mostrando essa nova personalidade, dirigindo-se a ela com vários chapéus, roupas,
acompanhado por Gerda.
Não se sabe muito sobre a artista dinamarquesa Gerda Wegener, trazida ao mundo no final
do século XIX. De qualquer forma, é certo que, por meio de sua especialidade, que incorpora
impactos do sentimentalismo e do cubismo. Embora em seus pontos de partida tenha se
comprometido com a pintura, ela conquistou sua popularidade com delineamentos sensuais onde
aparecem apenas damas ou criaturas fantasiosas com elementos femininos (SÁNCHEZ, 2016).
Apesar do que poderíamos pensar de acordo com López (2020), Gerda ao expor a transição
de sua esposa, reduz a maior parte, senão toda, a conexão com os preconceitos de seu tempo e ajuda
na mudança, inspirando até mesmo nos dias atuais. Abordando estas várias sexualidades fora do
heteronormativo, tendo expressado de tal forma uma reivindicação pelas minorias, interessada em
mostrar a variedade de uma perspectiva humana e delicada. Lili e Gerda criam uma parceria que
serve até hoje de exemplo de coragem e liberdade, Gerda ao representar sua esposa em suas obras
mostra ao mundo a persona empoderada e corajosa que foi Lili Elbe, que mesmo 90 anos após a sua
morte é capaz de inspirar outras mulheres transexuais a buscarem a si mesmas.
Após seu falecimento, em 1940, não houve muitos eventos em que seus compatriotas
dinamarqueses se lembraram dela, seguindo o padrão ao longo de sua vida. Em 1993 - organizada
por Mona Jensen - realizou-se uma primeira apresentação do seu trabalho na The Ladies' Gallery
em Aarhus. Em 1999, a Galeria Øregaard também realizou outra exposição - coordenada por Lise
Svanholm - que mais tarde se mudou para a Maison du Danemark em Paris, a capital onde
certamente houve um interesse extraordinário em explorar e dispersar a arte desta artista. Da mesma
forma, Nova York, no Leonard Fox Display, coordenou em 2009 uma apresentação intitulada Gerda
Wegener: la Strive Parisienne (FRENDO, 2017).

2.1 CORPO DO TRABALHO (subseções)


Gerda Wegener e Lili Elbe foram duas mulheres que revolucionaram a forma como as
mulheres eram representadas nos quadros, enquanto Lili era a musa inspiradora, Gerda era a
responsável por transcrever a coragem, a feminilidade e a liberdade da sua mulher e das mulheres
que passavam pela vida das duas. A carreira de Gerda na arte começa com ilustrações de moda para
revista de renome na Europa como: Vogue, La Vie Parisienne e Fantasio, em obras como “Dressing
Gown”, “Scottish Silk Jacket and Grey Skirt” e “Large Toile Skirt” todas realizadas para a revista
de moda Journal Des Dames Et Des Modes, Costumes Parisiens podemos observar mulheres
elegantes, nos traços de Gerda vemos refletido o olhar curioso e sensual dessas mulheres, como se
elas flertassem com o imaginário de seus telespectadores.
Gerda, sem dúvidas, tinha uma perspectiva afinada para a beleza feminina.
Suas mulheres exibiam um tipo clássico, mostravam elegância e muita
força. Com olhares meio ressacados – fazendo aqui uma divagação
referente aos olhos de Capitu poetizados por Machado de Assis em um
tempo anterior, mas próximo à artista dinamarquesa –, as mulheres de
Gerda flertam com elas mesmas. Flertam também com os homens e as
mulheres que povoam as pinturas e com os espectadores, sejam masculinos
ou femininos, como se vê na obra Carnaval, Lili (1928). Mulheres idosas,
pobres e negras não fazem parte do imaginário urbano, “civilizado” e
moderno de Gerda Wegener. É a juventude feminina europeia em ascensão
que povoa tanto os trabalhos da artista tidos como os mais “artísticos”,
destinados a colecionadores e especialistas de arte, como as suas criações

mais comerciais. (BURIL, 2016)


