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psicodiagnóstico realizados na Clínica Psicológica Para tal escolhi dois dos passos do Processo psicodiagnóstico só com entrevistas costumo dizer 1995) e que tem seu valor em psiquiatria e psicologia,
da UNIFMU: Qual a necessidade de testes Psicodiagnóstico baseados em Ocampo (1976): 1) que para a maioria dos casos é possível, mas mesmo ou seja, mais um referencial a ser utilizado no processo
psicológicos? Quais os mais indicados e o por quê? entrevistas iniciais; 2) entrevista de anamnese; 3) a se eles optarem por esse caminho profissional, a de aprendizagem com o aluno. Vale mencionar
Como determinar o melhor teste a ser utilizado? escolha e aplicação de testes psicológicos; 4) formação é longa, pois além dos conhecimentos também a entrevista semi-estruturada de Ryad Simon
Para que serve um psicodiagnóstico quando o entrevistas devolutivas; 5) encaminhamento. Em acima citados, ser um entrevistador requer (1989, 1993), EDAO, Entrevista Diagnóstica
objetivo já é uma psicoterapia? Como determinar a função do tempo e dos objetivos vou me dedicar mais competências tais como: saber lidar com a angústia Adaptativa Operacionalizada, ambas utilizadas num
melhor psicoterapia para um cliente? Qual a aos passos da entrevista e da escolha da aplicação de do cliente; compreender e saber utilizar os processo psicodiagnóstico e requerendo uma formação
diferença entre teste, técnica e procedimentos testes. Consideramos que para cada passo do processo processos transferenciais e contratransferenciais e específica, nem sempre coberta pela formação formal
psicológicos? Pode haver um psicodiagnóstico só psicodiagnóstico há a necessidade de várias para tal saber reconhecer as defesas e os modos do psicólogo, apesar das inúmeras disciplinas que
com entrevistas ou só com testes? Onde se aplica o especializações, daí a complexidade do instrumento relacionais de um cliente, especialmente aqueles tratam dessa questão durante a formação.
psicodiagnóstico? Por que, geralmente, os onde o aluno se depara neste estágio com tudo o que que atuam na relação com o entrevistador. Com a nova resolução do Conselho muitas
psicanalistas não aplicam teste psicológico? É ainda não aprendeu ou deverá aprender. No processo psicodiagnóstico, comumente, faculdades estão preenchendo os vazios de suas
possível realizar um atendimento psicológico Conseqüentemente devemos também nos perguntar se utilizamos entrevistas semi-estruturadas, disciplinas com as técnicas de entrevistas. Aliás, para
qualquer sem avaliação psicológica? e outras tantas sabemos o tempo necessário para a formação de um considerando que o entrevistador tem clareza de seu essa exposição fui consultar na internet as ementas e
questões envolvendo a ética na transmissão dos professor desse instrumento que sintetiza ou inclui papel e de seus objetivos. Se o cliente, por alguma bibliografias de vários cursos de Psicologia no que diz
resultados ao cliente ou o uso das avaliações vários instrumentos de avaliação psicológica. razão foge ao proposto, novamente ao entrevistador respeito à avaliação psicológica e o que encontrei não
psicológicas por outros profissionais. compete entender a razão, aceitar e levar o cliente foi nada agradável de se analisar, consultei dez deles,
Considerando a atual resolução do Conselho ENTREVISTA INICIAL PSICOLÓGICA tanto à compreensão como a retomar o objetivo inclusive as ementas de minha universidade e fiquei
Federal de Psicologia (06/11/2003) sobre a proposto. Cito como exemplo, o caso de pais que com verdadeira pena dos alunos.
