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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Rodrigo Sales
Direito Eleitoral
Aula 06

ROTEIRO DE AULA

Tema: Pesquisa e Propaganda

DIREITO ELEITORAL – PESQUISA E PROPAGANDA


- Pesquisa eleitoral: procedimento científico de verificação da vontade popular sobre eleições ou candidatos, realizada
por critérios técnicos, assinada por profissional com registro do Conselho Regional de Estatística e devidamente registrada
na Justiça Eleitoral.

O procedimento é científico porque existe controle de dados em relação ao conteúdo.

Difere-se a pesquisa eleitoral atinente ao período das eleições propriamente dito e aquelas que indicam apenas uma
tendência dos eleitores, em tempo diverso. Apenas a primeira deve seguir as determinações da Lei n° 9.504/97 e as
resoluções do TSE.

Assim, a pesquisa eleitoral só é registrada quando realizada a partir de 1º de janeiro dos anos das eleições. É fundamental
o registro da pesquisa até cinco dias antes de sua divulgação, nos termos do art. 33 da Lei nº 9504/97.

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Lei nº 9504/97, Art. 33. “As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou
aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até
cinco dias antes da divulgação, as seguintes informações:
I - quem contratou a pesquisa;
II - valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III - metodologia e período de realização da pesquisa;
IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física de realização do
trabalho a ser executado, intervalo de confiança e margem de erro; (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)
V - sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;
VI - questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII - nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.” (Redação dada pela Lei nº 12.891,
de 2013)

Os critérios adotados pela Lei nº 9504/97 geram maior segurança e evita a manipulação do eleitor.

O professor explica que as pesquisas são realizadas por meio de estatísticas: a pesquisa é realizada com determinado
eleitor que representa uma parcela de leitores do mesmo segmento (ex.: homens entre 25 e 35 anos, com ensino superior
completo; mulheres acima de 40 anos etc.) e a partir desta pesquisa é realizado plano estatístico e progressão de dados.
O resultado pode ter margem de erro de 2 a 4 pontos percentuais.

O TSE não é responsável pelas empresas que realizam as pesquisas, mas sim pela aferição do preenchimento dos
requisitos legais.

A Resolução TSE n. 23.600/19 tratou de tema ao disciplinar os procedimentos relativos ao registro e à divulgação de
pesquisas de opinião pública, realizadas para conhecimento público, relativas às eleições ou aos candidatos.

TSE, Resolução n. 23.600/19. Art. 2º. “A partir de 1º de janeiro do ano da eleição, as entidades e as empresas que
realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são
obrigadas, para cada pesquisa, a registrar, no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), até 5 (cinco) dias antes
da divulgação, as seguintes informações (Lei n° 9.504/1997, art. 33, caput, I a VII e § 1º):
I - contratante da pesquisa e seu número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas (CNPJ);
II - valor e origem dos recursos despendidos na pesquisa, ainda que realizada com recursos próprios;

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III - metodologia e período de realização da pesquisa;
IV - plano amostral e ponderação quanto a gênero, idade, grau de instrução, nível econômico do entrevistado e área física
de realização do trabalho a ser executado, bem como nível de confiança e margem de erro, com a indicação da fonte
pública dos dados utilizados;
V - sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo;
VI - questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII - quem pagou pela realização do trabalho com o respectivo número de inscrição no CPF ou no CNPJ;
VIII - cópia da respectiva nota fiscal;
IX - nome do estatístico responsável pela pesquisa, acompanhado de sua assinatura com certificação digital e o número
de seu registro no Conselho Regional de Estatística competente;
X - indicação do estado ou Unidade da Federação, bem como dos cargos aos quais se refere a pesquisa.”
(...)
§ 6º O registro de pesquisa poderá ser realizado a qualquer tempo, independentemente do horário de funcionamento da
Justiça Eleitoral.
§ 7º A partir do dia em que a pesquisa puder ser divulgada e até o dia seguinte, o registro deverá ser complementado,
sob pena de ser a pesquisa considerada não registrada, com os dados relativos:
I - nas eleições municipais, aos bairros abrangidos ou, na ausência de delimitação do bairro, à área em que foi realizada;
II - no Distrito Federal, às regiões administrativas abrangidas ou, na ausência de delimitação da região, à área em que foi
realizada;
III - nas demais, aos municípios e bairros abrangidos, observando-se que, na ausência de delimitação do bairro, será
identificada a área em que foi realizada;
IV - em quaisquer das hipóteses dos incisos I, II e III deste parágrafo, ao número de eleitores pesquisados em cada setor
censitário e a composição quanto a gênero, idade, grau de instrução e nível econômico dos entrevistados na amostra final
da área de abrangência da pesquisa eleitoral.
§ 8º As empresas ou entidades poderão utilizar dispositivos eletrônicos portáteis, tais como tablets e similares, para a
realização da pesquisa, os quais poderão ser auditados, a qualquer tempo, pela Justiça Eleitoral.
§ 9º Na hipótese de a nota fiscal de que trata o inciso VIII do caput contemplar o pagamento de mais de uma pesquisa
eleitoral, o valor individual de cada pesquisa deverá ser devidamente discriminado no corpo do documento fiscal.”

Obs.: A pesquisa eleitoral não se confunde com as enquetes - essas últimas são realizadas de forma livre e não
correspondem a uma pesquisa eleitoral nos termos técnicos e jurídicos.

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TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 10. “Na divulgação dos resultados de pesquisas, atuais ou não, serão obrigatoriamente
informados:
I - o período de realização da coleta de dados;
II - a margem de erro;
III - o nível de confiança;
IV - o número de entrevistas;
V - o nome da entidade ou da empresa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou;
VI - o número de registro da pesquisa.”

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 11. “As pesquisas realizadas em data anterior ao dia das eleições poderão ser divulgadas
a qualquer momento, inclusive no dia das eleições, desde que respeitado o prazo de 5 (cinco) dias previsto no art. 2° e a
menção às informações previstas no art. 10 desta Resolução.

O professor explica que o art. 11 trata da chamada pesquisa de “boca de urna”. Além disso, esclarece que o Código
Eleitoral está passando por um processo de alteração junto ao Congresso Nacional, existindo uma proposta de proibição
de divulgação de resultados no dia da eleição.

Contudo, a legislação vigente que disciplina as pesquisas de “boca de urna” e proíbe a divulgação de pesquisas eleitorais
enquanto durar o processo de votação (exemplo: a pesquisa pode ser divulgada no dia anterior às eleições ou após seu
término).

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 12. “A divulgação de levantamento de intenção de voto efetivado no dia das eleições
somente poderá ocorrer:
I - na eleição para a Presidência da República, após o horário previsto para encerramento da votação em todo o território
nacional;
II - nos demais casos, a partir das 17 (dezessete) horas do horário local.”

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 13. “Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, o Ministério Público, os candidatos, os
partidos políticos e as coligações poderão ter acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta
de dados das entidades e das empresas que divulgarem pesquisas de opinião relativas aos candidatos e às eleições,
incluídos os referentes à identificação dos entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais,
mapas ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a identidade dos entrevistados.” (Lei nº
9.504/1997, art. 34, § 1º).