Outra temática importante das obras de Gerda é a sensualidade e a sexualidade, um dos seus
trabalhos mais controversos foi com ilustrações para revistas eróticas, nelas vemos representadas
mulheres lésbicas, em cenas intimas, como nas obras “Le Bal Masqué”, “Illustration for the Erotic
Book Les Délassements De L’Éros” e “Circling” temática que mesmo nos dias atuais é considerada
tabu, outra obra de mesma temática, tem relevância na discussão a respeito da sexualidade
feminina, a ilustração intitulada “There” representa uma mulher em sua cama, enquanto se toca e se
olha através de um espelho de mão, abordando assim a masturbação feminina, discussão que
mesmo hoje pouco se fala.
Tanto nas obras mais conservadoras como nas mais libertárias, Gerda
retrata figuras femininas como donas de si. Elas nos olham como se nos
encarassem, nos interrogam e se mostram como autoras da própria beleza.
Parecem não depender de mais ninguém, além delas próprias. Não são
mulheres que se deixam pintar por um olhar masculino, muitas vezes
objetificante, como era possível identificar comumente nas pinturas de nu
feminino da época. No trabalho intitulado Olympia (1931-1936), por
exemplo, Gerda faz uma paródia feminista da obra homônima de Edouard

Manet, de 1863. (BURIL, 2016)


Entre as obras mais icônicas de Gerda Wegener vemos o quadro “The Ballerina Ulla
Poulsen in the Ballet Chopiniana” onde vemos a bailarina Ulla Pousen vestida em longo vestido
branco no palco em pose de agradecimento, a sua volta vemos flores jogadas pelo público. Ulla foi
solista no Royal Danish Ballet, estreando seu trabalho em 1924, Gerda e Lili conhecem Ulla entre
outras artistas. Mas sem dúvida os quadros de maior controvérsia de Gerda e também os de maior
relevância são os quadros de Lili Elbe, nas ilustrações de Gerda é possível ver a paixão e o carinho
que uma tinha pela outra.
Ao contrário do retrato do casal até um pouco romantizado e dramatizado visto no filme “the
danish girl” os relatos biográficos falam que mesmo antes da transição de Lili, Gerda a incentivava,
e juntas construíram a persona Lili Elbe, eternizada em seus quadros. Em “Queen of the Hearts”,
vemos Lili sentada em uma escrivaninha jogando cartas, ela fuma um cigarro enquanto olha para a
pintora Gerda, sua esposa, o olhar característico de Lili nas obras de Gerda se torna inconfundível,
mesmo em obras aonde não vemos seu nome como em “The women under an umbrella” o simples
contato com seu olhar pequeno e sedutor, é capaz de nos remeter a sua persona. No quadro “A
summer day” vemos um grupo de mulheres comemorando em um parque, elas posam para um
pintor, no centro do quadro podemos ver uma mulher com traços que lembram Lili, ela repousa nua
enquanto cheira uma flor, sua posição remete a conforto e segurança de si, e é assim que Gerda
representava suas mulheres, mulheres livres, independentes dotadas de coragem e liberdade,
capazes de seduzir homens e mulheres com seus olhares curiosos e sedutores. A forma que Lili era
representada por Gerda de um modo especial, cativa a nos apreciadores de arte, Gerda e Lili juntas
emanavam confiança, coragem e liberdade de serem e se amarem. Entre as obras de Gerda que
exibem Lili Elbe, podemos mencionar: “The Aperitif”, “Lili Elbe”, “Carnival, Lily”, ”Lili hot
summer”, “Lili with a Feather Fan”, entre outras obras.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

MODELO DE ENTREVISTA

Êmily Rafaela da Rosa Novaski e Helen Aparecida Silva Alberti


Neila Dunke
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Artes Visuais (FLC3679ART) – Projeto de Ensino
06/10/2022

Entrevista com a artista plástica Lorena Malschik.


