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CURSO ON-LINE

PARA QUE SERVE A ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

Conteudistas:
José Marçal Jackson Filho
Eugênio Paceli Hatem Diniz
Mauro Marques Muller
Disponível em:
https://www.escolavirtual.gov.br/

Obra Referenciada:
Ficção e realidade do trabalho operário
Autores:
François Daniellou
Antoine Laville
Catherine Teiger
Fonte:
DANIELLOU, François; LAVILLE, Antoine; TEIGER, Catherine. Ficção e
realidade do trabalho operário.Revista Brasileira de Saúde Ocupacional.
17(68):7-13, out./dez. 1989.
Disponível em:
https://www.academia.edu/4217799/Fic%C3%A7%C3%A3o_e_realidade
_do_trabalho_oper%C3%A1rio_FRAN%C3%87OIS_DANIELLOU
Ficção e realidade do trabalho operário*

A partir de exemplos concretos obtidos ao longo de 15 anos pelo Laboratório de Ergonomia e Neurofisiologia do "Conservatoire
National des Arts et Metiers" (CNAM), em Paris, este artigo propõe elementos de reflexão crítica sobre o modelo do ser humano e dos
sistemas técnicos nos setores clássicos de produção como nos setores que adotam "novas tecnologias". Este artigo compreende
duas partes complementares: na primeira, centrada no trabalho, é mostrada a diferença entre o que é previsto nos escritórios de
organização e métodos e oque é realizado na fábrica; na segunda, dá-se ênfase a uma série de conseqüências acarretadas ao
indivíduo, à empresa e à coletividade, e sugere-se uma abordagem baseada em um "princípio de realidade".

FRANÇOIS DANIELLOU
ANTOINE LAVILLE
CATHERINE TEIGER

I - Trabalho prescrito e trabalho real menos de 35 anos, algumas têm CAP de costura, foram
O trabalho operário é produto de uma divisão do tra- selecionadas e receberam treinamento de uma semana.
balho que separa, de forma radical, a concepção da execu- No posto de inserção desta linha de montagem, a
ção. operária fica sentada; uma cadeira com altura regulável é
Diferentes serviços da empresa definem, previamente, colocada diante da esteira; trinta canaletas são dispostas
uma produção, um trabalho, os meios para realizá-lo: es- em fileiras superpostas do outro lado da esteira, cada uma
tes são determinados a partir de regras, de normas e de contendo uma categoria de elementos: trata-se de inserir
avaliações empíricas. São elementos previstos e, portanto, em furos específicos da placa de baquelita que se desloca
teóricos. A um posto de trabalho, a um trabalhador, a um sobre a esteira, dois ou três grampos de cada um dos trinta
grupo de trabalhadores, serão designadas tarefas, isto é, o elementos diferentes disponíveis.
tipo, a quantidade e a qualidade da produção por unidade A tarefa, o espaço e o tempo são determinados; a or-
de tempo, e meios para realizá-las (ferramentas, máqui- dem de posicionamento e o modo operatório constam da
nas, espaços . . . ) . Deste conceito teórico do trabalho e dos ficha de métodos: pegar um elemento na primeira canaleta
meios de trabalho provém o que chamamos de trabalho com a mão esquerda, inseri-lo em um determinado ponto
prescrito, isto é, a maneira como o trabalho deve ser exe- da placa com esta mão enquanto a mão direita pega um
cutado: o modo de utilizar as ferramentas e as máquinas, o elemento na segunda canaleta; inserir este elemento com a
tempo concedido para cada operação, os modos operató- mão direita enquanto a mão esquerda pega um terceiro
rios e as regras a respeitar. Porém, este trabalho prescrito elemento na terceira canaleta . . .
nunca corresponde exatamente ao trabalho real, isto é, o
Os meios de trabalho são determinados: a linha de
que é executado pelo trabalhador. Quais são estas diferen-
produção tem uma altura fixa para todas as funções; a ilu-
ças e suas origens nos setores clássicos e automatizados
minação, o ambiente térmico devem ser idênticos para to-
de produção?
dos os postos de trabalho; isto só não ocorre quando há
variações não-previstas: lâmpadas queimadas, empoeira¬
Nos setores clássicos - exemplo da linha de produção de das, calor liberado por um ferro sendo soldado, um banho
televisores de solda nas proximidades.
Os trabalhos em linha de montagem, parcelados, re- O pessoal é determinado: escolhem-se mulheres por-
petitivos, com ritmo imposto, aparecem como trabalhos que são teoricamente hábeis, rápidas e capazes de supor-
simples, cujos detalhes podem ser previstos e, portanto, tar a monotonia de um trabalho repetitivo; jovens, porque
predeterminados. Citemos como exemplo uma linha de são mais hábeis que as mais velhas; selecionadas por tes-
montagem de televisores17. tes de habilidade motora de curta duração, teoricamente
relacionados com as aptidões requeridas pelas exigências
O trabalho teórico teóricas do posto de trabalho.
