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Teatro Grego

Comédia Antiga
“Devemos ressaltar, antes de mais nada, que a oposição pretendida
[Comédia versus Tragédia] só cabe numa teoria dos gêneros, morada
de conceitos puramente ideais, embora nem por isso menos
importante para quem pretenda compreender o drama num sentido
geral.
Quando deslizamos desse plano para o do real, isto é, o da prática
teatral, verificamos que, principalmente na atualidade, raramente
comédia e tragédia aparecem de forma pura.”
(ARÊAS, Vilma. Iniciação à comédia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
p.12)
COMÉDIA GREGA – DIVIDIDA EM TRÊS FASES

• ANTIGA (486 – 386 a.C.)


• MÉDIA (386 – 321 a.C.)
• NOVA (321 – 263 a.C.)
COMÉDIA ANTIGA
AUTOR MAIS IMPORTANTE:

Aristófanes – considerado o maior autor de comédias, uma vez que parte da


sua obra foi conservada.

• Nasceu provavelmente entre 460 e 450 a.c.

• Escreveu mais de 40 peças, das quais apenas 11 sobreviveram.


“...já que a comédia vem introduzir-se num teatro dominado pela
tragédia; baseava-se, como esta, na dualidade constituída pelo
coro e pelos atores e que, sendo um espetáculo ao mesmo tempo
musical, lírico e dramático, como a tragédia, não podia deixar de
estar submetido a certas regras.” (GRIMAL, p.51)
ESTRUTURA DRAMATÚRGICA DA COMÉDIA ANTIGA

• Prólogo: monólogo ou diálogo – apresenta a ação da peça


• Párodos: entrada e primeiro canto do coro
• Agôn: “debate que se instaura entre o ator principal, condutor do jogo, e o coro” (GRIMAL, p.51)
• Parábase: “o coro avança para o público dando-se uma quebra na ilusão dramática e da própria sequencia à
peça; pela boca do corifeu, é o poeta que toma a palavra e apresenta ao público suas queixas num longo
monólogo” (GRIMAL, p. 52) – dimensão política da comédia / relação da comédia com a cidade.
• Depois da parábase, sequência de cenas entremeadas por cantos do coro. “...nas diversas cenas da segunda
parte, após a parábase, (...) entra em ação uma série de pessoas que representam uma categoria social, um
ofício etc” (GRIMAL, p.55)
• Êxodos – saída do coro
CARACATRISTICAS DA COMÉDIA ANTIGA

• - personagens mitológicos e/ou figuras publicas


Exemplo: em “As rãs” – Dioníso figura como personagem da peça, assim como os poetas
trágicos Ésquilo e Eurípides.

• temas políticos ou mitológicos

• procedimentos cômicos:
- Rebaixamento – de temas nobres (como o tema da descida aos infernos, por exemplo)
- figuras publicas ou mitológicas são ridicularizadas
- Crítica aos políticos // ataques aos colegas comediógrafos
AS RÃS ( 405 a.c.)

• Estrutura dramatúrgica:
“A parábase de As rãs serve de marco para separar as duas partes
inteiramente distintas da comédia. A primeira parte, burlesca e fantástica, é
a viagem de Dionísio, após as necessárias informações dadas por Héracles,
ao Hades, em companhia de seu escravo Xantias; a segunda, de feição moral
e literária, é um confronto entre os dois grandes poetas trágicos, Ésquilo e
Eurípides.” (Junito de Souza Brandão)
AS RÃAS RÃS (última peça de Aristófanes - 405
a.c.) a.c.)
“Com frequência tem se observado que as obras pertencentes a formas artísticas há muito
estabelecidas, se tornam mais complexas quando próximas ao final de sua evolução,
quando a própria forma está em vias de desaparecer ou de passar por uma transformação
radical. As rãs, de Aristófanes é um excelente exemplo para esta observação. (...) Possui
uma trama de complexidade singular, pois o poeta combina duas espécies de temas
cômicos: a jornada e o agôn (competição), cada um ocupando uma metade da peça. Ele
também alterou radicalmente a estrutura tradicional da Comédia Antiga ao transformar o
agôn, que geralmente acontece antes da parabáse, em uma cena de menor importância
com pouco conteúdo intelectual (a cena das chicotadas de Dionysio e Xantias), enquanto
que o verdadeiro agôn ocupa toda a segunda metade da peça.”

