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Professoresresponsáveis
Prof.Dr.FábioMariz
Prof.Dr.MárioHenriqueD'Agostino.
Prof.Dr.ReginaldoRonconi
Experimentar
e representar
a cidade:
um
exercício
de
autonomia
e
complexidade
ENTREGAEXERCÍCIO1
Elaborarumanovadisciplinavoltadaparaocampodoensinoemarquiteturaeurbanismo.
GRUPO1
AmandaLagesdeLima
DanieladasNevesAlvarenga
GuilhermeAlmeidadeSouza
MarcosdoNascimentoSaad
RenandosSantosSampaio
VanessaFernandesCorrêa
Experimentarerepresentaracidade:umexercíciodeautonomiaecomplexidade
Justificativa
O curso propõe um modo de se
conhecer e mapear a cidade de São Paulo por
meio
da observação e interpretação de aspectos materiais e simbólicos de cada bairro (ou
região),cruzandoleiturasdaarquitetura,artesvisuais,design,sociologiaepolítica.
Há uma arquitetura que ocorre para
além das imagens usuais da cidade, entre
suas
ruas, calçadas, avenidas, edifícios e monumentos característicos. Encontra-se em
construções anônimas e em espaços do cotidiano. Ela está presente em seus aspectos
materiais, sociais e políticos, nas
interpretações e dissidências destes e de
outros estratos;
e nas decisões construtivas e poéticas que impulsionam o gesto do stylus no desenhar
possibilidades de futuro. Por ser arquitetura, necessariamente exige materialização,
manipulação; assim como pergunta exige resposta. Entre sua vocação singularmente
propositiva e suas ferramentas de interpretação e análise da realidade, a arquitetura
encontra seu espectro de ação e (caso particularmente afortunada) sua possibilidade de
sínteseecrítica.
Das potencialidades que se reconhecem no despertar do pensamento crítico em
calouros de curso superior em Arquitetura e Urbanismo, propõe-se uma disciplina de
caráter
introdutório com a tarefa de apresentá-los a tal
panorama amplo do
fazer arquitetônico. Um
momento de maior autonomia e complexidade antes de o estudante ser introduzido aos
saberesarquitetônicoscomoconsolidadosnocurrículodocurso.
CargaHorária
Duração:15semanas
CréditosAula:8
CréditosTrabalho:2
CargaHoráriaTotal:120h
Metas
Esta disciplina visa a introduzir o calouro ao pensamento arquitetônico tanto em
seus procedimentos interpretativos/analíticos quanto, mediada pelo ato poético do desenho
de projeto, na manipulação da
materialidade direta ou
indireta. Para isso, há
o objetivo de
quesepermitaaoaluno:
● Aprimorar a familiaridade com o desenho como ferramenta rápida de
apreensão e
interpretação da realidade; apresentando procedimentos de anotações visuais,
desenhobrevedeobservação,criaçãodeesquemasediagramas,eoutros;
● Reconhecer características de ordem plástica, material, estrutural e construtiva,
presentes na paisagem urbana em seus ambientes construídos e nos espaços
livres;
● Reconhecer relações sócio-políticas presentes nas múltiplas espacialidades da
cidade,apontando,emespecial,suascontradições;
● Debater,emgrupo,ossignificadosdasrelaçõesquedãoorigemàcidade;
● Encontrar-se, de maneira autônoma, com a necessidade do desenho de projeto a
partirdecroquissingeloseesquemasconstrutivos;
● Entrar em contato direto com a fisicalidade dos materiais que compõem o tecido
urbano,osreconfigurandoemambientedelaboratóriodidático.
● Refletir sobre os próprios procedimentos e condutas de aprendizagem, permitindo
uma dimensão metacognitiva e, assim, direcionando a possibilidade de certa
autonomiaemsuatrajetóriaprojetiva.