Esta linha é composta de 50 postos de trabalho de 4
tipos: inserção, controle, montagem-torcedura e controle O trabalho real
final; uma esteira rolante sobre a qual são fixadas as mon- O posto de inserção é ocupado por uma mulher jo-
tagens se desloca de maneira contínua, à velocidade de um vem, o que é previsto; mas ela é baixa, o que não é pre-
metro por 93 segundos: 1 metro é o espaço de trabalho visto; e a regulagem do banco não resolve as contradições
atribuído a cada posto; 93 segundos é a duração de cada do posto: alcançar as canaletas da fileira de cima e aproxi-
ciclo. As operárias que trabalham nesta linha têm todas mar os olhos da placa para posicionar com precisão os
elementos.
* Traduzido de "Le travail ouvrier"; in Cahlers Françaís, no 209, ed. La Documenta- A ordem das canaletas é diferente daquela prescrita:
tion Française, 1983. durante e ao final da aprendizagem, a operária modificou
Tradução Maria Luiza R. Azevedo diversas vezes esta ordem e a ordem de posicionamento
Revisão Técnica: Leda Leal Ferreira
Agradecimentos à sociologia Helena Hirata * CAP - Certificai d'Aptidude Professionelle.
dos elementos: ela, progressivamente, memorizou o lugar riências de curta duração efetuadas em homens jovens,
de cada elemento, escolheu pontos de referência, estabele- sem deficiências físicas, enquanto a jornada de trabalho é
ceu a ordem do posicionamento, de maneira a ganhar de 8 horas, e a população ativa compreende jovens e indi-
tempo (pois os incidentes são freqüentes e imprevisíveis e víduos de mais idade, homens e mulheres, pessoas com
é preciso ganhar tempo sobre as suboperações regulares boa saúde, deficientes físicos.
para compensar o tempo perdido para repara-los) e, por- O serviço de pessoal também participa desta constru-
tanto, a ganhar espaço (pois assim ela diminui os movi- ção teórica, selecionando uma população tipo, em um
mentos contínuos do tórax e da cabeça, que acompanham curto momento, a partir de testes curtos, cuja validade em
o deslocamento da placa). relação à tarefa teórica exigida é duvidosa.
0 modo operatório é diferente e varia de um ciclo a Os escritórios de projetos definem os espaços, os pré-
outro: certos elementos são pegos por uma mão e posicio- dios, as máquinas, as ferramentas, em função de critérios
nados por outra; outros são posicionados por uma mão, a de produção ou de atividades teóricas: os serviços de com-
outra estando à espera . . . pois certos elementos são mais pra aceitam uma flutuação de qualidade dos componentes
difíceis de serem inseridos que outros (proximidade de por razões econômicas, sem considerar as conseqüências
outros elementos colocados pela operária precedente, fu- desta escolha sobre o trabalho.
ros mal feitos . . . ) . Esta diferença entre trabalho teórico, traduzida em
Suboperações suplementares são efetuadas: conserto termos de prescrições para um posto de trabalho, e o tra-
de grampos entortados, ajuste de abertura de dois gram- balho real existe em todas as situações de trabalho 6 . Al-
pos, separação de diversos elementos misturados . . . guns reconhecerão tal diferença, denominando-a o "sa-
O tempo de cada suboperação e até mesmo do ciclo voir-faire" operário. Esta diferença persiste nos sistemas
inteiro varia, algumas vezes, acima dos limites impostos automatizados e traz conseqüências ao trabalhador e à
pelo movimento da placa; devido à ocorrência de inciden- produção.
tes, as suboperações demoraram mais tempo que o pre-
visto.
A esta variabilidade dos componentes da tarefa acres- Nas linhas automatizadas - exemplo do robô de soldagem
centa-se a mudança do estado da operária ao longo da Os exemplos precedentes colocaram em evidência a
jornada de trabalho, do mês e dos anos de trabalho. A ma- diferença que existe entre o trabalho teórico e o trabalho
nutenção da postura sentada durante 8 horas é penosa: ao realmente executado pelos operadores nos sistemas clássi-
final do dia, a trabalhadora levanta-se e fica em pé, mas cos de produção. O que acontece quando se tenta automa-
assim a precisão e a rapidez de sua atividade é menor, ela tizar as operações de produção, até então efetuadas pelos
perde tempo e volta à posição sentada para remontar a li- operadores?
nha. Existem diferenças de uma trabalhadora a outra, na Citemos o exemplo de uma linha de robôs de solda-
execução da mesma função: a operária vizinha pode ser gem na indústria automobilística. Supõe-se que estes ro-
mais alta, ter a vista cansada devido à idade e às exigências bôs funcionem sem a intervenção do homem. Na realida-
do trabalho, ter problemas de coluna que incomodam de- de, nota-se a presença constante de um ajustador, que in-
vido ao tempo prolongado que permanece sentada . . . tervém freqüentemente no funcionamento dos robôs para
Assim, neste trabalho considerado simples, a operária religá-los 4 .
se vê diante de um trabalho variável, mas que deve ser O que acontece é que a automatização deu-se apenas
executado em conformidade com- regras estritas, em um na operação de soldagem. Ora, o operador que antes efe-
quadro espacial e temporal rígido, enquanto seu próprio tuava os pontos manualmente não soldava apenas: se a
estado muda ao longo do tempo. borda de uma chapa de ferro fundido estava ligeiramente
torta ou se uma caixa estava mal colocada, ele detectava
Origens do trabalho prescrito o incidente e podia compensá-lo, mudando a posição da
O conjunto dos serviços da empresa participa da defi- garra ou deslocando ligeiramente o ponto. O robô não
nição deste trabalho prescrito, irrealizável, uma vez que detecta estas variações do produto. Ele pára e deve ser re-
fundamentado em bases científicas frágeis ou conheci- ligado por um operador.
