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L. S. SOUSA1*, V. L. CARDOSO1, M. H. M.

REIS1
1
Universidade Federal de Uberlândia, Departamento de Engenharia Química
*
e-mail: sousa.larissa@yahoo.com.br

RESUMO

1 INTRODUÇÃO

O chá verde é tradicionalmente utilizado de forma medicinal devido ao fato de conter


bioprodutos com auto pode aintioxidante e capaz de prevenir e até mesmo curar algumas doenças
como o câncer (YE et. al., 2014; NAGAO, HASE, TOKIMITSU 2007).
O sabor e o gosto do chá dependem da constituição química, porém é difícil ilustrar essa
composição. Há diversos componentes indispensáveis que garantem a textura e o sabor do chá,
incluindo as catequinas, proteínas, aminoácidos, açúcares, polissacarídeos, lipídios, cafeína,
minerais, dentre outros (JIANG et. al., 2015). O bioproduto responsável pelos benefícios na saúde
humana são as catequinas, classe de polifenóis de baixo peso molecular. As catequinas mais
encontradas são: galato de (-)- epigalo catequina (EGCG), catequina (C), (-)-epicatequina (EC), (-)-
epigalo catequina (EGC) (JIANG et. al., 2015; NAGAO, HASE, TOKIMITSU 2007).
Estudos recentes mostraram que a ingestão de 375 mg/d de catequinas, auxilia na diminuição
na circunferência abdominal. Outro estudo mostrou que ingerindo 690 mg/d de catequinas há uma
redução de peso corporal (NAGAO, HASE TOKIMITSU 2007).
O chá verde após a infusão é considerado uma bebida instável devido a presença de proteínas,
aminoácidos, pectina, etc. Estes compostos começam a formar estruturas complexas, com as
catequinas, que com o tempo vão se tornando mais fortes e insolúveis. Este fenômeno ocorre por
volta de temperaturas de 4ºC e é conhecido como tea cream. A maior parte dos componentes
presentes no tea cream são os polifenois (catequinas) cafeína e proteínas (RAO et. al., 2011).
Diversos métodos já foram utilizados para impedir a formação do “tea cream” como:
centrifugação/filtração, seguida de ajustes na temperatura e do uso de substâncias químicas como
enzimas. Empregando esta técnica de separação, a parte sensorial e nutricional da bebida é
comprometida. O uso de membranas pode superar essas desvantagens e por causa disso, esta técnica
é amplamente aplicada para a clarificação de sucos de frutas (CHANDINI, RAO,
SUBRAMANIAN, 2013; RAO et. al., 2011). A clarificação do extrato do chá verde é necessária
para reduzir sedimentos e é considerado um processo eficiente para o processo de concentração
(KAWAKATSU et al., 1995).
Além de remover os sólidos que causam instabilidade ao chá verde, é interessante que se faça
a concentração das catequinas especialmente a EGCG, uma vez que ela é a catequina com maior
atividade biológica. O EGCG pode ser sintetizado quimicamente mas não é aceito pelas indústrias
alimentícias nem para aplicações medicinais já que apresenta resíduos químicos que podem ser
prejudiciais a saúde humana (YE et. al., 2014).
Geralmente, solventes orgânicos como metanol e acetonitrila são usados para extrair as
catequinas presentes no chá verde. Este método se mostra eficiente apenas para medir as
concentrações da mesma, porém para estudar o consumo humano destes bioprodutos estes solventes
não devem ser usados, uma vez que, mesmo realizando um processo de destilação, sempre há
resquícios do solvente no produto final (KUMAR, THAKUR, DE 2012; UZUNALIC et. al., 2006;
YOSHIDA, KISO, GOTO 1999). As condições de extração como a razão entre solvente – soluto,
temperatura e tempo influenciam no processo de extração (CHANDINI, RAO, SUBRAMANIAN,
2011).
O processo de filtração utilizando membranas, além de reter materiais particulados e
coloidais, podem incluir também constituintes dissolvidos dependendo da porosidade da membrana
(BARBOSA, 2009). Os processos de separação com membrana, como a microfiltração e a
ultrafiltração, são utilizados como métodos alternativos de conservação de bebidas. Nestes
processos, não ocorre mudança de fase e não é utilizada nenhuma fonte de calor, dessa forma as
características sensoriais e nutricionais dos produtos são mantidas (CARNEIRO et al., 2000).
A microfiltração (MF) é o processo de separação com membranas mais próximo da filtração
clássica. O diâmetro dos poros dessas membranas está na faixa de 0,1 e 10 µm. Como elas são
relativamente abertas, as pressões empregadas são pequenas, não costuma passar de 1 bar
(HABERT, 2006).
A ultrafiltração (UF) representa um típico processo de separação de membrana, cuja
seletividade molecular permite alcançar, com um consumo mínimo de energia, um considerável
nível de clarificação, com um efeito de estabilização. Estas características importantes de
ultrafiltração foram observadas na clarificação e estabilização de muitos alimentos como suco de
fruta e vinho. O chá deve ser ultrafiltrado usando membranas de peso molecular de corte de 40
KDa. Este valor foi considerado como o mais apropriado para reter as proteínas de membrana como
já experimentadas na estabilização do vinho (TODISCO, TALLARICO, GUPTA 2002).
Este trabalho tem como objetivo, clarificar o chá verde e concentrar os compostos fenólicos
presentes no mesmo utilizando membranas de ultrafiltração.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Reagentes
Todos os solventes e reagentes que foram usados eram analiticamente puros. O reagente
Folin-Ciocalteu foi adquirido da Merck, o ácido gálico, e o carbonato de sódio (Na2CO3) da Vetec.
Os padrões: : galato de (-)- epigalo catequina (EGCG), catequina (C), (-)-epicatequina (EC), (-)-
epigalo catequina (EGC) e cafeína foram adquiridos da Sigma Chemical Co. O cilindro de
nitrogênio foi adquirido da White Martins.