avaliação dos testes psicológicos, evidentemente, no Comumente utilizada como uma das técnicas procuram um atendimento para seu filho e começam Há cursos denominados de Psicologia Forense,
momento as questões dos alunos estão também de avaliação cujos fundamentos teóricos advém da a falar de seus problemas conjugais ou de seus Hospitalar e Psicologia Clínica, Terapia Familiar,
centralizadas nas alterações que eles estão sofrendo teoria psicanalítica, tendo como objetivo o acolhimento problemas no trabalho. Caberá ao entrevistador completamente dissociados da utilização de avaliação
na formação em relação ao que aprenderam ou o do cliente, o entendimento de suas solicitações a saber encaminhar a entrevista para junto com o psicológica, sem falar na completa dissociação de
que deixarão de aprender, pois o supervisor, na compreensão psicodinâmica do cliente para os fins do cliente saber definir o que será feito, levando-se em Psicologia Clínica com Psicologia Hospitalar e Teorias
qualidade também de psicólogo na universidade, diagnóstico. conta que este poderá já ser um dado a ser Psicossomáticas. Em disciplinas denominadas de
não pode incluir alguns instrumentos de avaliação Trata-se de uma técnica que é aplicada no investigado. Psicometria é mencionado apenas entrevistas, escalas e
psicológica já aprendidas pelos alunos, uma vez que início do processo psicodiagnóstico por várias razões: Não quero me estender muito nesse ponto questionários. Em Teorias Psicoterápicas é mencionado
estão impedidos ou em processo de avaliação do primeiramente porque é através dela que o cliente será da técnica de entrevista pois sei que aqui na platéia métodos e técnicas psicoterápicas mas afinal o que é
Conselho. orientado para atividade a ser realizada; nela se detecta há inúmeras pessoas que conhecem o significado da um método psicoterapêutico? Portanto, é legítima a
Muito já se falou sobre essa resolução do a demanda psicológica, ou seja, os motivos latentes que aprendizagem de entrevista psicológica. Apenas a questão do aluno se é possível uma avaliação
Conselho Federal e não vou me estender nesse determinam ou estão impedindo a aliança terapêutica título ilustrativo, na obra de Etchegoyen (1987), psicológica sem testes ou ainda, se é possível atender
tema, mas é claro que devo aqui registrar minha para o processo; a entrevista contribui na formulação sobre os fundamentos da técnica psicanalítica, há sem avaliar uma vez que as próprias disciplinas desses
profunda indignação dos procedimentos utilizados de hipóteses diagnósticas uma vez que oferece uma pelo menos treze capítulos sobre entrevista com as cursos consultados, muitas vezes não levam em conta a
para a implantação dessa resolução para a formação série de indicadores da personalidade do cliente. suas respectivas referências bibliográficas; no livro avaliação psicológica.
do aluno e desse tão cobiçado ideal profissional, Assim podemos definir a entrevista clínica da Cunha (2000) há sete capítulos sobre o assunto, Gomes (2000) escreveu um artigo sobre a falta
principalmente no que diz respeito à utilização de (Cunha, 2000) como um conjunto de técnicas de sem falar em nossos clássicos autores, Freud (1973), de integração que o aluno enfrenta ao se deparar com o
testes psicológicos ou até mesmo, uma medida que investigação, de tempo limitado, dirigido por um Klein (1970; 1975; 1980), Bleger (1973), Ocampo e Processo Psicodiagnóstico, basta analisar nossas
veio contribuir para um completo retrocesso do entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos Arzeno. Em minha tese sobre ludodiagnóstico, ou ementas nos cursos. O aluno chega com uma confusão
campo da avaliação psicológica, pelo menos em psicológicos, em relação profissional, com o objetivo entrevista inicial com a criança, menciono treze do que é técnica, método, teste, técnica. Por exemplo,
minha universidade, opinião de pelo menos doze de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou pesquisadores (Aberastury, 1978; Ajuriaguerra & TEP significa, Técnicas de Exame Psicológico e em
professores e supervisores diretamente envolvidos sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social), em Tissot, 1966; Arfouilloux, 1976; Bovet & Voelin, uma universidade consultada é dado nas disciplinas de
com os testes psicológicos e é aqui que começo a um processo que visa fazer recomendações, 1990; Coppolillo , 1990; Freud, 1973; Greenspan & TEP: Técnicas de Entrevista e Psicodiagnóstico Infantil
minha exposição nessa mesa. Vou utilizar de alguns encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção. Greenspan, 1993; Greppo, 1992; Imbasciati, 1991; ou de Adulto, em outra é dado as Escalas Wechsler.
