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VÍCIOS DA VONTADE E DA DECLARAÇÃO

Teoria Geral do Direito Civil II – Negócio Jurídico

1. Vícios na formação da vontade:


a) Ausência de vontade
- Falta de consciência da declaração (art. 246.º, 1.ª parte)
Neste caso, estamos perante o exemplo do leilão: uma pessoa, acena a um amigo, e,
equivocado, o leiloeiro vende a coisa a essa pessoa. Temos, neste caso, de analisar a
situação de forma a perceber a relevância da falta de consciência. A falta de consciência
relevante será aquela que for percetível ao declaratário normal, colocado na posição do
declaratário real. Assim, temos sempre de analisar em conjunto com o artigo 236.º. A
declaração será imputada ao declarante da forma que o declaratário normal a entenderia,
apenas não o será quando for de tal forma evidente que não lhe possa ser imputada. Neste
caso, a consequência será a nulidade (286.º). Se esta falta de consciência resultar de culpa,
então, o artigo 246.º cria a obrigação de indemnizar o leiloeiro.
- Coação absoluta (art. 246.º, 2.ª parte)
A coação absoluta corresponde a situações de coação feitas por meios físicos, por
exemplo, o ato de pegar na mão de outra pessoa e assinar por essa pessoa. Neste caso, há
uma ausência absoluta de vontade, sendo um dos requisitos esta declaração ser realizada
por outrem. A consequência será mais uma vez a nulidade (286.º).
- Incapacidade acidental (art. 257.º)
São fixados três pressupostos subjetivos:
• O sujeito encontra-se acidentalmente incapacitado;
• Por qualquer causa (embriaguez, efeitos psicotrópicos, doença do foro
psiquiátrico, delírio, etc.);
• A causa acidentalmente incapacitante impossibilita-o de entender o sentido da
declaração;
• Ou, de exercer livremente a sua vontade.
É também fixado um pressuposto objetivo: o facto tem de ser notório ou conhecido
do declaratário. É notório quando uma pessoa de normal diligência o teria podido notar.
A declaração feita sob incapacidade acidental é anulável (287.º).
- Declaração não-séria (art. 245.º)
Nestes casos temos uma situação em que há uma declaração negocial feita sem o
intuito negocial, esperando-se que a outra parte tenha consciência da não-seriedade da
declaração.
Estamos perante uma declaração patentemente não-séria no caso do teatro. Neste
caso, a atriz diz que se casa com o primeiro homem que aceitar, e um homem
imediatamente aceita da plateia. A declaração patentemente não-séria (245.º/1) tem os
seguintes pressupostos:

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• Falta de vontade;
• O modo como se exterioriza essa vontade indica a falta de seriedade;
• Expectativa de que a falta de seriedade não seja desconhecida.
Temos, mais uma vez, de analisar em conjunto com o artigo 336.º, entanto perceber
se a falta de seriedade é acessível ao horizonte do destinatário. Neste caso, a consequência
será, uma vez mais, a nulidade.
Existe ainda a declaração patentemente não-séria, mas que, por particulares
condicionalismos, enganou o declaratário (245.º/2), à qual se acrescentam mais três
pressupostos:
• O declaratário acha que a declaração é séria (não o homem médio, mas sim o
declaratário real);
• Há toda uma conjuntura de circunstâncias que provocam aquela convicção;
• Essa convicção é justificável à luz do declaratário normal.
A consequência não será a validade da declaração, mas sim haver lugar a
responsabilidade civil.
Ainda temos de considerar as declarações secretamente não-sérias. Nestas hipóteses,
falta o segundo elemento: a falta de vontade. Assim, aplicar-se-á o regime da reserva
mental (244.º/1), pelo que o negócio é válido e eficaz.

b) Vontade deficiente
- Coação moral (arts. 255.º e 256.º)
Ausência de liberdade. Nestes casos temos uma ausência de vontade. Existem três
requisitos para a coação moral:
• Ameaça do mal (expressas ou tácitas, contra pessoas ou bens);
• Ilicitude da ameaça (tem de se identificar o direito e se foi desenvolvido de
forma normal);
• Dupla causalidade da ameaça (é necessário que a ameaça cause medo e que
esse medo seja determinante para a celebração do negócio);
• Finalidade de extorquir uma declaração negocial.
Aparece-nos no artigo 255.º/3 a expressão “temor referencial”. O temor referencial
pode ser entendido como a admiração que uma das partes tem pela outra, de modo a que
a leva a celebrar o contrato.
A consequência da coação moral é a anulabilidade (287.º).
- Erro na vontade/Erro-vício (art. 251.º)
Os requisitos do erro na vontade são os mesmos estabelecidos no erro na declaração,
estabelecidos na parte b), portanto, temos que ter em atenção os seguintes requisitos:
• Divergência entre a vontade real e a vontade declarada;

