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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE- UNIBH

ALUNOS: FILIPE, IVAN, JULIANA, ROSILENE, SIBELY

RELATÓRIO DE CAMPO
SERRA DA MOEDA – CIDADE DE PIEDADE DO PARAOPEBA

BELO HORIZONTE, 14 DE NOVEMBRO DE 2015


Alunos: Filipe Lima, Ivan Ferreira, Juliana Vieira, Rosilene Gomes,
Sibely Teixeira

RELATÓRIO DE CAMPO

Relatório de Campo realizado na Serra


da Moeda Cidade de Piedade do
Paraopeba.

BELO HORIZONTE, 14 DE NOVEMBRO DE 2015


1.0 INTRODUÇÃO

Realizou-se no dia 14/11/2015 o trabalho de campo da matéria Fundamentos de Geologia e


Mineralogia, pelos alunos do curso de geografia do centro universitário UNI-BH localizado
na cidade de Belo Horizonte estado de Minas gerais, com o intuito de conhecer a geologia do
Quadrilátero Ferrífero na Serra da Moeda.

O local escolhido para realização do trabalho de campo foi em parte da Serra da Moeda,
precisamente na estrada de acesso à cidade de Piedade do Paraopeba também no estado de
Minas Gerais. A Serra da Moeda fica localizada no setor oeste do Quadrilátero Ferrífero, no
interior de uma enorme estrutura geológica que é conhecida como Sinclinal Moeda. O
Sinclinal Moeda possui uma área de aproximadamente 470 km², cortando os municípios de
Brumadinho, Nova Lima, Itabirito, Moeda, Belo Vale, Congonhas, Ouro Preto e Rio Acima.

Neste local foram visitados e analisados conjuntamente com a professora responsável pela
disciplina Mônica Pessoa Neves, 7 pontos principais. Em cada um destes pontos, a mesma
dissertou sobre a geologia local e as atividades geológicas e antrópicas que fizeram destes
pontos, referência para se entender a geologia da região estudada.

Figura 1. Trilhas consolidadas de passantes e turistas na crista da Serra da Moeda.


2.0 OBJETIVO
O objetivo do trabalho de campo se resume em relacionar o aprendizado adquirido em sala de
aula com atividades práticas, que servirão para agregar valor no que é aprendido na teoria.
Tem-se como principal finalidade elevar o nível do que foi aprendido e aumentar o contato
com a disciplina estudada.

Através deste tipo de atividade, podemos ter uma melhor visão de todo o conteúdo lecionado
na matéria de geologia, assim também como de suas peculiaridades; já que em contato com o
ambiente externo (campo) é possível absorver e descrever de modo amplo, os aspectos
geológicos existentes na região, analisando os pontos percorridos, e aprendendo a identificar
as rochas e os minerais em sua forma natural. Em um trabalho de campo é possível avaliar os
fenômenos ocorridos nos processos de intemperismos sofridos pelas rochas, afloramentos,
estruturas geológicas e dobras e outros. Além dos livros e artigos estudados ao longo do
período corrente, poder ver como se apresenta as rochas in loco, e as principais características
geológicas que elas apresentam em contato com o restante do planeta; agrega ao estudante
uma maneira nova de interpretação de dados e uma melhor capacidade analítica de um
ambiente geológico e sua relação com o meio.

3.0 METODOLOGIA
Para realização deste trabalho, foram utilizadas duas principais modalidades de pesquisa:
pesquisa Bibliográfica, onde usou-se de livros e artigos publicados para agregar conhecimento
científico sobre o assunto; e a pesquisa de Campo, com foco na observação dos pontos pré-
definidos no local escolhido para realização do mesmo; análise das relações estabelecidas na
região com fatores externos e utilização de materiais de apoio como mapa topográfico dos
pontos e GPS para marcar a localização exata dos locais visitados.

A pesquisa como um todo, é uma pesquisa Qualitativa, pois utiliza-se de métodos de


descrição dos locais visitados, de forma a não os quantificar, e os dados obtidos são
analisados de maneira dedutiva, baseando-se na observação dos ambientes estudados, dos
artigos e textos lidos anteriormente à visita de campo, e às aulas lecionadas em sala de aula;
descobrindo através daí a relação estre eles, para enfim chegar a uma conclusão objetiva do
local de estudo e de tudo que o influencia.