passos comumente utilizados para o ensino do Quanto tempo é a formação para a Klein, 1970, 1975, 1980; Mannoni, 1982; Paín, Será que sabemos a diferença entre teste e técnica ou
processo psicodiagnóstico para essa exposição aprendizagem dessa entrevista clínica? Só em meu 1985, etc.) processo, ou ainda será que sabemos qual a definição
procurando demonstrar através de levantamentos o curso de especialização demorei três anos, mas é claro É importante ressaltar que a entrevista de um teste psicológico? Em outras disciplinas que
quanto estamos longe da possibilidade da que a aprendizagem da entrevista supõe uma análise estruturada é de pouca utilidade clínica e a de livre consultei nas ementas é citado Diferenças entre
fiscalização efetiva da avaliação psicológica e pessoal, além de conhecimentos profundos de estruturação é mais utilizada pelos psicanalistas Técnicas e Teorias Diversas. Há alguma técnica que
defender a idéia do que eu denominei essa minha desenvolvimento e de psicopatologia além dos enquanto no processo psicodiagnóstico há as não pressuponha uma teoria? Como, então
exposição que é: A importância da epistemologia no conhecimentos sobre a psicodinâmica e de teorias pesquisas direcionadas para a entrevista semi- diferenciar?
ensino da avaliação psicologica no processo sistêmicas, logo, requer muitos anos de formação que estruturada, ou seja, a mais utilizada, tal como a Eu fiz este adendo neste item sobre entrevista
psicodiagnóstico vão além de um curso de especialização. Portanto, os entrevista clínica estruturada para o DSM-IV ou psicológica não foi porque me perdi na explanação,
alunos que me questionam se é possível fazer um SCID (Structural Clinical Interview for DSM-IV, mas é porque, considero que nós, a maioria de
Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193 Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193
A importância da epistemologia no ensino da avaliação psicologica no processo psicodiagnóstico 187 188 Rosa Maria Lopes Affonso
professores, no Brasil, dadas as condições que certo pois estava insistindo numa técnica inadequada lembrar que o resultado estatístico ou o resultado do E vou terminar com essa questão essa
temos, seja de salário, investimento em pesquisa, ao cliente e para descobrir isso era necessário um teste pode não explicar esse funcionamento. exposição procurando demonstrar que nem sempre
etc., ainda sabemos muito pouco dos outros passos psicodiagnóstico e foi isso que retomei a pesquisa devemos aplicar testes psicológicos, ou melhor, vou
do processo psicodiagnóstico e não é à toa que os sobre a avaliação psicológica, e conseqüentemente, ESCOLHA DA BATERIA DE TESTES contradizer o que tinha afirmado acima, utilizando o
professores com a resolução do conselho acabaram para os testes. mesmo argumento sobre o desenvolvimento do sujeito,
por preencher suas disciplinas com o ensino de Os alunos perguntam, por que tenho que usar Em relação ao uso de testes, procuro sendo que aqui vou utilizar de uma pequena amostra de
entrevistas. teste? Costumo responder que dependendo da queixa fundamentar aos alunos o porquê de em alguns sujeitos (34) atendidos na Clínica Psicológica
Um outro aspecto que observei e que não ou da investigação que se estiver realizando, por casos clínicos não podermos prescindir dos testes UNIFMU em processo psicodiagnóstico ilustrando o
vou tratar agora mas que é necessário mencionar, os exemplo, a investigação da cognição, não é possível a mas nunca de uma avaliação, mas daí vem uma quanto é necessário novamente termos uma visão
cursos estão substituindo as nomenclaturas de avaliação sem um procedimento específico, a não ser, outra pergunta: epistemológica de nossos instrumentos de avaliação
nossos instrumentos de avaliação tais como que estamos apenas investigando o pensamento Como determinar a melhor bateria de clínica.
Técnicas Projetivas ou Testes Psicológicos por cognitivo representativo ou simbólico. testes? Como escolher o melhor teste? Ou ainda, Verificamos na primeira tabela que há uma
Psicologia Clínica ou Psicologia Hospitalar, É só considerarmos o desenvolvimento não dá para se ter um padrão de testes a serem variação do uso de técnicas e testes psicológicos.
Psicologia Jurídica, Psicologia da Aprendizagem. cognitivo do sujeito para verificarmos que é impossível utilizados num processo psicodiagnóstico?
