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5 0 que é mass frequente avaliar em enangas e como fazé-io?

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Trajetéria dos autores com a temética do capitulo
O que é mais frequente avaliar em crianças e
Os autores deste capitulo possuem em comum a experiência no campo da pesquisa em Avaliação
como fazê-lo? Psicolégica com o público infantil. Estas pesquisas centralizam-se na construção e ivestigagio das
qualidades psicométricas de instrumentos voltados 3 avaliagio de diversos construtos da Psicologia
(testes, escalas, invenririos), bem como ao desenvolvimento de estudos nos quais estas medidas são
Acácia A. Angeli dos Santos aplicadas com o objetivo de investigar os fendmenos psicoldgicos nos mais diferentes contestos € fases
Ana Paula Porto Noronha do desenvolvimento infantil. A maioria dos autores atua na docência em cursos de graduação € de
Adriana Satico Ferraz pés-graduagio em Psicologia, especialmente em disciplinas ligadas 3 avaliação paicold
Fabidn ], Marin Rucda
Neide de Brito Cunha Resposta a duvida do capitulo

Frequentemente o encaminhamento da crianga para servigos de atendimento psicologico é feito a


Relevéncia da dúvida pedido da escola, dos familiares ou pessoas responsiveis pelos servigos comunitirios, departamentos
juridicos e serviços da saiide, como é o caso da pediatria ¢ psiquiatria. As queinas relatadas em relação
O desenvolvimento infantil se caracteriza como um processo multidimensional que envolve fizz à crianga comumente se referem a problemas afetivos'emocionais c comportamentais; dificuldades
res hereditários, sociais e ambientais, acrescido das experiéncias vivenciadas pela crianga ao longo& identificadas na escola (ex.: dificuldade de aprendizagem); problemas de relacionamento com os
infincia. As associagdes entre esses fatores favorecem a aquisição e o desenvolvimento gradativods familiares e com seus pares, suspeita de algum transtorno (ex.: autismo ¢ o Transtorno de Déficit de
capacidades motoras, cognitivas, emocionais, sociais e adaptativas das criangas (Pires, 2017). Atenção ¢ Hiperatividade [Tdah]); sexualidade; suspeita de algum transtorno psiquiátrico (ex.: pro-
blemas somticos, ansicdade); ocorréncia de abusos (ex.: violéncia sexval ou doméstica) e pedido de
Nesse contexto, a Psicologia traz contribuigdes para o entendimento dos processos intrinsecos2
guarda dos filhos (Baprista, 2019; Cunha & Binerti, 2013; Lins & Borsa, 2017).
desenvolvimento infantil, com destaque para a identificagio e tratamento de problemas especifics
da infincia, como é o caso das qucixas escolares, das demandas desenvolvimentais, emocionss A diversidade de queixas relacionadas à infincia encamunhadas para o atendimenta psicológico
comportamentais. Diante do grande nimero de varidveis a serem consideradas no atendimento psic exige do profissional o conhecimento cientifico ¢ o preparo técnico para lidar com essas demandas.
lógico de criangas, são frequentes as dividas por parte dos psicélogos de como proceder nesses cas Também é imprescindivel que haja o dominio sobre as especificidades de cada etapa do desenvolvi-
o que vale para profissionais recém-formados ou mesmo para aqueles que atuam na drea hi algz mento infantil (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2013; Schelini, 2019).