4.0 RESUMO
Quatro unidades estratigráficas do Quadrilátero Ferrífero estão presentes na Serra da Moeda:
o Grupo Nova Lima, pertencente ao Supergrupo Rio das Velhas e os Grupos Caraça e Itabira,
pertencentes ao Supergrupo Minas. Rochas sedimentares química/detríticas e sedimentos,
ambos cenozoicos recobrem discordantemente as demais unidades (Alkmim, 1996). O Grupo
Nova Lima compõe o flanco oeste da Serra da Moeda, e consiste dominantemente de xistos,
clorita xistos, quartzo-clorita xistos, filitos e rochas vulcânicas. Quartzito, dolomito e
formações ferríferas do fácies carbonato também estão presentes mas compreendem uma
pequena parte da litologia dessa unidade. De acordo com Alkmim e Marshak (1998), pode-se
considerar este grupo, na área, como indiviso. Sobrepondo o Grupo Nova Lima em
discordância angular, aparecem conglomerados, quartzitos e filitos do Grupo Caraça, que se
encontra representado na área pelas Formações Moeda e Batatal. A Formação Moeda
constitui as cristas e as escarpas da Serra da Moeda e é predominantemente composta por
quartzitos, quartzitos conglomeráticos e localmente lentes de filito. A espessura da Formação
Moeda varia, no flanco leste do Sinclinal Moeda, de 135 a 180m (Alkmim, 1996; Lazarim,
1999).

Figura 2. Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero (modificada de Chemale Jr. et al., 1994)
5.0 DESENVOLVIMENTO

O Sinclinal Moeda pega praticamente toda litoestratigráfia do Quadrilátero Ferrífero e faz


contato com o Complexo Metamórfico Bonfim, em seu lado oeste, e com o Complexo
Metamórfico Bação, em seu lado leste.
Tem aproximadamente 40 km de extenção, e possui um flanco normal, de direção N-S, oeste,
e um flanco inverso, leste, de direção NW-SE, em seu lado norte, que contorna o Complexo
Metamórfico Bação no domínio do lado sul.
Em seu flanco oeste, o Sinclinal Moeda possui caimentos variáveis entre 40°e 50°para leste. E
é cortado por falhas direcionais NW-SE que possuem deslocamentos dextrais e sinistrais e
rejeitos de centenas de metros. Neste flanco, os metassedimentos do Supergrupo Minas
contatam com as rochas do Complexo Metamórfico Bonfim por meio de uma área
intensamente cisalhada, conhecida como Zona de Cisalhamento Moeda-Bonfim, de natureza
dúctil-rúptil e características extensionais. Esta zona de cisalhamento normal é superposta por
uma tectônica reversa de polaridade para oeste (Endo e Nalini 1992; Hippertt et al. 1992;
Jordt-Evangelist et al. 1993; Silva 1999). Geo.br 1 (2001) 1-23 ISSN1519-5708 R.G. Silva,
C.J.S. Gomes.
Fonte: http//:www.degeo.ufop.br/geobr3

Já no flanco leste da megaestrutura registra-se uma forte variação no mergulho da foliação, de


alto ângulo na porção norte a mergulhos médios (entre 40°e 45°) e baixos (até 25°) no
domínio a oeste e sudoeste do Complexo Metamórfico Bação, sempre caindo no sentido leste.
Neste domínio, um espesso pacote do Supergrupo Rio das Velhas, que acunha para sul,
separara o embasamento cristalino dos metassedimentos Minas. Um complexo acervo
estrutural, dúctil-rúptil rúptil-dúctil a rúptil, de características compressivas predomina neste
flanco e aponta para uma deformação com polaridade tectônica de ESE para WNW (Silva
1999).

Figura 3. Mapa geológico-estrutural do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Hashizume 1998). C.M.Bação -


Complexo Metamórfico Bação; C.M.Bonfim - Complexo Metamórfico Bonfim.
5.1 EMBASAMENTO CRISTALINO

O embasamento cristalino é constituído por complexos gnáissicos metamórficos denominados


de Complexo Bonfim e Complexo Moeda (a Oeste da Serra da Moeda), Complexo
Congonhas (a Sudoeste do Quadrilátero Ferrífero), Complexo Santa Rita (a Sudoeste da Serra
de Ouro Branco), Complexo Caeté (a Leste da cidade de Caeté) Complexo de Belo Horizonte
situado ao Norte da Serra do Curral e a Leste da Serra do Caraça Complexo de Santa Bárbara.
O Complexo do Bação encontra-se no centro do Quadrilátero Ferrífero e apresenta um
aspecto dômico.