Observei na minha análise desses cursos de não oferecer instrumentos para o sujeito, ou seja,
Psicologia essa tendência. Qual o perigo disso? Nós restringirmos nossas investigações apenas a uma
nos “descompromissarmos” com os nossos conversação com o cliente.
instrumentos de avaliação psicológica, A teoria sobre o desenvolvimento cognitivo Tabela 1. Relação de técnicas e testes utilizados em 34 crianças de dois a quatorze anos atendidos pela a autora em
principalmente, na formação do aluno e do próprio pressupõe que o sujeito passe por um pensamento Psicodiagnóstico na Clínica Psicológica UNIFMU
preparo do professor. A posteriori da formação sensório-motor, depois um representativo e outro no ano de 2002.
básica do aluno talvez fosse interessante incluir tais lógico-concreto e depois o formal. Se, por exemplo a IDADE SEXO ESCOLARIDADE ENCAMINHAMENTO QUEIXA TÉCNICAS
disciplinas, mas creio que a longo prazo, se queixa do cliente envolver um não acompanhamento da UTILIZADAS
continuarmos com essas alterações com aprendizagem lógico-matemática, seja, por exemplo,
denominações gerais, toda essa discussão sobre os na disciplina de matemática, seja, na análise 1) 2 F NC Própria mãe Suspeita EI, EA, LUDO, ED
testes será em vão, pois a tendência mostra que eles gramatical, o problema pode estar no funcionamento da compromet.
estão desaparecendo dos cursos, mas este é estrutura mental lógico operatória, logo, é necessário Desenvolvimento
realmente um adendo para outra discussão na que se investigue tal funcionamento, que só é possível 2) 4 M NC Otorrino Suspeita retardo EI, EA, LUDO, ED
mental
formação do aluno. graças a alguns testes ou procedimentos onde o cliente
3) 4 M Jardim II Escola Agitação EI, EA, LUDO, ED
O que quero dizer e retomar é que ainda tem que utilizar um instrumental experimental
4) 4 F Jardim I Odonto Socialização, EI, EA, LUDO,
estamos aprendendo novos instrumentos de associado às técnicas de investigação para ser avaliado. timidez DES-EST, ED
avaliação psicológica e precisamos com urgência de Mesmo ao se estudar o pensamento formal, no 5) 4 M Jardim I Médica Atraso na fala EI,EA, LUDO, ED
uma epistemologia nos cursos de Psicologia, que adolescente e no adulto, é necessário utilizar, 6) 5 F Jardim II Escola Sexualidade, EI,EA,LUDO,CAT-
trate de nossos instrumentos de trabalho. Qual o algoritmos da lógica das proposições. Por exemplo, nervosismo A,ED
sujeito do WISC-III, qual o sujeito do TAT, certos distúrbios de conduta no adolescente são porque 7) 6 M Pré Pediatra Obstipação EI, EA, LUDO, ED
Desenho-Estória, etc.; O que significa teste, ele não sabe mesmo a matéria ou não tem a estrutura intestinal
processo, técnica, método. Será que sabemos que ainda pronta para tal e é claro que se ficarmos no 8) 6 M Pré Escola Birras, anemia EI, EA, LUDO, ED
um teste de inteligência é o resultado e não explica, manifesto das entrevistas clínicas, encontraremos (hist.de perdas)
por exemplo, o processo cognitivo do sujeito, daí a inúmeras justificativas de estressores psicossociais ou 9) 6 M 1a. Escola Hiperatividade, EI, EA, DESENHO
necessidade da integração das nossas investigações afetivo-emocionais ou até psiquiátricos que agressividade FAMÍLIA, CAT-A,
BENDER, ED
com outros procedimentos? E é também por essa justificaram um diagnóstico e psicoterapêutica
10) 7 M 1a. Pediatra Agressividade, EI, EA, LUDO,
razão que também, algumas vezes, não completamente diferente do que se investigarmos a socialização TESTE DA
consideramos os resultados de um teste de cognição desse mesmo sujeito. (espaço) FAMÍLIA, ED
inteligência. Observei que nas ementas dos cursos Aqui quero ressaltar o quanto nossos 11) 7 M 1a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO,
de Psicologia a disciplina Processos Cognitivos, instrumentos de avaliação estão pobres e o quanto socialização CAT-A, ED
praticamente desapareceu. temos tão poucos instrumentos, isso porque temos nos 12) 7 M 1a. Escola Agressividade, EI,EA,LUDO,ED
Mencionei acima que nem sempre é afastado do estudo do funcionamento da estrutura socialização
possível avaliar um sujeito só através de entrevista, mental, logo, do estudo dos processos cognitivos. Para 13) 7 M 1a. Escola Lentidão escolar EI, EA,
aliás, quando me formei odiava testes, tal como que fazer uma avaliação intelectual numa queixa de LUDO,CAT-A,
meus alunos atualmente chegam ao 5º ano de socialização? Basta considerar os milhares de PFISTER, ED
14) 7 F Pré Fono/Escola Atraso na fala EI,EA,LUDO,ED