tempo e necessitam de atualizagio. O atendimento à crianga requer que o profissional saiba avaliar os aspectos nerentes à queixa
Em vista disso, o presente capitulo buscou trazer contribuigdes para nortear a pratica dos psicóo com o objetivo de tomada de decisio (ex.: confirmar ou refutar o diagnóstico de um transtorno de
80s na avaliagio de criangas. Nele são apresentados os principais motivos que levam a crianga par® aprendizagem, claborar e acompanhar intervenções, auxiliar o juiz nas decisões sobre a disputa dos
servigo psicoldgico e as pessoas e entidades responsiveis por acompanhi-la nos atendimentos. É c pais pela guarda do filho). Portanto, agio psicolégica faz parte da rotina de atuação do psico
posto o conhecimento tedrico ¢ técnico que o psicólogo necessita possuir para atender a diversidak logo, independente da abordagem tedrica adotada pela profissional (ex.: Pacanilise, Teoria Compor-
das demandas do público infantil; os aspectos e fenémenos psicolégicos que devem ser analisdoss¢ tamental Cognitiva) ou a drea da Psicologia (ex.: Psicologia Clinica, Psicologia Escolar Educacional;
2 utilização dos recursos para compor a avaliagdo psicolégica. Ao final, são apresentados os p"l"'b Psicologia Jurfdica) (CFR 2013; Schelini, 2019). Reppold, Zanini ¢ Noronha (2019) afirmam que a
av: liação
i se configura como um campo de conhecimento, para o qual há um tol de ¢ hecimentos
mentos a serem adotados no encerramento do processo avaliativo.
tedricos ¢ metodoldgicos especificos. Por sua vez, para Hutz (2015) a av 0 é um amplo processo,
Uma vez que a Psicologia abrange amplas possibilidades de atuagio do psicélogo, tomouss¢® com o intuito de aventar hipóteses ¢ responder questões sobre o funcionamento psicoló o de um
cuidado de apresentar as possibilidades de aplicagio da avaliagdo de criangas, de modo que foi ident” individuo ou grupo.
ficada a maior incidéncia de demanda para esse tipo de atendimento. Assim, os contextos destacado
neste capítulo remetem à aplicação da avaliação psicológica no contexto escolar, clínico, hospitah®
O resultado da avaliagio psicológica tende à repercutir na vida da criança e das deman pessoas
social e juridico. Todavia, é importante ressaltar que, em se tratando da avaliação infantil, não se %
envolvidas. Este ¢ mais um ponto que reforça a ne essidade do preparo do psicólogo para a condu-
São de uma avaliação. Assim, o processo de avaliação psico gica deve ser estruturado a partir de um
considera a relevância das demais dreas que não aparecem neste capitulo,

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7 FabdnJ M Ruedae Neide B G

Plancjamento prévio. Ao tomar contato com a queixa, o psicólogo precisa estabelecer o número, & Em relagio A organizagio ¢ 20 empenho da criança nos extudos ¢ pertinente avaliar a sua autorre-
Sessões nevessinas para investigd-la ¢ selecionar as técnicas e os instrumentos psicologicos que s, gulação para aprendizagem. Investigar este construto contribui para o planejamento de intervenções
usados para a avaliação da crianga (CFR, 2013; Schelini, 2019). relativas 3 clevação da motivação do aluno, 20 aumento da capacidade de organização do tempo
para a realização das atividades escolares, 20 uso efetivo de extratégias de aprendizagem, 3 escolha
0 que avaliar? de lugares adequados para estudar c 3 busca por ajuda seletn s (de pares ou de adultos) pela cruança
em momentos de dificuldade para entender o conteúdo ou para executar determinadas tarefas (Cash,
Area: Psicologia Esootar e Educacional
2016; White & DiBenedetto, 2015).
As queixas excolares envolvem uma variedade de construtos psicoldgicos a serem considerados n Ainda, no contexto escolar, destaca-se a demanda de avaliação da violência imterpessoal. Este
processo de avaliação psicológica. Demandas associadas aos aspectos cognitivos, por exemplo, cood. fenômeno se expressa por meio de comportamentos agressivos (ex.: agredir fisicamente um colega),
zem com 2 avalisção da atenção da crianga (ex.: atengio concentrada e atenção scletiva); da memés, pelo bullying (ex.: violência verbal e física) e o cxberbullying (ex.: hosulizar colegas e profewores na
(ex.: memória de trabalho ¢ memória de longo prazo); e da inteligéncia (ex.: inteligéncia fluida ¢ internet, por meio das redes sociais). A investigação destes aspectos pode ser feita tanto por parte do
cristalizada, inteligência emocional) (Baprista ct al., 2019; Suchiro & Lima, 2016). agressor como do aluno que sofre este tipo de violência (Lourenço, Stroppa, & Senra, 2019).
