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ESTILO NA REDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS NORMATIVOS


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MANUAL DE PADRONIZAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS NORMATIVOS


3 - Estilo Na Redação Dos Atos Administrativos Normativos

O texto normativo deve ser uniforme não só na terminologia, mas também no estilo e na estrutura.

Brevidade Do Período
Os períodos devem ser formulados de forma breve e clara, preferencialmente por meio de frases simples. Deve-se, contudo, evitar o estilo telegráfico; a frase explícita é preferível à implícita. Em especial, devem-
se evitar frases no gerúndio.

Utilize frases curtas.


Prefira sempre palavras e expressões breves.

Frases Afirmativas
Se a mesma ideia puder ser transmitida corretamente em forma positiva ou negativa, utilize sempre a positiva. Em vez de dizer “Este artigo não se aplica a indivíduos com menos de 60 anos”, diga “Este artigo se
aplica a indivíduos com 60 anos ou mais.”

Duplas Negativas
Deve-se evitar o o uso de sujeito negativo com um “deverá positivo”. Assim, não se deve escrever “ninguém deverá”, mas “ninguém poderá”.

Exemplo:

Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz,

se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Modo, Tempo E Pessoa Do Verbo


O texto normativo é de caráter assertivo, que requer o uso padronizado e pertinente do verbo. Assim, se recomenda o uso uniforme do modo, do tempo e da pessoa do verbo. Não se deve mudar, se não for
necessário, a pessoa do singular para o plural. Não oscilar entre a forma impessoal e a pessoal. A uniformidade dos verbos deve ser mantida toda vez que dispositivos se sucederem.

Exemplo:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação

Sempre que possível, utilize a voz ativa.


Privacidade - Termos

Usos Dos Verbos Poder E Dever


O verbo poder é utilizado quando se confere um direito, uma atribuição ou um poder. Utiliza-se a expressão “tem o direito de...” para conferir uma faculdade, mas não uma obrigação. Quando se impõe uma
obrigação de agir, utiliza-se o verbo dever.

Exemplos:

Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos

e entidades referidos no art. 1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido

conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida.

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as

interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas

pela utilização de propriedade vizinha.

Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso imediato à

informação disponível.

Para restringir direito, privilégio ou poder, a expressão conveniente é “não pode”. Quando a obrigação é de não agir, utiliza-se também “não pode”.

Exemplos:

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa

pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo

quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam

demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;

Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou

administrativa de direitos fundamentais.

Formas Ativa, Passiva E Impessoal Do Verbo


A forma ativa do verbo é preferencial. Deve-se limitar o uso da voz passiva ou o impessoal aos casos em que não for possível explicitar o agente ou quando a expressão for mais simples e objetiva sem a indicação
do agente.

Utilize a voz ativa;


Exponha sua opinião apenas quando solicitada;
Quando o ato contiver assunto de responsabilidade exclusiva e pessoal de quem o subscreve, utilize a primeira pessoa do singular

Termos Jurídico E Técnico


Sobre o emprego do termo jurídico deve-se:

a) utilizar a definição legal contida em códigos ou em legislação já existente;

b) considerar definições existentes em atos internacionais dos quais o Brasil seja signatário;

c) considerar o significado atribuído pela jurisprudência e pela doutrina.

Reserve a linguagem técnica apenas para situações que a exijam.

Coerência Terminológica
Privacidade - Termos
Deve-se buscar a plena coerência dentro de um texto normativo. Um bom caminho é manter em sua redação o mesmo estilo de textos normativos pré-existentes, em especial daqueles que regulam a mesma
matéria. Todavia, o novo texto deve apresentar melhoramentos em relação ao texto anterior, cujos erros devem ser corrigidos. A coerência terminológica é atingida quando são seguidas as seguintes regras:

a) cada noção é expressa pelo mesmo termo;

b) o mesmo termo é utilizado para expressar a mesma noção.