Psicologia, e acreditava que só a entrevista clínica instrumentos criados por Piaget para a investigação
15) 7 M 1a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO,
era suficiente, fiz minha dissertação com casos que dessa complexa estrutura mental para concluirmos o
socialização DES-EST,
não davam certo com as minhas intervenções quanto estamos distantes ainda da compreensão DESENHO
psicoterápicas e descobri ao final que não davam intelectual do sujeito. Além disso, e é importante, FAMÍLIA, ED
Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193 Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193
A importância da epistemologia no ensino da avaliação psicologica no processo psicodiagnóstico 189 190 Rosa Maria Lopes Affonso
Continuação da Tabela 1 onde os alunos vão até as instituições, mas Estou realizando esses resultados com outros
16) 8 M 2a. Escola Não presta EI, EA, LUDO, continuemos nossa análise da tabela. Vou destacar de outras universidades e não é o que tenho
atenção, TESTE DA apenas alguns pontos: encontrado, ou seja, nem sempre esses pressupostos
agressivo, recusa FAMÍLIA, WISC-III, Em minha tese realizada em 1994, incluí na dos testes são considerados, logo, concluo que muito
escolar BENDER, ED avaliação do ludodiagnóstico a análise das noções do que eu mesma fazia anteriormente, pode estar
17) 8 M 2a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO, de espaço, tempo e causalidade. A partir da análise acontecendo com meus colegas.
socialização CAT-A, ED
(hist.de perdas)
dessas noções podemos determinar se um caso Antigamente, usava um conjunto de
18) 8 M 2a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO, pode ou não ser submetido a alguns instrumentos ou pressupostos de baterias de testes, sem levar em conta
hiperatividade HTP, ED testes psicológicos. Uma criança que apresenta o processo cognitivo da criança, e é claro, o risco de
19) 8 M 2a. Médico/Escola Hiperatividade, EI,EA, LUDO, comprometimento nas noções de espaço, tempo e diagnóstico e de encaminhamentos inadequados são
dist. de CAT-A, WISC-III, causalidade quando solicitada a contar uma estória, muito freqüentes.
aprendizagem BENDER, ED por exemplo, não conseguirá construí-la, logo, a sua É importante, lembrar que demorei treze anos
20) 9 M 2a. Fono Não consegue EI, EA, LUDO, ED dificuldade estará no seu processo cognitivo e não para construir esse instrumento de avaliação e é claro,
ler, aprender, na sua dificuldade afetiva e essa dificuldade ainda poucos conhecem (Affonso, 1998). Na Tabela 2
atraso na fala cognitiva não possibilitará a avaliação por aquele podemos discutir essas dificuldades. Os casos 2, 5, 10,
21) 9 M 2a. Médico Regressão, EI, EA, LUDO, determinado teste. 20 e 31, destacados em vermelho são os casos
retraimento HTP, ED
22) 9 M 4a. Médico Hiperatividade EI, EA, LUDO,
Ainda no que diz respeito à sua dificuldade comumente associados com retardamento mental, esses
TESTE DA cognitiva, uma outra criança pode apresentar as casos não são passíveis de uma aplicação de teste. Os
FAMÍLIA, CAT-A noções no seu ponto de vista prático, mas ao ser casos 8, 17 e 29, são casos onde aparecem os sintomas
23) 9 F 2a. Médico Encoprese EI,EA, HTP, solicitada a representar, ou seja, contar uma estória, depressivos e pode-se com a ajuda das técnicas e testes
WISC-III, ED vai apresentar muita dificuldade. confirmar o diagnóstico. Entretanto, esses mesmos
24) 10 M 4a. Escola Mutismo Infantil EI, EA, LUDO, Tal consideração pode parecer óbvia mas casos podem ser confundidos com os casos 3 e 24,
<<< DES-EST, ED nem tanto: podemos verificar que certos casos onde a queixa parece muito semelhante aos sintomas
25) 10 M 3a. Escola Baixo EI,EA, CAT-A, podem ser confundidos com sintomas depressivos depressivos mas no entanto, na avaliação cognitiva,
desempenho WISC-III, ED (como pode ser verificado na tabela) onde verifica-se que esses casos apresentam uma pobreza na
escolar poderíamos (se não soubéssemos) aplicar os representação, logo, a solicitação de testes que
26) 10 M 4a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO, TESTE
socialização DA FAMÍLIA, CAT-A,
mesmos testes chegando à interpretações errôneas. envolvam contar estórias não é recomendável, apesar
WISC-III, BENDER, ED No caso ainda dos sintomas depressivos verificamos de apresentarem as noções cognitivas do ponto de vista
27) 11 M 5a. Pediatra TDAH, fobia EI, EA, LUDO, que há uma restrição na representação, ou seja, a prático, ou seja, a dificuldade está na representação.
