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LÍNGUA PORTU

P UGUES
SA E LIT
TERAT
TURAS
S
TERDIS
INT SCIPLIN
NARES
QUESTÃO 1
a)
Um ruíd do descontínuuo, percebido pelo Secretár io do Bem-Esttar Público, lo ogo nos primeeiros andamen ntos narrativoss, se
intensifica e atinge seu clímax quaando as person nagens descob brem que se trata
t do barul ho produzido pela invasão dos
ratos noo imóvel em que ocorre o VII Seminário. O núcleo do conflito encontra-se, portantoo, nessa situaçção paradoxal: um
evento, previsto para resolver uma praga, torna-see o epicentro dela.
d Dois elem
mentos fundam mentais constro oem esse confflito.
Primeiroo, um supostoo isolamento dos
d membros d do seminário, que pretende discutir meioss de combater essa praga, mas
que se vê enredado pelo
p mesmo problema
p o por uma po
vivido opulação vulne erável. Isolame nto propositall, uma vez quee se
busca uum distanciameento dos meios de comunicaação ou de qua alquer instância que possa innterferir nas de
ecisões do evento.
Um seg gundo elementto pode ser ideentificado no luuxo das instala
ações e na opuulência presentte, por exemplo, na alimentaação
dos connvidados (lagoostas, vinhos ch
hilenos etc.), o que mostra ser um sinal dad alienação ddesses indivídu uos em relação o ao
que se ppassa em seu entorno.
e

b)
O conto o de Lygia Fag
gundes Telles foif publicado eem 1977, épo oca em que se inicia a distennsão do regime militar no Brasil
(Govern no Geisel/19744-1979). Por meio
m da figuraa dos ratos quue invadem o local no qual ocorre o seminário organizzado
pelas au utoridades (po
olíticos, militare nto central da alegoria preseente na narratiiva, são discutidas
es, burocratas,, etc.), elemen
as relaçções entre o ho
omem, o poder e a sociedadee, sobretudo as a arbitrariedad
des daqueles qque detêm o co ontrole decisórrio e
a desum manização dass relações socia ais. Nesse senttido, ao tratar de ratos, hum
manos e políticaa, a autora esttá alegoricameente
aludindo a este períoddo histórico.

QUESTÃO 2
a)
4 antíteeses se ligam ao
a núcleo tem
mático do soneeto que consistte na relação entre o tempoo e o sentimennto amoroso. Elas
encontrram-se formulladas nos segguintes pares opositivos: cla
aro/escuro; led
do prazer/chooro triste; tem
mpestade/bonannça;
pena/prrazer.

b)
A tese ddo soneto cammoniano reside na ideia de qu ue o tempo veence tudo, exce eto a tristeza ddo eu-lírico (de
ecorrente do amor
não corrrespondido) e a resistência (rejeição
( desse amor) por parrte da mulher (senhora). O ppoema se divid de em duas paartes
(dois quuartetos e do ois tercetos) qu
ue organizam o percurso argumentativo
a . Na primeira parte, afirma a-se a capacid dade
destrutiiva (acabar) e transformadorra (tornar) do tempo. O tem mpo destrói, altera, desgastaa e modifica tudo, inclusive a si
próprio. Ao final do segundo
s quarteto (sétimo veerso) a conjunçção adversativa a (“Mas”) resssalta que, entre etanto, a forçaa do
tempo não é capaz de d alterar a determinação aamorosa do eu-lírico, que sofre com a reecusa da mulh her amada (o não
querer da Senhora), de d cuja vontad de depende su ua felicidade (ffim da tristeza). Na segundaa parte, os terccetos reafirmam mo
poder d do tempo, porr meio de antííteses que mosstram mudançças e concluem m com o paraddoxo que alim menta o dramaa do
sujeito aamoroso (penaa e prazer). Appesar de sentir--se condenadoo à rejeição da mulher amadaa (tristeza e do or), o eu lírico tem
RESPOSTAS ESPERADAS

esperannça de que o tempo (“enquanto”) possaa modificar o comportamen nto dela, que resiste à passsagem do tem mpo,
insensívvel ao amor (“ppeito de diamaante”).