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O controle interno realizado pela Justiça Eleitoral em relação aos requisitos de propagandas e de pesquisas eleitorais é de
livre acesso a todos os envolvidos no processo eleitoral, sendo respeitado o anonimato dos entrevistados.

• IMPUGNAÇÃO DA PESQUISA ELEITORAL


O acesso ao conteúdo as informações registradas junto à Justiça Eleitoral deve ficar à disposição pública pelo prazo de 30
dias, nos termos do art. 34, § 1º, da Lei nº 9.504/97.

Assim, possível a apresentação da impugnação da pesquisa eleitoral irregular, nos seguintes termos do art. 15 da RES
23.600:

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 15. “O Ministério Público, os candidatos, os partidos políticos e as coligações são partes
legítimas para impugnar o registro ou a divulgação de pesquisas eleitorais perante o juízo ou tribunal competente indicado
no art. 13, § 3º, I e II, desta Resolução, quando não atendidas as exigências contidas nesta Resolução e no art. 33 da Lei
nº 9.504/1997.

O MP, os candidatos, os partidos políticos ou as coligações possuem legitimidade para impugnar pesquisas e também
para todas as ações que envolvem o processo eleitoral.

Competência
TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 13. (...)
I - “nas eleições gerais, ao tribunal eleitoral ao qual compete o registro de candidatura do cargo objeto da pesquisa,
distribuindo-se o pedido a um dos juízes auxiliares;
II - nas eleições municipais, ao Juízo Eleitoral definido como competente pelo respectivo Tribunal Regional Eleitoral.”

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 16. “O pedido de impugnação do registro de pesquisa deve ser protocolizado por
advogado e autuado no Processo Judicial Eletrônico (PJe), na classe Representação (Rp), a qual será processada na forma
da resolução do Tribunal Superior Eleitoral que dispõe sobre as representações, as reclamações e os pedidos de direito
de resposta.
§ 1º Considerando a relevância do direito invocado e a possibilidade de prejuízo de difícil reparação, poderá ser
determinada a suspensão da divulgação dos resultados da pesquisa impugnada ou a inclusão de esclarecimento na
divulgação de seus resultados.
§ 2º A suspensão da divulgação da pesquisa será comunicada ao responsável por seu registro e ao respectivo contratante.”

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O pedido de impugnação é realizado por meio eletrônico.
O professor destaca a questão que envolve a existência ou não de censura em razão da suspensão da divulgação de
pesquisas eleitorais. Nesses casos, o juiz eleitoral competente para analisar o tema propaganda, ao verificar a ausência
de preenchimento dos requisitos legais, pode determinar a suspensão da divulgação dos resultados até que se regularize
o preenchimento dos requisitos - os envolvidos no processo eleitoral continuam tendo acesso ao trabalho realizado.

Observação:
A decisão que suspende a divulgação dos resultados pode ser atacada por recurso (inominado).

Sanções Pecuniária e Penal.

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 17. “A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações constantes do art.
2º desta Resolução sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais)
a R$ 106.410,00 (cento e seis mil, quatrocentos e dez reais)” (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 3º, e 105, § 2º).

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 18. “A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis
meses a um ano e multa no valor de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) a R$ 106.410,00 (cento e
seis mil, quatrocentos e dez reais)” (Lei nº 9.504/1997, arts. 33, § 4º, e 105, § 2º).

TSE, Resolução n. 23.600/19, Art. 19. “O não cumprimento do disposto no art. 34 da Lei nº 9.504/1997 ou a prática de
qualquer ato que vise retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos políticos constitui crime, punível
com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo prazo, e
multa no valor de R$ 10.641,00 (dez mil, seiscentos e quarenta e um reais) a R$ 21.282,00 (vinte e um mil, duzentos e
oitenta e dois reais)” (Lei nº 9.504/1997, arts. 34, § 2º, e 105, § 2º).

Observações:
- A primeira sanção tem natureza administrativo-eleitoral, sendo que a segunda somente pode ser imposta por intermédio
de ação penal de legitimidade do Ministério Público.
- Identidade do entrevistado: sempre deve ser preservada.
- Partidos políticos ou coligações que não registraram candidatos não podem ter acesso ao sistema de dados das pesquisas
eleitorais.

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O juiz eleitoral possui poder de polícia, mas a aplicação de sanções deve observar o devido processo legal, com
contraditório e ampla defesa, podendo resultar do processo administrativo-eleitoral a aplicação de sanção pecuniária.

Diferença entre pesquisa eleitoral e enquete


A Resolução TSE nº 23.600/2019 define enquete como o levantamento de opinião sem plano amostral, que depende da
participação espontânea do interessado e que não utiliza método científico para a sua realização, apresentando
resultados que possibilitam ao eleitor perceber a ordem dos candidatos na disputa.

A norma do TSE autoriza o exercício do poder de polícia contra a divulgação de enquetes, inclusive com a expedição de
ordem para que seja removida, sob pena de crime de desobediência à Justiça Eleitoral.

Embora a livre manifestação do pensamento seja assegurada pelo art. 5º da CF, a Justiça Eleitoral pode, em decorrência
de seu poder de polícia, determinar que esquetes que se passem por pesquisas eleitorais sejam objetos de apreensão,
censura e suspensão.

“[...] Pesquisa eleitoral sem registro. Passível de multa. Precedentes. Ausência de esclarecimentos quanto a se tratar de
dados oriundos de mera enquete. Sujeita à aplicação de sanção. Precedentes. Agravo regimental desprovido. [...] 2. A
informação levada ao conhecimento do eleitor na publicação não se restringiu a meramente esclarecer estar a Candidata
inserida no time de mulheres vitoriosas ou subindo nas pesquisas. 3. A redação da matéria, especificamente, enfatiza
estar fundamentada na análise de dados oriundos de enquetes de pesquisa, conduzindo à conclusão de que essas foram,
de fato, realizadas e difundindo mensagem, ainda que dissimulada ou subliminar, dando conta da existência de elementos
concretos a indicar ser a Representada favorita na disputa pelo cargo de Deputada Federal. 4. Sendo a informação
transmitida aos eleitores decorrente de pesquisa eleitoral, não houve qualquer referência ao respectivo registro na Justiça
Especializada, o qual é imprescindível, conforme a jurisprudência desta Corte Superior. 5. Entendendo-se estar a
informação lastreada em enquete, não foi cumprido o art. 21, caput, da Resolução-TSE nº 23.190/2009, pois deixou de
ser esclarecido tratar-se de mero levantamento de opiniões, sem o rigor técnico-científico característico da pesquisa
eleitoral propriamente dita. 6. Agravo regimental desprovido.”
(Ac. de 27.3.2014 no AgR-REspe nº 776374, rel. Min. Laurita Vaz.)

PROPAGANDA POLÍTICO-PARTIDÁRIA

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O professor observa que, atualmente, a propaganda eleitoral não mais se limita ao rádio e à TV, bem como que a
propaganda eleitoral é espécie do gênero propaganda político-partidária.

A propaganda político-partidária é o meio pelo qual os partidos políticos e candidatos informam ao público seus ideais
políticos e propostas de governo, de forma lícita, buscando o apoio popular por intermédio do voto.

