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Anatomia Dental de Dentes Multiradiculares (Carolina Paul)

Radiografia: visão bidimensional de estruturas tridimensionais.

Adequada intervenção endodôntica: conhecimento detalhado da configuração dental interna.

Cavidade pulpar: É o espaço que encontramos no interior do dente, limitado em toda sua
extensão por dentina, exceto ao nível do forame apical (delimitado por cemento).

• Dividida em:
- Câmara pulpar: aloja a polpa coronária;
- Canal radicular: aloja a polpa radicular;

Câmara Pulpar: Possui paredes vestibular, lingual, mesial e distal. Em dentes posteriores,
geralmente apresenta o formato de um prisma quadrangular irregular com seis lados: o
teto, o assoalho e as quatro paredes axiais, que recebem seus nomes de acordo com a face
do dente para as quais estão voltadas, sendo identificadas como mesial, distal, vestibular e
lingual (ou palatina). O teto da câmara pulpar tem forma côncava e está localizado abaixo
da superfície oclusal, nos dentes posteriores.

• A parede oclusal chamamos de teto da câmara pulpar – removido na abertura


coronária;
• A parede cervical ou assoalho;
• Com a progressão da idade, a contínua deposição de dentina secundária ou terciária,
além da formação de calcificações distróficas, nódulos pulpares ou outros processos
degenerativos, promovem a redução progressiva do volume da câmara pulpar,
alterando sua configuração original, o que pode bloquear os orifícios dos canais
radiculares.
• Assoalho da câmara pulpar: superfície convexa, lisa e polida na parte média,
apresentando em seus ângulos depressões que correspondem as entradas dos canais
radiculares.
• Ápice anatômico: o ápice anatômico é a ponta ou fim da raiz determinada
morfologicamente.
• Ápice radiográfico: é a ponta ou fim da raiz determinada radiograficamente.

Biologicamente, o canal radicular é dividido em:

• Canal dentinário: maior extensão – campo de ação do endodontista;


• Canal cementário: 0,8 a 1 mm final – termina no forame apical e aloja o coto pulpar.

Vértice anatômico X saída foraminal:

• Distância do forame ao limite CDC: 0,5 a 0,7 mm – ou seja, o forame é lateralizado


em relação ao vértice radicular;

Canal cementário:

• 0,5 mm – rizogênese recém completada


• Jovem adulto: 1 mm
• Idoso: 1,5 mm
• A distância do forame ao vértice aumenta com a idade
• Localização topográfica do forame em dentes humanos, 260 casos, MILANO et al.
1983:
• O forame apical distancia-se do ápice radicular, podendo esta variar entre 0,5 à 3
mm.
• Lateralmente da raiz, com maior frequencia para distal: D – 48%; C – centro do
ápice 12,6%

Taxas de sucesso endodôntico X limite apical:

• Melhor prognóstico: instrumentação adequada e obturação na constrição apical;


• Pior prognóstico: instrumentação e obturação além da constrição;
• O segundo pior prognóstico: preparo e obturação mais do que 2 mm aquém da
constrição, combinado com uma pobre instrumentação e obturação;
Fatores que alteram a cavidade pulpar:

• Deposição de dentina secundária


• Deposição de dentina terciária: produzida em reação a estímulos

Primeiro molar inferior

• Dente mais volumoso da arcada. Coroa com 5 cúspides (3 vestibulares e 2 linguais).


• Duas raízes bem diferenciadas (mesial e distal), achatadas no sentido mésio-distal e
amplas no sentido vestíbulo-lingual
• Raiz mesial com acentuada curvatura e raiz distal levemente encurvada ou reta
(iniciar a abertura coronária sem isolamento absoluto, ao atingir a câmara isolar o
elemento).
- Inclinação na arcada: Mésiodistal (10º) e vestibulopalatino (13º)
• Número e localização da entrada dos canais:
- Normalmente, 3 canais radiculares. 1 distal e 2 mesiais (mésio-vestibular e mésio-
lingual)
• Comprimento médio:
Médio: 22 mm
Mínimo: 19 mm
Máximo 27 mm
• Número de raízes: 2 (97,5%). 3 (2,4 %)
• Número de canais: 2 (8%), 3 (56%), 4 (36%);
• Primeiro molar inferior com raiz suplementar – terceira raiz
• Complicações anatômicas: remoção da projeção de dentina; o menor estreitamento se
dá na entrada do canal radicular e não na região apical; espessura média de dentina
na zona de risco (0,78 a 0,18 mm)- cuidar preparo do terço cervical e médio; a
espessura da parede dentinária na zona de risco é menor nos dentes longos em
relação aos dentes curtos.
Segundo molar Inferior

• Semelhante ao 1º MII, porém é menor


• Coroa com 4 cúspides
• Duas raízes, não tão diferenciadas, podendo fusionar-se total ou parcialmente
• Inclinação na arcada – 15º M-D e 12º V-P
• Comprimento:
- Médio: 21,7 mm
- Mínimo: 19 mm
- Máximo: 26 mm
• Câmara pulpar:
- Número de reentrâncias correspondem ao número de cúspides (4);
- Forma retangular;
- Semelhante a um cubo, com divertículos bem marcados
• 3 canais radiculares, 1 na raiz distal e 2 na raíz mesial (MV e DV)
• Raízes (canais radiculares):
- São mais retas e menos divergentes que as do primeiro molar inferior;
- Podem apresentar fusionamento parcial ou total;
- Raiz mesial pode ter forme de rim ou de 8 com canais separados ou confluentes;
- Raiz distal normal/oval;

