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DEFINIÇÃO ELETRODOS DE REFERÊNCIA

A potenciometria é um processo eletroanalítco É uma meia célula com um potencial de


que se baseia na medida de potencial de células eletrodo exatamente conhecido, constante e
eletroquímicas. completamente insensível à composição da
 É usado para localizar o ponto final em solução do analito.
titulações; Se mantendo então constante
 É usado para identificar a concentração mesmo quando há passagem de
das espécies iônicas. corrente.
Os eletrodos de referência atuam então
O EQUIPAMENTO como de fato, referência para as leituras de
potencial do sistema e devem possui algumas
É um equipamento bastante simples e inclui um características desejáveis:
eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um a) Potencial de meia-célula conhecido e fixo;
dispositivo de medida do potencial. b) Resposta constante;
Eref c) Insensível à composição da solução em
estudo e mudanças de temperatura;
Eletrodo de referência | ponte salina | solução do d) Obedece a equação de Nernst;
analito | Eletrodo indicador e) Reversível.
Eind
▪ Eletrodo de referência de calomelano
É constituído por uma pasta de
mercúrio/cloreto de mercúrio (I) e cloreto de
potássio em um tudo interno, conectado com
uma solução de KCl presente no tudo externo.

VANTAGENS:
É facilmente preparado, e por isso é o
mais, amplamente utilizado.

DESVANTAGENS:
É dependente da temperatura.

Ecel = Eind – Eref

Em 25º o potencial é 0,799V, fora das condições padrão:

+/ = º +/ – / ln (1/[ +])

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½ H2Cl2(s) + e- → Hg(l) + Cl- Eº=+0,268 V
Esses sistemas não são muito utilizados em
▪ Eletrodo de referência de Ag/AgC determinações potenciométricas, uma vez que
É um eletrodo bastante utilizado. Consiste em um esses eletrodos não são muito seletivos e
fio de prata recoberto com cloreto de prata em respondem não apenas a seus próprios cátions,
contato com uma solução de cloreto de potássio (KCl) mas também a outros cátions que sejam mais
saturada. redutíveis.
Muitos eletrodos metálicos só podem ser
VANTAGENS: empregados em soluções neutras ou alcalinas
Podem ser utilizados em processos com temperaturas
porque estes se dissolvem na presença de ácidos.
acima de 60°C. Outro fator é que muitos metais são
facilmente oxidáveis, sendo utilizados apenas
quando as soluções do analito são desaeradas,
removendo o oxigênio.
E certos metais mais duros não fornecem
potenciais reprodutíveis, como o ferro, cromo,
cobalto e níquel.

 Eletrodos de segundo tipo


Metais não servem apenas como eletrodos
indicadores de seus próprios íons, como são os
eletrodos do primeiro tipo. Respondem também a
atividade de ânions que foram precipitados,
sendo pouco solúveis ou complexos estáveis de
ELETRODOS INDICADORES tais cátions.
O potencial de um eletrodo de prata, por
Um eletrodo indicador ideal responde de forma
exemplo, se relaciona de forma reprodutível com
rápida e reprodutível a variações na concentração de
a atividade do íon cloreto em uma solução
um analito (ou grupos de analitos iônicos).
saturada de cloreto de prata. De modo que:
▪ Eletrodo indicador metálico
Desenvolvem um potencial elétrico em resposta a AgCl(s) + e- ⇋ Ag(s) + Cl-(aq)
uma reação redox que se passa na superfície do
metal.
É conveniente classifica-lo como: eletrodos de
primeiro tipo, eletrodo de segundo tipo e eletrodos
redox inertes.

 Eletrodos de primeiro tipo


São aqueles de metal puro que está em equilíbrio
com seu cátion em solução.
Uma única reação está envolvida:

Xn+(aq) + ne- ⇋ X(s)


 Eletrodos redox inertes
São os eletrodos que participam da reação,
Normalmente, o potencial desse tipo de eletrodos
mas não reagem. São inertes, como o ouro (Au), a
é medido em termos da função “p” do cátion, de modo
platina (Pt) e o paládio (Pd).
que (pX = -log axn+):
Eind = Eo – 0,0592 pX
n