QUESTÃO 3
a)
O projeeto colonizado e orientou porr 2 eixos fund
or português se damentais; o eixo econômicoo/mercantil, qu ue se verifica, por
exemplo o, na ênfase dada
d nte às trocas – registrando quase sempre a suposta ingennuidade dos povos indígenass ao
inicialmen
trocaremm seus objetoos pelas quinqquilharias dos navegantes – ou na recorrência da palaavra “ouro”, que indica a real
motivaçção da empreitada marítima dos conquistaadores. O segu undo eixo é o religioso ou o fundamento político-teológ gico
do Estado lusitano, emm que se apoia a legitimaçãão ideológica do
d empenho co olonizador, quual seja, a da salvação das almas
dos nattivos. Um exemmplo disso enco
ontra-se na cenna em que um m dos padres distribuiu crucifiixos para os indígenas.

b)
As duass cenas mencioonadas nos excertos (o enco ontro com Nico olau Coelho e com Pedro Álvvares Cabral) dizem
d respeito aos
discurso
os dos indígeenas que não o são compreeendidos pelo os colonizadores. Essa inccompreensão, mais do quee o
desconhhecimento da língua nativa, significa a inddiferença aos códigos culturrais dos povos autóctones. Simboliza
S tamb bém
um projjeto de dominação que, apó ós mais de 500 anos, continu ua sendo a tônica das relaçõees entre os povvos da floresta e o
homem m branco: sujeiçção simbólica e apropriação de terras indíg
genas.

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VESTIBULAR 2022 • 2ª FASE • 1º DIA
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REDAÇÃO LÍNGUA PORTUGGUESA E LITERATU URASINTERDISCI PLINARES 1
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QUESTÃO 4
a)
Ambos os textos mantêm uma relação intertext ual com o cam mpo do audio ovisual. Eles coontam a histórria de um messmo
filme e trazem os eleementos funda amentais da naarrativa (personagens, tempo o, espaço etc.)). Se as semelhanças se dão o no
campo da intertextualidade e na ocorrência dee elementos narrativos,n as diferenças enntre a sinopse e e o roteiro são
respectiivamente as seguintes: 1. enquanto
e a priimeira apresen nta o filme de e maneira resuumida, o segu undo descreve em
detalhes o seu planejaamento, basea ando-se princippalmente em diálogos
d e em indicações de cenas, locais, personagens etc.;
e
2. Umaa é direcionada ao público em geral, ao passo que o outro é direcionado a um ggrupo restrito (a produção e o
elenco);; 3. Aquela faaz parte do gê ênero jornalístiico-midiático, já esse se inse
ere no gêneroo artístico-literá
ário; 4. A sino
opse
divulga o filme; o roteeiro orienta e direciona
d a pro
odução da filmagem.

b)
O que geralmente ch hamamos de humor
h é prod uzido, por exeemplo, em um ma sequência nnarrativa, a pa artir de um effeito
surpresaa ou da queb bra de expecta ativa no ouvintte, telespectaddor ou leitor a respeito de um sentido, valor
v ou realid
dade
comenttada. O riso qu ue nasce desse e efeito surpreesa também pode ser motivado por uma atitude irônica a ou sarcásticaa de
um doss personagenss, que torna contingente
c a realidade commentada. Nesse sentido, a ddiscussão entre as personag gens
produz humor porque contraria o que q o senso ccomum entend de por invenção e autoria (“ Quem escreve eu fui eu. Vocêê só
invento
ou a história”). Procedimento o semelhante p pode ser visto na pergunta de
d Joaquim soobre como será á possível filmaar o
aroma d das corticeirass e na respostaa de Marcela, "isso é só um m roteiro", que
e explicita o m ecanismo de construção
c de um
produtoo chamado "ro oteiro": ele obedece a certass convenções e,
e ironicamente e, tem sua impportância relativvizada.