Ahada à avahagio da inteligência, medir a criatividade se raduz em uma forma de acessar a habit. Adicionalmente, uma demanda que pode surgir na escola é a den cagio de crianças com
dade da crianga de identificar sinuações-problema, apresentar formas criativas para resolvé-las, confr. possíveis altas habilidades (superdotagio). A avaliação desse tipo de fenômeno não se restringe 3
mar ou refutar hipdiesss e transmitir os resultados obtidos para as pessoas. Qutro ponto considerad; mensuração da inteligência. O reconhecimento da existência de altas habibdades cavolve a mves-
20 avaliar a atidade € 2 habilidade da criança de criar algo novo e útil para o contexto em quech tigação de aspectos cognitivos c metacognitivos que caracterizam as paruculandades na forma de
vive (Nakano, 2019). pensar e resolver problemas em crianças superdotadas. O resultado desta avaliagio permize que haya
Para 2s queixas ligadas aos aspectos motores, afetivos e intelectuais da crianga, avaliar a psicomo
o encaminhamento da criança para programas adequados às suas comperências, com a finalidade
de satisfazer as suas necessidades educacionais ¢ afetivas (Almeida, Costa-Lobo, Almenda, Rocha,
triidade constitui-se como importante alternativa. Os componentes da psicomotricidade podem s«
& Piske, 2017).
imvesngados por meio de diversos recursos avaliativos (técnicas de observagio, tarefas especificas ¢
testos psicoménicos) voltados 20 acesso dos seus componentes como, por exemplo, a lateralidade,o
equilibrio, 2 autoimagem, 2 motricidade fina e ampla, dentre outros (Sociedade Brasilcira de Psco
Area: Psicologia Clinica
momcidade, 2019). A avaliagio no contexto da Psicologia Clinica exige do psicólogo amplo conbe o sobre o de-
As dificuldades da crianga de se relacionar com as pessoas e consigo mesma também podem 1º senvolvimento humano na infincia, da psicopatologia infantil e dos instrumentos ¢ técmoas utilizados
percutis negativamente em sua aprendizagem. Em tais casos é adequado avaliar as habilidades socas
na avaliagio desse publico. Cunha (2000) afirmou que a avaliação neste contexto pode obyetivar (a)
classificação, (b) descrição, (c) avaliação compreensiva, (d) entendimento dindmico, (c) prevenção c
para se relacionar como os seus parcs ¢ professores (Del Prette & Del Prette, 2019). Igualmente,
(f) prognóstico. É possivel que, em não raros casos, mais de um objetivo se faça necessário.
recomenda-se 3 investigação dos aspectos de natureza afetiva e emocional da crianga. Neste tipo&
avaliação cabe analisar o impacto causado pelas devolutivas realizadas pelos professores em relagio» Diante de uma queixa associada, por exemplo, 3 agressividade, 3 avaliação da perso:
pode auxiliar o profissional a investigar se o comportamente > aprescntado é apenas tóno ou
desempenbo o alano ¢, umbém, o nivel de importincia que a crianga dá para o reconhecimento ds
indicativo de uma psicopatologia (ex.: transtorno de conduta) (Amencan Pryveluameo Associanon,
seus méritos escalares por parte dos docentes, colegas de sala e familiares (Bzuncck, 2018).
2015; Resende, 2019). Em vista disso, reforça-se a avaliagdo da personalidade com caráter preven-
Na investigação do baixo readimento escolar cabe avaliar as habilidades do aluno de leitura,& tivo, A identificação precoce de desajustes que não se enquadram nos par em do desenvolv-
crita e compreensio de Ieinura. Além destas habilidades linguisticas, também se recomenda a avalis® mento infantil c não estão relacionados com o ambicenie que a criança vive pode ser revernda por
das habilidades metalinguísticas, como é o caso da consciéncia fonolégica (noção da correspondin® meio de intervenções (Resende, 2019).
entre letra ¢ som), consciência morfoldgica (reconhecimento da variagio de morfemas) e da conse® Existem casos em que é recomendável que 2 avaliagio para fins diagnósncos s teita em conjen-
aa mets texrual (diferenciagio entre 0s géneros textuais). Tal avaliagio proporciona maior enteo&" to com outros profissionais da wide. O Transtornodo Espectro Aumsta (TEA) é em exemplo. lsto
mento sobre as dificuldsdes do aluno parz aprender o que ¢ ensinado na escola (Santos et al 201 Porque o TEA é caracterizado pela beverogencidade de wntomus e pode sc mansfestar em diferentes
Santos, Ferraz, & Rueda, 2018).