mentos empíricos parciais. Geralmente, constata-se que o que é automatizado e a
Os serviços de organização e métodos utilizam', neste idéia que os organizadores têm da atividade de produção e
tipo de trabalho, tabelas de tempo e de movimentos. não a realidade desta. A visão dos projetistas baseia-se
Estas normas foram definidas a partir daquilo que se muito freqüentemente em hipóteses que vamos tentar ex-
pode observar: o gesto. Ora, para fazer um gesto adapta- plicitar para colocar em evidência suas conseqüências.
do, é preciso detectar informações, analisá-las, tomar deci- Pode a atividade humana ser reduzida a uma seqüên-
sões que permitam definir os parâmetros do gesto: sua cia de gestos?
amplitude, sua direção, sua velocidade. Esta atividade Como já demonstramos acima, a visão taylorista da
mental toma tempo, pois o alvo a detectar é fraco, incerto, organização do trabalho leva a decompor uma atividade
difícil de distinguir, e a decisão a ser tomada é complexa: em uma seqüência de gestos independentes uns dos ou-
a duração do gesto não leva em conta a duração e a com- tros.
plexidade da atividade mental que ele determina. Ora, os exemplos da primeira parte mostraram que as
Estas normas são também parceladas. Cada parte de atividades de produção estavam longe de ser puramente
uma atividade não pode ser separada daquela que a pre- manuais: os operadores garantem, na realidade, sempre
cede e daquela que a sucede: não existe uma atividade de uma função de regulação dos incidentes.
pegar e uma atividade de posicionar; há a marcação do lu- Muito freqüentemente, a automatização ocorre apenas
gar em que se pegam os elementos, o início do movimen- sobre uma série de gestos definidos pelos engenheiros de
to, o alcance, a escolha do elemento a ser pego, o controle, métodos. A concepção da máquina não lhe permite en-
a marcação do local de posicionamento, o início do movi- frentar os incidentes. Estes devem ser resolvidos pelos
mento, o controle do movimento e de seu resultado. É um operadores. Como a sua intervenção não foi prevista, eles
conjunto cujas partes são dependentes umas das outras. se vêem com freqüência em dificuldade para ter acesso às
Estas normas não levam em consideração os inciden- informações ou às partes da instalação envolvidas.
tes, as suboperações suplementares, as variações da tarefa O estado do processo pode ser descrito por variáveis
a ser realizada: dá-se 3% de tempo para imprevistos, ainda de natureza descontínua?
que se possa constatar 30% de incidentes ao se pegar e ao Por exemplo, os especialistas em organização e méto-
se posicionar os elementos. dos descreverão uma operação de usinagem pela veloci-
Estas normas foram estabelecidas a partir de expe- dade de rotação, pela velocidade de avanço, pela profundi¬
dade do passe. Uma reação química será descrita por con- II - A realidade desconhecida: conseqüências individuais e
centrações, fluxos, temperaturas, pressões. coletivas
Porém a observação da atividade dos operadores an- Quais são as conseqüências, para o trabalhador, para a
tes da automatização mostra que os índices que eles utili- empresa e para a coletividade desta diferença entre o tra-
zam são de outro tipo: um torneiro controlará a usinagem balho prescrito e o trabalho real que avaliamos nos itens
a partir do aspecto da apara, da presença de fumaça, das precedentes?
vibrações da ferramenta. Um forneiro de cimento contro- Por que os ergonomistas se interessam por esta dife-
lará o.aspecto da atmosfera do forno, a cor e a granulagem rença? E que ela acarreta uma série de conseqüências di-
do produto. Se se colocarem estes operadores na sala de versas às pessoas, às empresas e à própria comunidade;
controle de uma unidade automatizada dianfe de mostra¬ por outro lado, não é possível considerar uma transforma-
dores que indicam os valores de uma série de parâmetros, ção qualquer das condições de trabalho sem começar por
poderão eles garantir a regulagem do processo? colocar um fim à ficção e encarar a realidade das caracte-
O que se discute não é simplesmente a dificuldade de rísticas dos operadores, bem como dos sistemas técnico-
os operadores em se habituar a novas maneiras de traba- organizacionais, o que não ocorre sem dificuldades; esta
lho. Os índices aos quais eles recorrem são de tipos dis- consideração faz com que sejam questionados os princí-
tintos daqueles colocados em prática pelos engenheiros: pios e as práticas que servem para definir os meios de tra-
- eles têm um caráter sintético e informam sobre o balho e o próprio trabalho, bem como as qualificações do
estado global do sistema: pode-se ver, por exemplo, um emprego operário e os procedimentos de formação.
condutor de central térmica regular os queimadores ob-
servando a fumaça da caldeira, ao invés de consultar uma Conseqüências para o trabalhador
série de mostradores; O operador é o primeiro interessado, pois é ele que
- eles permitem ao operador prever os incidentes an- deve adaptar-se, efetuar os ajustes necessários à produ-
tes que estes tragam conseqüências graves12. ção; resumindo, é ele que deve "gerir a separação", é ele
que sofre as conseqüências imediatas em seu corpo, em
Os exemplos da primeira parte mostraram que um in- seu espírito, em sua personalidade, em sua vida pessoal e
cidente não acontece de repente: em geral, aparecem si- profissional.