QUESTÃO 5
a)
De um modo geral, a expressão "blá blá blá" sign nifica uma conversa vazia, sem conteúdo siignificativo e sugere que, casso o
enunciaador continuassse seu raciocínio, apenas rreiteraria o qu ue já foi dito. Nesse viés, ssubentende-se que esse caráter
reiteratiivo do discursso é visto sob um ângulo ccrítico. No texto, essa escolha lexical enfaatiza os sintag gmas “valorizaar o
precárioo” e “romantizzar o processo'’ e indica quee Mulambô não o recorrerá a um
u discurso quue idealiza os trabalhos braçaais e
subalterrnos, quase sempre produzid dos por aquelees indivíduos que não vivenciam a realidadee das periferiass brasileiras.

b)
Na imag gem do texto I, acompanhad da de título, " queria um pin ncel me deram uma vassouraa'', e da legenda "pintura so obre
vassourra", denuncia-sse a falta de accesso do artistta periférico ao
os materiais necessários para a produção arrtística. A imaggem
do instrrumento de limpeza, do títu ulo e da legen nda são eleme entos verbo-visuais que aboordam de form ma contundentte a
condiçãão do trabalho o subalterno a que está sub bmetida a população negra a. Entende-se que essa condição precáriaa de
trabalhoo explica a esccassez de referências de artisstas negros nass grandes perifferias dos centtros urbanos, abordada
a no teexto
II.
RESPOSTAS ESPERADAS

QUESTÃO 6
a)
Os disppositivos tecno ológicos para o armazenameento de áudio o e vídeo podeem se constituuir suportes in ndispensáveis para
p
atrair o interesse do público, difundir a experiêência cultural dos indígenas em ampla esscala e, sobretudo, preservaar a
acumulação crítica e artística dessses povos. Neesse sentido, a criação de podcasts,
p aud iolivros, filmess, documentárrios,
produçõ ões artísticas so
onoras em mu useus são iniciaativas promisso gistro da oralidaade como traçço constitutivo das
oras para o reg
culturass em questão.

b)
Os ganh hos em nossass relações com o mundo sono oro são integração, sustentabilidade e recoonhecimento de
d tudo o que nos
envolvee. Em contrapaartida, as perdas em nossas relações estrittas com o mundo visual sãoo o isolamento o do indivíduo e a
cisão en
ntre o sujeito e o mundo; de esse isolamentto e dessa cisão resulta a ide n seja da esfera
eia de que tud o aquilo que não
desse suujeito deva serr objeto de dom
minação e connquista.

QUESTÃO 7
a)
A expliccação de Fontenelle continua sendo precoonceituosa, po
orque, para se explicar, ela uusa a expressão “paraibada” ” de
forma ggenérica, assocciando um ato criminoso (ag
gressão do DJ à ex-mulher) ao povo paraibbano. Assim, pa ara ela, fazer algo
a

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REDAÇÃO LÍNGUA PORTUGGUESA E LITERATU URASINTERDISCI PLINARES 2
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errado, ruim, crimino
oso, é fazer “p
paraibada”, in
ndependentem
mente de quem m pratica essa ação errada/rruim/criminosa ser
paraibano ou não.
Uma fo plo: “Essas pesssoas/esses aggressores/esses indivíduos fazzem
orma de desfazer o preconceito poderia sser, por exemp
um pouuquinho de successo e acham que pode(m) tudo”.

b)
A partirr do tweet de Juliette, Chico o César* faz o jogo de pala
avras entre “foorça de expresssão” – modo o de dizer, háb
bito,
maneiraa de falar – e “expressão
“ de força”. Esse jo
ogo de palavra
as se baseia na inversão das ppalavras “força
a” e “expressãão”,
para vaalorizar o term
mo “paraíba”, atribuindo-lhee um sentido positivo.
p Assim
m, para o canttor, “Paraíba” denota um povop
or sua cultura, resiliência, ressistência.
forte po

*Chico César replicou


u o poema de e Titá Moura, aartista, cantor e compositor paraibano. A banca elaboradora da quesstão
reprodu
uziu o post de Chico César se
em indicar a deevida autoria. Lamentamos o equívoco.