2.2 Folhas de chá verde


As folhas já processadas do chá verde foram adquiridas em um estabelecimento comercial da
cidade de Uberlândia (MG).

2.3 Equipamentos
As medidas de absorção foram feitas no espectrofotômetro UVmini – 1240 Shimadzu. Para
realizar as microfiltrações, foi utilizado um módulo tipo batelada como mostrado na Figura x. Para
a ultrafiltração, foi utilizado o equipamento inspector minos. Cromatografia líquida de alta
eficiência (HPLC) da Shimatzu . A estufa usada é da Med Clave modelo 4.
2.4 Membranas
As membranas utilizadas na microfiltração foram planas de éster de celulose, uma com 0,8 μm,
outras com 0,3 µm outra com 0,22 μm de diâmetro de poro, ambas com 90 mm de diâmetro, da
marca Milipore. Para os processos de filtração foi usado um sistema tipo batelada conectado a um
cilindro de nitrogênio como mostrado na figura 1.
Para a ultrafiltração, foram utilizadas membranas de 5, 10 20 e 30 KDa de poliestersulfona
adquiridas da Microdyn Nadir.

2.5 Preparação da amostra


Testes foram realizados para encontrar a temperatura e tempo de infusão ideal para extração
das catequinas. Basicamente foram pesados 100 g de folhas de chá verde para 1 litro de água, essa
mistura foi colocada em banho térmico e de tempos em tempos amostras eram coletadas para medir
a concentração de catequinas. Quando estas passaram a ser constantes, a infusão foi encerrada.