Segundo Joel Cândido propaganda política é gênero; propaganda eleitoral, propaganda intrapartidária e propaganda
partidária são espécies desse gênero.

Princípios
Legalidade – Somente pode ser veiculada propaganda em acordo com a lei e os atos normativos editados pelo TSE.

Liberdade – Dentro da reserva legal, há plena liberdade de conteúdo em relação à propaganda eleitoral político-partidária.

Obs.: A verificação da liberdade de estar dentro ou fora dos limites legais é de competência da Justiça Eleitoral, podendo
ser aplicada sanção pecuniária ou interposta ação penal em caso de descumprimento.

PROPAGANDA PARTIDÁRIA
Tem por objetivo a divulgação dos ideais partidários, bem como a posição dos partidos políticos frente a temas
importantes da sociedade

Observação: A Lei n°13.487, de 6 de outubro de 2017, em seu art. 5º, havia determinado o fim da propaganda partidária
no rádio e na televisão a partir de 1º de janeiro de 2018, ao revogar os arts. 45, 46, 47, 48, 49 e o parágrafo único do art.
52 da Lei dos Partidos Políticos, que regulamentavam tal assunto, contudo a Lei nº 14291/22 determinou a retomada da
propaganda em acordo com a cláusula de desempenho. Desta forma, a retomada da propaganda partidária passa a ser
vinculada à cláusula de desempenho (o partido político deve possuir representação no Congresso Nacional).

- Partido com mais de vinte deputados – 20 minutos por semestre;

- Partido entre dez e vinte deputados – 10 minutos por semestre;

- Partido com até nove deputados – 5 minutos por semestre.

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- Proibições – pessoas não afiliadas ao partido não podem participar; não pode divulgar propaganda de candidatos a
cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais; não pode informação falsa ou distorcida ou atos que resultem em
qualquer tipo de preconceito racial, de gênero ou de local de origem e prática de atos que incitem a violência.

Obs.: A cláusula de desempenho é alvo de muitas críticas porque apenas partidos com representação no Congresso
Nacional possuem acesso à propaganda, de forma que os mesmos partidos se perpetuam, impedindo o acesso de novos
partidos e, consequentemente, a divulgação de novas ideias e a revitalização do processo democrático.

As veiculações devem ocorrer entre às 19h30 e 22h30, divididas proporcionalmente nos intervalos comerciais. Nos anos
eleitorais, as propagandas somente serão veiculadas no primeiro semestre e os partidos deverão destinar aos menos 30%
das inserções anuais à participação feminina.

As inserções nacionais nas terças-feiras, quintas-feiras e sábado. As inserções estaduais segundas, quartas e sextas.

PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA
Conceitua-se pela propaganda prévia à convenção partidária, de caráter não ostensivo, que tem por finalidade a
aprovação do Partido Político na escolha da candidatura.

Prevista no parágrafo 1º do artigo 36 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997 e Res. TSE n. 23.610/19), sendo permitida ao
pré-candidato que busca conquistar os votos dos filiados de seu partido para sair vencedor e poder registrar-se candidato
junto à Justiça Eleitoral. É, portanto, uma propaganda dirigida somente a um grupo específico de eleitores, com foco em
uma "eleição interna", em âmbito partidário.

Observação: por ser dirigida a filiados de partidos políticos, veda-se a propaganda intrapartidária através de rádio,
televisão e outdoors, somente podendo ser realizada nos 15 dias que antecedem a convenção partidária ou ainda durante
as prévias partidárias.

A veiculação de propaganda intrapartidária a terceiros enseja a aplicação de pena pecuniária, nos termos do art. 36 da
Lei nº 9.503/97 (variando entre R$ 5.000,00 e 25.000,00).

PROPAGANDA ELEITORAL
Tem por objetivo a divulgação de propostas de candidatos e partidos para a obtenção de cargos eletivos.

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Propaganda Antecipada – é vedada pelo ordenamento eleitoral.

“[...] Propaganda eleitoral extemporânea caracterizada. Reunião. Clube. Discurso. Pedido explícito de votos.
Posicionamento em consonância com o entendimento desta Corte Superior. Evento aberto ao público. [...] 2. Extrai–se
do acórdão regional que o agravante, ao discursar em evento realizado em um clube, proferiu a seguinte frase: ‘Peço,
confie no Felipe como nosso Federal’ [...] 3. A propaganda eleitoral antecipada não se configura somente quando veiculada
a mensagem vote em mim. Caracteriza–se também em hipóteses nas quais se identifiquem elementos que traduzam o
pedido explícito de votos. 4. O Tribunal a quo, ao concluir pela prática de propaganda eleitoral antecipada, adotou
posicionamento em consonância com o entendimento desta Corte Superior. 5. No tocante à alegação de que o discurso
foi feito em ambiente fechado, em conformidade com o permissivo descrito no inciso II do art. 36–A da Lei nº 9.504/97,
o TRE/MG assentou inexistir nos autos ‘qualquer elemento que confirme que o ingresso no ambiente utilizado era limitado
aos correligionários, tal como uma lista de presença ou outra forma de fiscalização de entrada’ [...] Acrescentou que o
espaço onde ocorreu o ato ‘é um clube (o que é incontroverso nos autos), assim, um bem de uso comum (art. 37, § 4º, da
Lei nº 9.504/1997), cabendo ao recorrente, em razão da alegação de sua utilização diferenciada, o ônus de comprovar o
contrário, o que não foi feito’ [...]” Ac. de 18.12.2019 no AgR-AI nº 060278062, rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)

A propaganda antecipada realizada por agente público pode gerar, além da impugnação e cassação da candidatura, ação
de improbidade, podendo o candidato ficar inelegível por até oito anos.

Exemplo: a propaganda eleitoral é violada com a existência de pedido explícito de voto a determinado candidato em
propaganda antecipada.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 3º “Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido
explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes
atos, que poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet (Lei nº 9.504/1997, art. 36-A,
caput, I a VII e §§):
I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates
na rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas
emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;
II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos partidos políticos, para
tratar da organização dos processos eleitorais, da discussão de políticas públicas, dos planos de governo ou das alianças
partidárias visando às eleições, podendo tais atividades serem divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;

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III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação dos nomes dos
filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos;
IV - a divulgação de atos de parlamentares e de debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos;
V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive em redes sociais, blogs, sítios eletrônicos
pessoais e aplicativos (apps);
VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de
comunicação ou do próprio partido político, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas
partidárias;”

O professor destaca novamente a impossibilidade de pedido explícito de votos anteriormente ao início do processo
eleitoral, o que não impede a discussão de propostas pelos candidatos e pré-candidatos, por exemplo.

Nos períodos de normalidade, a propaganda eleitoral só pode começar a ser veiculada a partir do dia 16 de agosto do ano
das eleições. O horário eleitoral gratuito no rádio e televisão a partir do dia 28 de agosto até 1º de outubro. (Resolução
TSE n. 23.610/19)

A veiculação de propaganda eleitoral é vedada 48h antes e 24h depois das eleições, o que não impede que eleitores se
reúnam pacificamente no dia da votação.