Estes complexos são constituídos por rochas gnáissicas polideformadas de composição


tonalítica a granítica, e subordinadamente por granitos, granodioritos, anfibolitos e intrusões
máfica a ultramáfica (Herz 1970, Cordani et al. 1980, Ladeira et al. 1983, Teixeira 1982, Jordt
Evangelista & Müller 1986). Estes complexos gnáissicos cujas bordas apresentam-se
cisalhadas, representam porções de um antigo embasamento que foi retrabalhado em eventos
posteriores (Almeida 1978, Cordani et al. 1980, Ladeira et al. 1983, Teixeira 1982, Jordt
Evangelista & Müller 1986).

Análises geocronológicas em amostras de rochas de alguns destes complexos, revelaram


idades de 2,9-3,2 Ga. E também, duas gerações de plútons para o Neoarqueano: 2,78-2,77 Ga.
(plútons cálcio alcalinos) e 2,73-2,62 Ga. (granitos anarogênicos) (Carneiro 1992, Carneiro et
al. 1995)

5.2 COMPLEXO BONFIM

A Serra da Moeda se apresenta com quatro unidades estratigráficas do Quadrilátero Ferrífero:


o Grupo Nova Lima, pertencente ao Supergrupo Rio das Velhas e os Grupos Caraça e Itabira,
pertencentes ao Supergrupo Minas.
Rochas sedimentares química/detríticas e sedimentos, ambos cenozóicos recobrem
discordantemente as demais unidades (Alkmim, 1996). O Grupo Nova Lima compõe o flanco
oeste da Serra da Moeda, e consiste dominantemente de xistos, clorita xistos, quartzo-clorita
xistos, filitos e rochas vulcânicas. Quartzito, dolomito e formações ferríferas do fácies
carbonato também estão presentes mas compreendem uma pequena parte da litologia dessa
unidade. De acordo com Alkmim e Marshak (1998), pode-se considerar este grupo, na área,
como indiviso. Sobrepondo o Grupo Nova Lima em discordância angular, aparecem
conglomerados, quartzitos e filitos do Grupo Caraça, que se encontra representado na área
pelas Formações Moeda e Batatal.
A Formação Moeda constitui as cristas e as escarpas da Serra da Moeda e é
predominantemente composta por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e localmente lentes
de filito. A espessura da Formação Moeda varia, no flanco leste do Sinclinal Moeda, de 135 a
180m (Alkmim, 1996; Lazarim, 1999). A Formação Batatal, constituída por filitos puros que
se apresentam morfologicamente nos altos topográficos, é sustentada pela camada de
quartzitos da Formação Moeda. Sobrepõe concordantemente a Formação Moeda e mostra
uma passagem gradacional para a Formação Cauê imediatamente sobreposta. O Grupo Itabira
apresenta duas formações: a Formação Cauê na base e a Formação Gandarela no topo.
A Formação Cauê é uma formação ferrífera da fácies óxido, composta por itabiritos e
hematitas. Está sobreposta à Formação Batatal em contato gradacional e sotoposta à
Formação Gandarela, também, em contato gradacional. O itabirito é predominantemente
hematítico, ocorrendo itabiritos martíticos em menor quantidade e itabirito magnetítico não
mensurável. Apresenta-se sob a forma de rocha bandada com bandamentos geralmente bem
desenvolvidos de hematita, intercalados com bandamentos silicosos ou argilosos. Essa rocha é
geralmente laminada e metamorfisada, com uma origem sedimentar atestada por intercalações
de bandamentos. Próximo ao contato com a Formação Batatal o itabirito Cauê é argilioso,
passando a silicoso e tendendo a dolomítico quando próximo a Formação Gandarela.
Sobreposta a Formação Cauê, a Formação Gandarela tem composição predominantemente
dolomítica, variando em metadolomito, itabirito dolomítico, filito e filito dolomítico.
Constitui o topo do Grupo Itabira e encontra-se bastante intemperizada, sendo os afloramentos
praticamente inexistentes. Depósitos de coberturas Cenozóicas recobrem em discordância os
litótipos descritos anteriormente, sendo constituídos por canga, argila terciária e colúvio
vermelho. As cangas, segundo Alkmim (1996) estão relacionadas à presença da Formação
Cauê e, em geral, demarcam os pontos culminantes da porção setentrional do Platô Moeda.
Ocorrem dois tipos de canga: a superficial, de estrutura complexa que recobre
discordantemente os itabiritos, e a estrutural que representa a laterização in situ dos itabiritos,
resguardando a estrutura original da rocha. As argilas ocorrem em corpos localizados, com
coloração branca a rósea. Alkmim (1996) atribui uma origem lacustrina para esses depósitos.
O colúvio vermelho é formado por um pacote de sedimentos inconsolidados de origem
coluvial e composição essencialmente siltosa. Em algumas porções este material é composto
por fragmentos centimétricos a decimétricos de hematita compacta, itabiritos e mais
raramente cangas. Possui espessura de até dezenas de metros e uma estrutura que varia de
inconsolidada a parcialmente cimentada por óxidos e hidróxidos de ferro. (Fonte:
http://www.biodiversitas.org.br/planosdemanejo/pesrm/regiao4a.htm)