nais precursores, depois o incidente se desenvolve até se As características do trabalho real, descritas através de
tornar inaceitável. A competência profissional dos opera- alguns exemplos precedentes, trazem conseqüências ao
dores lhes permite detectar os sinais precursores antes de estado físico, mental e psico-afetivo das pessoas que o
o incidente assumir grandes proporções. executam; estas conseqüências são quase sempre menos-
Um exemplo permite ilustrar as dificuldades que po- prezadas, devido ao fato de serem provocadas por causas
dem resultar de uma automatização que não levou este que, teoricamente, não existem.
elemento em consideração. A colocação em funciona- As conseqüências físicas
mento em uma fábrica de máquinas automáticas para a
As atividades físicas suplementares e/ou as realizadas
fabricação de cigarros, comandadas por um único painel,
em más condições se somam às atividades físicas, previs-
resultou em um índice muito alto de avarias. O que acon-
tas e consideradas como sendo toleráveis pelos serviços da
teceu? A análise das atividades das operadoras que traba-
empresa.
lhavam com o dispositivo antigo evidencia que estas con-
Outras atividades físicas são consideradas como pouco
trolavam muito freqüentemente- sem nenhuma instrução
custosas para o indivíduo, pois as dificuldades inerentes a
neste sentido - uma parte da máquina para onde conver-
elas não são aparentes: é o caso do trabalho na posição
giam o papel, a cola e o tabaco. O aspecto destes consti-
sentada. Esta postura é mantida durante todo o período de
tuintes lhes permitia prever se, em algum instante, iria
execução do trabalho, sendo freqüentemente imóvel, rígi-
ocorrer um entupimento e, portanto, parar a máquina an-
da, devido às exigências de rapidez e de precisão das ativi-
tes disto. As novas máquinas possuíam um detector que
dades que envolvem a busca de informações visuais e de
indicava o fato já ocorrido. Era preciso, então, desmontar
execução de gestos; ela é, às vezes, desequilibrada, devido
diversas peças para recolocar a máquina em funciona-
à organização dimensional do posto, em contradição com
mento 7 .
as exigências de rapidez, de precisão (alcançar uma cana¬
leta alta e aproximar os olhos da platina para determinar e
Os diferentes postos de trabalho são realmente indepen- controlar o gesto de posicionamento do elemento).
dentes? 0 resultado é uma fadiga física importante, subesti-
A divisão do trabalho e o parcelamento das tarefas su- mada nos trabalhos considerados leves, dores lombares,
põem que a fabricação de um produto pode ser dividida dorsais, nos ombros, no pescoço, podendo causar, a longo
em operações elementares, independentes, cujo resultado prazo, deformações da coluna vertebral e problemas arti-
final é o produto terminado. culares.
Na realidade, pode-se constatar que estas operações
não são independentes e que a realização do produto aca- As conseqüências mentais
bado supõe uma troca de informações entre os operadores Os exemplos citados mostraram que nenhuma ativi-
de diferentes máquinas e de diferentes serviços (manuten- dade é puramente manual e que os operadores efetuam
ção, controle, fabricação). ajustes incessantes para encontrar os modos operatórios
Estas trocas acontecem, muito freqüentemente, de adequados às dificuldades não-aparentes da tarefa, e para
modo não oficial na empresa, mas são elas que permitem prever as disfunções do sistema. Trata-se de um trabalho
uma produção de qualidade conveniente 13,18 . mental intenso (busca de informações - memorização -
Nas unidades automatizadas, esta divisão rigorosa microdecisões - controles, etc), mas que não se vê e que,
entre as diferentes funções é, com muita freqüência, refor- portanto, não é levado em consideração16.
çada: em uma fábrica de produtos químicos, por exemplo, À atividade mental necessária para executar o trabalho
as relações entre os técnicos da sala de controle e os ope- prescrito (atividade não-reconhecida) acrescenta-se outra,
radores externos são assim previstas: "os técnicos dão mais complexa, indispensável, para regular as variações do
instruções de intervenção aos operadores externos". Na sistema e do estado do operador. O exemplo extremo são
realidade, os técnicos não podem regular o processo senão as atividades de controle em que a atividade gestual ob-
mediante informações suplementares fornecidas pelos servável é restrita: assim, acrescentam-se a estas ativida-
operadores externos. Do mesmo modo, um eletricista só des nas quais "nada se faz" tarefas anexas invisíveis, tare-
pode atuar em uma unidade de usinagem mediante o his- fas que perturbam a atividade de controle e que são per-
tórico da avaria transmitido pelo operador de fabricação. turbadas por ela.