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níveis, Atualmente o Manual Diagndstico e Estatístico de Transtornos Mentais — DSM (APA, 2015, Area: Psicologia Social e Comunitária
estabelece dois domínios de comprometimento. O primeiro alude aos déficits de comunicação e inge.
ração social, e o segundo aos padrões repetitivos de comportamentos, interesses ¢ atividades, Nesta drea da Psicalogia se lida com muitas questões subjacentes 3 sulnerabilidade social envol-
A avaliação diagnóstica deve contar com um médico especializado no atendimento de criança,
vendo a crianga, scus familiares ¢ as pessoas no seu entorno (comunidade). O psicólogo que nela atua
comumente avalia o funcionamento da dinimica familiar. Esta avaliagio pernute venificar a ocorrén-
(psiquiatra ou neurologista), um psicólogo ¢ um fonvandiólogo. No que se refere ao trabalho do psj. cia de violéncia contra a crianga (ex.: abuso sexual, agressio fisica), a sua exposigio ao dlcool e drogas
cólago, é necessário que o profissional possua conhecimento aprofundado sobre o TEA, bem como illcitas, a qualidade do cuidado com a sua alimentagio ¢ higiene pessoal, a frequência escolar, entre
dlomínio nos instrumentos e técnicas de avaliação. À avaliação do TEA ¢ feita em duas partes, Ny outros (Belfort, Santos, Gouveia, & Barros, 2016).
primeira parte é feito um rastreamento para confirmar ou descartar a existéncia de aspectos anormais
Em casos, por exemplo, de criangas abrigadas, avalia-se o quanto a crianga se sente acolhida pela
no desenvolvimento. Caso afirmativo, a criança passa por uma avaliação diagnóstica. Nessa etapa
30. Os resultados desta avaliagio servem para promover ações com o objetivo de mimmizar o
psicólogo faz uso de instrumentos psicométricos e de protocolos de observações clínicas (Seize & impacto negativo gerado pela negligéncia e o respectivo abandono sofrido. Nesta avaliação também
Borsa, 2017). se considera o nivel de adaptagio da crianga, uma vez que em situações de abrigamento hi um funcio-
Em todas as etapas avaliativas os pais/responsáveis pela criança devem estar presentes para que namento diferente daquele que ela estava acostumada (ex.: horário das refeições, comparulhamento
possam se inteirar do processo de avaliação e receber as devidas orientações. Após a confirmação do do espago com outras criangas) (Belfort ct al., 2016).
TEA, a criança passa por reavaliações periódicas com o objetivo de atender as possíveis alterações
das A avaliagio no contexto social e comunitirio também é aplicada para verificar a cficicia das
necessidades ocorridas a0 longo do tempo. Destaca-se que o diagnóstico precoce tende a melhorar intervengdes realizadas tanto em grupos de criangas como no atendimento individual. Em termos
o quadro clínico no TEA, devido ao contato da crianga com intervenções adequadas às suas necessi- gerais, avalia-se o nivel de fortalecimento dos vinculos da crianga com a sua familia c comunidade, as
dades. Essa melhora pode ocorrer no campo da aprendizagem e no desenvolvimento de habilidades habilidades sociais voltadas às relagdes interpessoais, o autoconceito ¢ a autoimagem (relagdes intra-
funcionais (ex.: comunicação) (Seize & Borsa, 2017). pessoais), a resiliéncia para lidar com as adversidades ligadas 3 vulnerabilidade social, dentre outros.
