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DECOMPOSIÇÃO DA
MATÉRIA ORGÂNICA
Jéssica Karoline Fernandes Cordeiro
NO SOLO Nataly Rodrigues Soares
Marcelo Ricardo de Lima
Público sugerido
Alunos a partir do terceiro ano do ensino fundamental e do ensino médio. Todavia,
conforme o grau de escolaridade, a complexidade da discussão deverá ser
adequada.
Objetivos
a) Demonstrar a decomposição dos restos vegetais no solo;
b) Discutir como ocorre a decomposição da matéria orgânica no solo;
c) Discutir a importância da matéria orgânica no solo.
Materiais
a) Amostra de horizonte superficial do solo (cerca de 2 kg), preferencialmente de
um local de mata;
b) Cinco garrafas PET de 2 L;
c) Tesoura;
d) Etiquetas e caneta;
e) Restos vegetais: folhas de árvores, grama, plantas herbáceas, todas ainda
verdes;
f) Pinça comprida;
g) Água;
h) Local: É necessário ter um local na sala de aula, ou na escola, onde possam
ficar as garrafas durante o desenvolvimento do experimento. Deve-se programar o
experimento, pois o mesmo demanda pelo menos três a quatro semanas para
apresentar algum resultado visual. Em condições de clima mais frio o tempo pode
ser até maior.
Este roteiro foi originalmente publicado no site do Programa Solo na Escola/UFPR em 2015
EXPERIMENTOS NA EDUCAÇÃO EM SOLOS 80
DECOMPOSIÇÃO DA
MATÉRIA ORGÂNICA
NO SOLO
Procedimento
1) Cortar as cinco garrafas PET de 2 L ao meio, aproveitando a parte de baixo. Este
procedimento deverá ser realizado por um adulto, preferencialmente com uso de
luvas grossas, para evitar acidentes.
3) Colocar solo nas cinco garrafas PET cortadas, de modo a preencher cerca de
70% do Colocar resíduos vegetais frescos (ainda verdes) sobre o solo em uma das
garrafas no primeiro dia do experimento;
Foto: Jéssica K. F. Cordeiro
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5) Umedecer a amostra constantemente, para acelerar o processo de
decomposição da matéria orgânica, mas não deixar o solo encharcado, para evitar
que falte oxigênio para os organismos do solo. O solo deve permanecer úmido, e
não encharcado ou seco. A manutenção da umidade e da aeração é um aspecto
muito importante do experimento;
6) Nas semanas seguintes fazer o mesmo procedimento descrito no item “3” nas
demais garrafas aos 7, 14, 21 e 28 dias após a primeira garrafa. Ou seja, a cada
semana uma nova garrafa irá receber resíduos verdes na superfície do solo. O
ideal é fazer esta atividade sempre no mesmo dia da semana. Por exemplo, se o
experimento começar em uma terça feira, nas terças feiras seguintes será
acrescentado resíduos verdes em uma nova garrafa. Mantenha os mesmos
cuidados já descritos nos itens “4” e “5”. O ideal é que os alunos participem da
colocação dos resíduos verdes a cada semana em um dos potes, para eles
acompanharem o que está acontecendo com os potes mais antigos;
7) Ao final de 28 dias, a sequência das garrafas demonstra os estágios de
decomposição da matéria orgânica. Numere a garrafa na qual os resíduos foram
colocados primeiro com o número 5, a garrafa com os resíduos ainda verdes com
o número 1;
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9) Em seguida mostre as garrafas 2 a 5, que apresentam as diferentes etapas da
decomposição do material vegetal. Pode-se revolver um pouco o material, com
uma pinça comprida ou lápis, nas garrafas que receberam antes o material
vegetal, para se observar se o material em contato direto com o solo está mais
decomposto. Os resultados do experimento podem ser diferentes daqueles
mostrados nas Figuras a seguir, em função da temperatura e umidade na qual o
solo estava durante o experimento, ou da presença de maior ou menor quantidade
de macro e microrganismos no solo utilizado.
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MATÉRIA ORGÂNICA
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Questões e sugestões de atividades
Questão para levantar a hipótese com os alunos antes de iniciar o experimento:
a) O que acontece com os restos vegetais verdes se ficarem sobre o solo?
Questões para discutir com os alunos após a conclusão do experimento:
a) O que aconteceu com a coloração dos resíduos vegetais?
b) Por que esses resíduos vegetais perderam a coloração original?
c) Por que estes resíduos vegetais se alteraram? Quem fez esta alteração?
d) O que é decomposição?
e) Quais os tipos de decomposição (aeróbia ou anaeróbia)? Qual foi o tipo observado
neste experimento?
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Decomposição da matéria orgânica do solo
A decomposição é um processo natural, inverso à formação da matéria orgânica
pelos vegetais. Ou seja, é o processo de quebra da matéria orgânica pela ação dos
microrganismos do solo.
Durante a decomposição há transformação dos constituintes da matéria orgânica
(principalmente carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio) para a forma inorgânica,
sendo este processo chamado de mineralização. Por exemplo, o nitrogênio (N) liga-
do ao material orgânico (aminoácidos, proteínas, etc.) sofre mineralização e é libera-
do na forma inorgânica de amônio (NH4+).
