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Grupo Fnmco Brasileiro de Paris

A Ética da Interpretação
Antonio .Quinet

Todo discurso se sustenta em uma ética: o discurso do analista se s ustenta


na é tica que é própria à psicanálise, tal como jacques l.aca n apreendeu do
dizer de Sigmund Freud.
Esse ofício inventado por FreucJ. tido por ele como impossível. é suscetível
de ser regulado por uma deontologia, ou sej:.t, um código de deveres e
regras a ser observado dentro do nmtcxro de uma profis.~ão' Com efei to.
é is.-;o que rema a IPA co m sua~ regras d e padroni7.ação da exp<:rit:ncia analítica:
estabelecer um Outro que seja um código de n.:grJs Ora. a p:mir de l.acan.
sabemos que o Ourro certamente é o lugar do código. pc.)rém. nãn Jc regr:t'i
e sim de significantes: O Outro é marcado pela falta de um ~ignific;um:
capaz de tninsformá-lo num cnnjumo de .~ ignificaçi'>c.:s. a panir do q ual :-.c
poderiam constituir regra<;: o Ourro é fura(k>. (A)
Não. nós, analistas, não remos uma de()ntolo~ia; mio temos um ··c..onselho
Regional da Psicanáli-;e.. como garante de nossos mos. O OUiro falta. Se
a deontologia, e suas in:>tituiçl>es, se fundarnenw na rl~!'ipon-;ahelid;~de do
profb~ional, não podemos di7.er o mesm t> d o que tcnm estabelecer a IPA.
cuja função é sobretudo a de d<.'Sresponsahili7.ar o analbta de seu ato. reh:li·
xando a experiência analítica a uma técnica-padr:in à qual da o forma e
conforma. Nada mais lhe resta senão supervi$i<.>nar a comrarransferéncia do
analista e propor normas. inclusive da ime rprcra<;ào - \"hJt: Kris, cht'\.~icizadc. >
por Lacan, com sua técnica da interpretação tia superfície à profunc.Jidade1 .
Com L1can, ao invés de técnica. temns étic:e. ao im~.~ d e regra~. temos
a lógica do discurso do analisw com se::us matc.:m<~s. E wmh~m a 'aloriz:lt.}to
de!:ite termo - a responsabilidade do analista. O analista é responsável por
seus atos e deve poder responder por eles.
A falta de garantia do Outro deixa, no entanto, 0 analista ao sahor dos
impulSO$ de sua~ marés' (!nico mestre a bordo. o analista decide sobre seu
ato, submetendo-se. no entanto, à estrutura que o condiciona, desaparecendo
como sujeito. Na análise só há um sujeito: o sujeito do inconsciente. Incons·
ciente este que não é ontológico. e sim ético. Esse é seu stal!ls, pois é dado
pela presença do analista. É dever do analista, com a transferência, colocar
o inconsciente em ação.
A ética da psicanáli~;e risca do mapa o Bem Supremo como finalidade
a ser atingida, já que um estado de quietude do desejo numa completa
satisfação só existe no Imaginário. Isto implica dizer que ao Outro, como
tesouro dos significantes falta. o significante da completude, da rela(,fto sexual
emre os sexos - S <A) é o significante que encobre e aponta essa falta.
O Outro nada garante, muito menos a felicidade. O analista que vier a ocupar
esse lugar do Oucro como garante encontra-se no registro da im(X1Stura.
Isto pode ser figurado de diversas maneiras, seja com a promessa de uma
suposta mamraçào genital, seja o analista constituindo-se como garame da
realidade para o analisando. Esse lugar (A) é, em suma, um posto de comando,
mando, rratandu-se aí du analista-mandacJor, ayuclc que se quer garante do
Outro. .Ma~ o problema é que ele é con:mmtemente chamado a ocupar esse
lugar, po is é para lá que o analisando dirige seus signifitanres. ou seja. sua
demanda criada, por sua vez, pela oferta do analist:1. Responder desse lugar
nada mais é do que submeter-se ao registro banal da comunicação - o
que no grafo de La<:<m equivak a ir de A diretamente a s (A) - onde o
sentido da fala é dado pelo analista.