A avaliagio dos casos atendidos também serve para fundamentar o encaminhamento das criangas para
o local mais adequado de atendimento, dependendo do grau de vulnerabilidade idennificado (ex.:
Area: Psicologia da Saúde e Hospitalar
encaminhamento do Centro de Referéncia de Assisténcia Social [Cras], para o Centro de Referéncia
Nesse contexto, o psicólogo deve ter amplo conhecimento sobre as patologias infantis, o funcio- Especializado de Assisténcia Social [Creas]). Dessa forma, o processo de avaliagio também é essencial
namento dos procedimentos burocráticos (ex.: rotina do hospital) e procedimentos clínicos (ex.: tipos para encaminhar a crianga as demais redes de apoio ligadas à assisténcia social (ex.: servigos de saúde,
de tratamento), ¢ estar a par do trabalho dos demais profissionais da saúde envolvidos com o caso educativos, juridicos, dentre outros) (Batista & Marturano. 2016; Belfort ct al., 2016; Brasil, 20
(ex.: médicos, enfermeiros). Em relação ao último, é importante destacar que para Ribeiro ¢ Baprisu
(2019) a prática interdisciplinar é imprescindível no contexto hospitalar; além disso, é preciso avaliar Area — Psicologia no sistema de justica
0 quantoos pais/responsáveis compreendem o diagnóstico e prognóstico da criança. Os pacientes
que
No ambito juridico, a avaliagio psicoldgica esti voltada para responder às demandas judiciais
se submetem à avaliação psicológica estão vinculados a motivações médicas. (ex.: pedido de guarda dos filhos, investigagio da violéncia contra a criança), e, por esta razio, el
0 arendimento 3 criança centraliza-se em avaliar como ela lida com a hospitalização. Nesse sen- se diferencia das demais, cujo foco é essencialmente clinico. Realizar avahiagio pericial forense exige
tido, são avaliadas as repercussões emocionais geradas pela doença em decorrência do tratamento que o psicólogo tenha dominio dos fendmenas psicolégicos e também do sistema juridico em que ird
que é frequentemente invasivo (ex.: quimioterapia, transplantes); a alteração da rotina (ex.: deixar awar (Rovinski, 2013).
de brincar, de ir para a excola); o isolamento social (ex.: afastamento dos amigos e pessoas próximas No processo de avaliagio o psicélogo deve considerar as possiveis repercussdes causadas pela con-
devido às restrições do horário de visita); o desconforto pela ausência dos seus objetos pessoais (ex+ vocagio compulsoria dos envolvidas. Isto porque, na maiona dos casos, os responsiveis pela crianga
brinquedos) e animais de estimação, dentre outros. À interação com a criança, principalmente as mais são submetidos a esse tipo de avaliagio contra a sua vontade. o que pode comprometer a veracidade
novas, requer que o psicólogo utilize de recursos lidicos para avaliá-la (ex.: brincadeiras, desenhos. do material levantado durante o processo avaliative, requerendo, portanto, maior acurdcia por parte
do profissional (Rovinski, 2019).
conrar estórias). À partir dos 7 anos de idade já é possível avaliar as noções que a criança detém acerés
do seu diagnóstico e prognóstico (Azevêdo ct al., 2019; Guimarães Neto & Porto, 2017). Em relagio ao atendimento da crianga, é preaiso estabelecer uma boa relagio para avali
€ necessdrio claborar um rapport que facilite com que a crianga se sinta 3 vontade durante a avaliagio,

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Fabian J. M Rueda e Neide B. Cunha 5 0 que é mais frequente avaliar em crianças e como fazê-to?