A decomposição pode ocorrer de duas formas: aeróbica (observada no experimento)
e anaeróbica.
A decomposição anaeróbica ocorre na ausência de oxigênio que se assemelha ao
processo dos biodigestores. Como resultado da decomposição anaeróbia se tem
como produto o biogás, que é constituído principalmente por metano e gás carbôni-
co, além de outros gases. Deve ser destacado que o metano contribuiu mais para o
efeito estufa na atmosfera do que o gás carbônico.
A decomposição aeróbica ocorre na presença de oxigênio. A princípio, é esta decom-
posição que ocorreu no experimento, salvo se o mesmo foi mantido com o solo mui-
to molhado.
Os microrganismos decompositores aeróbios necessitam de oxigênio (O2) para que
ocorra o processo biológico de transformação do material orgânico, tendo como re-
sultado húmus, minerais, gás carbônico e água.
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Importância da matéria orgânica no solo
A matéria orgânica é importante para o crescimento de plantas em solos de ambien-
tes tropicais e subtropicais.
Dentre as funções da matéria orgânica, Mielniczuk (2008, p. 7) cita: a) é fonte de
nutriente para as culturas; b) ajuda a reter nutrientes no solo; c) reduz a disponibili-
dade de elementos tóxicos; d) melhora a estrutura do solo; e) favorece a infiltração e
retenção de água nos poros menores que 0,05 mm (microporos); f) favorece a aera-
ção do solo; g) fornece carbono e energia para os microrganismos. Dessa forma po-
de-se verificar a importância da matéria orgânica como indicador de qualidade do
solo.
Segundo Bayer e Mielniczuk (2008, p. 12-14), a matéria orgânica do solo, além de
ser um dos componentes do fator produtivo solo, também afeta os seguintes atribu-
tos do solo:
a) Atributos químicos: a matéria orgânica é fonte de nutriente, pois do seu processo
de decomposição disponibiliza para plantas nutrientes como N, P e S. Outra caracte-
rística química da matéria orgânica é a capacidade que possui de reter nutrientes
que serão utilizados pelas plantas. Além disso, tem a capacidade de complexar ele-
mentos químicos como exemplo o alumínio que pode ser tóxico para as plantas.
b) Atributos físicos: formação e estabilização de agregados, a interação da matéria
orgânica com os minerais do solo em conjunto com as raízes permite a formação de
agregados mais estáveis.
c) Atributos biológicos: a matéria orgânica é fonte de carbono, energia e nutrientes
que favorecem a atividade biológica do solo.
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Reuso e reciclagem
Os solos e resíduos de plantas utilizados neste experimento po-
dem ser descartado no jardim ou horta, pois não apresentam resí-
duos tóxicos. Não descarte o solo no lixo comum, nem despeje o
mesmo na rede de esgoto ou água pluvial.
Após lavagem, as garrafas PET podem ser reutilizadas em outro
experimento, ou serem separadas para coleta seletiva visando a
reciclagem.
Riscos
RISCO QUÍMICO E BIOLÓGICO: Não coletar as amostras de solo e
plantas em locais que aparentem qualquer risco de contaminação
química ou biológica. Assim, não realizar a coleta em locais próxi-
mos a depósitos de lixo, áreas de uso contínuo por animais domés-
ticos, esgoto a céu aberto, rios ou córregos contaminados, etc.
Bibliografia citada
CHAVES, L. H. G.; GUERRA, H. O. C. Solos agrícolas. Campina Grande: EDUFCG,
2006. p. 178.
BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G.
A.; SILVA, L. S.; CANELLAS, L. P.; CAMARGO, F. A. O. (Ed.). Fundamentos da matéria
orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. 2. ed. Porto Alegre,
Metropole, 2008. p. 9-26.
MELO, V. F.; LIMA, V. C. Composição do solo, crescimento das plantas e poluição
ambiental. In: LIMA, V. C.; LIMA, M. R.; MELO, V. F. (Ed.). O solo no meio ambiente:
abordagem para professores do ensino fundamental e médio. Curitiba:
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola,
2007. p. 27-48.
MIELNICZUK, J. Matéria orgânica e a sustentabilidade de sistemas agrícolas. In:
SANTOS, G. A.; SILVA, L. S.; CANELLAS, L. P.; CAMARGO, F. A. O. (Ed.).
Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais.
Porto Alegre: Metrópole, 2008. p. 1-5.
MOÇO, M. K. S. Atributos biológicos em solo e serapilheira sob sistemas
agroflorestais de cacau e outras coberturas vegetais. Campos de Goytacazes,
2010. 100 f. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) – Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias,
Campos dos Goytacazes, 2010.
SANTOS, H. G. et al. O novo mapa de solos do Brasil: legenda atualizada. Rio de
Janeiro: Embrapa Solos, 2011. 67 p.
SANTOS, H. G. et al. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. Rio de
Janeiro, Embrapa Solos, 2013. 353 p.
SOUZA, S. G. A. Produção e decomposição de serapilheira de uma floresta
ombrófila mista aluvial, rio Barigui, Araucária, PR. Curitiba, 2003. 127 f. Tese
(Doutorado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal do Paraná, Programa
de Pós Graduação em Engenharia Florestal, Curitiba, 2003.