Atribuir um sentido ao que di7. o analisando é impedir que surja a


questão Jc seu desejo. Sendo a ética d:1 psicanálise a étiL';l do desejo, é
dever do analisw fazer com que de emerja - isso é função do desejo do
analista que \'em apniar u desejo do Outro, possihilidando o surgimento
de um "Que queres?". ou seja, marcando o Outro pela f,dta, barran~lo esse
lugar do Outro em que 1> analisando espontaneamente o coloca. E assim

HO
que. ele sai do registro Lia romunicaç;lo, da impostura - o que no grafo
eqUivak ao tr<IJé'tO, em pllmll de inrerrogaçiio, dn desejo que \'ai de A a
S (A ).

Interpretar a fala do analisando a partir do lugar do Out ro atribuindo


sentido a seus significantes tem como efeito a sugestão. cuja definição segundo
<~ Direito diz..ser "o fat~). de intlucnciar alguém, ditar-lhe sua conduta para
tirar proveito . Tal fato e Ilustrado pela hipnose ondt: se encnntra a L'S!fll!ura
do discurso do mestre: o hipnotizadnr agt• sohre \) hipnotizado para tir:rr
proveito, ou seja, produ:dndo o objeto a.

Se análise não é hipnose, todo dciro de suge!itão deve ser evitado.


Mas o problema é que a sugestão i: uma <::.tr:l(:rerístic<l do si~nificantc. Há
um poder de comando que é prúprio ao significante. O fato mesmo de
falar provoca um efeito hipnótico no ouvinte: coman<.lo, f;~scinaç<io ou até
mesmo sono. No que conccrne à interpreração psicanalítica, como aparar
esse efeito hipnótico do signifkame? Lacan respondc com ourra propriedade
do si~nificante: o equívoco. A interpretação joga com o e(JUÍV(KO, termo
latino mai'> apropriado par& traduzir a categoria t:mpregada por Freud no
texto da Gradiva designando o procedimento Lie 7~>é em sua interpretação
do delírio histérico de Norhen Hanold: Lu-eid€!util{k<!il - duplo sentitlo.
Ao JOgar com o equívoco a interpretação não hípnoti7.a, e sim intri~a. instiga.

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GntpofratKo-hrasi/eim de Paris

transferido a função de atribuição do sentido ao analisando.


E quanto ao sat~r? Deve o analista interpretar com um enunci~do de
saber? Afinal o analisando espera que ele enuncie um saber sobre si, situan-
do-se o analista em boa posi(,'àO para fazé-lo uma vez que o pivô da transfe-

sem a i~putação de *
rência e' como diz Lacan o sujeito suposto saher 1 . Não é possível uma análise
ao analista, saber que nada mais é do que supost~).
Aproveitar-se de!IS<I supo.~i(,'âo é manter-se no âmbito da ímposcura e, ma1.t;
especificamente, acentuar a vertente repetição da transferência que rende
ao infinito. Para esc.tpar ao discurso do mestre o analista pode ser tentado
a se apagar escondendo-se como sujeito de baixo de um enunciado de saber
sobre o que causa a divisão do analisando e caindo, então, no discurso do
universitário, numa pedagogia do desejo.