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• Essencialidade da divergência (pode ser absoluta, caso sem esta coisa, o
individuo não teria emitido a declaração, ou relativo, caso sem esta, o teria
celebrado noutras condições);
• Cognoscibilidade da essencialidade ou o dever de conhecer.
Nestes casos podemos ter um erro relativamente ao declaratório, reportando-se à sua
identidade ou qualidades, por exemplo, contratar um oftalmologista para tratar dos dentes.
O erro incide também sobre o objeto, por exemplo, quando eu compro um quadro cheio
de rabiscos, pensando que é um Picasso, e o vendedor, ouvindo, pensa que com Picasso,
o declarante se refere a um quadro de rabiscos. Neste caso, saberíamos identificar a
essencialidade com base, por exemplo, no valor. Se o comprador compra o quadro por
milhões de euros, é evidente esta essencialidade desde logo, enquanto que se compra por
mil euros, não será igual.
A consequência nestes casos será a anulabilidade nos termos do artigo 247.º.
Pode haver também erro quanto aos motivos determinantes da vontade, e, nesse
caso, o artigo 252.º/1, estabelece também a anulabilidade quando exista acordo das partes.
Não estamos, no entanto, perante uma condição resolutiva, uma vez que para isto será
necessário uma vontade condicional. Há um erro relativamente aos motivos, não quanto
à pessoa ou ao objeto, pelo que são necessários três requisitos:
• Falsa perceção sobre a realidade;
• Essencialidade;
• Acordo expresso ou tácito entre as partes.
Dica: para identificar no caso prático se está em causa um erro sobre a pessoa, objeto
ou motivos, devemos sempre pensar sobre o objeto e se era o que as partes realmente
queriam.
Existe ainda a questão do erro sobre a base do negócio, que poderá ser um erro sobre
as circunstancias que levaram ambas as partes a contratar, são elementos essenciais para
a formação de vontade do declarante, e conhecidos pela outra parte. O artigo 252.º/2 diz-
nos que se devem aplicar as regras vigentes relativamente à modificação e resolução de
contratos segundo juízos de equidade (437.º/1), remetendo para a figura da alteração das
circunstancias. Há, no entanto, divergência quanto a se o erro tem de ser bilateral ou não.
O professor Menezes Cordeiro diz que não é necessário haver bilateralidade, no entanto,
Castro Mendes diz que deve ser bilateral. No entanto, Menezes Cordeiro diz que devemos
fazer uma interpretação restritiva quanto a esta remissão, remetendo apenas para os
pressupostos, mas não para as consequências, considerando que se deve aplicar o regime
comum do erro, ou seja, a anulabilidade. Há, no entanto, outros autores que dizem o
contrário, optando pela remissão total para o artigo 437.º, admitindo até a resolução do
contrato, ao contrário de autores que apesar de admitirem uma remissão paras as
consequências, não admitem a resolução, como é o caso de Carlos Ferreira de Almeida.
Não confundir erro sobre a base do negócio com alteração de circunstâncias: no
erro nós temos uma falsa perceção da realidade, enquanto na alteração de circunstancias
temos uma alteração de circunstancias posterior à celebração do contrato; o erro tem de
incidir sobre as circunstancias que constituem a base do negócio, pelo que uma alteração
subsequente não constitui a base do negócio.

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Critério para diferir erro sobre os motivos de erro sobre a base do negócio:
analisar se à luz do propósitos das partes é possível utilizar os bens para aquele propósito;
caso não seja possível, caberá no erro sobre a base do negócio.
- Dolo (art. 253.º)
Menezes Cordeiro entende o dolo como uma modalidade de erro. O dolo, tem uma
dupla aceção no Código Civil, sendo que aquela que nos interessa neste caso será a
sugestão ou artificio empregue com o fim de enganar o autor da declaração, presente no
artigo 253.º/1. Existem apenas dois requisitos para o dolo:
• Ou sugestão;
• Ou artificio;
• Ou dissimulação do erro;
• Com a consciência de induzir o autor da declaração em erro.
É necessário que o dolo seja determinante para o erro, e o erro determinante para o
negócio, sendo que, nestes casos, a consequência será a anulabilidade (254.º/1). Ao
contrário do erro, no dolo não é necessário ser essencial, poderá ser por qualquer razão
que tenha dado lugar à vontade e for causada pelo declaratário.

