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WEBER, Max. Os três tipos puros de dominação legítima.

In: Metodologia das Ciências


Sociais. São Paulo: Editora Cortez, 1992, p. 349-59. Parte II.

TEMA : TRES TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGITIMA (1922) : “(...) A


dominação, isto e, a probabilidade de encontrar obediência a uma determinada ordem, pede
ter o seu fundamento em diversos motivos de submissão: pede ser determinada diretamente
de uma constelação de interesses, ou seja, de considerações de vantagens e desvantagens
(referente a meios e fins) por parte daquele que obedece; mas também pode depender de um
mero "costume", ou seja, do habito cego de um comportamento inveterado; ou pode,
finalmente, ter a seu fundamento no puro afeto, ou seja, na mera inclinação pessoal do
dominado.”

OBJETIVO: “(...) Temos que ver que nas relações entre dominantes e dominados existe,
costumeiramente, um apoio em bases jurídicas nas quais se fundamenta a sua "legitimidade",
e a abalo na crença nesta legitimidade normalmente acarreta consequências de grande
importância”

HIPOTESES: DOMINAÇÃO LEGAL: A dominação "legal" em virtude de ser "estatuto", o


seu tipo mais puro e indiscutivelmente a dominação burocrática. A sua ideia básica e a
seguinte: qualquer direito pede ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado
corretamente no que diz respeito a sua forma, A associação que domina e eleita ou nomeada,
sendo ela própria e todas as suas partes algo como "empresas". Denomina-se "pessoal de
serviço" uma empresa ou parte dela, heterônoma e heterocéfala (isto e, cujos regulamentos e
órgãos executivos não são definidos apenas internamente, mas pela sua participação em uma
associação mais ampla, portanto, não-autônoma e nem autocéfala), a quadro administrativo
consiste em funcionários nomeados pelo dono, e os subordinados são membros da associação
("cidadãos", "camaradas"). Obedece a pessoa não em virtude do seu direito pr6prio, mas à
regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo quem e em que medida se deve obedecer.
Aquele que manda também obedece a uma regra nos momenta em que emite uma ordem
obedece a "lei" ou a um "regulamento" de uma norma formalmente abstrata.” (349,50)
“(...) 1. Correspondem naturalmente ao tipo da dominação legal não apenas a estrutura
moderna do Estado e do Município, mas também a relação de domínio numa empresa
capitalista privada, numa associação com fins utilitários, ou numa união de qualquer outra
natureza que disponha de um quadro administrativo numeroso e hierarquicamente articulado”
(350)
DOMINAÇÃO TRADICIONAL: “(...) A dominação ''tradicional'' e a que existe em virtude
de crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito tempo existentes.
o seu tipo mais puro e a da dominação patriarcal. o tipo daquele que manda e a "senhor", e os
que obedecem são os "súditos". Obedece-se a pessoa em virtude de sua dignidade própria,
santificada pela tradição: par fidelidade. o conteúdo das ordens está fixado pela tradição, e da
violação por parte do senhor poria em perigo a legitimidade do seu próprio domínio, que
repousa exclusivamente na santidade delas. ” (351)
“(...) A estrutura totalmente patriarcal de administração. os servidores são recrutados em
completa dependência pessoal do senhor, seja sob a forma puramente patrimonial (escravos,
servos, eunucos etc.), ou extrapatrimonial, de camadas não totalmente desprovidas de direitos
(favoritos, plebeus).”( 352)”
“(...) 2. A estrutura estamental: os servidores não são pessoalmente do senhor, e sim pessoas
independentes, de posição própria, que angariam proeminência social, eles estão investidos
em seus cargos (de modo efetivo ou conforme a ficção de legitimidade) par privilegio ou
concessão do senhor, ou possuem, em virtude de um negócio jurídico (compra, penhora ou
arrendamento) um direito próprio ao cargo, do qual não se pode despoja-los arbitrariamente.
Assim, a sua administração, ainda que limitada, e autocéfala e autônoma, exercendo-se par
conta própria e não por causa do senhor.” (352)

DOMINAÇÃO CARISMÁTICA:
“(...) Dominação "carismática" em virtude de devoção afetiva a pessoa do senhor e a seus
dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente, a faculdades magicas, revelações ou
heroísmo, poder intelectual ou de orat6ria; o sempre novo, o extraordinário, o inaudito e o
arrebatamento emotivo que provocam, constituem aqui a fonte da devoção pessoal. Seus tipos
mais puros silos a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo. A
associação dominante e de caráter comunitário, na comunidade e no obsequio - "séquito", o
tipo que manda e o líder; o tipo que obedece e o "apostolo", obedece-se exclusivamente a
pessoa do líder devido as suas qualidades excepcionais e não em virtude de uma posição
estatuída ou de uma dignidade tradicional; portanto, também somente enquanto essas
qualidades lhe são atribuídas, ou seja, enquanto seu carisma subsiste.” (354)

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