@Desenhosereya

Questão 1
Quando você iniciou sua carreira na arte? Você sentiu alguma dificuldade de se inserir no meio
artístico por ser mulher?

Faço produções artísticas desde pequena, mas comecei a comercializar minhas ilustrações e
produtos artesanais em 2019. Não senti dificuldade pois iniciei a comercialização em nichos e
grupos mais progressistas, que forneciam mais espaço e visibilidade para mulheres, negros e
pessoas LGBTQIA+, porém não sei como funciona o mercado fora dessas “Bolhas”. Eu procurei
por esses espaços pois imaginei que meu tipo de arte seria mais aceito por esses grupos.

Questão 2
O que você costuma representar em suas artes? De quais técnicas você utiliza?

Costumo fazer muitas representações de sereias e figuras femininas místicas/mágicas. Gosto de


explorar temas marinhos, temas da natureza e temas que envolvem o misticismo. Também costumo
fazer representações de emoções, sobretudo a tristeza. Geralmente utilizo de técnicas de aquarela e
guache, ou que mesclem esses dois tipos de materiais. Técnicas que envolvem tintas à base de água
num geral, e colagem com matérias alternativos, como fitas, tecidos, vidros…

Questão 3
Quais influências você acha que a vida e obra de outras mulheres tem na sua vida hoje?

Como a arte está relacionada ao protesto, a política, ao questionamento do status quo, acredito que
as mulheres na arte me influenciaram a seguir exercendo minha função, minha produção, e também
a fazer denúncias sociais utilizando a linguagem artística como ferramenta de comunicação dessas
denúncias, além de registrar processos mais íntimos, mais pessoais, relacionados a dor, ao cansaço e
á labuta.
Questão 4
Hoje em dia você vive da arte que faz?

Não vivo somente das minhas produções artísticas, mas também do ensino artísticas.

Questão 5
Você acredita que ainda hoje o meio artístico ainda olhe com preconceito para as obras das
mulheres?

Infelizmente acredito que sim, sobretudo quando são obras de caráter feminista, político,
questionador. Apesar de serem crescentes os números de espaços que buscam dar visibilidade a
minorias, incluindo mulheres, ainda há alguns nichos que se incomodam com a emancipação
feminina e com os discursos das mulheres presentes em sua produção artística. Acredito que obras
de mulheres e artistas mulheres deveriam ser mais abordadas no âmbito escolar, por exemplo. Vejo
esse preconceito ocorrer de forma mais velada, mas ainda acredito que aconteça.

MODELO DE ENTREVISTA

Êmily Rafaela da Rosa Novaski e Helen Aparecida Silva Alberti


Neila Dunke
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Artes Visuais (FLC3679ART) – Projeto de Ensino
06/10/2022

Entrevista com a artista plástica Emmanuelle Kauten.


@manu_Kauten

Questão 1
Quando você iniciou sua carreira na arte? Você sentiu alguma dificuldade de se inserir no meio
artístico por ser mulher?

Eu iniciei muito jovem, eu desenhava apenas por hobby, até que um dia surgiu a oportunidade de
ilustrar uma capa de um livro. Era um escritor jovem e eu também era iniciante e por não ter muita
experiência, eu ilustrei mesmo sem cobrar nada, pois a satisfação de ver meus traços ilustrando a
capa de um livro já era o suficiente para mim na época. Aos poucos fui ganhando mais
reconhecimento nas redes sociais, fui me especializando e finalmente comecei a ganhar dinheiro
com meus desenhos. Mas o fato de eu ser mulher nunca me atrapalhou em nada, embora eu tenha
percebido que a maioria dos meus colegas de cursos eram homens, mas sempre fui muito respeitada
e acolhida por todos.

Questão 2
O que você costuma representar em suas artes? De quais técnicas você utiliza?

No começo eu desenhava algumas imagens que eu via nos meus sonhos, trechos de músicas, etc. Às
vezes eu me sentia sozinha, triste e meu único consolo era a arte, e talvez por eu sempre passar
tanto sentimento em meus desenhos, eu fiquei reconhecida nas redes sociais por ter um estilo
próprio, todos diziam que tenho uma identidade em minhas obras, confesso que fico muito feliz
com isso. Eu nunca tive uma única técnica pois sempre gostei de inovar e testar novos estilos de
pintura.