2. Divergência entre a vontade e a declaração:


a) Intencionais
- Simulação (art. 240.º e segs.)
Existem três requisitos para a simulação:
• Acordo entre o declarante e o declaratário;
• Divergência entre a declaração e a vontade declarada;
• Intuito de enganar terceiros.
Existem várias modalidades de simulação:
- Simulação absoluta – As partes não pretendem celebrar qualquer negócio.
Debaixo do negócio simulado não há nada, há uma negação daquilo que passou para
o exterior. As partes conjeturam uma mudança, mas o status real permanece
inalterado.
- Simulação relativa – Debaixo da simulação esconde-se o negócio
verdadeiramente pretendido (o dissimulado). As partes pretendem uma alteração do
status real, mas com contornos diferentes daqueles declarados para o exterior. Divide-
se em dois tipos:
- Objetiva – Esta divergência recai sobre o objeto ou conteúdo. Divide-se
em duas subcategorias:
- Total – O negócio simulado e dissimulado pertencem a tipos
legais diferentes (por exemplo, uma doação disfarçada de compra e venda);

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- Parcial – Respeita apenas parte do seu conteúdo, sem afetar a
qualificação do contrato, é a chamada dissimulação de preço (por exemplo, compra e
venda no valor de 200 mil euros que na verdade vai ser uma compra e venda no valor
de 300 mil euros).
- Subjetiva – Sempre que incida sobre as partes.
O negócio simulado, quer absoluto quer relativo, é nulo pelo artigo 240.º/2. No
entanto, esta nulidade não é igual às outras, uma vez que não pode ser declarada
oficiosamente ou invocada por qualquer interessado, sob pena de se esvaziar a proteção
devida aos terceiros de boa-fé. O negocio simulado não produz efeitos entre as partes
(afastando o tu quoque) nem entre os terceiros de má-fé, no entanto, o artigo 242.º/2 dá a
possibilidade das partes arguirem a nulidade. Dá também legitimidade a herdeiros
legitimários (2157.º), e ainda, em termos gerais, a qualquer terceiro interessado. E quando
são provocados prejuízos aos herdeiros, mas sem a intenção de os causar? 1.ª posição: a
lei é clara, nesse caso não têm legitimidade; 2.ª posição (Menezes Cordeiro): o ratio da
lei é proteger a posição dos herdeiros legitimários contra prejuízos e não contra intenções,
caso o autor da sucessão atue de forma negligente, não há razão alguma para restringir a
legitimidade processual dos herdeiros.
Divergência doutrinária do artigo 243.º/1: Menezes Cordeiro – restringe, além dos
simuladores, os herdeiros e representantes, bem como todos os sujeitos que tenham
contribuído ativamente para a conclusão do negócio simulado e daí retirem ou pretendam
retirar benefícios, por causa do 334.º, o sistema não pode permitir que um sujeito que
tendo contribuído para a conclusão de um negócio simulado venha invocar a sua nulidade;
Mota Pinto: apenas restringe os simuladores; Oliveira Ascensão: estende a todos os
terceiros de má-fé.
Há ainda divergência quanto ao tipo de boa-fé presente no artigo 243.º: Menezes
Cordeiro – Boa-Fé subjetiva em sentido ético; Carvalho Fernandes – Boa-Fé subjetiva
em sentido psicológico.
Exemplo da inoponibilidade da simulação a terceiros de boa-fé: terceiro tem direito
de preferência, e descobre que x foi vendido por 50 mil euros, no entanto, estava
dissimulada uma compra e venda num valor muito mais elevado; o preferente poderá
pagar apenas os 50 mil com base no 243.º/1.
E quanto ao negócio dissimulado? Existem três teorias: teoria da forma da declaração
– o negócio dissimulado só será válido se as próprias declarações de vontade respeitarem
as formas exigidas, tenho de conseguir retirar da declaração que as partes queriam o
negócio dissimulado (impossível); teoria da forma do negócio – será válido sempre que
exista uma identidade entre a forma empregue pelo negócio simulado e a forma exigida
pelo negócio dissimulado; teoria do ratio da forma – a validade do negócio dissimulado
dependo do preenchimento das razoes justificativas subjacentes à existência de uma
forma especial (opinião da esmagadora maioria da jurisprudência e da regência).
Imaginando uma situação em que a forma do negócio dissimulado seja mais exigente
que a do negócio simulado, será difícil conservar este negócio, a não ser que tenham sido
respeitadas as exigências legais secretamente. Verificando-se isto, ficará a validade do
negócio simulado dependente de um documento autónomo que comprove a verdadeira