• Resolução nº 23.610/2019, Art. 5º “É vedada, desde 48 (quarenta e oito) horas antes até 24 (vinte e quatro) horas depois
da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política na rádio ou na televisão incluídos, entre outros, as rádios
comunitárias e os canais de televisão que operam em UHF, VHF e por assinatura e ainda a realização de comícios ou
reuniões públicas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único).
Parágrafo único. A vedação constante do caput não se aplica à propaganda eleitoral veiculada gratuitamente na Internet,
em sítio eleitoral, em blog, em sítio interativo ou social, ou em outros meios eletrônicos de comunicação do candidato,
ou no sítio do partido ou da coligação, nas formas previstas no art. 57-B da Lei nº 9.504/1997 (Lei nº 12.034/2009, art.
7º), observado o disposto no art. 87, IV, desta Resolução.”

Pandemia – Em acordo com a Emenda Constitucional n° 107/2020, a propaganda eleitoral ocorre a partir de 26 de
setembro, não podendo ser alterado o regramento excepcional por lei infraconstitucional. Resolução TSE n. 23.624/2020.

PODER DE POLÍCIA

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- O judiciário pode atuar de ofício em relação a propaganda irregular (ex.: suspensão), mas a aplicação de sanção
pecuniária depende de procedimento que assegure a ampla defesa e o contraditório.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 6º “A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser objeto de
multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se
deve proceder na forma prevista no art. 40 da Lei nº 9.504/1997(Lei nº 9.504/1997, art. 41, caput).
§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido por juízes eleitorais e juízes designados pelos tribunais
regionais eleitorais, nos termos do art. 41, § 1º, da Lei nº 9.504/1997, observado ainda, quanto à internet, o disposto no
art. 8º desta Resolução.
§ 2º O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre
o teor dos programas e das matérias jornalísticas a serem exibidos na televisão, na rádio, na internet e na imprensa escrita
(Lei nº 9.504/1997, art. 41, § 2º).
§ 3º No caso de condutas sujeitas a penalidades, o juiz eleitoral delas cientificará o Ministério Público, para os fins
previstos nesta Resolução.”

O art. 6º, §2º reforça o poder de polícia do juiz eleitoral para inibir a prática de condutas consideradas ilegais em relação
às propagandas, o que não admite que censure previamente seu conteúdo. O professor explica que caso se tome
conhecimento de determinada divulgação irregular é possível sua suspensão até que sejam realizados os esclarecimentos
necessários.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 7º O juízo eleitoral com atribuições fixadas na forma do art. 8º desta Resolução somente
poderá determinar a imediata retirada de conteúdo na internet que, em sua forma ou meio de veiculação, esteja em
desacordo com o disposto nesta Resolução.
§ 1º Caso a irregularidade constatada na internet se refira ao teor da propaganda, não será admitido o exercício do poder
de polícia, nos termos do art. 19 da Lei nº 12.965/2014;
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º deste artigo, eventual notícia de irregularidade deverá ser encaminhada ao Ministério
Público Eleitoral.”

Resolução nº 23.610/2019, Art. 8º “Para assegurar a unidade e a isonomia no exercício do poder de polícia na internet,
este deverá ser exercido:
I - nas eleições gerais, por um ou mais juízes designado(s) pelo tribunal eleitoral competente para o exame do registro do
candidato alcançado pela propaganda;

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II - nas eleições municipais, pelo juiz que exerce a jurisdição eleitoral no município e, naqueles com mais de uma zona
eleitoral, pelos juízes eleitorais designados pelos respectivos tribunais regionais eleitorais.”

PROPAGANDA EM GERAL (RESOLUÇÃO TSE N. 23.610/2019 e 23.624/20)


Resolução nº 23.610/2019, Art. 10. “A propaganda, qualquer que seja sua forma ou modalidade, mencionará sempre a
legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar,
artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais (Código Eleitoral, art. 242, e Lei nº
10.436/2002, arts. 1º e 2º).
§ 1º A restrição ao emprego de meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais,
emocionais e passionais não pode ser interpretada de forma a inviabilizar a publicidade das candidaturas ou embaraçar a
crítica de natureza política, devendo-se proteger, no maior grau possível, a liberdade de pensamento e expressão.
§ 2º Sem prejuízo do processo e das penas cominadas, a Justiça Eleitoral adotará medidas para impedir ou fazer cessar
imediatamente a propaganda realizada com infração do disposto neste artigo, nos termos do art. 242, parágrafo único,
do Código Eleitoral, observadas as disposições da seção I do capítulo I desta Resolução.
§ 3º Sem prejuízo das sanções pecuniárias específicas, os atos de propaganda eleitoral que importem abuso do poder
econômico, abuso do poder político ou uso indevido dos meios de comunicação social, independentemente do momento
de sua realização ou verificação, poderão ser examinados na forma e para os fins previstos no art. 22 da Lei Complementar
nº 64, de 18 de maio de 1990.”

- O professor destaca que o objetivo do art. 10 é a propaganda partidária objetiva, sem a utilização de situações
emocionais que envolvam o eleitor.

- Não se admite a propagação de informações falsas e distorcidas porque a livre escolha do eleitor deve ser garantida.

- As instâncias para a verificação da regularidade da propaganda eleitoral são independentes, ou seja, existe autonomia
entre as instâncias: a mesma conduta pode ser objeto de análise eleitoral, administrativa e penal (ex.: análise da
legalidade da propaganda, ato de improbidade administrativa e esfera criminal).

Resolução nº 23.610/2019, Art. 11. “Na propaganda para eleição majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente, sob a
sua denominação, as legendas de todos os partidos políticos que a integram (Lei nº 9.504/1997, art. 6º, § 2º).”

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Resolução nº 23.610/2019, Art. 12. “Da propaganda dos candidatos a cargo majoritário deverão constar também os
nomes dos candidatos a vice ou a suplentes de senador, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 30% (trinta
por cento) do nome do titular (Lei nº 9.504/1997, art. 36, § 4º).
Parágrafo único. A aferição do disposto no caput deste artigo será feita de acordo com a proporção entre os tamanhos
das fontes (altura e comprimento das letras) empregadas na grafia dos nomes dos candidatos, sem prejuízo da aferição
da legibilidade e da clareza.”
Resolução nº 23.610/2019, Art. 13. “A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto
ou fechado, não depende de licença da polícia (Lei nº 9.504/1997, art. 39, caput).
§ 1º O candidato, o partido político ou a coligação que promover o ato fará a devida comunicação à autoridade policial
com, no mínimo, 24 (vinte e quatro) horas de antecedência, a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso,
o direito contra quem pretenda usar o local no mesmo dia e horário (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 1º).
§ 2º A autoridade policial tomará as providências necessárias à garantia da realização do ato e ao funcionamento do
tráfego e dos serviços públicos que o evento possa afetar (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 2º).”