5.3 GRUPO NOVA LIMA

Foi definido por Dorr et al. (1957) como uma sucessão de micaxistos com leitos, lentes e
zonas de formações ferríferas, grauvacas e subgrauvacas, quartzito, conglomerado, rochas
metavulcânicas, xistos e filitos grafitosos, quartzo-anquerita xisto e outros metassedimentos.
Esses autores atribuem para esse grupo uma espessura não inferior a 4.000 m. Ladeira (1980),
Oliveira et al. (1983), Vieira e Oliveira (1988) e Vieira et al. (1991) subdividiram
informalmente e localmente esse grupo em unidades basal, média e superior. Esta estratigrafia
serviu de base para a subdivisão, em unidades informais, da cartografia do Projeto Rio das
Velhas (1996), onde o Grupo Nova Lima foi assim dividido, da base para o topo, nas
unidades: Ouro Fino, Morro Vermelho, Santa Quitéria, Ribeirão Vermelho (fora da área da
APA SUL RMBH), Mestre Caetano, Córrego do Sítio, Mindá, Catarina Mendes, Fazenda
Velha, Córrego da Paina e Pau d”Óleo. O Complexo Córrego dos Boiadeiros foi caracterizado
como uma seqüência básico-ultrabásica intrusiva nas unidades basais do “greenstone belt”.

O Grupo Nova Lima distribui-se na APA Sul RMBH em três faixas principais: uma a oeste da
serra da Moeda posicionada entre os metassedimentos do Supergrupo Minas e os ortognaisses
do Complexo Bonfim; outra que acompanha o eixo principal do rio das Velhas, balizada a
oeste pela serra da Moeda e a leste pela serra do Espinhaço e a terceira que CPRM - Serviço
Geológico do Brasil Projeto APA Sul RMBH - Estudos do Meio Físico - Geologia 19
acompanha o eixo principal do rio Conceição, limitada ao norte pelos metassedimentos do
Grupo Caraça e ao sul pelos metassedimentos do Grupo Maquiné.
As informações apresentadas neste trabalho para as unidades do Grupo Nova Lima e do
Grupo Maquiné encontram-se de acordo com Zucchetti e Baltazar (1998).

5.4 SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS

Dorr et al. 1957 denomina as rochas metavulcânicas e metassedimentares anteriormente


denominadas por Derby (1906) de Série Minas por Série Rio das Velhas e, com base em uma
discordância pouco expressiva, subdivide esta série em dois grupos (Nova Lima (base) e
Maquiné (topo)). Trabalhos mais atuais substituem o termo Série por Supergrupo.

Dorr (1969)subdivide o Grupo Maquiné em duas formações:

 Formação Palmital (base); constituída por quartzitos sericíticos, filitos quartzosos e


filitos. O contato desta formação com o Grupo Nova Lima apresenta-se ora
discordante ora concordante e ora gradacional:
 Formação Casa Forte; originalmente definida por Gair (1962), é constituída por
quartzitos sericíticos, cloríticos a xistosos e filitos. O contato desta formação com a
Formação Palmital é gradacional e marcado por uma camada de conglomerado.

