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RELATÓRIO DE CAMPO
SERRA DA MOEDA – CIDADE DE PIEDADE DO PARAOPEBA
RELATÓRIO DE CAMPO
O local escolhido para realização do trabalho de campo foi em parte da Serra da Moeda,
precisamente na estrada de acesso à cidade de Piedade do Paraopeba também no estado de
Minas Gerais. A Serra da Moeda fica localizada no setor oeste do Quadrilátero Ferrífero, no
interior de uma enorme estrutura geológica que é conhecida como Sinclinal Moeda. O
Sinclinal Moeda possui uma área de aproximadamente 470 km², cortando os municípios de
Brumadinho, Nova Lima, Itabirito, Moeda, Belo Vale, Congonhas, Ouro Preto e Rio Acima.
Neste local foram visitados e analisados conjuntamente com a professora responsável pela
disciplina Mônica Pessoa Neves, 7 pontos principais. Em cada um destes pontos, a mesma
dissertou sobre a geologia local e as atividades geológicas e antrópicas que fizeram destes
pontos, referência para se entender a geologia da região estudada.
Através deste tipo de atividade, podemos ter uma melhor visão de todo o conteúdo lecionado
na matéria de geologia, assim também como de suas peculiaridades; já que em contato com o
ambiente externo (campo) é possível absorver e descrever de modo amplo, os aspectos
geológicos existentes na região, analisando os pontos percorridos, e aprendendo a identificar
as rochas e os minerais em sua forma natural. Em um trabalho de campo é possível avaliar os
fenômenos ocorridos nos processos de intemperismos sofridos pelas rochas, afloramentos,
estruturas geológicas e dobras e outros. Além dos livros e artigos estudados ao longo do
período corrente, poder ver como se apresenta as rochas in loco, e as principais características
geológicas que elas apresentam em contato com o restante do planeta; agrega ao estudante
uma maneira nova de interpretação de dados e uma melhor capacidade analítica de um
ambiente geológico e sua relação com o meio.
3.0 METODOLOGIA
Para realização deste trabalho, foram utilizadas duas principais modalidades de pesquisa:
pesquisa Bibliográfica, onde usou-se de livros e artigos publicados para agregar conhecimento
científico sobre o assunto; e a pesquisa de Campo, com foco na observação dos pontos pré-
definidos no local escolhido para realização do mesmo; análise das relações estabelecidas na
região com fatores externos e utilização de materiais de apoio como mapa topográfico dos
pontos e GPS para marcar a localização exata dos locais visitados.
4.0 RESUMO
Quatro unidades estratigráficas do Quadrilátero Ferrífero estão presentes na Serra da Moeda:
o Grupo Nova Lima, pertencente ao Supergrupo Rio das Velhas e os Grupos Caraça e Itabira,
pertencentes ao Supergrupo Minas. Rochas sedimentares química/detríticas e sedimentos,
ambos cenozoicos recobrem discordantemente as demais unidades (Alkmim, 1996). O Grupo
Nova Lima compõe o flanco oeste da Serra da Moeda, e consiste dominantemente de xistos,
clorita xistos, quartzo-clorita xistos, filitos e rochas vulcânicas. Quartzito, dolomito e
formações ferríferas do fácies carbonato também estão presentes mas compreendem uma
pequena parte da litologia dessa unidade. De acordo com Alkmim e Marshak (1998), pode-se
considerar este grupo, na área, como indiviso. Sobrepondo o Grupo Nova Lima em
discordância angular, aparecem conglomerados, quartzitos e filitos do Grupo Caraça, que se
encontra representado na área pelas Formações Moeda e Batatal. A Formação Moeda
constitui as cristas e as escarpas da Serra da Moeda e é predominantemente composta por
quartzitos, quartzitos conglomeráticos e localmente lentes de filito. A espessura da Formação
Moeda varia, no flanco leste do Sinclinal Moeda, de 135 a 180m (Alkmim, 1996; Lazarim,
1999).
Figura 2. Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero (modificada de Chemale Jr. et al., 1994)
5.0 DESENVOLVIMENTO
Foi definido por Dorr et al. (1957) como uma sucessão de micaxistos com leitos, lentes e
zonas de formações ferríferas, grauvacas e subgrauvacas, quartzito, conglomerado, rochas
metavulcânicas, xistos e filitos grafitosos, quartzo-anquerita xisto e outros metassedimentos.