- A livre manifestação do pensamento está associada à livre liberdade de reunião, não sendo necessária prévia autorização
da autoridade judicial, bastando a prévia comunicação, evitando, assim, a reunião concomitante de adversários políticos.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 14. “É assegurado aos partidos políticos registrados o direito de, independentemente de
licença da autoridade pública e do pagamento de qualquer contribuição, fazer inscrever, na fachada de suas sedes e
dependências, o nome que os designe, pela forma que melhor lhes parecer (Código Eleitoral, art. 244, I).
§ 1º Os candidatos, os partidos políticos e as coligações poderão fazer inscrever, na sede do comitê central de campanha,
a sua designação, bem como o nome e o número do candidato, em dimensões que não excedam a 4m2 (quatro metros
quadrados).
§ 2º Nos demais comitês de campanha, que não o central, a divulgação dos dados da candidatura deverá observar o limite
de 0,5m2 (meio metro quadrado) previsto no art. 37, § 2º, da Lei nº 9.504/1997.
§ 3º Nas hipóteses dos §§ 1º e 2º deste artigo, a justaposição de propaganda que exceda as dimensões neles estabelecidas
caracteriza publicidade irregular, em razão do efeito visual único, ainda que se tenha respeitado, individualmente, os
limites respectivos.
§ 4º Para efeito do disposto no § 1º deste artigo, os candidatos, os partidos políticos e as coligações deverão informar, no
requerimento de registro de candidatura e no demonstrativo de regularidade de dados partidários, o endereço do seu
comitê central de campanha.”

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- O professor destaca que a publicidade realizada por meio de banners atualmente possui regulamentação mínima de
tamanho e locais - os espaços públicos não podem ser utilizados para esse tipo de propaganda eleitoral.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 15. “O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som somente é permitido
até a véspera da eleição, entre as 8 (oito) e as 22h (vinte e duas horas), sendo vedados a instalação e o uso daqueles
equipamentos em distância inferior a 200m (duzentos metros) (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 3º):
I - das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das sedes
dos tribunais judiciais, dos quartéis e de outros estabelecimentos militares;
II - dos hospitais e das casas de saúde;
III - das escolas, das bibliotecas públicas, das igrejas e dos teatros, quando em funcionamento.
§ 1º A realização de comícios e a utilização de aparelhagens de sonorização fixas são permitidas no horário compreendido
entre as 8 (oito) e as 24h (vinte e quatro horas), com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser
prorrogado por mais 2 (duas) horas (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 4º).
§ 2º É vedada a utilização de trios elétricos em campanhas eleitorais, exceto para a sonorização de comícios (Lei nº
9.504/1997, art. 39, § 10).
§ 3º A utilização de carro de som ou minitrio como meio de propaganda eleitoral é permitida apenas em carreatas,
caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios, e desde que observado o limite de 80dB (oitenta decibéis) de
nível de pressão sonora, medido a 7m (sete metros) de distância do veículo (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 11).

Exemplo: é possível a utilização de caminhão de som dentro do horário previsto no caput do art. 15 e desde que respeitada
a distância de 200 metros dos locais previstos em seus incisos.

O professor observa que a legislação proíbe a realização dos chamados "showmícios".

Resolução nº 23.610/2019, Art. 16. “Até as 22h (vinte e duas horas) do dia que antecede o da eleição, serão permitidos
distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou não por carro de som ou minitrio
(Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 9º e 11).

Após as 22h do dia que antecede às eleições não é possível a distribuição de qualquer material relacionado à propaganda,
sob pena de caracterização do crime que pode gerar a inelegibilidade do candidato, bem como a impugnação de sua
candidatura ou registro.

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Resolução nº 23.610/2019, Art. 17. “São proibidas a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção
de candidatos e a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral,
respondendo o infrator pelo emprego de processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder (Lei nº
9.504/1997, art. 39, § 7º; Código Eleitoral, arts. 222 e 237; e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22).
Parágrafo único. A proibição de que trata o caput deste artigo não se estende aos candidatos que sejam profissionais da
classe artística cantores, atores e apresentadores, que poderão exercer as atividades normais de sua profissão durante o
período eleitoral, exceto em programas de rádio e de televisão, na animação de comício ou para divulgação, ainda que
de forma dissimulada, de sua candidatura ou de campanha eleitoral.”

Resolução nº 23.610/2019, Art. 18. “São vedadas na campanha eleitoral confecção, utilização, distribuição por comitê,
candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros
bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor, respondendo o infrator, conforme o caso, pela prática
de captação ilícita de sufrágio, emprego de processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder (Lei nº
9.504/1997, art. 39, § 6º; Código Eleitoral, arts. 222 e 237; e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22).
Parágrafo único. Observadas as vedações previstas no caput deste artigo e no art. 82 desta Resolução, é permitido a
qualquer tempo o uso de bandeiras, broches, dísticos, adesivos, camisetas e outros adornos semelhantes pelo eleitor,
como forma de manifestação de suas preferências por partido político, coligação ou candidato.”

O professor destaca a proibição expressa da veiculação de propaganda eleitoral em espaços públicos; a proibição da
veiculação em espaços privados quando não autorizados pelo respectivo proprietário; e a proibição de veiculação
propaganda com a finalidade de captação de votos mediante vantagem ao eleitor (venda de votos):

Resolução nº 23.610/2019, Art. 19. “Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele
pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas,
pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza,
inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados (Lei nº
9.504/1997, art. 37, caput).
§ 1º Quem veicular propaganda em desacordo com o disposto no caput será notificado para, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, removê-la e restaurar o bem, sob pena de multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito
mil reais), a ser fixada na representação de que trata o art. 96 da Lei nº 9.504/1997, após oportunidade de defesa (Lei nº
9.504/1997, art. 37, § 1º, e art. 40-B, parágrafo único).

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§ 2º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população
em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de
propriedade privada (Lei nº 9.504/1997, art. 37, § 4º).”

O professor observa não ser possível qualquer tipo de pagamento ou vantagem ao eleitor porque a propaganda deve ser
livre e espontânea, sem qualquer contraprestação, sob pena de caracterizar abuso de poder econômico.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 20. “Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos
ou particulares, exceto de (Lei nº 9.504/1997, art. 37, § 2º):
I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas
e veículos;
II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas residenciais, desde que não exceda a
0,5m2 (meio metro quadrado).
§ 1º A justaposição de propaganda cuja dimensão exceda a 0,5m² (meio metro quadrado) caracteriza publicidade
irregular, em razão do efeito visual único, ainda que se tenha respeitado, individualmente, o limite previsto no inciso II
deste artigo.
§ 2º A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer
tipo de pagamento em troca de espaço para essa finalidade (Lei nº 9.504/1997, art. 37, § 8º).
§ 3º É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos micro-perfurados até a extensão total do para-
brisa traseiro e, em outras posições, adesivos que não excedam a 0,5m² (meio metro quadrado), observado o disposto no
§ 1º deste artigo (Lei n° 9.504/1997, art. 37, § 2º, II; e art. 38, § 4º).
§ 4º Na hipótese do § 3º deste artigo, não é aplicável, em relação ao para-brisa traseiro, o limite máximo estabelecido no
inciso II.”

Resolução nº 23.610/2019, Art. 21. “Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a
veiculação de propaganda eleitoral por meio de distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais
devem ser editados sob a responsabilidade do partido político, da coligação ou do candidato, sendo-lhes facultada,
inclusive, a impressão em braille dos mesmos conteúdos (Lei nº 9.504/1997, art. 38, e Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência Decreto nº 6.949/2009, arts. 9º, 21 e 29).
§ 1º Todo material impresso de campanha eleitoral deverá conter o número de inscrição no CNPJ ou o número de inscrição
no CPF do responsável pela confecção, bem como de quem a contratou, e a respectiva tiragem, respondendo o infrator
pelo emprego de processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder (Lei nº 9.504/1997, art. 38, § 1º;
Código Eleitoral, arts. 222 e 237; e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22).