bem como compreenda os motivos que a levaram a passar por este processo (Rovinski, 2019). A ee
respeito convém esclarecer que, embora o rapport não tenha sido destacado detalhadamente nas dreq Ao enfatizar a observação de crianças, é comum atentar-se para o comportamento nio verbal du-
apresentadas anteriormente, ele é necessário nas várias situações de avaliação com crianças. Em certo, rante a realização das atividades propostas pela avaliação (ex.: o modo como a criança se comporta
casos a avaliação de crianças no contexto de justiça pode ser feita com o intuito de investigar feng. ao responder um teste psicológico) ¢ o modo como ela se expressa durante as brincadeiras (ex.: a
menos psicológicos ligados às próprias demandas judiciais. Um destes fenômenos é a alienação pa. forma como ela lida com a vitória e a derrota em um jogo). À observação auxilia o acesso aos aspectos
rental, caracterizada pelo prejuizo nas relações da crianga com um dos seus genitores ocasionada pel, físicos (ex.: comportamento motor), cognitivos (ex.: atenção, agilidade na resolução de problemas)
influência de outro genitor, de avós ou responsáveis (Brasil, 2010; Veiga, Soarcs, & Cardoso, 2019), ¢ emocionais (ex.: manifestação de sentimentos por meio do choro e do riso), de caracteristicas de
personalidade (ex.: timidez, desinibição), oscilações de humor (ex.: irritação, apatia), dentre outros
(Nunes et al., 2017; Resende, 2019).
Recursos utilizados no processo de avaliação psicológica
As observações podem ser realizadas em diversos ambientes desde que estejam em consonância
Traçando uma proposta de avaliação a partir da entrevista inicial com a queixa apresentada. Na investigação de queixas escolares, por exemplo, o psicólogo pode
realizar uma observação na escola que a criança está matriculada. No caso de crianças menores e que
Para iniciar o processode avaliação recomenda-se uma sessão com os pais/responsáveis da criança apresentam dificuldades de se relacionar com os seus pares, o psicólogo também pode considerar a
para estabelecer o contrato de trabalho e a realização da entrevista de anamnese. A obtenção de in- observação nos espaços em que elas mantém contato com outras crianças, como é o caso da creche
formações nesse tipo de entrevista auxiliará o psicólogo a traçar o plano de avaliação psicológica da frequentada por elas (Nunes et al., 2017; Schelini, 2019).
crianga. À anamnese é realizada frequentemente em um primeiro encontro com os pais/responsáveis
O registro das observagdes pode ser feito de forma não sistemauzada (tomando notas) ou de
com o objetivo de levantaro histórico de vida da criança. Dependendo da demanda que levou 3 busca
forma sistemdtica, por meio de um protocolo de observagio. Este dltimo recurso é recomendivel,
pelo atendimento psicológico, a anamnese envolve o acesso às informações sociodemográficas, o5
aspectos ligados ao periodo gestacional da criança, à averiguação do início da queixa, à realização de pois tende a reduzir os efeitos da subjetividade do observador, expressa pela possivel predisposicio
do psicélogo de realgar alguns aspectos em detrimento de outros. O conteúdo observado é posterior-
tratamentos médicos, psiquiátricos ou psicológicos anteriores e atuais, dentre outros. As queixas esco-
mente integrado s informagdes obtidas com as demais técnicas e instrumentos unlizados ao longo da
lares podem demandar o contato do psicólogo com a escola, principalmente com o professor que pos-
avaliagdo psicolégica (Hutz, 2015; Nunes ct al., 2017).
sui maior proximidade com a criança. É imprescindível que a entrevista não seja desnecessariamente
longa e invasiva em relação ao acesso de informações que não dizem respeito à queixa investigada
O uso de testes psicolégicos no processo de avaliagdo psicologica
(CFP, 2013; Nunes, Lourenço, & Teixeira, 2017).
Os clementos obtidos nas entrevistas iniciais levam ao contexto da avaliação, aos fenômenos A testagem é outro meio utilizado no processo de avaliagio psicolégica infantil. Os testes psico-
psicológicos a serem investigados e às especificidades de cada criança (ex.: idade, nivel escolar, di- lógicos caracterizam-se como uma medida objetiva ¢ padronizada que rednem amostras comporta-
ficuldades aprescntadas). Após o estabelecimento dos objetivos pretendidos com a avaliação é feita mentais sobre determinado construto avaliado (fenômeno psicológico), podendo ser de ordem cog-
a seleção dos meios para realizar a investigação da queixa e que irá compor o processo de avaliação nitiva (teste de inteligéncia), afetivo/emocional, ligado à aprendizagem. a aspectos monvacionais, 3
psicológica propriamente dito. Este processo não deve ser restrito à utilização de apenas uma técnica personalidade, dentre outros (Pasquali, 2016). A aplicagio e a interpretagio dos escores de um teste
ou instrumento (CFP, 2013; Schelini, 2019). envolvem uma sequéncia de procedimentos sistemiticos, que seguem normas preestabelecidas, isto é,
são padronizados com base em dados empiricos (Pasquali, 2016; Serafini, Budzyn, & Fonseca, 2017).