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Eles respondem a um par redox que está em Ecel = Eind – Eref + Ej
solução, agindo então como condutores metálicos na Os íons possuem mobilidades diferentes, e
transferência de elétrons de uma espécie para a outra tendem a se movimentar de uma solução
em solução. concentrada para uma mais diluída. No exemplo
Para que o eletrodo seja utilizado, a reação ocorre da imagem, se o Cl- for mais rápido que o Na+ isso
de forma rápida e reversível. cria diferença de cargas no espaço, causando
São utilizados para monitorar pontos finais de diferença de potencial que está no meio do
titulação. circuito elétrico que esta sendo medido.
O potencial depende então da razão do par redox A ponte salina faz com que o potencial da
que participa da reação em solução. célula tenha mais uma dependência, que é o
potencial de junção, originado pelas interfaces de
Esses métodos são absolutos? composições diferentes e pelas mobilidades
diferentes dos íons.
Métodos absolutos são aqueles em que se pode
imediatamente calcular a concentração a partir de um Potencial de junção líquida:
componente físico-químico. - Se desenvolve através da
A potenciometria não é um método absoluto, interface entre duas soluções
porque nãoo se pode pegar medidas de potencial e que possuam composições
aplicar a equação de nernst e para calcular a diferentes.
concentração de forma direto, ou seja, não se pode - Previne que as soluções se
achar a concentração a partir do potencial. misturem.
E por que não? - A grandeza desse potencial é
minimizada em presença de
É preciso considerar o potencial de junção, que é a
uma ponte salina entre as
diferença de potencial originado nas interfaces
duas soluções
presentes no meio do sistema, formado por soluções
de composições diferentes.
A mobilidade dos íons é a velocidade que a
→ Potencial de junção partícula atinge em um campo elétrico de 1 V m-1.
O potencial da célula não depende somente da Mobilidade = velocidade/campo.
concentração, mas também dessas interfaces, que são
dependes da mobilidade de cada um dos compostos  Cálculo do potencial de junção
presentes ali.
Dessa forma, existe um fator a mais que faz com
que a célula não dependa apenas do potencial
MOBILIDADE
indicador e o do potencial de referência. RELATIVA

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O sinal positivo indica que o lado da direita da O que acontece é que de um lado da
junção é mais positivo que o lado esquerdo. membrana tem-se um concentração fixa do íon
que se quer determinar, e do outro lado não
sabemos a quantidade.
A diferença de potencial gerado nessa
interface é medida pelo voltímetro, usa-se então a
interação seletiva para gerar uma diferença de
carga no espaço que é sentida no multímetro,
logo, o potencial de junção pode ser usado, nesse
▪ Eletrodo indicador de membrana caso, como benefício. Logo, o potencial de junção
 Eletrodo íon-seletivo pode ser usado como benefício para criar o
São eletrodos fundamentalmente diferentes dos eletrodo íon-seletivo.
eletrodos metálicos, pois os eletrodos íons-seletivo
não envolvem um processo redox.
Sua principal característica é a presença de uma
fina membrana que idealmente, se liga apenas ao íon
de interesse.
O potencial elétrico é gerado devido à ligação
seletiva de um determinado íon com uma membrana
do eletrodo.

→ Eletrodo indicador de vidro


É o modo mais conveniente de determinar pH
tem sido pela medida da diferença de potencial
através de uma membrana de vidro que separa a
solução do analito de uma solução de referência.
Uma célula moderna para medida de pH
consiste de um eletrodo indicador de vidro e de
um eletrodo de referência.
Considerando como exemplo uma membrana que
se liga seletivamente ao íon potássio.

Esse eletrodo é imerso então na solução cujo


pH quer se determinar.

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Uma solução mal tamponada precisa de
muitos minutos;
▪ Temperatura: Um medidor de pH deve ser
calibrado na mesma temperatura em que a
medida será feita;
▪ Limpeza;
▪ Hidratação do vidro: Um eletrodo seco
deve ser imerso por várias horas antes que ele
responda corretamente ao H+.

