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AULA 2 - METODOS DE

INTERPRETAÇÃO
METODOS HERMENÊUTICOS
• Na verdade, são regras técnicas que
visam à obtenção de um resultado. Com
elas procuram-se orientações para os
problemas de decidibilidade dos
conflitos. Embora não possa escrever
rigorosamente todos os tipos, vou
esquematizar-los alguns a exposição.
A boa interpretação da norma legal deve:

1. Esclarecer seu significado, mostrando sua


validade;
2. Demonstrar o alcance social da norma;
3. Demonstrar que o conflito pode ser resolvido
conforme os fins sociais da norma e
concretizando valores que levam ao bem
comum.
Para resolver o problema do
significado e da validade da norma,
existem os métodos de
interpretação gramatical, lógica e
sistemática, sociológico, teleológico.
INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
• A interpretação gramatical permite desvendar
o significado da norma, enfrentando
dificuldades de entendimento e de relações
entre as palavras.

• Podem surgir questões quanto ao sentido


dicionarizado de uma palavra ou quanto a
relações entre substantivos e adjetivos ou,
ainda, no uso de pronomes relativos.
• Parte-se do pressuposto de que a
ordem das palavras e o modo como
elas estão conectadas são
importantes para obter-se o correto
significado da norma.
EXEMPLO HISTÓRICO
• Um exemplo clássico deu-se quando Rui
Barbosa recebeu uma condecoração estrangeira.

• Seus adversários alegaram que ele deveria


perder seus direitos políticos, conforme
disposição da Constituição de 1891: “os que
aceitarem condecorações ou títulos
nobiliárquicos estrangeiros perderão todos os
direitos políticos”.
• A defesa do jurista recorreu ao método
gramatical, demonstrando que o adjetivo
nobiliárquicos refere-se não apenas a títulos,
mas também a condecorações de estados
estrangeiros.

• Ele estaria, assim, proibido de aceitar


condecoração nobiliárquica estrangeira e não
uma condecoração simples, como a que
aceitara.
INTERPRETAÇÃO LÓGICA-SISTEMÁTICA

• A interpretação lógico-Sistemática permite
resolver contradições entre termos numa
norma jurídica, chegando-se a um significado
coerente.

• Adotando-se o princípio da identidade, por


exemplo, não se admite o uso de um termo
com significados diferentes.
EXEMPLO:
Significado de “várias pessoas” no Código Penal:

Como há no Código Penal, várias vezes, a expressão “duas ou mais


pessoas”, por uma interpretação do contexto chegamos a conclusão de
que “várias pessoas” NÃO É IGUAL a “duas ou mais pessoas”.

Caso contrário estaria disposto desta forma.  Se “várias pessoas” fosse


igual a quatro, bastaria estar escrito “MAIS DE TRÊS PESSOAS”, COMO
O ESTÁ NO CRIME DE QUADRILHA.

Então, “várias pessoas” significa, mínimo de três pessoas.

art. 288, caput, do Código Penal - Crime de quadrilha ou bando consiste


em "associarem-se mais de três pessoas, (...), para o fim de cometer
crimes“
Interpretação Histórica
Surgiu a partir da Escola de Histórica de Savigny
onde a lei nasce sob os ditames de uma sociedade
naquele momento histórico, naquele contexto de
espaço e tempo. Ela acompanha a sociedade em
sua evolução humana social.

Desta forma, o intérprete irá considerar os motivos


que levaram à elaboração da norma jurídica, quais
os interesses dominantes que esta
norma jurídica buscava resguardar.
Exemplo da interpretação histórica
• Para citar um exemplo ocorrido devido à lacuna ou a
mero esquecimento, o Código atual não prevê mais
o pagamento de indenização pelos prejuízos
causados em uma propriedade por quem a invada e
a danifique. Isso constava expressamente no Código
antigo, que, em seu art. 503, disciplinava:

• CÓDIGO CIVIL ANTIGO: "O possuidor manutenido,


ou reintegrado, na posse, tem direito à indenização
dos prejuízos sofridos, operando-se a reintegração à
custa do esbulhador, no mesmo lugar do esbulho".
• Assim, para que se evite a injustiça de quem for esbulhado ter de arcar
com todas as despesas causadas por uma invasão, considerada ilegal
pela Justiça que o reintegrou na posse, só restará – pois, uma vez haver
uma lacuna do Novo Código fazer uso da interpretação histórica:

• Não há por que concluir que agora não caberá indenização, pois a nova
Lei nada diz a respeito.

• Mesmo o art. 4.º da Lei de Introdução prevê o recurso, além da analogia,


aos costumes e aos princípios gerais do Direito, para preencher lacunas
do ordenamento jurídico.

• E, pelo que consta, e o bom senso o comprova, não mudaram tanto


assim a escala de valores e os costumes do povo brasileiro, a ponto de
poder se dizer que pagar indenização por estragar bens dos outros é
coisa do passado!
Interpretação Teleológica
• A regra básica dos métodos teleológicos
é de que sempre é possível atribuir um
propósito às normas.

• Faz-se mister assim encontrar nas leis,


nas constituições, nos decretos, em
todas as manifestações normativas seu
fim que jamais pode ser anti-social.
Exemplo de interpretação teleológica
• Em 1990, a Lei nº 8009 estabeleceu que o “imóvel residencial
próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e
não responderá por qualquer dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza” (artigo 1º).

Então, surge a pergunta: A pessoa solteira, viúva, separada ou


divorciada que vive sozinha em seu imóvel não tem direito à
moradia e pode ver penhorado o imóvel em que reside, já que
este não seria “bem de família”?
• Utilizando da interpretação teleológica o
Superior Tribunal de Justiça, decidiu que
a Lei nº 8.009/90 destina-se a proteger a
pessoa, independente de ser casada,
viúva, desquitada ou divorciada, pois o
sentido social da norma busca garantir a
moradia aos indivíduos que vivem no
seio de uma entidade familiar bem como
à pessoa que reside só (RESP 182.223/SP,
Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Sexta
Turma, j. 19/08/1999).

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