Questão 3
Quais influências você acha que a vida e obra de outras mulheres tem na sua vida hoje?

Embora eu goste de vários estilos de artes, a minha formação é em moda, e a minha maior
inspiração é a Gabrielle Bonheur Chanel, uma jovem francesa de família pobre que sempre gostou
de desenhar e de costurar, e revolucionou a moda feminina lá na década de XX. Naquele tempo as
mulheres usavam roupas extremamente desconfortáveis e muito apertadas, para sempre manter a
feminilidade, a Gabrielle criou várias roupas mais confortáveis para as mulheres. Se hoje, nós
mulheres usamos shorts, calça, roupas mais confortáveis, foi graças a gabrielle que revolucionou
tudo isso. E ela tem minha profunda admiração por ser uma pessoa tão criativa, e que mesmo vindo
de uma família tão humilde, criou uma marca que fez história. Hoje, depois de mais de meio século
da sua morte, a sua marca ainda é a mais famosa do mundo. Isso tudo sempre foi uma inspiração
para mim.

Questão 4
Hoje em dia você vive da arte que faz?

Sim, tenho experiência com moda há 6 anos, já confeccionei centenas de roupas, desde peças
casuais para o dia a dia, até vestido de noiva. Mas essa paixão pela moda já começou desde cedo,
pois sempre adorei criar roupas para minhas bonecas quando eu era criança, e naquele tempo eu já
vivia desenhando e fazendo roupinhas. Nunca imaginei que um dia levaria isso para vida real, mas
aqui estou eu, a caminho de criar minha marca em breve. Além disso, eu também já trabalhei como
freelancer no mercado digital com vários tipos de arte, desde croquis de moda, até ilustrações mais
complexas como pintura de cenários, etc.

Questão 5
Você acredita que ainda hoje o meio artístico ainda olhe com preconceito para as obras das
mulheres?

Há uns anos atrás, talvez sim, mas hoje em dia eu acredito que não. O mundo artístico é muito
vasto, e é super comum ver mulheres cantando, desenhando, costurando, dançando, etc. E com a era
digital, estamos sempre uma influenciando a outra. Segundo uma revista britânica, o famoso
"Journal of Epidemiology and Community Health", praticar atividades relacionadas a arte podem
aliviar o estresse, diminuir a ansiedade e ajudar a combate a depressão. Pois a arte permite uma
conexão única entre as pessoas. E por isso, muitas mulheres que passam por situações tristes, desde
término de relacionamento, até violência doméstica, onde seu psicológico tenha um forte abalo, os
profissionais de saúde mental que cuidam dessas mulheres, recomendam que ela pratique alguma
arte, isso faz parte do tratamento delas na terapia. Então não acredito que existe preconceito com
artistas por serem mulheres.

MODELO DE ENTREVISTA

Êmily Rafaela da Rosa Novaski e Helen Aparecida Silva Alberti


Neila Dunke
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Artes Visuais (FLC3679ART) – Projeto de Ensino
06/10/2022

Entrevista com a professora Edi Presotto.

Questão 1
Quando você iniciou sua carreira? O que te motivou a seguir carreira na arte?
Iniciei a minha carreira a 30 anos atrás. Me motivei por arte por ser uma pessoa muito
questionadora e curiosa. A Arte é sempre desafiadora!

Questão 2
Você costuma ensinar sobre mulheres artistas em suas aulas?Quais?

Sempre. As mulheres são críticas e amorosas ao mesmo tempo. Rudes e delicadas. Todas
modernistas ( Tarsila e Anita) e as contemporâneas Beatriz milhazes, Tomie Ohtake, Lygia Pape. A
Frida, enfim estas que lembro agora

Questão 3
Quais influências você acha que a vida e obra de outras mulheres tem na sua vida hoje?