Assim, uma controladora em linha de televisores devia Trabalhos recentes de psicopatologia do trabalho 5
controlar em 93 segundos o ponto exato de colocação e a demonstraram que, neste caso, os operadores adotam
qualidade de 300 elementos, substituir ou agrupar os ele- comportamentos particulares, individuais e/ou coletivos,
mentos com defeito ou esquecidos, algumas vezes os bus- verdadeiras estratégias de defesa (negação do risco, atitu-
cando em postos precedentes e, finalmente, anotar em de de desafio . . . ) que lhes permitem enfrentar sua própria
uma ficha os erros cometidos e os responsáveis por estes ansiedade e/ou a do grupo, mas não são forçosamente as
erros, a fim de permitir a divulgação da nota de qualidade mais adequadas para enfrentar a situação.
do dia para cada posto de trabalho. Além disso, diante dos Estas conseqüências são agravadas em diversas situa-
conflitos gerados pelas exigências contraditórias de sua ções de trabalho criadas pela introdução de tecnologias
tarefa, a controladora era obrigada a fazer a escolha das avançadas que parecem vir acompanhadas, freqüente-
prioridades e, quanto mais defeitos havia, mais o seu tra- mente, de um maior isolamento dos trabalhadores.
balho de recuperar era importante e menos ela tinha tem-
po de anotar os defeitos; portanto, paradoxalmente, me- Deformações que contaminam a vida fora do trabalho
lhor era a qualidade divulgada! A inadequação entre as regras impostas pelos siste-
Mas é preciso ressaltar que estas atividades mentais mas técnico-organizacionais e as características de funcio-
intensas são, em geral, ao mesmo tempo, totalmente de- namento do ser humano acarreta outras conseqüências,
sinteresantes para o operador: o paradoxo destas tarefas é denominadas deformações. Estas não podem ser isoladas
que, embora monótonas, impõem uma sobrecarga mental das outras conseqüências acima citadas, que são ligadas à
menosprezada, provalvemente causa dos inúmeros pro- execução não-reconhecida de inúmeras atividades físicas
blemas a que nos referimos, à falta de termo melhor, sob o ou mentais ou à intensidade não-reconhecida do funcio-
termo vago de fadiga nervosa, e que aparecem com tanta namento destas atividades; mas elas são de outra natureza,
freqüência nestas situações de trabalho 9 . pois são provocadas pela obrigação de modificar o funcio-
De fato, não se tem nenhum interesse em perguntar namento habitual para se adequar às regras impostas.
9.000 vezes por dia se os mesmos grampos da resistência Estes comportamentos adquiridos, adaptados de ma-
que se devem inserir na platina estão suficientemente pa- neira rígida às exigências específicas do trabalho, asseme-
ralelos ou se é preciso endireitar as extremidades ou rejei- lham-se a condicionamentos generalizados e, por isto, não
tar o componente e pegar um outro, etc. desaparecem ao término da jornada de trabalho. Eles se
Neste caso, parece-nos que é preciso interpretar manifestam, portanto, na esfera da vida pessoal e das rela-
a complexidade real destas tarefas como um fator de carga ções, que também se encontra contaminada pelas condi-
e não de enriquecimento. As atividades de regulagem são ções anormais de uso do corpo e do espírito no trabalho.
efetuadas no interior de um quadro estreito e rígido, não Os exemplos abundam nesta área. Tanto podem ser ges-
sendo, por isto, reflexo da conquista de um domínio de um tos (um exemplo caricatural é a seqüência do aperto de
espaço de liberdade, mas sim, uma exigência ligada à ne- parafusos por Carlitos, no filme "Tempos Modernos"),
cessidade prioritária de se garantir a produção a qualquer como obsessões (do tempo, por exemplo), maneiras de ra-
preço. ciocinar, de se expressar verbalmente ou por escrito.
Uma conjunção de fatores desfavoráveis Assim, as operárias de uma linha de produção de pro-
Os operadores são, portanto, freqüentemente levados dutos eletrônicos têm o cuidado permanente de prever
a exercer uma atividade com componentes físicos e men- antecipadamente a duração exata de cada atividade extra-
tais importantes, em um ambiente que torna mais comple- profissional: as compras, o preparo das refeições . . . Elas
xa a execução da tarefa: o calor torna o trabalho físico mais continuam a gerir o tempo com precisão, mesmo após
incômodo; uma iluminação deficiente perturba a busca de saírem do trabalho, como se a organização temporal sob a
informações necessárias; um ruído intenso perturba a qual elas estivessem submetidas durante 8 horas de tra-
atenção, é fonte de fadiga ou de surdez; um "layout" defi- balho as impregnasse de maneira inconsciente até o ponto
ciente do espaço de trabalho obriga a movimentos difíceis, de determinar o seu comportamento temporal fora do
a deslocamentos freqüentes . . . meio que as condiciona 15 .
Estes problema, já observados nas situações tradicio- Estes comportamentos são vividos como mutilações
nais, tornam-se particularmente sérios nas fábricas auto- de sua personalidade por aqueles que os experimentam e
matizadas, previstas para funcionar teoricamente sem o perturbam seriamente a vida pessoal e as relações fami-
elemento humano, e onde foram tomadas poucas precau- liares e sociais.
ções com respeito ao ambiente. Tanto pior para os encar-
regados das operações de regulagem, eletricistas, pessoal Conseqüências sociais: o emprego e a administração da
de manutenção que, de fato, passam a maior parte de seu mão-de-obra na empresa
tempo nestes dispositivos 4 . Em um plano coletivo, estas dificuldades não-aparen-
As conseqüências de cada um destes fatores sobre a tes e desconhecidas da realização do trabalho real acarre-
atividade e a saúde não podem ser avaliadas isoladamente: tam, evidentemente, conseqüências ao emprego, em di-
é a interação destes fatores entre si e com a execução do versos estágios da vida profissional na empresa; elas se
trabalho que vai ser fonte de fadiga, de riscos... traduzem por uma sucessão de seleções e de rejeições da
mão-de-obra que, em geral, são parcialmente veladas.