2.6 Determinação dos fenólicos totais


A determinação do teor de catequinas totais presentes no chá verde foi feita por meio da
metodologia usada por KUMAR, THAKUR, DE (2012), ou seja, espectroscopia na região do
visível utilizando o método de Folin–Ciocalteu.
A curva de calibração foi construída com dez concentrações conhecidas de ácido gálico
variando de 0,4 mg/L a 4,0 mg/L.
Para medidas do teor de catequinas no chá verde tomou-se uma amostra de 0,05 ml que foi
adicionado em um béquer. Neste béquer, 0,2 ml da solução de Folin-Ciocalteu foi adicionada,
depois de passados dois minutos, 2 mL da solução de Na2CO3 a 10% foi adicionada. A adição dessa
solução de Na2CO3 foi considerada o tempo zero. O volume total da solução foi ajustado para 4 mL
usando água destilada. Após uma hora, os valores de absorbância foram medidos a uma frequência
de 760 nm usando o espectofotômetro UVmini – 1240 Shimadzu.

2.7 Determinação dos fenólicos totais – HPLC


Para análise no HPLC foi utilizada a coluna Discovery HS C18, 5 µm de dimensão 25 cm
por 4,6 mm adquirida da Supelco, foi utilizada uma vazão de 1,0 ml/min, temperatura de 30ºC,
comprimento de onda de 270 nm e foi injetado um volume de 20 µl de amostra. A fase móvel
utilizada foi: metanol/água/ácido ortofosfórico na proporção de 20/79,9/0,1 respectivamente.

2.6 O processo de microfiltração


A solução de chá verde recém preparada, foi microfiltrada em três membranas de éster de
celulose de porosidade diferente, a primeira com porosidade 0,8 µm, a segunda com porosidade 0,3
µm e a terceira com porosidade 0,22 µm durante 60 minutos, a uma pressão de 0,7 bar. Como a
capacidade total do vaso para a filtração era de 500 ml, um volume inicial de chá verde de 300 ml
foi utilizado em cada experimento. A pressão de operação foi monitorada utilizando o manômetro
mostrado na Figura 1, e a válvula contida neste mesmo manômetro foi utilizada para controlar a
pressão dentro do módulo.
Figura 1 – Esquema Utilizado para o Processo de Microfiltração

2.7. O processo de ultrafiltração


A ultrafiltração foi realizada utilizando o equipamento Inspector Minos como mostrado na
Figura 2. No computador conectado ao equipamento, foi feito um programa no qual definiu-se a
pressão de operação em 6 bar. Um volume de 300 ml do permeado da microfiltração foram
utilizados para os testes. Todos os experimentos foram realizados com reciclo total. Este
equipamento foi utilizado, pois independente da perturbação que ocorra no sistema, ele sempre
volta para o set point. Para a ultrafiltração convencional o esquema utilizado é este igual ao da
Figura 2, para a ultrafiltração com ultrassom o módulo contendo a membrana foi colocado dentro de
uma sonicador.

Figura 2 – Esquema Utilizado para o Processo de Ultrafiltração

Como pode ser observado na figura acima, a solução de chá verde passa pelo Inspector
Minos e alimenta o módulo que contém a membrana, parte da alimentação é recirculada e outra
parte é permeada. O permeado passa novamente pelo Inspector Minos e em seguida é coletado. As
membranas utilizadas para estes experimentos foras as de 5, 10, 20 e 30 KDa.

2.8. Cálculo da resistência das membranas de ultrafiltração


As resistências foram calculadas de acordo com o Modelo de Resistências em Série, como
adaptado de Schafer et al. (2005) (Domingues et al. 2012). Todas as ultrafiltrações foram realizadas
a 6 bar de pressão.
A resistência hidráulica da membrana, RM, foi calculada de acordo com a Equação (1)
realizando a filtração de água destilada em membranas limpas.
(1)
em que Ji é o fluxo de água destilada filtrada em membranas limpas.
Após a filtração do ché verde, as resistências devido ao entupimento dos poros e formação
de torta, Rp e Rc respectivamente, foram calculadas utilizando a Equação (2). Água destilada foi
filtrada pelas membranas sujas até que se obteve a estabilização do fluxo

(2)

sendo que Jf denota o fluxo estabilizado de água destilada obtido com a membrana suja.
Em seguida, fez-se a limpeza física da membrana. Para isso, utilizou-se com cuidado, uma
esponja culinária para limpeza da mesma em água corrente. Desta forma, removeu-se a camada de
torta formada na superfície da membrana e apenas os contaminantes que entupiram os poros
permaneceram. Feito isso, mediu-se novamente o fluxo de água destilada. A este fluxo foi
associado o termo Rp, que foi calculado conforme apresentado na Equação (3).

