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Manuella Pires Faria

Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma comparação a partir dos textos de dois
autores em diferentes livros escritos em diferentes tempos sobre a noção de tempo
histórico. O primeiro deles escrito por Shuichi Kato –Tempo e Espaço na Cultura
Japonesa – E em segundo – Futuro e Passado- Escrito por Reinhart Kosseleck.

“Deixe a água lavar o passado.” (Kato, 2012, p. 15), esse provérbio japonês que
recomenda esquecer o que se passou refere-se à relação japonesa com o tempo, agir
dessa maneira seria mais vantajoso, por outro lado também poderia significar não
assumir as responsabilidades do passado. O tempo da cultura Meiji é marcado de três
formas diferentes, mas que se complementam. Existe o tempo do mundo linear com um
começo e final infinitos, e o tempo da vida linear que tem seus dois pontos finitos e por
último um tempo cíclico relacionado às estações do ano.

O primeiro, o tempo do mundo, infinito no seu ponto de partida se pressupões que a


ideia de existência do mundo seja maior que a da existência da vida, ou seja, por mais
que o Japão tenha seu conceito de criação do mundo a partir da ilha do Japão não
descartam a ideia de já existir um universo antes dele.

O segundo, o tempo da vida, com seus dois pontos finitos faz relação ao nascimento e a
morte, um começo e um fim, sabemos quando nascemos, não sabemos a data de nossa
morte, porém essa é uma certeza da vida, sendo assim justificativa as ações no presente,
a busca por significado e as conquistas da vida.

O último, o tempo cíclico, referenciado pelas estações do ano tem grande relação com a
base agricultora do Japão. Já que, por mais que o inverno castigue existe a certeza de
que a primavera virá, cada presente será único, mesmo que as estações se repitam em
cada momento ela será única, pensando assim se vive o “aqui” e o “agora” com a
esperança do futuro.

No fim essas três formas de tempo têm em comum o foco no “Agora”, cada um com
suas específidades. A sociedade japonesa se apresenta com uma filha do presente, as
mudanças que essa sociedade passa são todas em função do “agora”.

No texto de Koselleck o autor faz uma inter-relação entre passado e futuro através do
futuro, ele nos traz uma ideia de se pensar nosso lugar no mundo, por diversas vezes
podemos notar nos textos sua preocupação com nosso lugar no mundo, ele faz também
outras indagações como por exemplo: O que é uma história no tempo presente? E como
essa história se liga ao passado? E como ela vai definir nosso olhar do futuro?

Para Koselleck vivemos numa sociedade de experiências, que é observando as


experiências do passado que construímos um futuro. Por outro lado, Kato, nos mostra
que para a sociedade japonesa o passado não deve ter relação nem influenciar as nossas
decisões no futuro.

É fato que não existe um conceito verdadeiro de temporalidade, cada sociedade possui
suas complexidades e se adapta ao que é melhor para elas.

Referências Bibliográficas

KOSELLECK, R. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio


de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

Kato, S. Tempo e espaço na cultura japonesa. . São Paulo: Estação Liberdade.

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