Ladeira (1980) interpreta os sedimentos do Grupo Nova Lima como sendo representativo de
uma seqüência do tipo “greenstone belt” e subdivide o Grupo Nova Lima em três unidades, da
base para o topo:

 Unidade Metavulcânica; composta por serpentinitos, esteatitos, talco-xistos,


anfibolitos metamorfisados, metabasaltos e metatufos, além de komatiítos com
estrutura spinifex:
 Unidade Metassedimentar Química; representada por xistos carbonáticos, metacherts,
formações ferríferas bandadas e filitos:
 Unidade Metassedimentar Clástica; representada por quartzo-xistos, quartzo filitos,
quartzitos impuros e metaconglomerados.

Segundo Alkmim & Marshak, 1998, apesar das poucas análises geocronológicas disponíveis
para o Supergrupo Rio das Velhas, as idades de 2,776 Ga. e 2,857 Ga. (obtidas pelo método
U/Pb em cristais de zircão e monazita) permitem dizer que o Supergrupo Rio das Velhas
juntamente com as rochas plutônicas representam um típico terreno granito-greenstone do
Arqueano.
Figura 4. Mapa com principais Grupos e Supergrupos da Região

5.5 GRUPO ITABIRA

O Grupo Itabira, onde estão os itabiritos, é uma seqüência predominantemente marinha de


ambiente raso a profundo, depositada sobre a seqüência clástica progradante do Grupo Caraça
(~2600 Ma a 2520 Ma - Romano 1989, Renger et al. 1994, Noce, 1995; Machado et al. 1996,)
que apresenta, da base para o topo, conglomerados, quartzitos e metapelitos. A fase marinha
iniciou-se com os filitos carbonosos, sericita – filitos e filitos dolomíticos que passam
lateralmente e para o topo, de forma gradativa, a hematita – filitos, itabiritos e dolomitos.
Renger et al. (1994) propõem para o limite superior do Grupo Caraça o aparecimento de
filitos carbonáticos interpretando-os como início da sedimentação química, e representam,
conseqüentemente, uma mudança nas condições de sedimentação da bacia, de modo a
permitir a deposição da seção inferior do Grupo Itabira.
Embora o Grupo Itabira seja dividido em uma unidade inferior, a Formação Cauê onde
predominam itabiritos e uma superior, a Formação Gandarela com rochas carbonáticas
(dolomitos e mármores dolomíticos e calcíticos), filitos e formações ferríferas bandadas,
não existe uma nítida separação entre elas. Ao invés disso dolomitos e itabiritos ocorrem
intercalados tanto vertical como lateralmente (Pires 1995) e o contato entre as litologias é
freqüentemente brusco.

5.6 SUPERGRUPO MINAS

Derby (1906), definiu a Série Minas e desde esta data esta sofreu muitas modificações,
principalmente em função dos novos conhecimentos adquiridos. A Série Minas de Derby hoje
é denominada de Supergrupo Minas e é subdividida da base para o topo nos grupos
Tamanduá, Caraça, Itabira e Piracicaba.

Simmons & Maxwell (1961), definiram o Grupo Tamanduá como sendo representado por um
conjunto de quartzitos, filitos, xistos quartzosos e argilosos, itabiritos filíticos e dolomíticos,
conglomerados e quartzitos grosseiros. Segundo os autores sua localidade tipo situa-se na
Serra do Tamanduá.

Dorr et al. (1957), definiram o Grupo Caraça como sendo constituído pelos quartzito Caraça e
xisto Batatal. Maxwell (1958) passou a chamar o Xisto Batatal por Formação Batatal
enquanto Wallace (1958) redenominou o Quartzito Caraça de Formação Moeda.

Segundo Villaça (1981), a Formação Moeda seria representada por conglomerados e


quartzitos grosseriros de origem fluvial e quartzitos finos e filitos de origem transicional-
marinha.

Segundo Moraes (1985), os depósitos de filitos da Formação Moeda, itabiritos da Formação


Cauê e os carbonatos da Formação Gandarela foram originadas a partir de um evento
transgressivo e estes sedimentos podem ser associados às fácies distais da Formação Moeda.

Segundo Dorr (1969) e Maxwell (1958), a Formação Batatal é constituída por filitos
sericíticos, grafitosos e localmente esta formação pode apresentar clorita e sedimentos
carbonáticos, sendo que na parte superior pode ser visto finas camadas de chert e hematita.
Pires (1983), observou tanto na parte inferior como na superior da Formação Batatal a
presença de material vulcânico.