(3)

em que Jf1 denota o fluxo permeado de água destilada após a limpeza física da membrana.
A resistência devido a formação de torta foi calculada substituindo a Equação (3) na
Equação (2).
Finalmente, a resistência total, RT, foi calculada utilizando a Equação (4).

(4)

2.8 Mecanismo de fouling das membranas


Nos processos de filtração utilizando membranas, o fluxo é um parâmetro limitante, pois, a
partir do seu comportamento será possível predizer qual tipo de fenômeno está ocorrendo para que
haja o decaimento do mesmo em função do tempo.
Analisou-se a ocorrência de fouling nos testes realizados aplicando o modelo desenvolvido
por Hermia (1982). Este modelo é semi empírico e tem a vantagem de apresentar parâmetros com
significado físico.
A equação utilizada é a Equação (5), porém, para cada valor de “n” o fouling será causado
por mecanismos diferentes. O autor mostrou que para a formação de torta (n=0), a Equação (6) deve
ser aplicada:

(6)

Para o bloqueio parcial dos poros (n=1), a Equação (7) deve ser usada:

(7)

No bloqueio interno dos poros (n=1,5), a Equação 8 foi apresentada:


( )
(8)

O autor propôs a Equação (9) para o bloqueio total dos poros (n=2):

( )
(9)

Estas equações podem ser integradas e linearizadas conforme apresentado na Tabela 1 (Salahi et al.,
2010).

Tabela 1. Equações características para cada tipo de entupimento


Modelo Mecanismo de fouling
Bloqueio completo dos poros
⁄ ⁄ Bloqueio padrão dos poros
⁄ ⁄ Bloqueio intermediário dos poros
⁄ ⁄ Formação de torta

A modelagem do processo foi realizada por equações geradas no software Microsoft Excel.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A curva de calibração obtida para calcular os fenólicos totais existentes em cada amostra
analisada, apresentou a seguinte equação de reta y = 0,0051x em que y é a concentração de ácido
gálico e x é a absorbância, com coeficiente de correlação 0,998.
Para se verificar o efeito da temperatura de infusão sobre a concentração das catequinas totais,
testes foram realizados em diferentes temperaturas que variaram de 45°C a 80°C. A concentração
de fenólicos aumentou com o aumento da temperatura até 75°C. Ao atingir 80°C observa-se um
decaimento de 22,67% na concentração de fenólicos totais, como observado na Tabela 2. Perva-
uzunalic et al. (2006) observaram uma queda de 27,37% na eficiência da extração para temperaturas
maiores que 80°C. De acordo com TEREFE, et al., (2015) as catequinas começam a se decompor
em temperaturas iguais ou superiores a 80°C, por isso foi detectado este decaimento e dessa forma,
a temperatura de infusão escolhida foi a de 75°C. O tempo de infusão das folhas de chá verde
utilizado durante o experimento foi de 60 minutos, pois é a partir deste tempo que se observa uma
constância na concentração dos fenólicos. Para temperaturas inferiores a 45ºC, a concentração de
fenólicos foi nula.

Tabela 2. Concentração de fenólicos em função da temperatura de extração.