QUESTÃO 8
a) Na mmúsica de Emiccida, as Ismália as são o povo o negro/os cincco jovens assasssinados/os pooliciais negros/pessoas pretass de
periferiaa/pessoas pretaas marginalizadas.
Os versos que justificcam essas Ismá álias são: “Cin co vida interro
ompida”, “Mo oleques de ourro e bronze”, “O menino leevou
111”, “ “Quem disparo ou usava farda a (Ismália)”, “A
A desunião do os pretos junto
o à visão sagaaz (Ismália)”, “Quis
“ tocar o céu,
c
mas terrminou no chão o”, “Ter pele escura
e é ser Ism
mália, Ismália”.

b) No p
poema de Alph honsus Guimarraens, Ismália q quer voar e tocar a lua, mas cai no mar. Jáá no rap de Emmicida, a metáffora
do voo,, presente no mito de Ícaro,, simboliza a aascensão/conquista/o sucesso o do povo neggro. Ícaro aconselha o rappeer a
não voaar perto do sol, ou seja, a tomar cuidado/fiicar alerta porq
que esse voo pode
p ser perigooso para sua vida.
v Com isso,, ele
denunccia as dificuldad
des de ascensã ão social enfren
ntadas pelo poovo negro.

QUESTÃO 9
a)
A “regrra dos 14 dias” é um consen nso internacionnal que permitte que embriões humanos seejam cultivado os e estudados em
laborató a 14 dias após a fertilizaçãão. Em maio de 2021, houve
ório somente até e flexibilizaçãoo dessa regra, possibilitando
p que
pesquissadores conduzzam investigaçção em embriõ ões cultivados por mais temp
po do que essee limite. A mud dança pode traazer
avançoss nas pesquisaas sobre o dese
envolvimento eembrionário humano, incluindo uma melhhor compreenssão das causass de
perdas gestacionais e doenças conggênitas.

b)
RESPOSTAS ESPERADAS

A implaantação do em
mbrião ocorre no
n endométrio o do útero, aprroximadamente 1 semana appós a fertilizaçção. A gastrulaação
é a fasse do desenvoolvimento embbrionário duraante a qual sã ão formados os três folhettos embrionárrios – ectoderrme,
mesodeerme e endodeerme, responsááveis pela derivvação de todoss os tecidos e órgãos
ó do orgaanismo.

QUESTÃO 10
0
a)
A adoçãão do documeento é significativa para a h istória, pois marca
m o comprometimento dda comunidade e internacional de
não rep
petir as atrocidades cometidaas durante a Seegunda Guerraa Mundial. O acontecimento
a histórico que motivou a criaação
desse documento foi o Holocausto, marcado pelaa perseguição e extermínio de grupos humaanos que não se encaixavam m no
projeto nazista de afirrmação da sup
perioridade ariaana.

b)
Segund do o documentto, o crime de e genocídio oco orre quando algum
a dos seguintes atos (al ém do assassinato de memb bros
de um g grupo) é identtificado: danoss físicos ou meentais causadoss a membros de
d um grupo; imposição de condições de vidav
que tennham a intençção explícita ded causar a deestruição físicaa de um grupo o; imposição dde medidas co om a intençãoo de
prevenir nascimentoss dentro de um grupo; tran nsferência, à força,
f de crian
nças de um ggrupo para outro grupo. Co omo
exemplo o de crimes dee genocídio officialmente recconhecidos pela ONU e ocorridos após a aadoção do do ocumento podee-se
citar o genocídio emm Ruanda (199 94), onde milh hares de pessooas pertencenttes ao grupo étnico tutsi fooram assassinaadas
pelos hhutu, e também o massaccre de Srebreenica, cidade da ex-Ioguslávia, com a m morte de milh hares de bósnios
muçulm manos em 1995 5, durante a Guerra
G da Bósn
nia.

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