Procedimentosdidáticos
Propõe-se um exercício a ser desenvolvido durante todo o percurso da disciplina,
culminando na composição de uma “maquete” coletiva que articule representações da
cidade experienciada em diferentes sintáticas não normatizadas. A partir de uma base
comum a todos os grupos (um recorte do mapa da cidade em escala apropriada para ter
dimensões de dois
metros), colocado como metáfora do território, esta maquete pode incluir
elementos de naturezas distintas – entre representações mais literais, bricolagens de
diferentes materiais, reproduções fotográficas, ambiências sonoras e outros possíveis. Para
tanto, diferentes momentos e procedimentos são programados, contando com a
contribuiçãodosdocentesemonitoresdidáticosaolongodeseudesenvolvimento:
● Aulas expositivas temáticas: introdução ao exercício, procedimentos de desenho,
aspectosdacidade(materiais,formais,sócio-históricosedeuso);
● Visitas guiadas à cidade real, em percursos preestabelecidos que demonstrem
diferentesrealidades,materialidadesesociabilidades,emgrupos;
● Cadernodedesenhoscomométododeapreensão(reflexãosobrea)darealidade;
● Criação de objetos relacionados às visitas, em vivência de laboratório didático,
utilizandomúltiplosmateriaiseprocessosdeprodução;
● Rodasdedebatetemáticas,referenciandoosmesmosaspectos;
● Visitasnãoguiadasaregiõesescolhidaspelosgruposdealunos(deriva)
CronogramadeAulas
Dentro de uma realidade didática comprometida com a autonomia, a disciplina não
organiza sua sequência de
encontros a partir
de conteúdos, mas sim a partir das diferentes
atividades propostas. Inicialmente, prevê-se uma aula expositiva apresentando a proposta
em geral e o espaço do laboratório de modelos e ensaios (LAME). A partir disso, iniciam-se
os3ciclosdetrabalhoprevistos.
Estes ciclos consistem em uma aula expositiva apresentando uma de três
abordagens, seguida por aulas intercaladas entre visitas ao território (das quais apenas a
primeira é guiada) e momentos de exploração material e construção de suas maquetes, no
laboratório. A razão pela qual
se intercala esses dois
momentos de ação-reflexão distintos
(ler a cidade versus construir realidades) é para que eles possam contribuir entre si
continuamente, em vez de estabelecer como princípio metodológico alguma sequência
entreessasfasesqueacabaporhierarquizá-las.
Cada ciclo traz inspiração e foco em uma das três abordagens distintas e
transversais (material e forma, sócio-histórica, e de uso), apresentadas em aulas e apoiadas
por suas bibliografias específicas. É encerrado com um momento de compartilhamento, em
quecadagrupotrazumpoucodesuasexperimentaçõesevivênciasparaaturma.
Ao final do terceiro ciclo, um
último
momento de
trabalho
de
laboratório
é previsto,
para que os alunos arranjem suas produções para
apresentá-las, em exposição
final,
que
informaaavaliaçãodoprofessoredáoportunidadedeumadevolutivageral.
Visitanão-guiada
Exploraçãono
VisitaGuiada
(deriva) laboratório
semana aula
Aulaexpositiva-apresentaçãodaproposta,apresentaçãodolaboratórioe
1 formaçãodegrupos.
1 2 Aulaexpositiva-Introduçãodaabordagem.
3
2 4
5 AbordagemMateriale
3 6 Formal
7
4 8
9
5 10 Semináriodeacompanhamento
11 Aulaexpositiva-Introduçãodaabordagem.
6 12
13
7 14 Abordagem
15 sócio-histórica
8 16
17
9 18
19 Semináriodeacompanhamento
10 20 Aulaexpositiva-Introduçãodaabordagem.
21
11 22
23
12 24 Abordagemdeuso
25
13 26
27
14 28
29 Exposição,avaliaçãoedebatedosresultados.
15 30 Exposiçãoedevolutivadasavaliações.
Elabora-sesobrecadaatividadeprevista:
● Aulas expositivas: Aulas em formato tradicional de exposição e apresentação
de um tema, podendo incluir apresentações de slides ou outros recursos
didáticos.AcontecememsaladeaulaounoLAME;
● Visitas Guiadas e Não-guiadas (derivas): Prevê-se as visitas guiadas como
momentos de
deslocamento na
cidade intermediados pelos professores, que
estarão estimulando os alunos a fazer leituras específicas do espaço e
propondo exercícios de uso do caderno de
anotações. As visitas não-guiadas
serão momentos em que os grupos percorrerão o território sem a mediação
doprofessor,observandométodosemelhanteàderivasituacionista;
● Exploração no laboratório: momento em que os alunos ocupam as
instalações do LAME, em exercícios exploratórios envolvendo a intervenção
direta
na matéria como método de
estudo e de
descobertas plásticas. Carga
horária oferecida para que os alunos desenvolvam sua contribuição à
maquetecoletiva;
● Seminário de Acompanhamento: momento de partilha do trabalho
desenvolvido pelos grupos até então, no qual põe-se em debate o que foi
experienciado durante as visitas guiadas e as derivas, as
diferentes formas
de representação utilizadas, caminhos tomados e previstos, e outros
aspectospertinentes;
● Exposição: arranjo das maquetes desenvolvidas pelos grupos ao longo do
semestre e apresentação dessas em espaço de visibilidade no prédio da
FAUUSP, possibilitando a interação com alunos, professores, demais
funcionáriosetranseuntes.