Temperatura de Infusão (°C) Concentração de fenólicos (mg.Ag/L)
45 1174,40
50 1184,67
55 1288,56
60 1335,60
65 1372,56
70 1402,98
75 1598,09
80 1235,77

Membranas de ultrafiltração não devem ser alimentadas com soluções que apresentem sólidos
dissolvidos/suspensos de grande dimensão, visto isso, a microfiltração foi realizada como um pré-
tratamento para a ultrafiltração visando clarificar o meio sem comprometer a concentração de
fenólicos. Dessa forma, os resultados dos testes feitos com as membranas de microfiltração estão na
Tabela 3.

Tabela 3. Características do chá verde recém preparado e do permeado da microfiltração


utilizando membrana de porosidade de 0,8, 0,3 e 0,22 µm.
Concentração Concentração Intensidade
Turbidez
Amostra de sólidos de fenólicos da cor
(NTU)
(mg/L) (mg.Ag/L) (ABS)
Infusão de
458 61.080 1673,17 0,647
chá verde
Permeado da
microfiltração 21 48.8802 1350,25 0,495
(0,22 µm)
Permeado da
microfiltração 25 50.7361 1401,61 0,522
(0,3 µm)
Permeado da
microfiltração 29 56.440 1828,44 0,621
(0,8 µm)

Analisando a tabela 3 pode-se observar que com o aumento do tamanho do poro da


membrana, há um aumento na concentração de sólidos e de fenólicos no permeado, isto esta
relacionado com a abertura da membrana, uma vez que a membrana de 0,8 µm é mais aberta que as
membranas de 0,3 e 0,22 µm, apresentando uma maior permeabilidade, sendo elas 810,69, 376,83 e
45,99 kg/m².h.bar respectivamente. Apesar do aumento da concentração dos compostos fenólicos, o
balanço de massa garante que este resultado pode ser utilizado, já que o volume final corresponde
praticamente a 90% do volume inicial.

Através da figura 4, pode-se observar este comportamento do fluxo do permeado para cada
membrana, para membrana com maior porosidade, o valor inicial é maior que para as demais.
Observa-se também, que por volta de 60 minutos de processo o fluxo passou a ser constante. Com
os dados desta figura foi possível calcular o mecanismo de fouling para cada uma das membranas
utilizadas e estes resultados estão na Tabela 4. Para as membranas de porosidade 0,8 e 0,3 µm a
formação de torta é principal fator responsável pelo fouling dessas membranas. Para a membrana de
porosidade igual a 0,22 µm os principais fatores responsáveis pelo fouling são bloqueio
intermediário dos poros e bloqueio padrão dos poros, pois eles possuem o mesmo valor de R², para
esta membrana pode-se dizer que os outros mecanismo também exercem bastante influencia, visto
que a ordem de grandeza do R² para estes dois mecanismos esta próxima daqueles dois já citados.

Figura 4 – Comportamento do fluxo em função do tempo da microfiltração para as


membranas de porosidade 0,8 , 0,3 e 0,22 µm.

Tabela 4 – Ajuste linear para cada membrana utilizada nos processos de microfiltração e
ultrafiltração.
Membrana de Membrana de ultrafiltração Membrana de ultrafiltração
microfiltrração convencional ultrassom
Mecanismo de Porosidade (µm) Porosidade (KDa) Porosidade (KDa)
fouling
0,8 0,3 0,22 30 20 10 5 30 20 10 5

Bloqueio completo
0,8613 0,8248 0,7874 0,9327 0,841 0,9233 0,8802 0,9115 0,8236 0,896 0,9727
dos poros
Bloqueio padrão
0,9512 0,9228 0,7934 0,747 0,8118 0,8213 0,3704 0,7481 0,4764 0,8748 0,7942
dos poros
Bloqueio
intermediário dos 0,9512 0,9228 0,7934 0,747 0,8118 0,8213 0,3704 0,7481 0,4764 0,8748 0,7942
poros
Formação de torta 0,9888 0,9722 0,7893 0,5503 0,6459 0,648 0,3426 0,5504 0,3992 0,7254 0,6571