Esses autores atribuem para esse grupo uma espessura não inferior a 4.000 m. Ladeira (1980),
Oliveira et al. (1983), Vieira e Oliveira (1988) e Vieira et al. (1991) subdividiram
informalmente e localmente esse grupo em unidades basal, média e superior. Esta estratigrafia
serviu de base para a subdivisão, em unidades informais, da cartografia do Projeto Rio das
Velhas (1996), onde o Grupo Nova Lima foi assim dividido, da base para o topo, nas
unidades: Ouro Fino, Morro Vermelho, Santa Quitéria, Ribeirão Vermelho (fora da área da
APA SUL RMBH), Mestre Caetano, Córrego do Sítio, Mindá, Catarina Mendes, Fazenda
Velha, Córrego da Paina e Pau d”Óleo. O Complexo Córrego dos Boiadeiros foi caracterizado
como uma seqüência básico-ultrabásica intrusiva nas unidades basais do “greenstone belt”.
O Grupo Nova Lima distribui-se na APA Sul RMBH em três faixas principais: uma a oeste da
serra da Moeda posicionada entre os metassedimentos do Supergrupo Minas e os ortognaisses
do Complexo Bonfim; outra que acompanha o eixo principal do rio das Velhas, balizada a
oeste pela serra da Moeda e a leste pela serra do Espinhaço e a terceira que CPRM - Serviço
Geológico do Brasil Projeto APA Sul RMBH - Estudos do Meio Físico - Geologia 19
acompanha o eixo principal do rio Conceição, limitada ao norte pelos metassedimentos do
Grupo Caraça e ao sul pelos metassedimentos do Grupo Maquiné.
As informações apresentadas neste trabalho para as unidades do Grupo Nova Lima e do
Grupo Maquiné encontram-se de acordo com Zucchetti e Baltazar (1998).
Ladeira (1980) interpreta os sedimentos do Grupo Nova Lima como sendo representativo de
uma seqüência do tipo “greenstone belt” e subdivide o Grupo Nova Lima em três unidades, da
base para o topo:
Segundo Alkmim & Marshak, 1998, apesar das poucas análises geocronológicas disponíveis
para o Supergrupo Rio das Velhas, as idades de 2,776 Ga. e 2,857 Ga. (obtidas pelo método
U/Pb em cristais de zircão e monazita) permitem dizer que o Supergrupo Rio das Velhas
juntamente com as rochas plutônicas representam um típico terreno granito-greenstone do
Arqueano.
Figura 4. Mapa com principais Grupos e Supergrupos da Região
Derby (1906), definiu a Série Minas e desde esta data esta sofreu muitas modificações,
principalmente em função dos novos conhecimentos adquiridos. A Série Minas de Derby hoje
é denominada de Supergrupo Minas e é subdividida da base para o topo nos grupos
Tamanduá, Caraça, Itabira e Piracicaba.
Simmons & Maxwell (1961), definiram o Grupo Tamanduá como sendo representado por um
conjunto de quartzitos, filitos, xistos quartzosos e argilosos, itabiritos filíticos e dolomíticos,
conglomerados e quartzitos grosseiros. Segundo os autores sua localidade tipo situa-se na
Serra do Tamanduá.
Dorr et al. (1957), definiram o Grupo Caraça como sendo constituído pelos quartzito Caraça e
xisto Batatal. Maxwell (1958) passou a chamar o Xisto Batatal por Formação Batatal
enquanto Wallace (1958) redenominou o Quartzito Caraça de Formação Moeda.
Segundo Dorr (1969) e Maxwell (1958), a Formação Batatal é constituída por filitos
sericíticos, grafitosos e localmente esta formação pode apresentar clorita e sedimentos
carbonáticos, sendo que na parte superior pode ser visto finas camadas de chert e hematita.
Pires (1983), observou tanto na parte inferior como na superior da Formação Batatal a
presença de material vulcânico.
Dorr (1969) subdividiu o Grupo Itabira em duas formações, da base para o topo:
Dorr et al. (1957), subdividiriam o Grupo Piracicaba em cinco formações, da base para o
topo:
Guimarães (1931) definiu a Série Itacolomi como uma unidade que repousa discordantemente
sobre os sedimentos da Série Minas. Atualmente esta série é denominada de Grupo Itacolomi
e é representada por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de conglomerado com
seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio, depositados em ambiente litorâneo ou
deltáico (Dorr 1969).