Elas são inspiradoras, batalhadoras e a luta pela igualdade.

Questão 4
Pra você qual a importância de se ensinar sobre a história das mulheres artistas?

precisamos ensinar para as crianças a valorizar as mulheres desde bem cedo. Importância na
história e a representatividade e para diminuir as diferenças.

Questão 5
Você acredita que ainda hoje o meio artístico ainda olhe com preconceito para as obras das
mulheres?

Acredito que diminuiu bastante mas ainda tem preconceito sim.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ela pode ter tido relações com homens e mulheres, foi uma mulher à frente de seu tempo,
questionou construções de gênero em seus trabalhos artísticos e criou ilustrações eróticas para livros
lascivos. Segundo Ramos Frendo (2017), na época, as pinturas de Einar, seu marido, cativavam o
público amante da arte da Dinamarca, mas as obras de Gerda – que retratavam mulheres ativas com
olhos curiosos e espírito independente – eram consideradas controversas demais para o país. Apesar
disso, como vimos, Gerda continuou a se dedicar às suas mulheres. Aos poucos, as pinturas e
desenhos de Gerda começaram a se destacar na Dinamarca, sem abandonar sua missão de
escandalizar a sociedade quando ficou claro que as figuras femininas eram onipresentes.
Vemos então, por meio das obras da Gerda a importância das artistas mulheres, que
colocaram um novo olhar sobre a mulher em toda a sua construção, seja na sua liberdade, nas suas
dores, sofrimentos ou mesmo na sua sexualidade, quebrando os padrões da época e se tornando um
marco para o meio artístico e para a construção da história das mulheres na sociedade e na história
da arte. Ao pesquisar, estudar, e escrever sobre a história dessa artista percebemos a importância e o
quanto isso agregou em nossa formação enquanto profissionais da educação, principalmente na
sociedade atual, onde, ainda hoje no século XXI percebemos que temáticas abordadas por essa
artista no século passado ainda são fundamentais e tão necessárias para as mulheres.
REFERÊNCIAS

FRENDO, Eva María Ramos. Gerda Wegener (1885-1940), una danesa en París: retratos de una
pareja singular y creación de una identidad transgénero. Quintana: revista do Departamento de
Historia da Arte, n. 16, 2017.

FRENDO, Eva María Ramos. Las ilustraciones de la danesa Gerda Wegener (1884-1940) en el
semanario francés La Baionnette: Una satírica visión femenina de la Primera Guerra
Mundial. AACA Digital: Revista de la Asociación Aragonesa de Críticos de Arte, n. 34, p. 1,
2016.

LÓPEZ, María Aragón. Ilustración gráfica LGTB. Caricatura, burla y erotismo. Revista Eviterna,
n. 4, p. 1-10, 2020.

SÁNCHEZ, Jimena. Pinceladas del goce femenino, La chica danesa. In: VIII Congreso
Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología XXIII Jornadas de
Investigación XII Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de
Psicología-Universidad de Buenos Aires, 2016.

ARTEBRASILEIROS. As artistas esquecidas pela história. Disponível em:


https://artebrasileiros.com.br/nao-categorizado/as-artistas-esquecidas-pela-historia/.
Acesso em: 28 out. 2022.

ARTEREF. A participação das mulheres na história da arte. Disponível em:


https://arteref.com/opiniao/instituto-tomie-ohtake/a-participacao-das-mulheres-na-historia-
da-arte/. Acesso em: 28 out. 2022.

HISTORIA DAS ARTES. Historia das mulheres artistas em 1900. Disponível em:
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/historias-das-mulheres-artistas-
antes-de-1900-masp-sp/. Acesso em: 28 out. 2022.

WIKIART. Judite decapitando helofernes. Disponível em:


https://www.wikiart.org/pt/artemisia-gentileschi/judite-decapitando-holofernes-1620.
Acesso em: 28 out. 2022.

WIKIPEDIA. Poder das mulheres. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_das_Mulheres. Acesso em: 29 out. 2022.

Você também pode gostar