A observagdo como uma técnica de avaliação O psicélogo deve escolher o teste, tomando por base as informagdes previamente levantadas
sobre o caso. Esta escolha envolve a presenga de um ou mais fendmenos psicolégicos a serem in-
A observagio é uma técnica utilizada no processo de avaliagio psicolégica para o acesso do com vestigados; a certificagio de que a crianga terá condigdes fisicas, cognitivas e emocionais para res-
portamento das pessoas envolvidas na queixa. Ao longo das sessdes de avaliagio, o psicélogo deve ponder o teste, e se cle é adequado à sua faixa ctária, 3 demanda e 30 contexto da avaliagio (CFR.
observar as reações da crianga e dos seus pais/responsáveis. Alguns pontos em comum a serem obstr 2013; Schelini, 2019).
vados em todos os envolvides no processo de avaliagio psicol6gica referem-se a existéncia ou não & Concomitante a isso, o psicélogo deve selecionar testes que apresentam os pré-requisitos minimos
uma atitude colaborativa, às oscilagdes de humor ¢ aos aspectos comportamentais (Nunes et al., 2017 para serem utilizados. Estes parimetros referem-se às qualidades psicométricas do teste, referentes às
evidéncias de validade, às estimativas de fidedignidade ¢ 3 normarizagio. As propriedades psicométri-

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AR
À o v — D Uque é mais frequente avaiar em cranças e como tazb-
Faban J M Rueda
e Nede B Cunha

cas de um teste asseguram à sustentagio empirica ¢ a uniformidade das interpretações dos resultado, que foram levantadas durante o processo avaliativo. É necessário que o pucólogo detenha uma análise
obridos com a sua aplicagio, asim como a precisio do teste (Peixoto & Ferreira-Rodrigues, 2019), crítica do material obtido por meio da avaliação, com o intuito de por a sua unlidade para 2
Uma forma de saber se o testes escolhidos possuem os pré-requisitos psicométricos necessário; tomada de decisão. À este respeito, destaca-se o minucioso trab; ho do pucólogo na imtegração dos
para compor o procewso de avaliagio psicolégica ¢ por meio da consulta ao Sistema de Avaliagio de resultados coletados a partir de diferentes fontes de informação. Tal com Olneira c
Testes Psicológicos - Satepsi (Conselho Federal de Psicologia, 2018). O Satepsi apresenta uma lista Silva (2019), a essência da avaliação está no uso de diferentes métodos, er e qual
dos testes que estão autorizados para uso ¢, também, mostra aqueles que se cncontram com parccer tivos, de modo que a reunião deles em um todo organizado enriquecerá, sob
desfavorável para unlizagio. Nos últimos 15 anos, houve constantes atualizações para atender is ne. do profissional.
cessidades dos psicálogos (Reppold & Noronha, 2018). Eventualmente, a avaliação não responderá todas as questões, mas estará em consor:
Em uma anilise dos 158 testes aprovados pelo Satepsi, Reppold et al. (2017) verificaram que 18 queixa ¢ com os elementos disparadores que justificaram sua realizagio. É possível que m determ
deles cram voltados exclusivamente para criangas (faixa crária entre 4 a 13 anos); oito eram destinados das situagdes o psicólogo deve considerar o encaminhamento da criança para profissonzss de ou
para criangas ¢ adolescentes (faixa etiria de 6 a 18 anos), e 12 para criangas, adolescentes ¢ adultos (faixa dreas (ex.: fonoaudiólogo, psiquiatra) (CFP, 2013; Schelini, 2019).