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intenção das partes. Existem assim dois caminhos possíveis nesta questão: Vaz Serra, que
defende a aplicação analógica do artigo 238.º (solução pela qual Menezes Cordeiro opta);
Pedro Pais Vasconcelos, que defende a aplicação analógica do artigo 217.º/2.
Artigo 394.º/2 – Proíbe a prova testemunhal do acordo simulatório e do negócio
dissimulado, quando invocados pelos simuladores. Tem vindo a ser defendida uma
interpretação restritiva, fazendo-se prevalecer a verdade dos factos. Menezes Leitão
discorda.
- Reserva mental (art. 244.º)
Ausência de vontade segundo Menezes Cordeiro. Nesta situação, existe uma
declaração com o intuito interior de enganar o declaratário, não pretendendo o declarante
aquilo que declara querer. Existem dois requisitos na reserva mental:
• Divergência entre a vontade declarada e a vontade real;
• Intuito de enganar o declaratário.
Podemos aqui distinguir entre reserva relativa, caso o declarante não pretenda nenhum
negócio, e reserva absoluta, caso o declarante queria um negócio diferente do declarante.
Poderá também ser inocente, caso não vise prejudicar ninguém, ou fraudulenta, caso
assuma animus nocendi.
Tratando-se de algo puramente interior, não prejudicará a validade da declaração.
Manuel de Andrade explica que é difícil haver alguém que suponha, que pelo simples
facto de não querer os efeitos jurídicos correspondentes à sua declaração, isto baste para
invalidade o respetivo negócio. Manuel de Andrade, mesmo assim, coloca a hipótese de
alguém concluir um negócio que não pretenda, por achar que é nulo por um vicio que na
verdade não se verifica, aplicando-se nestes casos o regime do erro (motivos
determinantes da vontade relativos ao objeto assentaram num error iuris – 251.º).
Menezes Cordeiro considera que, apesar do disposto no artigo 244.º/2 mandar aplicar
o regime da simulação quando o declaratário conheça a reserva, nestes casos não há nem
o acordo nem o intuito de enganar terceiros, pelo que considera que apenas há uma
remissão para a simulação in totum, isto é, esta só se aplicará se estiverem reunidos os
requisitos da simulação. Entende ainda que, caso o declaratário conheça a vontade real e
com ela concorde (faltando o requisito de enganar terceiros), aplica-se o regime da falsa
demonstratio non nocet do artigo 236.º/2. Caso não se verifique nenhum dos
pressupostos, aplicar-se-á a nulidade.

b) Não-Intencionais
- Erro na declaração/Erro-Obstáculo (art. 247.º)
Nesta situação, há uma correta formação da vontade, no entanto, quando essa vontade
é exteriorizada, há uma falha que leva a uma discordância entre a declaração e a vontade
do declarante. O erro pode recair sobre elementos nucleares do contrato, como o objeto,
o conteúdo, etc., ou sobre elementos circundantes, como características acessórias do
objeto, cláusulas acidentais, etc., ou ainda, sobre fatores relativos às partes, como a
identidade, a qualidade, a função, ou outras características.

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Existem três pressupostos:
• A vontade declarada não corresponde à vontade real;
• Esta divergência é essencial (essencialidade – elemento subjetivo, sem o qual o
declarante não teria emitido a sua declaração de vontade com o sentido que foi
exteriorizado), isto é, o elemento sobre o qual recai;
• O conhecimento da essencialidade (cognoscibilidade da essencialidade –
elemento subjetivo, ou conhece ou não conhece, derivando de comunicação
expressa ou de um conjunto de circunstancias que rodeiam o negócio) ou o dever
de a conhecer (elemento objetivo).
Neste caso, a consequência será a anulabilidade (287.º). No entanto, uma vez que um
erro na declaração poderá provocar danos ao vendedor, o declarante poderá responder por
culpa in contrahendo, devendo, verificados os requisitos, indemnizar o declaratário, não
havendo razões para nos limitarmos ao interesse negativo.
No entanto, o artigo 248.º, dá a possibilidade da validação deste negócio, caso o
declaratário venha a aceitar este negócio como o declarante o queria. Esta figura
diferencia-se da falsa demonstratio non nocet (236.º/2) e da redução/conversão (292.º e
293.º), tendo como limite objetivo a necessidade de respeitar as regras formais.
O artigo 250.º/1 determina a aplicabilidade do regime do erro aos casos de erro na
transmissão da declaração. Num exemplo de um mandatário, caso o destinatário conheça
a essencialidade para o mandante, o negócio será anulável. O nº 2 deste mesmo artigo
ocupa-se ainda do dolo do intermediário, isto é, a declaração é alterada propositadamente.
A declaração será sempre anulável, e esta indemnização deve ressarcir todos os danos, e,
mais uma vez, não apenas os que se prendam com o interesse negativo.

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