Recusando-se a isso, o analista recokx.:a o sujeito .o;upn~to saber no seu


devido lugar, ou seja, do lado do único sujeira na análi.c;e, aquele que se
manifesta na pessua do analisando.
Interpretar a partir da posição de semblante, de fa7.-de-coma de objeto
a é o que implica o discurso do analista e a transferência como encomró.
topada. É aqui que se situa a ética da interpretação, que é uma expressão
de Lac.an empregada no seminário em que desenvolve o discurso do anali:sta·~ .
Semi-dizer é o termo que confere a ética na c.1ual a interpretação intervém.
Ela é, portanto, correlativa à estrutura da verdade que não pode ser dita
por inteiro: o recalque jan~ais será abolido. O semi-dizer da ética da·imerpre-
taçào conjuga-se com a ética da p.~içanáli<>e - a ética do hem-dizer.
Lacan nos dá duas modalidades da interpreta<,'ão que são do regiscro
do semi-di7.er: o enigma e a cita<,"ão.
A imerpreta<;ão mmo enigma desloca totalmente a decifmção para o
lado do analisando. A etimologia nos ensina que ~e trata de um termo oriundo
do grego ainfgma - palavra ohscura. cquí\'oca. Enigma é um elem~:mo
de discurso, um e nunciado propondo um sentido ambíguo ou obscuro, sob
a forma de descrição ou de definição e pam o qual·se deve encontrar o
sentido intendonado. Ele faz parte, pof't'Jnto. do campo da linguagem, sendo
sohretudo função da f:1l:t. Tr:ua-st·. purl-111. dt· uma fala ondl' 1> sentido.
ainda que superabundante- o enigma, di7.-nos J.;J<."an. é o cúmulo do sentido•
- não é explicito, equiv,dendo, portanto, à pur-.1 enundação..
O analista com seu. dito-enigma t: o in"erso do analisw orácul o, o que

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A Ética da /11/erpl'~taÇ(Jo

adi~·inha, \'aticlna, marca os significantes do destino do sujeito. o analista


é de preferência antiorátulo, sua inte rvenção indo contra o oráculo do sujeito:
as palavras do Outro.que o mortificam, Q; significantes aos quais está assujei-
tado. É rareia do analtsta fazer com que o sujeito emretenha com seu oráculo
uma rda~,'âo dt> pro<.lu~,'ào. isru é. qut." de u n >tnitc: s_ . S 1 - tomha ,,
oráculo. Cabe ao analista fazer o sujeito transpor os limites de :>eu oráculo
assim como Amigona transpõe a AJé familiar: o sujeito. como diz Lacan'
apura o escrutínio dessa f.ei ~. '
. Lacan n~~> deixa _de levar e~. coma o poder oracular da pal:wra do
anahsta. Em A d1reçao da cur::l... ele d iz: ..Decido de meu oráculo e o
artic~lo .como quero·'6. Esse poder oracular corresponde ao efeito de hipnose
do Sl~llflcame. N? .Etourdit ele comunica o emha~-o q ue advém elo fato
de o ~1zer do anahsta tomar emprestado o termo de lmerpreta(,'áo de campos
tão_difen:nres quanr? o or:kulo e o fora-do-d iscurso da psicose· . A inte111re-
~o delirante cons1ste na a~ribui<;ão de um sentido aos significantes enlgmá-
ocos qu.e vt:m do ?urro; à m~e111reração própria ao oráculo é a '".lticinação
de.significante. A 1merpretaçao do analista nada tem a n:r com das _ é
en1gma.
Ma~ o enigma também é uma cal'aCteristica da histeria - a histéria1
esfinge cnl?'a um en~gma para o homem Édipo, diz I.:K":ln, ou seja, a panir
de s.~ d~v1sà9 subjetiva. O Sintoma histérico, ac;.c;im como a inrerpretac,":io
a~ahn.ca, 1mpele o outro á decifração, daí conStituir um laço social: o dis<:mso
hasténco.

A histeria é, com efeito, o único tipo dínko resuhante da estruturo~


de discurso• . O obsessivo não constitui laço social, pois não impele o outro
à decifração - ao invés de colocar um enigma ele dá a explk-ação, se jtL~tifica.
E o psícôtlco, cuja interpelação do Ourro prescinde l.lo semelhante, está fora
do discurso.
O que diferencia a interpretação analltica do enigma da hiscéric'J não
é apenas que o sujeito aí ~á ausenre, mas tamhém o futo de ela apoiar-se
num saher que se deposita. E no saber que cun-;iste a \'erdade da interpretação
analírica..e não n<> gozo escuso do enigma histérico.