HTP, WISC-III, ED criança é inibida, quase não fala, mas estes mesmos E por último o caso 32 onde o distúrbio de
28) 12 M 5a. Escola Agressividade, EI,EA,LUDO,CAT- sintomas podem ser advindos de uma dificuldade conduta pode estar associado a uma causa cognitiva, ou
socialização A,ED cognitiva e não propriamente da depressão, ou seja, seja, o sujeito não consegue ir bem na escola, talvez
29) 12 M 6a. Escola Dist.de atenç., EI, EA, DES-EST, a falha está na capacidade representativa e não pelo uso de drogas, entretanto, o seu comprometimento
social.(hist.de ED afetiva. O problema é que, sem considerarmos tal intelectual através do resultado do Raven aponta a
muitas perdas) falha aplicamos instrumentos que supõe a necessidade de uma ajuda também na área da
30) 12 M 6a. Escola Agressividade EI, EA, LUDO, ED representação, logo, se a criança é limitada na área aprendizagem.
31) 13 M Classe Especial Escola Dist. Leitura EI,EA,LUDO, ED cognitiva e o instrumento avalia a afetividade, A intervenção para esses casos, com exceção
32) 13 F 7a. Escola Dist. de Conduta, EI, EA, TAT, interpretaremos o problema da representação como dos casos 8, 17 e 29, deverão considerar
drogas (comp. RAVEN, ED
sendo a expressão da depressão sendo que não o é. encaminhamentos específicos. Os casos com
Intelectual)
33) 13 F 5a. Escola Agressividade EI, EA, DESENHO É claro, que o afetivo estará sempre presente, mas comprometimento nas noções de espaço, tempo e
DA FAMÍLIA, CAT- teremos que ter o cuidado no diagnóstico diferencial causalidade deverão ser encaminhados para
A, WISC-III, ED desses casos, pois ao aplicarmos qualquer técnica psicoterapias onde a organização prática deve ser o
34) 14 M 7a. Próprios pais Agressividade EI, EA, TESTE DA sem levarmos em conta o funcionamento da primordial, enquanto que os casos 3 e 24 a psicoterapia
FAMÍLIA, estrutura mental poderemos correr o risco de deverá ser aquela que estimule a representação em vez
WARTEGG, confundirmos nossos diagnósticos. da ação prática. E no caso 32 a intervenção será no
PFISTER, ED Aqui temos que considerar o que os sentido de um trabalho envolvendo desde tarefas
próprios manuais recomendam. Por exemplo, por operatórias até as formais, ou seja, retomar o que está
Nessa Tabela 1 podemos aproveitar e socialização da criança e do adolescente em que mais que o CAT é utilizado a partir de quatro anos de falho no processo cognitivo mais atual, considerando
verificar o que já descrevemos anteriormente, há encaminhamentos para a Clínica Psicológica idade da criança? Aos quatro anos pressupõe-se que que neste caso tanto as noções como a capacidade
quanto aos encaminhamentos serem em sua maioria UNIFMU, dos 34 casos, apenas 6 foram encaminhados a criança já conseguiu atingir o pensamento representativa estão preservadas.