Dorr (1969) subdividiu o Grupo Itabira em duas formações, da base para o topo:

 Formação Cauê: representada predominantemente por uma formação ferrífera do tipo


lago superior e subordinadamente por itabiritos dolomíticos e anfibolíticos com
pequenas lentes de filitos e margas e alguns horizontes manganesíferos.
 Formação Gandarela: foi definida inicialmente por Dorr (1958) como sendo
constituída por camadas de rochas carbonáticas representadas principalmente por
dolomitos e subordinadamente por itabiritos, filitos dolomíticos e filitos. O contato
com a formação inferior, quando observável é de natureza discordante com caráter
erosivo.

Dorr et al. (1957), subdividiriam o Grupo Piracicaba em cinco formações, da base para o
topo:

 Formação Cercadinho: representada por quartzito ferruginoso, filito ferruginoso, filito,


quartzito e pequenas intercalações de dolomito;
 Formação Fecho do Funil: representada por filito dolomítico, filitos e dolomitos
impuros;
 Formação Taboões: representada por quartzito fino e maciço;
 Formação Barreiro: representada por filito e filito grafitoso;
 Formação Sabará: representada por filito, clorita-xisto, grauvacas e localmente tufos e
cherts.

Segundo Moraes (1985), a Formação Cercadinho representa um depósito do tipo deltáico


originado a partir de uma seqüência regressiva interrompida por uma fase transgressiva
responsável pelos filitos dolomíticos da Formação Fecho do Funil e filitos grafitosos da
Formação Barreiro.
Figura 5. Mapa Geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero (Dorr1969)

5.7 GRUPO ITACOLOMI

Guimarães (1931) definiu a Série Itacolomi como uma unidade que repousa discordantemente
sobre os sedimentos da Série Minas. Atualmente esta série é denominada de Grupo Itacolomi
e é representada por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de conglomerado com
seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio, depositados em ambiente litorâneo ou
deltáico (Dorr 1969).

Segundo Glockner (1981), o Grupo Itacolomi representa um bloco tectonicamente alóctone de


posição estratigráfica incerta.

Segundo Alkmim (1987) e Alkmim et al. (1988), o Grupo Itacolomi foi depositado em uma
margem de bacia intra ou epicontinental e estes autores, propõem uma correlação entre os
metassedimentos desse grupo com os da Formação Moeda e do Grupo Tamanduá, compondo
uma mesma unidade faciológica.

6. GEOLOGIA ESTRUTURAL

As principais estruturas do Quadrilátero Ferrífero estão representadas por: Arqueamento Rio


das Velhas o qual compreende o distrito aurífero de Nova Lima; Serra do Curral, Sistema de
Falha do Fundão/Engenho e pelos Sinclinais Moeda, Dom Bosco, Gandarela, Vargem do
Lima, Santa Rita e Ouro Fino e o sinclinório de Itabira. Estas estruturas constituem o
arcabouço estrutural do Quadrilátero Ferrífero (Endo, 1988).
Alkimim & Marshak (1998) com base em dados geocronológicos e relações de campo
propuseram quatro eventos responsáveis pela formação dos três conjuntos de estruturas
identificadas por eles no Quadrilátero Ferrífero.

Segundo os autores, o primeiro evento apresentam estruturas com direção NE e produziu


zonas de cisalhamento e dobras em escala regional a ele associa-se um metamorfismo
progressivo regional. São reconhecidas, como estruturas deste evento, dobras oarasíticas
alojadas em limbos de dobras regionais, xistosidade de direção SW-NE com mergulho para
SE e lineação mineral com caimento para SE. Este evento foi observado na Serra do Curral,
porção noroeste do Quadrilátero Ferrífero e está relacionado a uma compressão responsável
pelo desenvolvimento de um cinturão de dobras e falhas com vergência para noroeste. Este
cinturão de dobras e falhas seria o resultado da Orogênese Transamazônica, responsável pela
colagem continental.

O segundo evento segundo Alkimim & Marshak (op. cit.), é caracterizado por uma extensão
regional, resultou na arquitetura em domos e quilhas, soergueu o embasamento cristalino ao
mesmo nível crustal que os metassedimentos do supergrupos Rio das Velhas e Minas
(inversão tectônica). Este evento foi responsável pela formação de dobras da xistosidade com
caimento contrário aos domos, clivagem espaçada, dobras e falhas reversas com direção
Leste-Oeste, mudanças na direção de dobras F1, como o Sinclinal Ouro fino, foliações
miloníticas às margens dos complexos metamórficos e gerou o Anticlinal de Mariana e o
“uplift” Rio das Velhas. Foi primeiro observado na porção ocidental do Quadrilátero
Ferrífero, no contato do Complexo Bonfim com o limbo ocidental da Serra da Moeda. É
entendido como um colapso orogenético do evento Transamazônico e seria o responsável pela
deposição dos sedimentos do Grupo Itacolomi.