Assim, se em um dado texto normativo foi escolhido utilizar a expressão “irmãos bilaterais”, não pode ser utilizado o sinônimo “germanos”.

Interpretação De Termos Que Têm Diversos Significados (Contexto E Definição)


Quando se usa um termo suscetível de assumir diversos significados, ainda que em linguagens setoriais (como na linguagem comum, na linguagem jurídica ou na linguagem técnica), deve-se indicar claramente
com qual significado o termo é empregado. Quando a ambiguidade de um termo não puder ser evitada no contexto em que é empregado, deve-se recorrer a um termo diverso. Se não existir um termo diverso
adequado, deve-se especificar expressamente o significado em que se pretende empregar o termo ambíguo, mediante redefinição.

Linguagem Jurídica
O texto jurídico, em geral, é conhecido pela redação rebuscada, pela prolixidade e pela utilização exagerada de citações, jargões, arcaísmos, latinismos e estrangeirismos.

Não podem ser esquecidas as fórmulas arcaicas tão usadas e abusadas, como “vistos etc.”, “faz saber”, “hei por bem condenar (ou absolver), como agora o faço”, “que outro fará quando deprecado for”, “especial
mercê de V. Exª”, “chamo o feito à ordem”, “acautelem-se os autos”. Algumas tão antigas que alguns jovens advogados nem mesmo conhecem o seu significado.

A criatividade indesejada também traz prejuízos ao vernáculo quando cunha expressões absolutamente redundantes. Exemplos clássicos são “acordo amigável” – como se fosse possível um acordo não-amigável;
“alterações posteriores” – não existe a possibilidade das alterações serem anteriores ao ato; “União Federal” – deve-se utilizar apenas União, conforme previsto na Constituição Brasileira, já que federal é a forma
do Estado Brasileiro (art. 18).

Escrever com clareza não é um favor que os operadores do Direito fariam à sociedade, mas uma obrigação; seria o simples cumprimento do disposto nos artigos 156 e 157 do Código de Processo Civil, que
determinam:

Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.

Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado.

Arcaísmo, Latinismo E Neologismo


Deve-se evitar o uso de neologismo para exprimir um conceito para o qual já exista um termo consolidado na língua portuguesa. Todavia, se for necessário recorrer a um neologismo, deve-se obrigatoriamente
estabelecer um significado mediante uma definição. A escolha das palavras deve ser moderna e conforme o uso. Devem-se evitar palavras “envelhecidas” e fora de uso. Uma pretensa demonstração de erudição é
a utilização de arcaísmos ou do português quinhentista. “Esse preciosismo que se compraz em exumar modos arcaicos de dizer, em esquadrinhar dicionários à cata de vocábulos raros, em retorcer as frases num
labirinto de circunlóquios, agrava o sentimento de distância em relação à Justiça, que já assalta normalmente o leigo” (MOREIRA, 1999, p. 17).

Evite o uso de neologismos e palavras estrangeiras.

Preciosismo Ou Juridiquês
O preciosismo é o exagerado requinte no escrever ou falar, dado o emprego de palavras ou expressões pouco usuais. A forma peculiar de escrever dos operadores do Direito acabou sendo chamada de
“juridiquês”, prima-irmã do “economês”, do “itamaraquês”.

Em relação a alguns termos listados no próximo quadro, os professores Fábio Trubilhano e Antonio Henriques (2010, p. 71), fazem a seguinte crítica:

Avençar pacto locatício: substituir “pacto” por “contrato” não é aconselhável, porque os dois termos não são sinônimos.
Tríduo: não nos parece bom substituir “tríduo”, palavra de uso corrente. Quem não conhece as expressões “tríduo de Santo Antonio” ou “tríduo de momo”?
Data vênia: expressão latina muito conhecida. Não soa prático substituir duas palavras por quatro.
Purgar a mora: temos a impressão de que o uso consagrou a expressão.




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