ABORDAGEM1:MATERIALEFORMA
Formas e materiais expressam realidades econômica, política,
social e cultural dos
lugares, mesmo que estes
aspectos não sejam evidentes ao lidarmos com as coisas. Eles
não
se
restringem a objetos tridimensionais, mas todo tipo
de manifestação sensível, sejam
elas visuais, táteis, palatáveis, sonoras ou olfativas. Neste módulo os alunos serão
estimulados a observação e o reconhecimento de Formas e Materiais usuais presentes em
regiões (recorte de um bairro à definir) de
São
Paulo através do
registro de
visitas guiadas
(com os professores) e não-guiadas (derivas). Também pretende familiarizar o aluno a
procedimentos construtivos a partir da criação de maquetes/modelos que expressem os
locaisvisitados,segundocritériosestabelecidosapartirdaexperiênciadiretadosgrupos.
O ciclo de atividades estabelecidas nesta parte da
disciplina servirá como ponto de
partida para introduzir outras camadas conceituais sobre as formas e os materiais
identificadoseconstruídos.
BECKER,CAROL.BORCHARDT-HUME,ACHIM.GATES,THEASTER.LEE,LISAYUN.
TheasterGates.P haidonPress.2015.
CHING,Francis.D.K.Arquitetura:Forma,EspaçoeOrdem.S ãoPaulo:MartinsFontes,
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STAKEMEIER,Kerstin;WITZGALL,Susanne.P owerofMaterial/Politicsofmateriality.
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ABORDAGEM2:SÓCIO-HISTÓRICA
Dinâmicas sócio-históricas conformam o espaço urbano tanto quanto a regulação
urbana, os projetos urbanos e os projetos arquitetônicos. Em cada momento histórico
alguns fatores predominam como determinantes da forma, ou seja, da materialização da
cidade, exprimindo identidades coletivas, individuais, jogos de força, resistências e
improvisações em espaços menos sujeitos ao controle de normas e projetos.
Autoconstrução, informalidade, financeirização do urbanismo, superexploração do trabalho
na construção civil, ideologia do pensamento único, dinâmicas entre o local e o global,
segregação urbana, mobilidade serão discutidos neste módulo. Também serão abordados
aspectos mais propriamente históricos da urbanização da cidade de São Paulo,
especialmente no contexto dos
embelezamentos de
intenção cosmopolita, da modernização
e industrialização, periferização, grandes projetos
nos
contextos nacionais
autoritários das
DitadurasVargaseMilitar,atéafinanceirizaçãodaproduçãodacidade.
ARANTES,Otília;MARICATO,Ermínia;VAINER,Carlos.A cidadedopensamentoúnico.
Petrópolis:Vozes,2000.
FERRO,Sérgio.A casapopular.SãoPaulo:GFAU,1979.
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ROSSI,Aldo.T heArchitectureoftheCity.TheMITpress.Chicago.1982.
ABORDAGEM3:USO
Propõe-se uma reflexão acerca das diferentes formas de uso e apropriação
estabelecidas entre os indivíduos, isolada ou coletivamente, e o espaço, assim
como dos
significados que são atribuídos a esse e das disputas que o permeiam. Procura-se
evidenciar a relevância do cotidiano para se pensar desde a produção e consumo do
espaço, como também sua gestão e apropriação. Dessa maneira, o questionamento do
urbanismo e da arquitetura derivados da
ideologia industrial
(redutores, planificadores, anti
urbanos) se dá através da introdução de conceitos como deriva, leitura e construção de
situações diversas e de espaços diferenciais, da policentralidade e dos diferentes tecidos
urbanos, além da abordagem a perspectivas mais radicais de construção de outros
cotidianos.
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WIGLEY,Mark.C onstant'sNewBabylon:TheHyper-ArchitectureofDesire.Rotterdam:
WittedeWith,CenterforContemporaryArt,1998.
AVALIAÇÃO
As reuniões e orientações ao longo do curso visam o debate e a participação dos
estudantes, sendo a qualidade destes mais um critério de avaliação, sem que sejam
cobradas obrigatoriamente a apresentação e execução de tarefas intermediárias. O objetivo
é
que
cada estudante e grupo de
estudantes desenvolva um domínio do tempo e do
método
adotado para
produzir aquilo que
julgar
necessário para alimentar o debate e a construção
coletivanolaboratório,nasreuniõesdeorientaçãoenosseminários.
Ao fim do curso realiza-se uma avaliação coletiva, onde podem ser apontados os
pontos
fortes
das leituras de
cada
grupo, as
conexões que
podem ser
feitas
entre
grupos e
osdesdobramentospossíveisapartirdostrabalhosrealizados.