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Introdução

O presente trabalho é sobre a poesia dos heterónimos de Fernando Pessoa –


Alberto Caeiro.
São objetivos deste trabalho dar a conhecer Alberto Caeiro, o seu fingimento
artístico, análise dos seus poemas “II -O meu olhar é nítido como um girassol”
e “V – Há metafísica bastante em não pensar em nada”, um parecer da sua
linguagem, estilo e estrutura e por fim uma leitura da imagem “The Three
Sphinxes Of Bikini” de Salvador Dali.
O trabalho está estruturado em XXX diapositivos e a metodologia utilizada foi a
pesquisa bibliográfica, enriquecida com algumas imagens.

V- Há metafisica bastante em não


pensar em nada
 Estrutura Externa:
O poema tem 12 estrofes, sendo estas um dístico, dois tercetos, uma quadra,
uma quintilha, uma sextilha, três sétimas, uma oitava, uma décima e um
irregular.
Tem, também, irregularidade rimática, estrófica e métrica.
 Irregularidade métrica:
Verso 11: 13 silabas métricas (verso bárbaro)
Verso 14: 10 silabas métricas (decassílabo)
Verso 16: 19 silabas métricas (eneassílabo)

 Estrutura Interna:
 Sinestesia: “cheias de calor” (V. 15) e “vê o Sol” (V. 16)
 Metáfora: “para mim pensar nisso é fechar os olhos” (V. 8)
 Polissíndeto: “E a pensar muitas coisas cheias de calor / mas abre os
olhos E vê o Sol / E já não pode pensar em nada,” (V. 15-17)
 Interrogação retórica: "que ideia tenho eu das cousas? / que opinião
tenho sobre as causas e os efeitos? / que tenho eu meditado sobre
Deus e a alma / e sobre a criação do Mundo?" (V.4-7)
 Análise do poema (ve um título mais apropriado ns se
este é o melhor):

Alberto Caeiro é objetivo, portanto observa as coisas e o nundo como elas são
sem qualquer subjetividade, por esse motivo a sua escrita é simples, direta, e
ainda assim, é complexa do ponto de vista reflexivo.
Com este poema pergunta a si próprio como é que os filósofos e poetas
pensam em tanta coisa além do que os sentidos lhes exibem.
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Metafísica – Domínio da filosofia que se ocupa com as questões do ser e
existir.
No poema diz “se eu adoecesse, pensaria nisso” (V. 3), e com isto demonstra
que estar doente não é normal, então só numa situação de doença é que iria
contra os seus princípios e pensaria na metafísica, o que para ele não é
normal. Só numa situação anormal é que ele pensaria, pois, pensar também é
anormal.
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Para o poeta os filósofos são homens loucos e os poetas são homens doentes,
então a partir da metafísica a respeito de alguma coisa cheia de calor, os
homens doidos começam a pensar em várias outras coisas cheias de calor; no
entanto, quando abrem os olhos e vêm o sol, já não pensam em mais nada,
“porque a luz do sol vale mais que os pensamentos / de todos os filósofos e de
todos os poetas.” Logo, para Caeiro pensar o mundo é estar doente.
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Na segunda estrofe Caeiro expõe que pensar em questões da metafísica é não
fazer nada. Se uma janela não tem cortinas é porque já se consegue ver o que
é suposto ver dessa tal janela, portanto correr as cortinas de uma janela que
não as tem, é fazer nada.
“É correr as cortinas / da minha janela (mas ela não tem cortinas)” (V. 10)
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Já na quarta estrofe Caeiro começa por falar da metafísica das árvores, que
como é dito, não nos faz pensar muito, já que elas são verdes, copadas, têm
ramos e dão fruto na sua hora.
Com o objetivo de valorizar o facto de que as árvores não pensam na
metafísica, onde ele também preferia viver desse modo e mundo metafísico.
Pode-se comparar as árvores com Alberto Caeiro, pois ambos não pensam,
apesar de ele ter a capacidade de pensar.
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Nas estrofes 8 e 9 o poeta faz uma crítica à religião monoteísta, crença na
existência de apenas um só deus. Acreditar em Deus, na religião ou pensar em
coisas, como as questões da metafísica, é não saber olhar para as coisas
como elas são, simples e objetivas.
“Não acredito em Deus porque nunca o vi. / Se ele quisesse que eu acreditasse
nele, / Sem dúvida que viria falar comigo / E entraria pela minha porta dentro/
Dizendo-me, Aqui estou!" (V. 41-45).
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O paganismo é designação dada pelo cristão à religião politeísta, sendo esta a
crença na existência em vários deuses. Uma das características do paganismo
é que a divindade está sempre presente, até na própria natureza.
No fim Caeiro diz que vive naturalmente amando Deus sem pensar Nele,
porque ele é tudo o que está à nossa volta
“Mas se Deus é as árvores e as flores / E os montes e o luar e o sol, / Para que
lhe chamo eu Deus? / Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;” (V.56-
58).

 CONCLUSAO:
Em suma, o poema começa a dizer que não devemos pensar nas questões da
metafísica, pois as coisas são objetivas e simples, então são aquilo que vemos.
O poeta chega a criticar a religião e diz que não acredita em Deus, mas no fim
acaba por chegar ao resultado de que Deus é tudo o que está à nossa volta,
numa forma objetiva sem necessidade de pensar no mundo e nas coisas.

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