de escola. Podemos ainda constatar que há uma antes dos seis anos, o que demonstra a dificuldade de simbólico, logo, a estruturação de estórias é Ainda comparando os casos com
faixa etária bem acentuada que vai dos seis aos 14 se realizar avaliações precoces visando a prevenção. possível. comprometimento nas noções de espaço, tempo e
anos e que envolve o período do processo de Foi pensando nisso que estruturamos outros estágios causalidade, casos 2, 5, 10, 20,e 31, verificamos que o
Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193 Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193
A importância da epistemologia no ensino da avaliação psicologica no processo psicodiagnóstico 191 192 Rosa Maria Lopes Affonso
atraso na linguagem é um aspecto bem relevante e reflete uma falha cognitiva. O caso mais grave ao meu conceitos comuns no campo da avaliação e deixar Coppolillo, H.P. (1990) Psicoterapia Psicodinâmica de
que corresponde aos resultados, pois como usar a ver é o caso 2, pois é suspeita que pode aprisionar o que os psicólogos escolham a avaliação mais crianças: introdução à teoria e às técnicas. Porto
linguagem verbal se ainda no plano prático há sujeito sendo que este tipo de falha é perfeitamente indicada onde o aluno é que deve cobrar de seu Alegre: Artes médicas.
comprometimento. O caso 10 é muito comum de ser recuperável, desde que diagnosticada, o que mestre o por quê do uso desta ou daquela técnica. A Cronbach, L.J. (1996). Fundamentos da testagem
diagnosticado como hiperatividade, onde o sintoma comumente não é feito. resolução do Conselho veio punir aquele psicológica. trad. Carlos Alberto Silveira Neto e
profissional que utiliza a avaliação psicológica e Marta Adriana Veríssimo Veronese. 5.ed. Porto
Tabela 2. Número de casos com comprometimento cognitivo comparado com sintomas depressivos não aquele que não utiliza e que sabemos, são Alegre: Artes Médicas
IDADE SEXO ESCOLARIDADE ENCAMINHAMENTO QUEIXA muitos. Cunha, J.A.(2000) Psicodiagnóstico- V. Porto Alegre:
Erros numa avaliação sempre existirão, pois Artes Médicas.
2) 4 M NC Otorrino Suspeita retardo EI, EA, LUDO, como pude demonstrar, estamos longe mas muito Cordioli, A.V. (1998) Psicoterapias: abordagens
mental ED longe de avaliarmos ou sabermos o que avaliamos atuais. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas.
3) 4 M Jardim II Escola Agitação EI, EA, LUDO, mas o pior não é isso, é diante dessa árdua tarefa, Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos
ED por incompetência ou desconhecimento dizer que Mentais (2002). Trd. Cláudia Dornelles, Porto
5) 4 M Jardim I Médica Atraso na fala EI,EA, LUDO, nossos instrumentos não avaliam ou põe em risco a Alegre: Artmed, 2002.
ED população. Parece-me que o que pode por em risco Etchegoyen, R.H. (1987) Fundamentos da Técnica
8) 6 M Pré Escola Birras, anemia EI, EA, LUDO, a população é exatamente o contrário. Psicanalítica. Trad. Cícero G. Fernandes. Porto
(hist.de perdas) ED Gostaria de terminar aqui com uma Alegre: Artes Médicas.
10) 7 M 1a. Pediatra Agressividade, EI, EA, LUDO, definição de Cronbach (1996): “...um teste é um Freud, S. (1973) Obras Completas. Trd. Luis Lopez-
socialização ED procedimento sistemático para observar o Ballesteros y de Torres. 3.ed. Madrid, Biblioteca
(espaço) comportamento e descreve-lo.... a avaliação é mais Nueva.
17) 8 M 2a. Escola Agressividade, EI, EA, LUDO, ampla do que testagem quando ela significa integrar Gomes, I.C. (2000). A Formação em Psicodiagnóstico
socialização CAT-A, ED e avaliar informações...” Essa integração, em meu e os testes psicológicos. Psicologia: Teoria e
(hist.de perdas) ponto de vista só é possível se conseguimos analisar prática, São Paulo, 2 (2), 60-69.
20) 9 M 2a. Fono Não consegue ler, EI, EA, LUDO, criticamente e dentro de uma visão epistemológica Greppo, G. (1992). L”anamnèse dans l’examen
aprender, atraso na ED de nossos instrumentos e que em nosso ponto de opératoire. Em: Actes du Colloque International:
fala vista é inerente e necessária a qualquer processo Psychologie Genetique Cognitive et echec
24) 10 M 4a. Escola Mutismo Infantil EI, EA, LUDO, psicodiagnóstico. scolaire. Lyon: Edutiants Lyonnais en
<<< DES-EST, ED Psychologie et l’Association des Praticiens de la
29) 12 M 6a. Escola Dist.de atenç., EI, EA, DES- REFERÊNCIAS Psychologie, 1992.
social.(hist.de EST, Teste da Greenspan, S.L.; Greenspan, N.T. (1993) Entrevista
muitas perdas) Família,ED Aberastury, A. (1978). Teoria y técnica del Clínica com crianças. Trad. Daise Batista. Porto
31) 13 M Classe Especial Escola Dist. Leitura EI,EA,LUDO, psicoanalisis de niños. 6.ed. Buenos Aires, Alegre: Artes Médicas.