Após o processo de microfiltração, foram iniciados os teste de ultrafiltração usando as


membranas de porosidade 30, 20, 10 e 5 KDa. Os resultados obtidos para os processos de
ultrafiltração estão na tabela 5. O comportamento do fluxo para essas membranas de ultrafiltração
utilizando o processo convencional pode ser visto na Figura 5. Comparando a figura 4 e 5 pode-se
observar que o a estabilização do fluxo para a ultrafiltração ocorre em um tempo bem maior do que
na microfiltração, isto pode estar relacionado com o fato de que, como o experimento é realizado
com reciclo total, a alimentação passa a se de cros-flow, dessa forma a torta demora mais a ser
formada. O processo descrito como ultrafiltração convencional, é um processo de ultrafiltração que
não há nenhum tipo de perturbação externa, já aquele denominado ultrafiltração com ultrassom, o
módulo que estava a membrana foi colocado dentro de um sonicador. As outras condições
operacionais foram mantidas as mesmas. Pode-se observar que para todos os parâmetros analisados,
foi possível observar um aumento nos valores quando comparado a ultrafiltração convencional e a
ultrafiltração com ultrassom. É possível notar que os valores de permeabilidade de do fluxo
estabilizado, praticamente dobraram quando utilizado o ultrassom e a porcentagem de fenólicos no
permeado utilizando ultrassom também houve um aumento. Isto está relacionado ao fato de que o
ultrassom diminuir a resistência das membranas, essa diminuição pode ser observada pela Tabela 6,
que mostra os valores das resistências para os dois ensaios de ultrafiltração. Pode-se observar que a
resistência da torta é aquela que tem a maior contribuição para o cálculo da resistência total, sendo
maior que 55% para os dois experimentos.
Analisando a contribuição de cada resistência para os processos de ultrafiltração temos:
 No processo de ultrafiltração convencional, a contribuição das resistências
hidráulicas e de entupimento dos poros diminui com o aumento do tamanho dos
poros, ou seja, quanto maior o tamanho do poro mais fácil será a passagem dos
compostos que se encontram solubilizados. É possível notar também que para a
resistência devido a formação de torta, há um aumento considerável na contribuição
com o aumento do poro da membrana, a membrana de 30 KDa chega a ser quase
30% maior que a de 5 KDa.
 No processo de ultrafiltração utilizando o ultrassom a contribuição da resistência
hidráulica apresenta o mesmo comportamento descrito anteriormente, porém para a
resistência devido ao entupimento dos poros para as membranas de 5, 10 e 20 KDa a
contribuição aumenta com o aumento do tamanho dos poros. Isso pode estar
associado ao fato de que as membranas de ultrafiltração não possuem um formato de
poro específico, ou seja, não pode-se afirmar que eles são elípiticos, triangulares ou
redondos, dessa forma a agitação da membrana fornecida pelo ultrassom, faz com
que as partículas consigam passar mais facilmente pelos poros e da mesma forma
serem retidas no interior dele também. Para a membrana de 30 KDa, esta resistência
é menor que para as membranas mais fechadas, como foi discutido anteriormente, o
poro mais aberto permite que mais compostos passem para o permeado e com o
ultrassom isso fica mais fácil.

Figura 5 - Comportamento do fluxo em função do tempo da microfiltração para as membranas


de porosidade 30, 20, 10 e 5 KDa.
Tabela 5 – Propriedades do permeados da ultrafiltração convencional e da ultrafiltração
utilizando ultrassom.
Porcentagem Porcentagem
Fluxo Fluxo de fenólicos de fenólicos Intensidade Intensidade
Porosidade da Permeabilidade Permeabilidade
estabilizado - estabilizado - no permeado no permeado da cor - da cor - com
membranas convencional com ultrassom
convencional com ultrassom - - com convencional ultrassom
(KDa) (Kg/m²hbar) (Kg/m²hbar)
(Kg/m².h) (Kg/m².h) convencional ultrassom (ABS) (ABS)
(%) (%)
5 16,18 25,68 0,042 0,085 4,13 9,27 0,021 0,094
10 23,97 41,82 2,84 3,87 9,52 15,33 0,085 0,127
20 29,66 42,29 6,15 11,19 40,12 46,21 0,109 0,159
30 42,99 75,46 10,002 22,63 45,62 57,03 0,245 0,315

Tabela 6 – Resistências associadas a cada membrana para os dois processos de ultrafiltração.