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Grupo ji'tmW-(Jmsileíro de Paris

A inrerpretaç~o como enigma é uma enunçiação já quanto ao enunciado.


di7. Lacan: virem-se. E mais adia nte diz qu~ é enigma colhido na trama do
dbcurso do analisando. Isto nos lt:\':.1 a abordar a segunda modalidade da
ética da imerpretac;ão - a citaÇão, que l.acan ide::ntifica com o enum:iado.
A citação também é fl)nção da fala - trata-se da ação de citar, de extrair
e re utili7.ar um fragmento Je texto, genilm~nte um texto aurentiflcado pelo
Outro, parte do discurso unin?rsal. A citação vem como um apoio ao que
se d iz, como um saber a<;segurado, daí s ua voca<,'ào de inserir-se no discurso
universitário. Mas o enunci;:~do pode, na .verçlade, inscrever-se como agente
em qualquer discurso. No discurso analític<? a interpret,açiio como citação
não apela para a funyio de 01,1tro autor que não seja o próprio analisando.
Tr.lta-se de extrair um enunciado .d o texto do anali<iando conferindo-lhe. o
staJus de enigma Isto pode ser representado no iex"lo escrito pela pontuação
- que é o modo.de faz~r a enunciação passar na escrita: a-;pas, pomo de
exdamaçáo, de interrogação . reticências ou, simplesmente, ponto.
A citação dos própr\0$ slgf1ificames do analisando fa7., no ent~to, do
analista um papagaio? Qual é a diferença entre um anali'ita e l!m ,papagaio?
Mesmo que um papagaio possa rra7.er à baila para uns e outros um "Que
queres?", é por sua enunciação que o.analista presentifk'a o enigma do desejo
do Outro. E isto, de preferência, sem papagaiada'i, pois, esr.as desvelam sempre
que o analista não cumpre sua função de f~·Qe-<..'Onta de objeto (a), elas
indit: lm ar~:nas sua histcna Oi I. Por meio de s u;1 enundac_';io. o analista traz
um x que se acre;centa ao enunciado do analt.<;ando constituindo-o como
enigma.
A interpretação é sem dúvida o que diz o analista. é o di7.e r do analista
Dizer que. segundo a definição de J.acan, é uma fala que funda Ut:n fato.
Trata-se do que os lingüistas. a partir de Austin, chamam de um dito perfor-,
mativo, isto é, um enunciado que constitui simultaneamente o ato ao qual
se refere, como, por exemplo; "autbrizo-o a partir:·. que é e m si uma autorl·
zação, ou então, "Fico!'' que, e m nossa história, funda fato, dito e feito. Hf
também o Grito ....:.o do Ipiranga - que não deix:a de ser um dito performativo.
e das mais profundas con.<;eqüências .. A inrerpretação psicanalítica é dessa
ordem: ela se fundamenta num ato, o ato do analista E como tal ela compott3.
sua cent:7.a c não sua indetenninação, ou seja. ela está do lado daquilo qucj
omfere a certeza, o ser, e não da indeterminação. dp sujeito que é falta-a-se(.
Retomo aqui a oposiç~o. ressal~ poc jacques-Alain Miller no ensino de
J.acan, entre o íncon'idente como mcxjo de ser indeterminado do sujeiró
e o ato como aquilo no qual o suje ito reali7.a sua certeza ao nivel c.ló ser. · ·
O analista não imerpreta com seu incon'iciente, pois, na cura ele não
~stá como sujei H), ma~ ('Om St'~l ser -'-' ao que ~e deve acrescentar - apoiado
no saher que se deposita na cura a partir da panicularldade do sujeito que
A Ética da i111e1pretaçt10