N de raízes N de canais
1 raro
2 98,5% 16,2%
3 1,5% 72,5%
4 11,3%

• Raramente pode apresentar um canal


• Fusionamento das raízes
• Complicações anatômicas:
- Tipo I: formato de C em separação;
- Tipo II: a dentina separa em dois canais;
- Tipo III: dois ou mais canais separados.
Terceiro molar inferior

• Comprimento médio: 18,5 mm


• Erupção: 17 a 21 anos
• Término da rizogêneze: 18 a 25 anos;
• Dificuldades técnicas
• Grande variação da anatomia interna;
• Maior inclinação no arco;

Dentes superiores
Primeiro pré molar superior
• Coroa cubóide, com dimensão v-p maior que a m-d, com duas cúspides (V e P);
• Duas raízes (V e P) – 61% dos casos;
• Inclinação na arcada: 7º M-D e 11º V-P;
• Dois divertículos bem pronunciados;
• Canais estreitos, quase sempre retilíneos, não oferecem dificuldades ao tratamento;
• Dois canais (84%), mesmo quando apresenta uma raiz;
• Quando só há um canal – amplo com forte achatamento m-d (8,3%);

• Comprimento médio: 21,5 mm.


• Técnica de clark: se mesializar a tomada radiográfica, a raiz palatina se sesloca
para mesial, se distalizar a tomada radiográfica, a raiz palatina se desloca para a
distal.
• Podem ser encontrados três canais (2 vestibulares e 1 palatino – 7,5 % dos casos)
– bastante finos e de difícil tratamento
Segundo Pré Molar Superior

• 1 raiz (95%);
• 2 raízes (5%);
• 1 canal 55 a 60%
• Dois divertículos bem pronunciados;
• Canal único (53,7%), fortemente achatado no sentido M-D e amplo no sentido V-P
• Não oferece dificuldade para o tratamento endodôntico
• Pode haver duplicidade de canais em uma raiz única
• Variadas conformações – terminam em forame único ou independentes;
• Pode haver duplicidade de canais em raiz bifurcada em vários níveis ou em duas
raízes;
• Inclinação na arcada – 7º M-D e 10º V-P
• Tamanho médio: 21,8 mm

Primeiro Molar superior

• Coroa tetracuspidada, com cúspides bem definidas e volumosas


• Três raízes bem diferenciadas (2 vestibulares e 1 palatina);
• Comprimento médio das raízes:
- Mésio-vestibular: 21 mm
- Disto-vestibular: 21 mm
- Palatina: 23 mm
• Canais radiculares:
- Número de raízes: 3 (95%) e fusionadas parcialmente (5%);
- Raiz mésio-vestibular: curvatura para distal (78%); achatada no sentido mésio-
distal e ampla no sentido vestíbulo-palatal;
- Raiz disto-vestibular: reta (54%); apresenta menores dimensões que a mésio-
vestibular e tem forma cônica;
- Palatina: curvatura para a vestibular (55%), é a mais volumosa e possui forma
cônica de secção circular ou ligeiramente ovoide;
• Câmara pulpar: trapezoidal, ampla e alongada no sentido V-P e estreita no sentido
M-D;
• Assoalho pulpar convexo e de aspecto regular;
• Assoalho pulpar triangular ou trapezoidal com base maior para vestibular e menor
para palatina
• Nos ângulos desse triangulo (ou trapézio) localizam-se as entradas dos canais: o
palatino, de fácil localização e acesso, por ser bastante amplo; o M-V, de mais difícil
acesso em virtude de sua posição; o D-V ocupa uma posição mais palatal quando
comparada à entrada do canal M-V

• Raiz MV:
- 1 canal (17 a 20% - centralizado);
- 2 canais (80 a 83% - 1 vestibular e 1 palatino) – 4º canal; trajetória do quarto
canal;
➢ Pode apresentar três ou quatro canais – o achatamento mésio-distal que
caracteriza a raiz M-V, determina, muitas vezes a existência de dois canais
nessa raiz: um vestibular (canal vestibular da raíz mésio-vestibular) e
outro palatal (canal palatal da raíz mésio-vestibular).
• Canal MV e canal MP: unem-se em alturas variáveis e terminam em forame único ou
apresentam trajetórias independentes até o ápice e forames separados;
• Canal palatino: amplo, de fácil acesso, podendo ser retilíneo ou apresentar leve
curvatura para vestibular;
• Canal disto-vestibular: bastante atresiado, pode ou não apresentar curvatura
Segundo Molar Superior
• A coroa pode assumir conformações variadas – tetracuspidada, tricuspidada com
volumosa cúspide palatina;
• Três raízes (2V e 1P), não tão separadas quanto às do primeiro molar superior;
• Câmara pulpar com morfologias diferentes:
- Forma de compressão;
- Achatamento proximal;
• Duplicidade do canal mesiovestibular é rara
• Frequentemente há fusão das raízes
• Maior achatamento da câmara pulpar determina a proximidade da entrada do
canal DV com MV
➢ A localização da entrada do canal distovestibular dos 2º e 3º molares superiores
podem ser localizadas traçando-se uma linha unindo o canal MV e P em um
semicírculo entre os canais MV e palatino, o canal DV estará normalmente em algum
local nesse quadrante (vestibular/distal).
• Tamanho médio: 21 mm

Terceiro molar superior:


• Anatomia radicular imprevisível;
• Seleção de casos: valor estratégico;

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