Porosidade da Ultrafiltração convencional Ultrafiltração com ultrassom
membrana (KDa) RM RC RP RT RM RC RP RT
5 3,98 25,13 7,66 36,77 2,81 13,45 6,93 23,19
10 1,94 16,82 4,19 22,96 1,27 5,04 2,39 8,71
20 0,78 10,71 2,53 14,02 0,45 3,21 1,78 5,44
30 0,46 8,74 0,95 10,15 0,21 2,27 0,44 3,74
Contribuição de cada resistência (%)
5 10,82 68,34 20,83 100,00 12,12 58,00 29,88 100,00
10 8,45 73,26 18,25 100,00 14,58 57,86 27,44 100,00
20 5,56 76,39 18,05 100,00 8,27 59,01 32,72 100,00
30 4,53 86,11 9,36 100,00 5,61 60,70 11,76 100,00

Devido a grande importância comercial dos fenólicos presentes no chá verde, a tabela 7
apresenta os valores dos principais compostos desta bebida em casa etapa do processo já descrito
neste trabalho, estes valores foram obtidos através do HPLC. Para concentração dos bioprodutos
após a microfiltração foi utilizada a membrana de 0,8 µm de porosidade e para os experimentos de
ultrafiltração, foram usadas membranas de 30 KDa.
Sabendo que existem outros bioprodutos no chá verde, não apenas estes que estão mostrados
na Tabela 7, pode-se comparar estes resultados com aqueles obtidos pelos testes utilizando o
reagente Folin – Ciocalteu. A diferença entre eles é bem grande, por exemplo, para o chá verde
recém preparado, temos uma concentração de compostos fenólicos de 1673,17 mg.Ag/L, sendo que
através do HPLC pode-se observar que só do composto Galato de (-) – epigalo catequina tem-se
2458,77 mg/L. Este erro esta diretamente relacionado ao faro de que os compostos fenólicos são
termo e fotossensíveis, e já que no método de Folin – Ciocalteu é necessário aguardar uma hora
para leitura no espectro, esses compostos podem começar a se decompor neste período. Já no
HPLC, assim que a amostra é coletada ela já pode ser injetada no equipamento.
Tabela 7 - – Concentração dos bioprudotos em cada etapa do processo de filtração
Concentração
Concentração
Concentração Concentração no permeado
no permeado
na solução no permeado da
da
Bioproduto recém da ultrafiltração
ultrafiltração
preparada microfiltração com
convencional
(mg/L) (mg/L) ultrassom
(mg/L)
(mg/L)
Galato de (-) – epigalo
2458,77 1542,17 1205,38 1301,21
catequina
Cafeína 1523,82 1046,48 713,98 754,15
Epicatequina 1609,65 1030,81 845,41 895,42
Catequina 211,62 10,21 111,77 102,77
(-) – Epigalo catequina 211,62 253,41 109,77 115,43
Ácido Gálico 119,04 70,54 61,75 53,74

Para o chá verde recém preparado podemos observar que o composto fenólico em maior
quantidade é o Galato de (-) – epigalo catequina representando 40% dos compostos analisados. Em
seguida tem-se a Epicatequina e a Cafeína representando 26,24% e 24,84% respectivamente.

4. CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

BARBOSA, I. L. Avaliação de Processos de Separação por Membranas para Geração de


Águas de Reúso em um Centro Comercial. 2009. 124p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de
Processos Químicos e Bioquímicos) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2009.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio financeiro da CAPES, CNPQ e FAPEMIG.

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