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Os Maias

Tema: Passeio por Lisboa


1. Situa o capítulo, e resume o seu assunto.

O capítulo é o XVIII e descreve o passeio por Lisboa.

Passam-se semanas. Sai na "Gazeta Ilustrada" a notícia da partida de Carlos e Ega numa longa
viagem pelo mundo: Londres, Nova York, China, Japão. Um ano e meio depois Ega regressa
trazendo consigo a ideia de escrever um livro, "Jornadas da Ásia"e contando que Carlos ficara
em Paris, onde alugara um apartamento, pois não queria mais lembrar a Portugal.

Dez anos depois Carlos chega a Lisboa para matar saudades e almoça no Hotel Bragança com
Ega, que lhe conta as novidades: que a sua mãe morrera, que a Sra. Gouvarinho herdara uma
fortuna e agora estavam mais Aparece o Alencar e o Cruges, que falam desse anos que
passaram: Alencar cuidava agora da sobrinha, pois a sua irmã morrera e Cruges escrevera uma
ópera cómica, a “ Flor de Sevilha” que lhe valera o merecido reconhecimento; Craft mudara-se
para Londres; O marquês de Souzela morrera; D. Diogo casara-se com a cozinheira; O general
Sequeira fora morto; Taveira continuava o mesmo; e Steinbroken era agora ministro em
Atenas. Depois, combinam um jantar e Ega e Carlos vão visitar o Ramalhete. Pelo caminho
encontram o Dâmaso, que casara com a filha mais nova de um comerciante falido e que para
além de ter de sustentar toda a família, a mulher traia-o. Aos poucos, Carlos toma consciência
do novo Portugal que existe agora, anos passados. Vêm Charlie que passa por eles e Carlos vê
que ele está um homem ( Ega insinua que ele é maricas,). Depois, encontram Eusébio, que fora
obrigado a casar com uma mulher forte, pois o pai dela apanhara-os a namorar.

No Ramalhete, a maior parte das decorações (tapetes, faianças, estátuas) já tinham ou


estavam a ser despachadas para Paris, onde Carlos vivia agora, e que lá se guardavam os
móveis e outros objectos trazidos da Toca. Carlos relembra Maria Eduarda e conta a Ega que
recebera uma carta dela. Ia casar com um tal de Mr. de Trelain, decisão tomada ao fim de
muitos anos , e que tinha comprado uma quinta em Orleães, “ Les Rosières”. Carlos encara
este casamento de Maria Eduarda como um final, uma conclusão da sua história, era como se
ela morresse, como se a Maria Eduarda deixasse de existir e passasse apenas a haver a
Madame de Trelain. Passam pelo escritório de Afonso que lhes traz tristes recordações e
depois, Ega e Carlos que não vale a pena viver, pois a vida é uma treta. Por mais que tentemos
lutar para mudá-la, não vale a pena o esforço, porque tudo são desilusões e poeira. Saem do
Ramalhete e vêem que estavam atrasados para o jantar e ao verem o coche ir-se embora,
correm atrás dele…
2. Situa a simbologia da estátua parada da Camões e da “mesma” sentinela?
A simbologia da estátua significa o Portugal grandioso.

3. Portugal continuava a ser um País em contraste com o estrangeiro. Com exemplos


textuais, detecta a diferença.

4. Caracteriza o espaço físico envolvente a este episódio.


Lisboa concentra a alma de Portugal, a sua degradação moral, a ociosidade crónica dos
portugueses, simbolizando a decadência nacional.
O consultório de Carlos permanece fechado, lembrando a frustração dos projectos.
O Ramalhete em ruínas evoca a ruína da família.

5. Focaliza o Espaço Social, realçando elementos valorativos.


“O Dâmaso … e pasmaceando, com o ar regaladamente embrutecido dum ruminante farto e
feliz.”

“uma geração nova e miúda” perante o “pasmo de Carlos”; “não havia mulheres”;”uma
criatura adoentada…”;”duas matronas”.

“… rapazes do Turf. “ do “… club novo, antigo Jockey da travessa da Palha…” …“tudo gente
muito simpática...”

“… as pessoas que “povoam” esses espaços: “vadios, de sobrecasaca, politicando..”(p 697);


“Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...” (p 697);

6. Confirma que este episódio, para além do seu objectivo crítico, tem uma dimensão
ideológica e o processo de representação é de carácter simbólico.

7. São vários os espaços percorridos por Carlos e Ega. Identifica as diversas conotações
históricas e ideológicas desses espaços.

Dez anos depois Carlos chega a Lisboa para matar saudades e almoça no Hotel Bragança com
Ega;

Carlos ao passear pelo Chiado revela que tudo permanece na mesma, principalmente as
pessoas: ociosas, “moços tristes”, “mocidade pálida”(p 702);

Carlos e Ega visitam Ramalhete: o Ramalhete abandonado: “ Em baixo, o jardim[…] tinha a


melancolia de um retiro esquecido, que já ninguém ama[…]”.(p 710)“Só vivi dois anos nesta
casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira!” (p 714);

Outros locais: o Loreto, Rua Nova do Almada e a Avenida;


8. Refere os principais recursos estilísticos que caracterizam o estilo de Eça de Queirós.
“A mesma sentinela sonolenta rondava em torno à estátua triste de Camões. Os mesmos
reposteiros vermelhos, com brazões eclesiásticos, pendiam nas portas das duas igrejas. O
Hotel Aliance conservava o mesmo ar mudo e deserto.”  personificação

“A uma esquina, vadios em farrapos fumavam; e na esquina defronte, na Havaneza, fumavam


também outros vadios, de sobrecasaca, politicando.”  ironia

“- Isto é horrível quando se vem de fora! exclamou Carlos. Não é a cidade, é a gente. Uma
gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...”  enumeração

“O Dâmaso, barrigudo, médio, mais pesado, de flor ao peito, mamando um grande charuto, e
pasmaceando, com o ar regaladamente embrutecido dum ruminante farto e feliz.” 
adjectivação

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