A ansiedade no trabalho Constatam-se, assim, fenômenos muito contraditórios 2 .
As conseqüências da separação entre teoria e realida-
de do trabalho atingem um terceiro aspecto de carga de Uma seleção formal ou natural no momento da contrata-
trabalho, ainda pouco explorado: o das repercussões psi¬ ção
co-afetivas ligadas à organização do trabalho e a certas Quando da contratação, as diferenças interindividuais
condições da execução. que são negadas pelo mito organizacional do trabalhador
Uma de suas manifestações é a ansiedade produzida "médio, intercambiável e estável" são, de fato, reconheci-
por situações que comportam riscos importantes de aci- das e compensadas pela seleção, que pode ser:
dentes individuais ou coletivos, ou de destruição de mate-
rial de valor envolvendo a responsabilidade do operador. - formal: procura-se neste caso selecionar a popula-
Uma de suas causas é a incerteza e a falta de confiança que ção real, de modo a manter somente a população tipo, de-
o operador tem nos indicadores teóricos fornecidos pelo finida a partir do perfil teórico exigido para uma tarefa
dispositivo técnico. A prevenção dos acidentes torna-se teórica, e os indivíduos tendo algumas características que
um objetivo absolutamente prioritário, mas ela não se po- interessam à empresa (habilidade manual, boa visão e
de dar sem problemas. mesmas características psicológicas);
- informal: são os primeiros dias de experiência ou de descobre-se que a resistência à mudança não está relacio-
treinamento na empresa que operarão a seleção entre nada a um sentimento de satisfação atual, mas sim estrei-
aqueles que conseguem e aqueles que não conseguem tamente associada à intensidade da carga de trabalho e
trabalhar. É interessante observar que uma seleção formal mais particularmente àquela que representou a aprendiza-
não impede este efeito prático: seu valor preditivo é, de gem da tarefa no posto atualmente ocupado16,19.
fato, quase sempre nulo, pois não são forçosamente as ca- Em*geral, são os operadores que mais tiveram dificul-
pacidades selecionadas as que são utilizadas na realidade; dades em atingir o ritmo exigido os mais apegados à sua
ou, em todo caso, não apenas essas. função; tudo se passa como se as dificuldades encontradas
para se alcançar a cadência constituíssem uma experiência
A duração real do aprendizado; sinal das dificuldades da tão desagradável, que teme-se revivê-la, pois sabe-se que
tarefa toda mudança implica uma readaptação, que leva tempo e
Quando se conhece a definição oficial de operário aumenta a carga de trabalho em razão da atividade mental
pouco especializado (peão)* - "os operários pouco espe- suplementar exigida pelo reaprendizado.
cializados são aqueles que ocupam uma função que neces-
sita de uma simples reciclagem, mas nenhum aprendizado O absenteísmo e o envelhecimento precoce
real" - , fica-se surpreso ao saber a duração real de seu Certos trabalhos recentes de ergonomia e de econo-
aprendizado: mia mostraram que a distância entre a carga de trabalho
- por exemplo, uma pesquisa efetuada junto a opera- real e a carga de trabalho suposta poderia ser, em parte, a
dores de montagem eletrônica19 mostrou que para quase a causa de dois fenômenos complexos que não podem ser
metade foi preciso vários meses para alcançar a cadência, explicados apenas por razões sócio-econômicas:
12% obteve-a em menos de uma semana e 5% nunca con- - o índice freqüentemente elevado de absenteísmo
seguiu atingi-la. nos trabalhos considerados como menos qualificados, re-
- em uma confecção, o tempo real de aprendizagem sultado tanto do mau estado de saúde coletivo produzido
foi de 6 meses a um ano, etc.14. pelas condições do trabalho como das reações coletivas de
defesa ou de fuga diante destas dificuldades;
De modo geral, a duração do aprendizado tem estreita - a dispensa precoce, em função de sua idade, dos
relação com o rigor das cadências de trabalho. Encontra- trabalhadores que ocupam certos postos de trabalho,
mos a mesma situação nas fábricas computadorizadas ou quando o conflito entre as exigências da tarefa e as carac-
robotizadas. Esta diferença com relação à definição teórica terísticas da pessoa torna-se muito acentuado ou quando
é devida às dificuldades não-aparentes das tarefas, como as exigências de produção são muito grandes. Esta partida
já ressaltamos, mas também, é devida ao fato de que, em é, em geral, informal e realizada pouco a pouco: é o traba-
geral, estas tarefas são realizadas sob pressão de tempo. lhador que "não suporta mais" . . . , que fica "muito velho"
Portanto é preciso não somente aprender a fazer (o que e que vai embora por conta própria.