Apesar de o eletrodo interno ser parte do → Eletrodo de membrana cristalina


eletrodo de vidro, ele não é sensível ao pH. Só é O tipo de membrana cristalina mais
sensível ao pH a fina membrana de vidro presente na importante é constituído de um composto iônico
ponta do eletrodo que responde ao pH. ou de mistura homogênea de compostos iônicos.
O vidro é formado por tetraedros de silício Em alguns casos, a membrana é cortada de um
(silicatos). Dentro da membrana há cátions fixos que monocristal.
interagem com o oxigênio presentes na parede no
vidro. E na solução externa tem-se cátions de → Eletrodo de membrana líquida
concentração variada, que é a qual se quer medir o Membranas líquidas são formadas de líquidos
pH. Considerando que a solução externa possua imiscíveis que se ligam seletivamente a
menos cátions, esses reagem com os grupos determinados íons. As membranas desse tipo são
oxigenados, gerando uma diferença de potencial que particularmente importantes porque permitem a
será medido. determinação potenciométrica direta das
atividades de vários cátions polivalentes assim
Erros na medida de pH como de certos ânions e cátions com carga
▪ Soluções de referência: Uma medida de pH não unitária.
pode ser mais exata que os padrões disponíveis ( +/-
0,01 unidades de pH); TITULAÇÃO POTENCIOMÉTRICA
▪ Potencial de junção: Existe um potencial de
junção na membrana próxima à parte inferior do O aparato experimental utilizado é esse:
eletrodo. Se a composição iônica da solução contendo No exemplo, conforme
o analito é diferente da composição do tampão- faz-se a titulação anota-se
padrão, o potencial de junção vai variar, mesmo que o pH e os volumes de
o pH das duas soluções seja igual. Esse efeito, produz hidróxido de sódio
uma incerteza de 0,01 unidades de pH; (NaOH) adicionados, para
▪ Erro alcalino: Quando a concentração de H+ é que seja possível a
muito baixa e a concentração do Na+ é alta, o eletrodo realização da curva de
responde ao Na+ e o pH medido é menor que o pH titulação.
verdadeiro. Assim, faz-se possível a
▪ Erro ácido: Em um ácido forte, o pH medido é determinação da
maior do que o pH verdadeiro, isso talvez porque a concentração de ácido clorídrico (HCl) a partir
superfície do vidro esteja saturada com H+ e não pode dos cálculos.
ser protonada em mais nenhum sítio. Sabendo o volume de NaOH sabe-se o número
▪ Tempo para atingir o equilíbrio: Decorre algum de mols de NaOH e então pode-se calcular o
tempo para que um eletrodo entre em equilíbrio com número de mols de HCl e assim, a sua
uma solução. Uma solução bem tamponada, com concentração.
agitação adequada, precisa de 30s para atingir o
equilíbrio.

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APLICAÇÃO Sabendo que a estequiometria da reação é
1:1 pode-se estimar a quantidade em volume de
 Quantificação de Ácido Acetilsalicilico (AAS) em NaOH que será usado na titulação do ASS, como
comprimidos: se segue:
500 mg de AAS
O ácido acetilsalicílico que possui o nome MMAAS = 180,16 g mol-1
comercial de aspirina é um analgésico, antitérmico,
anti-inflamatório e dificulta a coagulação do sangue, 180,16 g AAS – 1 mol AAS
tornando-o menos espesso. 0,5 g AAS – n AAS
Quando o AAS é dissolvido em água ocorre a N AAS = 2,7753 × 10-3 mol
liberação de H3O+ que é monitorado na titulação
potenciometrica, conforme mostra a reação: Como a reação é 1:1
N NaOH = 2,7753 × 10-3 mol
[NaOH] = 0,247 mol L-1

0,247 mol – 1000 mL


2,7753 × 10-3 mol – VNaOH
VNaOH = 11,24 mL

 Parte experimental:
Para realização do experimento, utiliza-se os
1) Pese um comprimido do medicamento e
seguinte aparato:
transfira para um béquer de 100 mL;

2) Adicione cerca de 10 mL de álcool etílico (é


para ajudar na solubilização do AAS em água);

3) Mantenha sob agitação até a dissolução do


comprimido e adicione cerca de 50 mL de água
destilada;

4) Faça a montagem para a titulação;

5) Meça o potencial inicial da solução;

6) Inicie a titulação com a solução padrão de


O eletrodo utilizado é um eletrodo combinado, NaOH.
contém então, um eletrodo indicador de vidro e um
eletrodo de referência de Ag/AgCl. Com os resultados obtidos durante a
Na reação de titulação ocorre a seguinte titulação é possível construir uma tabela do
situação: volume de NaOH que foi adicionado e do valor do
potencial determinado naquele volume. O
experimento foi feito em triplicata.
O potencial da célula é dado por:

Ecel = Eind - Eref

O potencial de referência é invariável,


É uma reação ácido/base de neutralização, onde possuindo um valor fixo. Já o potencial varia com
o hidróxido de sódio (NaOH) reage com a aspirina a concentração de H3O+, que pode ser calculado
formando um sal e uma água. segundo a equação de Nernst.