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§ 2º Os adesivos de que trata o caput deste artigo poderão ter a dimensão máxima de 0,5 m² (meio metro quadrado) (Lei
nº 9.504/1997, art. 37, § 2º, II, c.c. art. 38, caput).”

O professor destaca que o cumprimento do art. 21, §1º viabiliza a prestação de contas e a aferição das doações aos limites
legais.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 22. “Não será tolerada propaganda, respondendo o infrator pelo emprego de processo
de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder (Código Eleitoral, arts. 222, 237 e 243, I a IX; Lei nº 5.700/1971;
e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22):
I - que veicule preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Constituição
Federal, art. 3º, IV);
II - de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social;
III - que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas, ou delas contra as classes e as instituições civis;
IV - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;
V - de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem pública;
VI - que implique oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer
natureza;
VII - que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
VIII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda;
IX - que prejudique a higiene e a estética urbana;
X - que caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa, bem como atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade
pública;
XI - que desrespeite os símbolos nacionais.”

O professor cita ser vedada qualquer propaganda que incite discriminação ou que promova atos contrários ao regime
democrático, como por exemplo “fechar” o STF ou o Congresso Nacional.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 23. “O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da
ação penal competente, poderá demandar, no juízo cível, a reparação do dano moral, respondendo por este o ofensor e,
solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou omissão, e quem quer que, favorecido pelo
crime, haja de qualquer modo contribuído para ele (Código Eleitoral, art. 243, § 1º).”

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Em relação ao art. 23, o professor destaca que a conduta é vedada pelo direito penal e pela legislação eleitoral, motivo
pelo qual é possível a análise pelo juízo eleitoral e pelo juízo criminal. Nesses casos, a responsabilidade será não só do
candidato, porque o partido político responde solidariamente na seara eleitoral.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 24. “Aos juízes eleitorais designados pelos tribunais regionais eleitorais, nas capitais e nos
Municípios onde houver mais de 1 (uma) zona eleitoral, e aos juízes eleitorais, nas demais localidades, competirá julgar
as reclamações sobre a localização dos comícios e tomar providências sobre a distribuição equitativa dos locais aos
partidos políticos e às coligações (Código Eleitoral, art. 245, § 3º).”

Resolução nº 23.610/2019, Art. 25. “O candidato cujo pedido de registro esteja sub judice ou que, protocolado no prazo
legal, ainda não tenha sido apreciado pela Justiça Eleitoral poderá efetuar todos os atos relativos à sua campanha eleitoral,
inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, para sua propaganda, na rádio e na televisão (Lei nº 9.504/1997, arts. 16-A e
16-B).
Parágrafo único. A cessação da condição sub judice se dará na forma estipulada pela resolução que dispõe sobre a escolha
e o registro de candidatos para as eleições.”

Exemplo: candidato que possui sua candidatura impugnada não pode ser retirado do processo eleitoral porque enquanto
a questão estiver sub judice pode praticar todos os atos relacionados ao cargo eletivo que almeja, inclusive a propaganda
eleitoral. O professor observa que, nesses casos, existem algumas restrições que serão analisadas posteriormente.

DA PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA NA RÁDIO E NA TELEVISÃO


Resolução nº 23.610/2019, Art. 48. “A propaganda eleitoral na rádio e na televisão se restringirá ao horário gratuito
definido nesta Resolução, vedada a veiculação de propaganda paga, respondendo o candidato, o partido político e a
coligação pelo seu conteúdo (Lei nº 9.504/1997, art. 44).
§ 1º A propaganda no horário eleitoral gratuito será veiculada nas emissoras de rádio, inclusive nas comunitárias, e de
televisão que operam em VHF e UHF, bem como nos canais de TV por assinatura sob a responsabilidade do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras
Municipais (Lei nº 9.504/1997, art. 57).
§ 2º As emissoras de rádio sob responsabilidade do Senado Federal e da Câmara dos Deputados instaladas em localidades
fora do Distrito Federal são dispensadas da veiculação da propaganda eleitoral gratuita de que tratam os incisos II a VI do
§ 1º do art. 47 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997, art. 47, § 9º).

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§3º Em eleições municipais, a transmissão da propaganda no horário eleitoral gratuito será assegurada nos municípios
em que haja emissora de rádio e de televisão e naqueles de que trata o art. 54, caput, desta Resolução (Lei nº 9.504/1997,
art. 48).
§ 4º A propaganda eleitoral gratuita na televisão deverá utilizar, entre outros recursos, subtitulação por meio de legenda
oculta, janela com intérprete de LIBRAS e audiodescrição, sob responsabilidade dos partidos políticos e das coligações,
observado o disposto na ABNT NBR 15290:2016 (Lei nº 13.146/2015, arts. 67 e 76, § 1º, III).
§ 5º No horário reservado para a propaganda eleitoral, não se permitirá utilização comercial ou propaganda realizada
com a intenção, ainda que disfarçada ou subliminar, de promover marca ou produto (Lei nº 9.504/1997, art. 44, § 2º).
§ 6º Será punida, nos termos do § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997, a emissora que, não autorizada a funcionar pelo
poder competente, veicular propaganda eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 44, § 3º).
§ 7º Na hipótese do § 6º, demonstrada a participação direta, anuência ou benefício exclusivo de candidato, de partido
político ou de coligação em razão da transmissão de propaganda eleitoral por emissora não autorizada, a gravidade dos
fatos poderá ser apurada nos termos do art. 22 da Lei Complementar nº 64/1990.”

Obs.: O candidato que realizar propaganda eleitoral em emissoras não autorizadas pode se tornar inelegível.

Resolução nº 23.610/2019, Art. 49. “Nos 35 (trinta e cinco) dias anteriores à antevéspera do primeiro turno, as emissoras
de rádio e de televisão indicadas no § 1º do art. 48 desta Resolução devem veicular a propaganda eleitoral gratuita.’
Propaganda INTERNET
O professor explica que a realização de propaganda na internet possui limitações, citando como exemplo a fake news e a
existência de mecanismos para coibi-la, sendo possível inclusive a responsabilização daqueles que repassam as
informações.

• Em blogs e páginas: A norma permite a propaganda eleitoral em blogs ou páginas na internet ou redes sociais das
candidatas e candidatos, partidos políticos, coligações ou federações, desde que seus endereços sejam informados à
Justiça Eleitoral.

• Críticas e elogios em página pessoal: A publicação com elogios ou críticas a candidatas e candidatos, feitos por uma
eleitora ou eleitor em página pessoal, não será considerada propaganda eleitoral. Poderá haver a repercussão desse
conteúdo, desde que não haja impulsionamento pago de publicações com o objetivo de obter maior engajamento.

• Propaganda paga na internet: É proibido veicular qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet. A exceção
fica por conta do impulsionamento de conteúdo, que deverá estar identificado de forma clara e ter sido contratado,

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exclusivamente, por candidatas, candidatos, partidos, coligações e federações partidárias ou pessoas que os representem
legalmente.