quer dizer identificar os bons índices, encontrar os modos Esta noção de envelhecimento tem, portanto, relação
operatórios adaptados, etc.), mas fazê-lo rapidamente; e, com as exigências da tarefa e com as suas condições de
para tanto, conforme se demonstrou em trabalhos experi- execução; embora a relação idade-emprego não possa se
mentais 11 , não se trata de fazê-lo apenas mais rapida- reduzir "às condições de trabalho", surgem nítidas dife-
mente, mas de reorganizar as seqüências informativas e renças nas estruturas de idade de um tipo de empresa para
gestuais de uma outra forma. O que só se pode fazer com outra, e mesmo de uma seção para outra, relacionadas
experiência, o que leva tempo. Para tanto, é necessário, com o rigor das condições do trabalho 11,14 ; assim, "se é
muito freqüentemente, ir contra as instruções e as prescri- velho":
ções fornecidas pela organização do trabalho. - aos 40-45 anos na indústria automobilística (clássi-
0 que acontece é que, em geral, o operador percebe ca);
que para cumprir o tempo previsto ele precisa abandonar - aos 30-35 anos na indústria eletrônica;
os modos operatórios prescritos, mesmo aqueles que lhe - aos 25-30 anos na confecção.
foram ensinados no treinamento, ou até esquecer o que Qual a idade em que o indivíduo será considerado
aprendeu no treinamento profissional anterior (as costu- "velho" nos setores de tecnologia avançada? Já se notam
reiras que possuíam um certificado profissional alegam ter diferenças de estruturas de idade entre os escritórios com-
sido obrigadas a "desaprender a costurar" para poderem putadorizados e as fábricas clássicas.
executar no tempo imposto a costura do colarinho ou do
E certo que estes empregos são recentes. Pode-se,
punho de centenas de camisas a cada dia . . . ) .
então, supor que empregam prioritariamente novos fun-
Os períodos de aprendizagem são, por isto mesmo, cionários; mas o que será daqui a alguns anos?
em geral, muito difíceis: é sobretudo nesta época que se É preciso lembrar que em 1981 cerca de 45% da po-
produzem manifestações de sobrecarga (crises nervosas, pulação ativa francesa tinha mais de 40 anos.
etc.). Um dos efeitos perturbadores dos incidentes ou das
modificações introduzidas na produção é a substituição Conseqüências econômicas para a empresa e para a coleti-
constante do operador quando do período de micro vidade
aprendizagem16. Estas dificuldades encontradas pelos operadores para
diminuir a diferença entre o trabalho teórico e a realidade,
A resistência à mudança é resultado da carga de trabalho e as conseqüências mencionadas, resultam para a empresa
atual e passada e para a coletividade em custo econômico elevado1,3,8.
Pode-se associar às dificuldades do aprendizado este Para a empresa, a produção insuficiente, o baixo ren-
fenômeno ambivalente que denominamos resistência à dimento das máquinas, atrasos na produção, o grande
mudança. É fato notório que os operários, e especialmente volume de refugos são, freqüentemente, a sanção das difi-
as operárias, manifestam resistência à mudança quando se culdades encontradas pelos operadores. Mas estes custos
tenta efetuar uma rotação das tarefas ou uma reorganiza- são em geral encobertos, na medida em que os recursos
ção da fábrica etc. E esta reação é em geral considerada contábeis raramente as deixam aparecer.
muito negativamente e atribuída a uma rigidez de caráter, Para a coletividade, as doenças ocupacionais, o de-
a uma falta de espírito de empresa, de gosto do risco, que semprego ligado a um afastamento precoce do trabalho,
seriam características da mentalidade dos operários e, so- as dificuldades da reconversão profissional são fonte de
bretudo, das operárias . . . Ora, estudando mais a fundo, custos sociais elevados, externados pelas empresas.
* Nota da tradução - tradução de O.S., "ouvrier specialisé", segundo classificação Um princípio de realidade
Parodi-I.N.S.E.E. As duas razões fundamentais para a diferença entre
o trabalho teórico, prescrito pelos serviços da empresa, e o Referências Bibliográficas
trabalho realmente executado pelos operadores são:
- o desconhecimento dos modos de funcionamento 01. A.N.A.C.T. Le coüt des conditions de travail; guide
do ser humano, principalmente de todas as "regulagens" d'évaluation économique. 1979. (A.N.A.C.T.
efetuadas pelo sistema nervoso central; Colletion Outils et Methodes)
- o não-reconhecimento da importância do mau fun-
cionamento dos sistemas técnicos e organizacionais. 02. BLASSEL, H. et alii. Conditions de travail et analyses
économiques. Critique de I'economie Politique,
Assim, o modelo do ser humano e dos sistemas técni- 23:11-33,1976.
cos sobre o qual repousa a organização do trabalho e da
empresa é falso 19 . Na realidade, a produção de uma em- 03. CRETIN, M. et alii. Aspects économiques des
presa só é garantida, na sua qualidade e na sua quantida- conditions de travail; rapports A.NAC.T. pour la
de, quando os operadores não observam estritamente as Fondation Europèenne pour l'Amélioration des
ordens que lhe são dadas: eles compensam os incidentes Conditions de Vie et de Travail. 1982.
por uma competência que não é reconhecida por uma
qualificação e por um salário; eles mantêm uma colabora- 04. DANIELLOU, F. L'impact des technologies nouvelles
ção informal entre os diferentes colegas de produção e de sur le travail en postes dans I'industrie automobile.
outros serviços, colaboração esta indispensável para o Fondation Europèenne pour l'Amélioration des
bom funcionamento da empresa, mas que deve-se dar em Conditions de Vie et de Travail; Éd. Dublin. (A
oposição às ordens estabelecidas; enfim eles garantem Paraítre).