ctiria de 6 292 anas). Em sua maioria, os testes reservados ao público infantil avaliam a inteligéncia, a Os resultados da avaliação psicológica são divulgados para à criana e &s seus pass res
personalidade e as habilidades sociais. Os testes que avaliam mais de um tipo de público centralizam-se por meio da entrevista devolutiva. Nesta entrevista, o psicólogo deve retomar com os em
na avaliagio da inteligência, da personalidade, do autoconceito e de aspectos neuropsicolégicos. os motivos que levaram à realização da avaliação ¢ divulgar os resultados de
Os dados spresentados por Reppold et al. (2017) aludem à importincia de verificar se o teste comprometimento identificado (do menor para o maior nível). À entrevista é
aprovado pelo Satepsi é adequado 3 avaliagio de criangas. Ademais, é preciso consultar o manual do mendações necessárias para atender o caso (ex.: proposta de tratame:
teste para o acesso de informagées adicionais sobre o construto psicolégico avaliado, os seus objeti- A devolutiva dos resultados da avaliação psicológica também deve ser formalizada
vos ¢ 0 contexto em que é recomendado a sua aplicagio. Apés a escolha do teste o psicélogo deve aos interessados por meio de documentos escritos, 2 saber, 2 declaração, o
avaliar se a crianga esti apta para respondé-lo (condigdes fisicas e psicológicas) e estar a par dos seus relatório psicológico e multiprofissional. o laudo psicológico € o parecer psscol: lógico. Todos esses do-
procedimentos de aplicagio. A testagem deve ocorrer em um local adequado (ex.: boa luminosidade, cumentos possuem diretrizes para a sua claboragio, conforme 2 Resolução CFP 06 2019. Em s
temperatura agradivel, sem ruidos externos, dentre outros), e o psicélogo deve ter cuidado com o seu tais documentos devem apresentar uma linguagem técnuca ¢ formal ¢ serem fun, los com base
vestuário. É recomendado que use roupas discretas e evite acessérios e perfumes que possam distrair em pesquisas científicas.
a crianga durante a testagem. Posteriormente à aplicagio do teste, é igualmente importante seguir 3
risca 2s orientações do manual sobre os procedimentos de como interpretd-lo (CFP, 2013; Rabelo,
Brito, & Rego, 2016). Indicação de referências e/ou cursos para aprofundamento no tema

Com base na lista dos testes favoriveis pelo Satepsi, convém destacar a escassez de instrumentos Baprista, M. N., Muniz, M., Reppold, C. T., Nunes,C. H.S.S., Canalho, L E., Primu R Noronta, A P P L
psicol6gicos para avaliar criangas com idades entre 0 a 5 anos de idade (Reppold et al., 2017; Scheli- & L. Pasquali (orgs.). Compéndio
de avaliação psicológica. Perrópolis: Vozex.
ni, 2019). Esta lacuna demanda do psicélogo amplo conhecimento sobre o desenvolvimento infandl, Boruchovitch, E., Bzuneck, J. A., & Guimaries,S. E R. (orgs). (2010). M: o ; Aplicações mu
uma vez que em muitos momentos o profissional nio tem disponivel instrumentos psicolégicos que contexto educativo. Petrópolis: Vozes.
o auxiliem na anilise de alguns dos aspectos investigados durante a avaliagio psicolégica. O conhe- Boruchovitch, E., & Gomes, M. A. M. (orgs.) (2019). Aprendizaçgem autorregulada: Como prom:
cimento prévio, apoiado em sélidos principios teéricos, guiard o psicélogo na claboragio de ques- texto educativo? Petrópolis: Vozes.
tionamentos pertinentes aos pontos que devem ser investigados, bem como direcionario o olhardo Campos, C. R., & Nakano, T. C. (orgs.) (2019). A psicolôgua dimecionads a populações específicas:
Téenicas, métodos ¢ estratégias — Volunee 11. São Paulo: Veror.
profissional em suas observações durante a avaliagio da crianga (Schelini, 2019).
Oliveira, G. C., Fini, L. D. T., Boruchovicth, E., & Brenell, R. P (orpx). (2014). Educar crunças, grandes desa-
fios: como enfrentar? Petrópolis: Vozes.
A integração dos resultados e a entrevista de devolutiva
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