A propaganda eleitoral paga na internet deverá ser assim identificada onde for divulgada. Por ser vedado o
impulsionamento de conteúdo por apoiadores, esses anúncios deverão identificar como responsáveis a candidata, o
candidato, o partido, a coligação ou a federação partidária.

A norma também proíbe a contratação de pessoas físicas ou jurídicas que façam publicações de cunho político-eleitoral
em suas páginas na internet ou redes sociais.

• Envio de mensagens: A resolução permite o envio de mensagens eletrônicas aos eleitores que se cadastrarem
voluntariamente para recebê-las, desde que seus emissores sejam identificados e sejam cumpridas as regras da Lei Geral
de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Formas de descadastramento precisarão ser disponibilizadas para a pessoa que
não quiser mais receber as mensagens.

DIREITO DE RESPOSTA
O direito de resposta contempla o contraditório e a ampla defesa perante o Poder Judiciário, devendo ser realizada uma
análise no caso concreto pelo magistrado.

O direito de resposta cabe ao ofendido por propaganda eleitoral que ultrapassa os limites da razoabilidade, acabando por
invadir a esfera jurídica de proteção de outrem.

Observação: a mera crítica NÃO é capaz, por si só, de caracterizar o deferimento do direito de resposta. É necessário que
tenha ocorrido imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidas por qualquer
veículo de comunicação social.

Legitimidade ativa: pertence apenas ao candidato, partido político ou coligação afetados pela ofensa, conforme
entendimento do TSE (Ac. nº 686, 2009).

“[...]. 1. Na linha dos precedentes desta c. Corte, apenas candidatos, partidos políticos e coligações detêm legitimidade
para pleitear direito de resposta em face de suposta ofensa veiculada durante a exibição de propaganda partidária. [...].
2. No caso, o representante, ora embargante, não comprovou ser candidato no pleito de 2006, razão pela qual não possui
legitimidade ativa para propor a ação. [...].”

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(Ac. de 12.11.2009 no EARP nº 890, rel. Min. Felix Fischer.)

O terceiro interessado eventualmente atingido não possui direito de resposta no âmbito eleitoral, sendo possível a
respectiva indenização e o direito de resposta perante a justiça comum.

• Procedimento
Assim, de acordo com a Resolução TSE nº 23.608/2019, se o pedido de direito de resposta for deferido, o ofensor deverá
divulgar a resposta do ofendido em até dois dias após sua entrega em mídia física e empregar. A resolução estipula ainda
que procedimentos específicos de impulsionamento deverão ser adotados na divulgação da resposta; devendo a
postagem ocorrer no mesmo veículo, espaço, local, horário e página eletrônica.

Ainda segundo o TSE, caso o conteúdo em questão tenha sido removido, o órgão judicial competente intimará o autor da
publicação para que se manifeste antes de decidir pela extinção do feito. O prazo durante o qual a resposta ficará
disponível será indicado na decisão que deferir o pedido, entretanto, não poderá ser inferior ao dobro do tempo em que
ofensa foi publicada.
Lei nº 9.504/97, Art. 58. “A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato,
partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória,
injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social.
§ 1º O ofendido, ou seu representante legal, poderá pedir o exercício do direito de resposta à Justiça Eleitoral nos
seguintes prazos, contados a partir da veiculação da ofensa:
IV – a qualquer tempo, quando se tratar de conteúdo que esteja sendo divulgado na internet, ou em 72 (setenta e duas)
horas, após a sua retirada. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 2º Recebido o pedido, a Justiça Eleitoral notificará imediatamente o ofensor para que se defenda em vinte e quatro
horas, devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de setenta e duas horas da data da formulação do pedido.”

Obs.: O termo inicial da possibilidade do direito de resposta é a escolha do candidato pela convenção do partido.

Prazos para ajuizamento do pedido:


- Ofensa cometido em horário eleitoral gratuito: 24h;
- Ofensa em programação normal de rádio e televisão: 48h;
- Ofensa em imprensa escrita: 72h;
- Ofensa na internet: a qualquer tempo ou 72h da retirada.

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- Recurso: § 5º Da decisão sobre o exercício do direito de resposta cabe recurso às instâncias superiores, em vinte e quatro
horas da data de sua publicação em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer contrarrazões em igual prazo.

“Eleições 2014. Representação. Direito de resposta. Imprensa escrita. Fato sabidamente inverídico. Não configuração.
Improcedência. Na linha de entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, o exercício de direito de resposta, em prol da
liberdade de expressão, é de ser concedido excepcionalmente. Viabiliza-se apenas quando for possível extrair, da
afirmação apontada como sabidamente inverídica, ofensa de caráter pessoal a candidato, partido ou coligação.” (Ac. de
30.9.2014 no Rp nº 136765, rel. Min. Admar Gonzaga.)

Exemplo: se um candidato já foi condenado por corrupção, a prolação desta informação, embora atinja sua honra, não
caracteriza o direito de resposta por não ser uma informação inverídica. O que não pode ocorrer é a invenção de fatos
inverídicos, porque nesse caso será possível o direito de resposta.

CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS EM CAMPANHA


A premissa em relação aos agentes públicos é que, em razão da função exercida, não podem ter condutas tendentes a
afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos durante o processo eleitoral (art. 73 da Lei nº 9.504/97).

Agente público – toda pessoa física que presta atividade própria do Estado, ainda que de forma transitória e sem
remuneração, por qualquer meio de investidura, nos órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional.

1) Cessão e uso de bens móveis ou imóveis pertencentes à Administração Pública, ressalvada a realização da convenção
partidária (art. 73, I). No caso dos chefes do executivo estadual e federal, é possível o uso de aeronave oficial, desde que
haja o reembolso das despesas.

2) Usar materiais ou serviços custeados pelo Poder Público (art. 73, II).

3) Cessão ou utilização de servidor para fins eleitorais, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado (art. 73, III).

4) Fazer ou permitir uso promocional em favor de bens e serviços de caráter social para fim eleitoral (art. 73, IV).

“[...] Conduta vedada. [...] Distribuição de material de construção. Vésperas do pleito. Finalidade eleitoral. [...] 3. O
Tribunal de origem lastreou-se na prova produzida para firmar seu convencimento de que evidenciada a conduta vedada
prevista no art. 73, inciso IV, da Lei nº 9.504/1997, pois o candidato procedeu à ‘distribuição de material de construção,

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às vésperas da eleição de 2012, pelo então Prefeito Nelson Cintra Ribeiro, ora recorrente, aos moradores de Porto
Murtinho/MS, cuja entrega dos bens beneficiou pessoas que não estavam inscritas no programa [habitacional], mas sim,
aquelas que ostentavam na fachada de suas casas peças de propaganda eleitoral daqueles candidatos [...]. 4. Assentado
pela Corte de origem o caráter eleitoreiro da conduta, não obstante a existência do Programa de Subsídio à Habitação de
Interesse Social (PHS), porque (i) nenhuma das ações apuradas no feito guardaram relação com o programa habitacional;
(ii) ausente justificativa para seu início às vésperas do pleito eleitoral de 2012; e (iii) não conhecido o referido programa
pelos supostos beneficiários. [...]” (Ac. de 10.4.2018 no AgR-REspe nº 19733, rel. Min. Rosa Weber.)