uma formação mútua oficiosa, necessária para suprir a
falta de formação oficial ou para diminuir a distância entre 05. DE JOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de
a formação oficial (que existe quanto ao trabalho teórico) e psicopatologia do trabalho. Trad. Ana Isabel
a realidade do trabalho a ser efetuado 3 . Paraguay e Leda Leal Ferreira. São Paulo, Oboré,
Esta constante atividade de recuperação, pelos opera- 1987.163p.
dores, da inadequação do modelo utilizado pela empresa,
06. DURAFFOURG, J . et alii. Une intervention
é onerosa para os trabalhadores, para a empresa e para a
coletividade. É possível que este custo venha a ser cada vez ergonomique; analyse et évaluation ergonomique à
maior nos sistemas computadorizados, cuja rigidez torna I'occasion de l'implantation d'un atelier de presse.
difícil esta atividade de recuperação da diferença entre a Paris, A.N.A.C.T., 1979.97p. (Collection Outils et
teoria e a realidade. Methodes).
A melhoria das condições de trabalho e da confiabili-
07. FORET, J . et alii. Étude du poste de conducteur de
dade das instalações depende de se recolocar em questão
machine trio, rapport n 32. Laboratoire de
este modelo e de se levar em conta as especificidades das
Physiologie du Travail Ergonomie; C.N.A.M., 1972.
intervenções humanas. Não se trata de melhor aprender o
52p.
trabalho real para enquadrar a atividade dos operadores
dentro de normas mais realistas, sempre mais rigorosas. A 08. GERME, J.F. et alii. Les conditions de travail: des
questão é colocar em evidência a inevitável variabilidade approches héterogènes; une autre approche des
dos estados do processo e dos operadores humanos, para
conditions de travail. Usage et reproduction des
que esta variabilidade possa ser considerada numa con-
forces de travail. In: EMPLOI et système productif.
cepção mais flexível dos meios e da organização do traba-
Paris, La Documentation Française, 1979. p.231-50.
lho.
Esta medida visa colocar em prática os conhecimentos 09. LAVILLE, A. & TEIGER, C. Santé mentale et conditions
sobre o funcionamento do ser humano no trabalho, pro- de travail: une approche de la psychopathologie du
venientes principalmente da fisiologia e da psicologia do travail. Therapeutische Umschau (Revue
trabalho. Mas esta execução não pode ser feita de modo Thérapeutique), 3:152-6,1975.
abstrato e de forma geral: trata-se de aceitar, confrontar
estes conhecimentos com uma observação detalhada da 10. LEPLAT, J . et alii. Formation par I'apprendissage.
realidade e da diversidade das situações de trabalho, para P.U.F., 1970.
apreender os elementos de variabilidade.
Mas encarar a realidade é também recolocar em 11. MARCELIN, J . & VALENTIL, M. Étude comparative
questão a divisão do trabalho, que serve de base à organi- d'ouvriers de 40 a 44 ans travaillant sur chaine dans
zação da empresa e, portanto, as estruturas de poder do deux ateliers de I'industrie automobile. Travail
sistema industrial. Humain, no 34,2, p.343-8,1971.

12. PIAZZA, M. & PAPET, P. Automatisation et conditions


Fiction and reality of labor de travail. In: PRODUCTION et automatismes,
I'experience du groups Renault. Ed. Sirtes, 1980. p.
Based on real examples obtained during 15 years by the 97-100. (Collection Hommes et Savoirs).
Ergonomics and Neurophisiology Laboratory of the
Conservatoire National des Arts e Métiers (CNAM) - Paris, 13. ROSANVALLON, A. Formation continue et
this paper presents elements for a critical review on human apprentissage, rapport de recherche. Action
being and technical systems patterns on which work programmèe D.G.R.S.T.,
organization of companies is based both in the traditional Emploi-Formation-I.R.E.P. Grenoble, Université
production sectors and in sectors adopting "new des Sciences Sociales, 1981.
technologies".
This paper comprises two supplementary parts: - the first, 14. TEIGER, C. Caractéristiques des tâches et âge des
labor centered, describes the difference between what is travaillers. In: AGE et contraintes de travail. Paris,
planned in method and organization bureaux and what is N.E.B., 1975. p. 235-90.
really done in the plant; - the second, emphasizes a
number of consequences caused to the individual, the 15. . Les empreintes du travail. In: équilibre ou fatigue
company and the society and suggests an approach based par le travail. Paris, Entreprise Moderne d'Édition,
on a "reality principle". 1980. p.25-44.
16. TEIGER, C. & LAVILLE, A. Nature et variations de 18. TROUSSIER, J.F. Travail índíviduei et collectif dans
I'activite mentale dans des taches repetitives: essai quelques industries, rapport de recherche. Action
d'evaluation de la charge de travail. Travail Humain, programmée D.G.R.S.T., Emploi-Formation -
no 35,1-2,p-116,1972. I.R.E.P. Grenoble, Université des Sciences Sociales,
1981.

17. TEIGER, C. et alii. Nature du travail des O.S.: une 19. WISNER, A. & LAVILLE, A. Opinions d'ouvriéres de la
recherche dans I'industrie electronique. In: • constrution èletronique sur la monotonie, la
L'ORIENTATION scolaire et professionnelle. 1974. complexité des tâches et les cadences. L'Etude du
p.7-21. Travail, 178:5-18,1966.

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