O terceiro evento de natureza extensional, seria o responsável pela abertura da Bacia do


Espinhaço e pela intrusão dos diques de diabásio que cortam as rochas do Quadrilátero
Ferrífero (Alkimim & Marshak 1998).

O quarto evento apresenta natureza compressional, estruturas com direção Norte-Sul,


megadobras vergentes para Oeste, mesodobras, foliações e lineações. É bem caracterizado na
borda leste do Quadrilátero Ferrífero e apresenta direções das estruturas semelhantes ao
sistema de cavalgamento Espinhaço. A este evento está associado um metamorfismo
progressivo regional na fácies xisto-verde médio e um cinturão de dobras e falhas vergentes
para Oeste. Este evento é denominado de Orogênese Brasiliana ou Pan-Africana e foi
responsável pela formação do Supercontinente Gondwana, implicando em um evento de
colagem continental.

7. CONCLUSÃO

Através do trabalho de campo realizado no último dia 14, foi possível entender a importância
da região do Quadrilátero Ferrífero para a Geologia Brasileira, devido à enorme riqueza
mineral e geológica presente na área. O mapa apresentado pela professora Mônica Pessoa no
ponto 4, demonstra de maneira bem clara o investimento em tempo e pesquisa investido nessa
região, por se saber o alto valor econômico que ela teve e ainda tem.
John Van Nostrand Dorr, ou como era conhecido Jack Dorr, foi o pioneiro nos estudos da
região do Quadrilátero Ferrífero quando atuava para o Serviço Geológico dos Estados Unidos
entre 1947 e 1962, além de vários mapas geológicos da região, ele é o responsável pela
primeira coluna/empilhamento estratigráfica do Quadrilátero, que trouxe vários benefícios
imediatos relativos à exploração mineral na época, e que ainda hoje é uma das principais
referências geológicas desta região.
O maior diferencial do trabalho realizado neste campo, está mesmo na riqueza geológica
observada a cada uns dos sete pontos visitados, e na importância em que cada um deles
representa na estrutura do Sinclonal Moeda e região. Foi possível visualizar as rochas ígneas
metamorfisadas do Embasamento Cristalino no ponto sete, com grãos de feldspatos visíveis e
o dique intemperizado; como também o Aluvião do ponto dois. O pobre Itabirito Dolomítico
presente na Voçoroca do ponto três; a formação Cauê no ponto quatro, rica em Filito
Carbonítico e Argiloso; e também o Quartizito Metamorfisado do ambiente de transição do
ponto seis, onde foi possível observar a rocha de um lado in situ e de outro, se transformando
em solo, devido ao contato com a água que desce da serra com muita força.
Resumidamente, fez-se neste campo, uma travessia transversalmente do Sinclinal Moeda,
observando todas as formações presentes neste, suas características geológicas e a ação do
metamorfismo nas rochas.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Dorr, J.V.N. 1958a. The Cauê Itabirite. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo. v. 7. p.61-
62.

Dorr, J.V.N. 1958b. The Gandarela Formation. In: SBG, Bol. Soc. Bras. Geoc. São Paulo. v.
7. p.63-64.

Dorr, J.V.N. 1959. Esboço Geológico do Quadrilátero Ferrífero de MG. In: DNPM-USGS.
Publicação Especial 1.

Dorr, J.V.N. 1969. Physiographic stratigraphic and structural development of the Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Washington, DNPM/USGS/ 109p. (Prof. Paper 641-A).

Dorr, J.V.N.; Gair, J.E.; Pomerene, J.B. & Reynearson, G.A. 1957. Revisão da estratigrafia
pré-cambriana do Quadrilátero Ferrífero. Trad. A.L.M. Barbosa. Rio de Janeiro.
DNPM/DFPM. 33p.

http://www.degeo.ufop.br/geobr/artigos/artigos_completos/volume1/silva-gomesqf.pdf

http://www.biodiversitas.org.br/planosdemanejo/pesrm/regiao4a.htm

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