o utilí7.a para se analisar. Esse saber que se encontra em posição de verdade


no discurso analítico corresponde ao que Freud chama de construção em
análise.
Em seu ato o analista se encontra no "não pen-;o.., ele o reali7.a sem
pensar, assim como a interpretação é um dizer rePentino. num triz - sem
tir·te ne m guar-te. Está, ponamo. evacuada a questão do riming da interpre-
tação, tão cara à IPA - como testemunha o artigo de Gcorges Devcreux
- . que con.~i'ite em esperar uma' boa oportunidade para re\'elar ao paciente
o que o analiSta pensà'.
se em seu ato o analista não pensa. na construção ele pensa - é o
que perm~te que a interpretação não seja um tiro no escuro e o ato do
analista rebaixado a uma ·mera e vil atuação. Em seu artigo "Con.~truções
em Análise'·, Freud opõe nit.idameme interpretação e construção, sendo eSGt
sempre prévia àquela. À diacro nia da construção se opõe a s incronia da
interpretação. A inte rpretação é s upetão, tem a estrutura de corte. A construçào
é o que se elabo ra como cas() em sua particularidade. Uma não v<~i sem
a outra, sendo a interpretação o que vem testar a construção.
O dizer do analista só pode ser considerado interpretação pelos efeitos
que produz a nível do recalque. É, portanto, num só-depois que a interpretação
pode ser nomeada como tal, tendo ou não o assentimento do analisando,
pols a interpretação, como diz I.acan, não é feita para ser compreendida
e sim para produzir ondas, ondas de significante.
A interpretação é econômica de sígnifteantes, sua tática é a da poupança
e não a do esbanjamento da fala, a da tagarelice - perceptível, por exemplo,
nas intermináveis interpretaÇões de urna joyce MacDougall - pois, o que
ela visa não é a significação, e sim os furos no jogo da significação. Ela
é corte, secção do significante. sexão, por incidir no ohjeto a causa do desejo.
Como se trata aqui da ética da interpretação, quais são suac; vinudes
e seus vícios?
Lacan nos fala da virtude alusiva" da inte rpretação, o q ue se conjuga
com sua é tica do semi-di7.er. Se~ vício poderia ser o oposto- a interpretação
por demais explicita, a interpretação dedo-na-ferida. A interpretação como
semi-dizer não explícita, só aponta. Mas e la não é aherta a textos o:e; senridos,
como diz Lacan. Não se pode figurá-la pela estátua do Cristo Redento r, hraços
abenos sobre a Guanabara, como diz o samba do avião, indicando mm
SU2S mãos simultaneamente pa.r a c.lireçôes oposta<;. Tampouco é samha do
crioulo doido embaralhando a<; canac; tia hi~ória só par'.! suc;tentar o gozo
dos jogos de palavra. A.nãli.se não é samba.
Assim como o São João de Leonardo da Vlnci, a interpelação psicanalltica
só aponta para uma e única direçOO: a direção do horimnte desabitado do
ser.

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Grupo franco -brasileiro de Paris

NOTAS

1. E., KRlS, "Psicologia do Ego e Interpretação na Terapia :malitica", Falo n. I. Fator, salvador,
1987, p. 131 I' _, " Sei/' 1
2. J IACAN, "Proposltion du 9 octobre 1967 sur le psychanalysre de E~vte • u:et n. ,
Seuil, Paris, 1968, p. 19. nu. J '- •
3. J.IACAN. teSémlnalre L'enversdelapsycbanalyse, 17 de dezembro de '""7,-esta raer....oa
constitui o eixo do presente trabalho .
4. J. LACA.."'', "Introdução ~edição alemã de um primeiro volume dos Escmos (Walter Verlag),
neste número de Falo.
S. J· IACAN, LD Séminain!, livre VIl, I'E~ de lapsycbanalyse. Seuil, Pacts, 1986, P· 347.
6. J. I.ACAN,Écrits, Seuil, Paris, 1966, p. 588. ·
7. J. I.J.CAN, 't'étoucdit", Scilicet n. 4, Seul!, Pacts, 1973, p. 47. . .. . ..
8. G. DEV:EREUX. "SOme críteria for the tirning of coruromanons and mterpretauons • IJ.P.
XXXII, 1951
9 J.lACAN,Écrits, p. 641.

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