Charles Paul Segal, “The Character of Dionysus and the Unity of the Frogs”. In: LITTLEFIELD,
David J. Twentieth century interpretations os The Frogs. A collection os critical essays edited
by David J. Littlefield. Prentice-Hall Inc., Englewood Cliffs, New Jersey. 1968.
Alterando a estrutura regular da comedia antiga, Aristófanes divide a peça em duas partes
separadas pela parábase, de modo que a estrutura dramatúrgica se apresenta do seguinte
modo:
Prólogo
Parte 1 – “ a jornada” - a descida ao Hades (catábase)
Párodos – entrada do coro dos iniciados
Parábase – canto do Coro de Iniciados
Parte 2 – “o Agôn” - competição entre os dois poetas trágicos
Êxodos – resolução final
Outra forma de compreender a divisão da peça em partes é a
proposta por Adriane da Silva Duarte em seu artigo “Algumas
questões sobre a parábase d’As Rãs”.

“a ordem habitual das partes é subvertida: a parábase antecede o


agôn, que tem duração estendida; as cenas episódicas se inserem no
começo da peça; prólogo e párodos são duplicados. (...) os dois
prólogos-párodos anunciam etapas distintas do enredo, a descida ao
Hades e a disputa literária, e a realização do agôn no final, além de
coincidir com essa última, adia o desenlace da trama até o êxodo.”
• Primeiro Prólogo – toda a primeira parte até a entrada do coro de rãs
• Primeiro Párodos – coro de rãs – descida ao Hades
• Segundo prólogo – chegada ao Hades
• Segundo párodos – Entrada do coro de iniciados
• Primeiro agôn – disputa entre Dioníso e Xantias
• Parábase – canto do Coro de iniciados
• Segundo Agôn – competição entre os dois poetas trágicos, na segunda
parte da comédia.
ESTRUTURA DA COMÉDIA GREGA ANTIGA ESTRUTURA DA COMÉDIA “AS RÃS”

Prólogo: monólogo ou diálogo – apresenta a ação da peça Primeira parte:


Primeiro Prólogo – cena inicial entre Dioniso, Xantias e Héracles, até a
Párodos: entrada e primeiro canto do coro
entrada do coro de rãs.
Agôn: “debate que se instaura entre o ator principal, condutor do jogo, Primeiro Párodos – coro de rãs – descida ao Hades
e o coro” (GRIMAL, p.51) Segundo prólogo – chegada ao Hades
Segundo párodos – Entrada do coro de iniciados
Parábase: “o coro avança para o público dando-se uma quebra na ilusão
dramática e da própria sequencia à peça; pela boca do corifeu, é o Segunda parte:
poeta que toma a palavra e apresenta ao público suas queixas num Primeiro agôn – disputa entre Dioníso e Xantias
longo monólogo” (GRIMAL, p. 52) Parábase – canto do Coro de iniciados
Segundo Agôn – competição entre os dois poetas trágicos, ocupando
Depois da parábase, sequencia de cenas entremeadas por cantos do
quase toda a segunda parte da comédia.
coro. “...nas diversas cenas da segunda parte, após a parábase, (...)
entra em ação uma série de pessoas que representam uma categoria
social, um ofício etc” (GRIMAL, p.55)
Êxodos – saída do coro
O coro de As rãs

• “No que diz respeito ao coro As rãs é uma peça única – ela possui dois coros sem relação
um com o outro: o coro de rãs que vocalizam enquanto Dionisio e Caronte remam,
remam, remam atravessando o Lago Aqueronte, e o Coro de Iniciados, que Dionisio e
Xantias encontram ao chegarem ao submundo. O primeiro é provavelmente um coro que
se encontra fora de cena, cujas falas são apenas ouvidas pelo público. (…). Em contraste
com o canto rouco do primeiro coro, está a solene e inpiradora entrada do Coro dos
Iniciados” (David J. Littlefield)
• A entrada do segundo coro, do Coro dos Iniciados, em cena é considerado o verdadeiro
párodos da peça.
Agôn

“originalmente a palavra agôn significava uma assembléia reunida para assitir jogos. O
termo passou a ser usado para designar os próprios jogos e, finalmente, passou a ser usado
para quase qualquer disputa, conflito ou competição publicos conduzidos de acordo com
regras estabelecidas. (…) Na comédia antiga, o termo se refere àquela parte da peça na qual
um debate formal, uma discusão ou uma competição toma a cena.” (David J. Littlefield)
“Geralmente, nas peças de Aristófanes, o agon precede a parabase (…). Em As rãs, no
entanto, o agon, uma competição literária prolongada, ocorre depois da parábase e ocupa
quase toda a segunda parte da comédia.” (david J. Littlefield)

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