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ESTADOS UNIDOS
Suspeito da morte de
quatro jovens em Idaho
parecia apenas um “aluno
curioso” de criminologia
Bryan Kohberger, de 28 anos, tirava um doutoramento em
criminologia em Washington, a 16 quilómetros da cena do
crime. Na universidade mostrou particular interesse em
assassinos em série.

Filipa Almeida Mendes


2 de Janeiro de 2023, 14:15
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O suspeito do assassinato de quatro alunos da
Universidade de Idaho, nos Estados Unidos, é um
estudante de criminologia que foi detido na passada
sexta-feira.

O caso remonta a 13 de Novembro, altura em que os


jovens Ethan Chapin e Xana Kernodle, de 20 anos, e
Madison Mogen e Kaylee Goncalves, ambas com 21 anos,
foram encontrados mortos depois de terem sido
esfaqueados numa casa arrendada perto do campus
universitário na pequena cidade de Moscow, refere a
estação ABC News (https://abcnews.go.com/US/idaho-
college-murders-timeline-events/story?id=93575278).

De acordo com os investigadores, os quatro estudantes


universitários foram atacados em pelo menos dois
quartos separados, provavelmente enquanto dormiam. As
três mulheres viviam naquela casa, enquanto Ethan
Chapin teria ido passar a noite com a sua namorada, Xana
Kernodle. Segundo a ABC News, duas outras pessoas
estavam a dormir na cave naquela noite mas não se terão
apercebido dos ataques.

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O suspeito é Bryan Kohberger, um jovem de 28 anos que
há muito se interessava por ciência forense e que estava a
tirar um doutoramento em criminologia na Universidade
de Washington, a cerca de 16 quilómetros da cena do
crime. Menos de dois meses depois dos assassinatos,
Kohberger foi detido na Pensilvânia, em casa dos seus
pais, e será presente a tribunal na terça-feira.

m Idaho após o crime EDUARDO MUNOZ/REUTERS


Segundo Jason LaBar, advogado de defesa que o
representa, Kohberger tem acompanhado o caso com
interesse, mas ficou “chocado” por ter sido detido e
“espera ser absolvido”. O advogado garantiu ainda que o
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suspeito não se vai opor a ser presente em tribunal em
Idaho para enfrentar as acusações, tendo divulgado, no
domingo, um comunicado dos pais e das duas irmãs de
Kohberger no qual dizem “amar” e “apoiar” o jovem e
garantem que irão colaborar com a polícia para
“promover a sua presunção de inocência”.

Uma mente analítica


Bryan Kohberger cresceu na Pensilvânia e frequentou o
liceu de Pleasant Valley. Os seus ex-colegas recordam ao
jornal The New York Times
(https://www.nytimes.com/2023/01/01/us/bryan-kohberger-
idaho-murders.html) que o suspeito tinha uma mente
analítica, mas às vezes era cruel. Thomas Arntz tornou-se
amigo de Kohberger por volta de 2009, mas a amizade
entre os dois terminou em 2014 depois de as suas
interacções se terem tornado “mesquinhas”. “Acabei por
ter de cortar os laços com ele”, explica Arntz.

Kohberger era viciado em heroína no ensino secundário,


mas parecia ter conseguido lutar contra o vício nos
últimos anos, de acordo com alguns amigos da
Pensilvânia.

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Jack Baylis, que se tornou amigo de Kohberger na oitava
classe, disse que o suspeito há muito se fascinava com o
comportamento das pessoas e parecia gostar do seu
trabalho como segurança no distrito escolar de Pleasant
Valley, onde trabalhou até 2021. A última vez que Baylis
viu Kohberger foi nesse mesmo ano. Na altura, o suspeito
conduzia um carro Hyundai Elantra branco, o mesmo
modelo que a polícia de Moscow disse ter sido avistado
perto da casa das vítimas em Idaho na noite dos ataques.