Segundo Alkmim (1987) e Alkmim et al. (1988), o Grupo Itacolomi foi depositado em uma
margem de bacia intra ou epicontinental e estes autores, propõem uma correlação entre os
metassedimentos desse grupo com os da Formação Moeda e do Grupo Tamanduá, compondo
uma mesma unidade faciológica.
6. GEOLOGIA ESTRUTURAL
O segundo evento segundo Alkimim & Marshak (op. cit.), é caracterizado por uma extensão
regional, resultou na arquitetura em domos e quilhas, soergueu o embasamento cristalino ao
mesmo nível crustal que os metassedimentos do supergrupos Rio das Velhas e Minas
(inversão tectônica). Este evento foi responsável pela formação de dobras da xistosidade com
caimento contrário aos domos, clivagem espaçada, dobras e falhas reversas com direção
Leste-Oeste, mudanças na direção de dobras F1, como o Sinclinal Ouro fino, foliações
miloníticas às margens dos complexos metamórficos e gerou o Anticlinal de Mariana e o
“uplift” Rio das Velhas. Foi primeiro observado na porção ocidental do Quadrilátero
Ferrífero, no contato do Complexo Bonfim com o limbo ocidental da Serra da Moeda. É
entendido como um colapso orogenético do evento Transamazônico e seria o responsável pela
deposição dos sedimentos do Grupo Itacolomi.
7. CONCLUSÃO
Através do trabalho de campo realizado no último dia 14, foi possível entender a importância
da região do Quadrilátero Ferrífero para a Geologia Brasileira, devido à enorme riqueza
mineral e geológica presente na área. O mapa apresentado pela professora Mônica Pessoa no
ponto 4, demonstra de maneira bem clara o investimento em tempo e pesquisa investido nessa
região, por se saber o alto valor econômico que ela teve e ainda tem.
John Van Nostrand Dorr, ou como era conhecido Jack Dorr, foi o pioneiro nos estudos da
região do Quadrilátero Ferrífero quando atuava para o Serviço Geológico dos Estados Unidos
entre 1947 e 1962, além de vários mapas geológicos da região, ele é o responsável pela
primeira coluna/empilhamento estratigráfica do Quadrilátero, que trouxe vários benefícios
imediatos relativos à exploração mineral na época, e que ainda hoje é uma das principais
referências geológicas desta região.
O maior diferencial do trabalho realizado neste campo, está mesmo na riqueza geológica
observada a cada uns dos sete pontos visitados, e na importância em que cada um deles
representa na estrutura do Sinclonal Moeda e região. Foi possível visualizar as rochas ígneas
metamorfisadas do Embasamento Cristalino no ponto sete, com grãos de feldspatos visíveis e
o dique intemperizado; como também o Aluvião do ponto dois. O pobre Itabirito Dolomítico
presente na Voçoroca do ponto três; a formação Cauê no ponto quatro, rica em Filito
Carbonítico e Argiloso; e também o Quartizito Metamorfisado do ambiente de transição do
ponto seis, onde foi possível observar a rocha de um lado in situ e de outro, se transformando
em solo, devido ao contato com a água que desce da serra com muita força.
Resumidamente, fez-se neste campo, uma travessia transversalmente do Sinclinal Moeda,
observando todas as formações presentes neste, suas características geológicas e a ação do
metamorfismo nas rochas.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dorr, J.V.N. 1958a. The Cauê Itabirite. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo. v. 7. p.61-
62.
Dorr, J.V.N. 1958b. The Gandarela Formation. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo. v.
7. p.63-64.
Dorr, J.V.N. 1959. Esboço Geológico do Quadrilátero Ferrífero de MG. In: DNPM-USGS.
Publicação Especial 1.
Dorr, J.V.N. 1969. Physiographic stratigraphic and structural development of the Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Washington, DNPM/USGS/ 109p. (Prof. Paper 641-A).
Dorr, J.V.N.; Gair, J.E.; Pomerene, J.B. & Reynearson, G.A. 1957. Revisão da estratigrafia
pré-cambriana do Quadrilátero Ferrífero. Trad. A.L.M. Barbosa. Rio de Janeiro.
DNPM/DFPM. 33p.
http://www.degeo.ufop.br/geobr/artigos/artigos_completos/volume1/silva-gomesqf.pdf
http://www.biodiversitas.org.br/planosdemanejo/pesrm/regiao4a.htm