ED Paidós. Imbasciati, A. (1991) Affetto e rappesentazione: per
32) 13 F 7a. Escola Dist. de Conduta, EI, EA, TAT, Affonso, R.M.L. (1998) Ludodiagnóstico: a teoria uma psicoanalisi dei processi cognitivi. Milano:
drogas (comp. RAVEN, ED de J. Piaget em entrevistas lúdicas para o Franco Angeli.
Intelectual) diagnóstico infantil. Taubaté: Cabral. Klein, M. (1970). A personificação nos jogos das
Ajuriaguerra, J.; Tissot, R. (1966) Application crianças. In: M. Klein. Contribuições à
clinique de psychologie génétique. In: psicanálise. Trad. de Miguel Maillet. São Paulo,
Psychologie et épistémologie génétiques: Mestre Jou.
O que quero defender aqui é que não só mais a utilização de outros testes, de outros théme piagétiens. Paris: Dunod. Klein, M (1975). Psicanálise de Crianças. Trad. de
temos dificuldades na investigação dos quadros procedimentos e técnicas. Se Cordioli (1998) menciona Arfouilloux, J.C. (1976) A entrevista com a Póla Civeli. 2.ed. São Paulo, Mestre Jou.
clínicos através das entrevistas, mas também temos que há umas centena de psicoterapias, imagino quantas criança: a abordagem da criança através do Klein, M (1980). A técnica psicanalítica através do
uma grande dificuldade de utilizar nossos milhares de avaliações psicológicas existem para tais diálogo, do brinquedo e do desenho. Trad. brinquedo: sua história e significado. In: M.
conhecimentos sobre o desenvolvimento da criança encaminhamentos e que desconhecemos. Quem irá Analúcia T. Ribeiro. Rio de Janeiro, Zahar. Klein. Novas tendências na psicanálise. Trad. de
e aplicá-los aos nossos processos de investigação fazer este estudo se fomos impedidos ou solicitados a Arzeno, M.E.G. (1995) Psicodiagnóstico Clínico: Álvaro Cabral. 2.ed. Rio de janeiro, Zahar.
clínica, principalmente, nos testes psicológicos. utilizar técnicas não-aprovadas somente em pesquisa ? novas contribuições. Trad. Beatriz Affonso Manonni, M. (1982). A primeira entrevista em
Ao mesmo tempo, temos uma grande Se nessas décadas de pesquisa desconheço em Neves. Porto Alegre: Artes Médicas. psicanálise. Trad. de Roberto c. Lacerda. 2.ed.
dificuldade do conhecimento crítico de nossos profundidade cada instrumento que há anos utilizo, Bleger, J. (1975). Temas de Psicologia: entrevista y Rio de Janeiro, Campus.
instrumentos de trabalho, não por ignorância mas como vou começar novamente com outros grupos. Buenos Aires, Ed. Nueva Visión. Ocampo, M.L.S. (1976) Las técnicas proyectivas y el
pela complexidade envolvida numa avaliação instrumentos ou como convencer os alunos a Bovet, M.; Voelin ,D. (1990) Examen et proceso psicodiagnóstico. 4.ed. Buenos Aires,
psicológica de um indivíduo, onde com certeza não pesquisarem algo que não poderão utilizar? apperntissage opératoires: faut-il choisir entre Nueva visión.
basta a limitação do uso de testes, seja por qual O que devemos investir é na integração de appoches structurale et founctionnelle? Arch.
motivo for, ao contrário, devemos ampliar cada vez nossos conhecimentos, na busca de utilização de De Psychologie, 58, p. 197-212.
Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193 Avaliação Psicológica, 2005, 4(2), pp. 183-193
A importância da epistemologia no ensino da avaliação psicologica no processo psicodiagnóstico 193 194