"Parecia que ele era apenas um


aluno curioso"
Depois de se ter licenciado em psicologia em 2018,
Kohberger começou a estudar justiça criminal na DeSales
University, uma universidade católica em Center Valley,
na Pensilvânia. Foi aí que começou a colaborar e a
estudar o trabalho de Katherine Ramsland, uma
conhecida professora de psicologia forense, autora de
livros como The Mind of a Murderer (“A Mente de um
Criminoso”, numa tradução livre) e How to Catch a Killer
(“Como Apanhar um Assassino”).

Brittany Slaven, que estudou com Kohberger na DeSales


University, salienta que o suspeito era pacato e gostava de
trabalhar sozinho, mas parecia ser inteligente. A jovem
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recorda um episódio durante uma aula com Katherine
Ramsland em que os alunos foram convidados a olhar
para imagens de uma cena de crime e descobrir o que
teria acontecido, com Kohberger a apressar-se em dar
ideias e a mostrar particular interesse em assassinos em
série. “Na altura, parecia que ele era apenas um aluno
curioso, pelo que se as suas perguntas parecessem
estranhas nós não pensávamos muito nisso porque se
encaixava no nosso currículo”, explica.

Polícia em Idaho após o crime EDUARDO MUNOZ/REUTERS

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Há cerca de sete meses, um utilizador que se identificou
como Bryan Kohberger, aluno da DeSales University, fez
uma publicação no Reddit na qual procurava pessoas que
tinham estado presas para analisar os crimes que tinham
cometido, solicitando aos participantes que descrevessem
os seus “pensamentos, emoções e acções do começo ao
fim do processo”.

Ao New York Times, uma porta-voz da DeSales University


confirmou que Kohberger licenciou-se naquela
universidade em 2020 e concluiu o mestrado em Junho
de 2022. Foi então que o suspeito se mudou para a cidade
de Pullman, Washington, tendo começado em Agosto a
tirar um doutoramento em criminologia na Universidade
de Washington.

Desde a noite dos ataques até ter sido apanhado,


Kohberger terá continuado a frequentar as aulas de
criminologia. Alguns colegas que estudavam consigo na
Universidade de Washington destacam que o
comportamento intenso do suspeito deixou alguns alunos
desconfortáveis, salientando ainda que Kohberger
aparentava estar mais interessado na forma como os
criminosos pensavam enquanto cometiam os crimes do
que nos factores sociais que os poderiam levar a fazê-lo.
Há mesmo quem saliente que o suspeito era a “ovelha
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negra” da sala, envolvendo-se frequentemente em
discussões com os colegas (principalmente mulheres) e
que chegou a dizer acreditar que algumas pessoas
estavam destinadas a infringir a lei.

Bryan Kohberger foi também professor assistente numa


aula de direito penal durante um semestre na
Universidade de Washington. Segundo Hayden
Stinchfield, de 20 anos, que frequentou essa aula,
Kohberger costumava baixar os olhos ao dirigir-se aos
alunos, dando a impressão de que estava desconfortável.
Outros alunos apontam ao New York Times que Kohberger
tinha um enorme conhecimento sobre o tema, mas
avaliava de forma rigorosa, fazendo extensas críticas aos
trabalhos e dando notas baixas. Por volta da altura em
que ocorreram os assassinatos, de acordo com Hayden
Stinchfield, o suspeito começou a dar notas melhores e a
ser menos exigente.

A investigação demorou algumas semanas, tendo os


detectives trabalhado durante o Natal para processar os
milhares de dicas e provas reunidas. Ao anunciar a
detenção de Kohberger na sexta-feira, o chefe da polícia
da cidade de Moscow, James Fry, disse que os
investigadores ainda não encontraram a arma do crime.

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Além disso, permanecem por esclarecer algumas
questões — entre as quais se o suspeito agiu sozinho, se
conhecia as vítimas e qual o motivo.

Abrir portas onde se erguem muros

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