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Eind = k -0,0592 pH Como mostrado, o gráfico é plotado com o
eixo Y equivalendo a variação do potencial divido
No potenciômetro, é possível fazer o ajuste para pela variação do volume e no eixo X tem-se o
que as medidas sejam realizadas já em termos do pH, volume médio. E por que volume médio?
ou medir o potencial de célula. Nesse caso, utilizou-se Quando levamos em conta a variação do
o potencial de célula. volume e do potencial, o último dado é perdido,
O uso de indicadores ácido/base não se faz assim, faz-se a média dos valores do volume para
necessário nesse tipo de titulação, isso porque essa se iguale a quantidade de pontos nos dois eixos.
técnica permite que se enxergue o ponto de No entanto, só com a primeira derivada
equivalência com os valores obtidos de potencial ainda é possível errar ao tentar predizer qual o
medidos, a partir do ponto de inflexão obtido no valor exato do volume no ponto de inflexão,
gráfico. assim, pode-se derivar mais uma vez.
Para se obter uma melhor resolução dos Fazendo então a derivada segunda:
gráficos, em pontos próximos ao ponto de
equivalência diminui-se os incrementos de NaOH
adicionados.
A curva de titulação obtida é um sigmoide, e é
plotada com o volume de NaOH no eixo X e o
potencial/pH no eixo Y.

O método da segunda derivada é


encontrado utilizando os valores da primeira
derivada.
O comportamento dessa curva até o ponto
estequiométrico é um, após ele, a curva surge em
Não é aconselhável a determinação do ponto de outra direção.
inflexão somente com a curva de calibração, isso Agora é possível encontrar com clareza o
porque é bastante incerto dizer, exatamente, qual o valor do volume de NaOH no ponto de
valor exato do volume. Para tal, usa-se então o equivalência, sendo esse encontrado no ponto
método das derivadas. em que a curva corta o eixo X em zero.
Começando pela derivada primeira (dy/dx). Para achar os valores para que se possa
Faz-se a derivação da curva de titulação. plotar o gráfico, faz-se no eixo Y:
(E/V)Vmédio2, já no eixo X: faz-se um
segundo volume médio.
Novamente perde-se um dado final devido
a variação, por essa razão é necessário que seja
feito um segundo volume médio dos dados, para
que a quantidade de dados seja a mesma nos dois
eixos.
Para encontrar então, de fato, o ponto de
equivalência, plota-se uma reta. E que reta é essa?
O vale presente no gráfico é o ponto de inflexão,
que é o ponto de equivalência do NaOH.

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Como o experimento foi realizado em
triplicata, todo esse processo foi feito para as três
medidas.
Ainda que se tenha encontrado o volume
através do método das derivadas, há um erro
associado às medições e esse é preciso ser
considerado, para isso, faz-se o desvio padrão e o
desvio padrão relativo. E ainda calcula-se o
Plotando então a reta referente a região intervalo de confiança.
realçada em laranja:
1 /2

Com a equação da reta em mãos, e sabendo que


nosso ponto de interesse é o X, faz-se Y=0 e acha o
valor de X. Sendo esse o volume que representa o
No DPR (desvio padrão relativo) faz-se o desvio
volume de equivalência.
padrão dividido pela média dos resultados das três
medidas e multiplica por 100%. E isso para saber se o
desvio padrão foi alto ou baixo.
Na equação do intervalo de confiança: m =
média; t = parâmetro tabelado; s = desvio padrão; e n
= número de medidas.

OBS: Os valores encontrados podem estar


errados, tendo em vista que se utilizou o desvio
padrão sem a raiz quadrada.
Tendo encontrado o volume, é possível
determinar quantidade de AAS em cada comprimido:
REFERÊNCIAS
Parte teórica:
Materiais de aula e resumo próprio.
Vídeo aula (USP). Link de acesso: CLIQUE

Parte experimental:
Vídeo 1. Link de acesso: CLIQUE
Vídeo 2: Link de acesso: CLIQUE
Vídeo 3: Link de acesso: CLIQUE

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