5) Admissão e dispensa de pessoal nos três meses que antecedem o pleito (art. 73, V). Estende-se à admissão ou demissão
sem justa causa, supressão de vantagens, remoção, transferência ou exoneração ex officio.

Observação: as exceções à regra são os cargos em comissão e os vinculados à Presidência da República, Poder Judiciário,
Ministério Público e dos Tribunais de Contas.

Concurso homologado – possível a nomeação caso a homologação tenha ocorrido até três meses antes do pleito.

6) Propaganda institucional nos três meses anteriores ao pleito (art. 73, VI, b).
Publicidade de atos, programas, obras, serviços ou campanhas, salvo em caso de urgência e autorizada pela Justiça
Eleitoral;

O professor destaca que situações emergenciais autorizadas pela justiça legitimam a publicidade (ex.: campanha de
vacinação).

A restrição se aplica apenas à esfera da administração que está em disputa na eleição.

7) Revisão da remuneração dos servidores públicos (art. 73, VIII).


Na circunscrição do pleito, que exceda a recomposição inflacionária, desde os 180 dias antes das eleições até a posse dos
eleitos.

“Remuneração. Servidor público. Revisão. Período crítico. Vedação. Art. 73, inciso VIII, da Constituição Federal. A
interpretação – literal, sistemática e teleológica – das normas de regência conduz à conclusão de que a vedação legal
apanha o período de cento e oitenta dias que antecede às eleições até a posse dos eleitos.”(Res. no 22.252, de 20.6.2006,
rel. Min. Gerardo Grossi.)

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8) Realização de inaugurações de shows artísticos (art. 75)
Nos três meses que antecederem as eleições, na realização de inaugurações, é vedada a contratação de shows artísticos
pagos com recursos públicos. Se o evento for privado, não há proibição, salvo se houver propaganda eleitoral
(“showmício”).

9) Comparecimento à inauguração de obras públicas.


Obs.: A vedação se aplica apenas ao candidato que é agente público. O candidato que não é agente público não está
abarcado pela proibição de comparecimento em obras. Por outro lado, a proibição de realização de “showmícios” é
expressa e abrange todos os candidatos.

De acordo com o julgado abaixo, a vedação se restringe apenas à inauguração de obras públicas. Obras privadas que
possuem participação de recursos públicos não são por ela abrangidas. Contudo, o professor destaca que o caso concreto
revelará o grau de vedação.

“[...] Conduta vedada. Art. 77 da Lei nº 9.504/97. Candidatos. Cargo. Vereador. Comparecimento. Inauguração. Parque
tecnológico. Universidade privada. [...] 1. In casu, a orientação perfilhada no acórdão regional foi a de que o
comparecimento de vereadores candidatos à reeleição, durante o período crítico, à inauguração de obra realizada por
universidade privada, construída em terreno doado pelo município e patrocinada, em parte, com recursos públicos
repassados por meio de convênio estadual, nos três meses que antecederam a data do pleito, caracteriza a conduta
vedada descrita no art. 77 da Lei nº 9.504/97. 2. Tal entendimento, contudo, contraria remansosa jurisprudência desta
Corte Superior, no sentido de que as normas que encerram condutas vedadas devem ser interpretadas restritivamente.
3. O artigo 77 da Lei das Eleições veda o comparecimento de candidatos à inauguração de obra pública stricto sensu, assim
considerada aquela que integra o domínio público. Incidência dos princípios da tipicidade e da legalidade estrita, devendo
a conduta corresponder exatamente ao tipo previamente definido na norma. [...]” (Ac. de 3.10.2017 no REspe nº 18212,
rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho Neto.)

• PENALIDADES
Multa, cassação do registro ou diploma. Somente no caso de imposição de cassação de registro ou diploma se reconhece
a inelegibilidade (art. 1º, I, da LC nº 64/90).

Segue o rito previsto no art. 22 da LC nº 64/90, com recurso no prazo de três dias. Quando não proposta pelo Ministério
Público, a representação deve ser firmada por advogado.

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[...] “III – Representação por abuso de poder econômico e conduta vedada aos agentes públicos: exigência de capacidade
postulatória do signatário, não suprida pela constituição posterior de advogado habilitado para oferecer contrarrazões ao
recurso ordinário: extinção do processo sem julgamento de mérito.” (Ac. no 19.635, de 25.6.2002, rel. Min. Sepúlveda
Pertence.)

QUESTÕES DE CONCURSO
1) A propaganda político-partidária:
A – É vedada pela legislação atual.
B – É permitida, sendo possível a promoção pessoal de candidato.
C – É permitida e pode ser realizada sem qualquer proibição quanto ao seu conteúdo.
D – Foi novamente permitida, com cláusula de desempenho e proibição de veiculação de promoção pessoal de candidato.
E – Foi permitida, sem qualquer necessidade de desempenho dos partidos.
Gabarito: D

2) Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre os aspectos da propaganda eleitoral:


A – Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ainda que de forma
dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou razões que
induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto a exercer a função pública.
B – A exaltação de realizações pessoais que se confunde com a ação política a ser desenvolvida em mandato eletivo e que
traduz a ideia de ser a mais apta ao exercício da função pública não se consititui propaganda eleitoral.
C – a realização de prévias partidárias permite a divulgação e transmissão dos nomes dos filiados, a realização de debates,
sem caracterizar propaganda antecipada.
D – a participação de pré-candidatos em entrevistas, programas ou encontros em rádio ou televisão, ainda que sem
qualquer pedido de voto, caracteriza a propaganda eleitoral antecipada.
E – o candidato que é cantor fica impedido de exercer sua profissão, mesmo que essa atividade não guarde qualquer
relação com a campanha ou faça menção às suas qualidades como pessoa apta ao cargo eletivo.
Gabarito: A

3) Assinale a alternativa correta quanto às condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais.
a) É proibida ao agente público a cessão de servidor público ou empregado da Administração direta ou indireta aos
comitês de campanha, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado.
b) É proibido a qualquer candidato comparecer a inaugurações de obras públicas nos 180 dias que antecedem o pleito.

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c) O transporte oficial usado pelo chefe do Poder Executivo, em campanha de reeleição, não precisa ser ressarcido aos
cofres públicos, sendo prerrogativa da função.
d) O agente público que sofreu as sanções decorrente das condutas vedadas em campanha eleitoral não pode ser
processado criminalmente ou na esfera civil, sob pena de bis in idem.
e) A contratação de shows somente é permitida para a inauguração de obras, durante o processo eleitoral.
Gabarito: A

4) Em relação ao direito resposta na propaganda eleitoral


a) Não cabe recurso contra a decisão que indefere a pretensão.
b) O mesmo espaço será concedido para o exercício do direito de resposta.
c) O terceiro prejudicado também tem legitimidade para obter o direito de resposta na justiça eleitoral.
d) O prazo para a oferta de representação, por ofensa veiculada na internet, é de até 72h da retirada do material.
e) Todas as alternativas estão erradas.
Gabarito: D

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