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conv
conhecimento nas incorporações de bases externas
Ademar ORSI
Administrador. Mestre em Administração pela Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
Professor da Fundação Dom Cabral, da Universidade Presbiteriana Mackenzie
e da Universidade Anhembi Morumbi.
Consultor de empresas.
orsiademar@ig.com.br
Resumo Abstract
Tendo interesse em novos mercados, algumas Aiming at new markets, some enterprises
corporações optam pela incorporação de bases choose to incorporate external bases of
externas de conhecimento, adquirindo outras knowledge through the acquisition of other
empresas que já passaram pelo processo de firms that have already undergone the learning
aprendizado e dispõem de reconhecimento no process and which are acknowledged in the
mercado. Foram conduzidos dois estudos de caso, market. Two case studies have been developed,
envolvendo grandes empresas, uma nacional e uma involving large firms in Brazil, being one
multinacional, ambas atuantes no setor de serviços, Brazilian and one multinational, both of which
e que utilizaram dessa estratégia para a sua inserção had adopted this strategy in their insertion in
no mercado da tecnologia da informação. Algumas the IT market. Some of the main contributions
das principais contribuições deste estudo incluem a for this research include the identification of a
identificação de um conjunto de práticas para a set of practices for the incorporation of external
incorporação de bases externas de conhecimento. bases. A comparison and framing of this
Acrescentam-se a comparação e o enquadramento practices in the knowledge conversion modes,
dessas práticas nos quatro modos de conversão do described by Nonaka e Takeuchi (1997),
conhecimento, descritos por Nonaka e Takeuchi involving socialization, externalization,
(1997), envolvendo a socialização, a externalização, combination and internalization of the
a combinação e a internalização do conhecimento. knowledge, are increased.
Davenport e Prusak (1998) recursos dedicados, adaptação, rede do aluguel, aquisição de empresas
conhecimento e fusão (1)
pesquisa de mercado, pesquisa e relação com clientes, fornecedores,
Probst et al. (2002) desenvolvimento, solução de problemas, concorrentes e parceiros; consultoria;
grupos de desenvolvimento, arenas de recrutamento de especialistas; alianças,
aprendizagem, etc. aquisição de empresas inovadoras
conversão; metáforas, imagens ou
experiências; caos criativo, intenção,
Nonaka e Takeuchi (1997) compartilhamento de conhecimento
compromisso, variedade de requisitos,
redundância de informações
(1) para esses autores o termo “fusão” tem, neste caso, conotação de combinação deliberada de pessoas da
organização com diferentes habilidades, idéias e valores para gerar soluções criativas.
Participação
Setor
1980 1997
Serviços 39,4% 62,0%
Indústria 23,9% 22,4%
Agricultura 36,7% 15,6%
Fonte: Organização Internacional do Trabalho
(1998, apud TERRA, 1999, p. 8)
3.4 Aquisição de empresas para obtenção de salienta Argyris (2001), exigindo que as
conhecimento organizações concentrem o foco dos programas
de aprendizado na maneira como as pessoas
Geralmente, o termo aquisição é utilizado em raciocinam sobre o próprio comportamento, para,
qualquer transação de compra de parte ou de aí então, romper as barreiras que bloqueiam o
todos os ativos e ocorre com a concordância entre aprendizado organizacional.
as empresas envolvidas. Formas específicas de
aquisição incluem a aquisição de ativos ou ações, Mas, procurando eliminar as dificuldades
união estatutária e consolidações (LEVINE, relativas ao tempo necessário e à possibilidade
1989). A aquisição caracteriza-se como a de não alcançar o objetivo de desenvolver
obtenção por uma empresa da propriedade internamente o conhecimento, as empresas que
controladora de outra empresa com a intenção se lançam nas operações de incorporação de
de conservar, operar ou incorporar, nesse último bases externas de conhecimento podem incorrer
caso extinguindo a adquirida. Já a fusão em outros tipos de problema. Transferir
caracteriza-se como uma combinação das duas conhecimento não é tarefa simples, pois
organizações pressupondo-se a integração das continua dependendo de aprendizado.
duas empresas em uma só.
Sendo o conhecimento basicamente tácito, como
O interesse por um determinado mercado, defendem Nonaka e Takeuchi (1997), o processo
normalmente emergente, e a rapidez em de aquisição se baseia em adquirir o
conseguir capacitação para estarem aptas à conhecimento que é detido por pessoas, e é aí
competição movem certas empresas a optar por que ele passa a se revestir de alta complexidade
incorporar o conhecimento detido por outras e risco. Quanto mais tácito o conhecimento que
ao invés de desenvolvê-lo internamente. O se procura adquirir de uma outra empresa, mais
desenvolvimento do conhecimento necessário difícil é sua aquisição. Assim também, quanto
pode ter um custo elevado e requer tempo mais tácito é o conhecimento, maior a
muitas vezes incompatível com a oportunidade probabilidade que esse conhecimento tenha mais
de inserção no mercado desejado. Há, ainda, valor (INKPEN, 1998).
o risco de não se conseguir atingir o objetivo.
A aquisição de outra organização que já passou As empresas precisam, então, optar entre os
pelo processo de desenvolvimento e riscos de um processo de aquisição e os riscos
aprendizagem e que dispõe de capacitação e de desenvolvimento interno do conhecimento.
de sucesso no mercado seria, por conseguinte, Probst et al. (2002), citando Schülin,
para quem decide, a solução ideal para exemplificam essa dificuldade quando relatam
enfrentar essas dificuldades. que grandes empresas com dificuldade interna
de inovação escolheram as aquisições esperando
Alguns autores, mesmo sendo defensores do adquirir profissionais talentosos no
aprendizado organizacional, admitem a existência desenvolvimento de produtos para seus próprios
de fortes condicionantes para a criação do projetos estratégicos. Entretanto, a criatividade
conhecimento internamente à organização. Garvin destes minguou quando se tentou integrá-los às
(2001), por exemplo, embora entusiasta da compradoras e os melhores deles deixavam a
melhoria contínua, reconhece que são muito mais empresa. No pior cenário, eles saíam para
numerosos os fracassos que os sucessos dos formar uma empresa rival. Assumir toda a base
programas desse tipo porque se faz necessário o de conhecimento de outra empresa, com todos
comprometimento com o aprendizado. Mas, ainda os direitos de acesso, pode desvalorizar e
que exista forte comprometimento, o raciocínio destruir essa base de conhecimento precipitando
defensivo pode bloquear o aprendizado, como uma evasão da intelectualidade.
membros da organização, tendo, assim, relação O modelo proposto por Nonaka e Takeuchi para
tanto com a experiência física e a tentativa e erro, conversão do conhecimento parte do pressuposto
quanto com a geração de modelos mentais e com de que o conhecimento é criado pela interação
o aprendizado com os outros, com os ideais e entre o conhecimento tácito e o conhecimento
com as idéias. As organizações precisam ter a explícito e pode ser classificado em quatro modos
capacidade de criar conhecimento, disseminá-lo distintos: socialização, externalização,
internamente e incorporá-lo aos produtos, combinação e internalização.
serviços e sistemas.
A “socialização” é a conversão do conhecimento
A teoria da criação do conhecimento tácito em conhecimento tácito, sendo tipicamente
organizacional, desenvolvida por eles, baseia- um processo de compartilhamento de experiências,
se em duas dimensões: epistemológica com aprendizado por meio da observação, imitação
(conhecimento explícito e conhecimento e prática. Sem alguma forma de experiência
tácito) e ontológica (conhecimento do compartilhada, com emoções associadas e
indivíduo, grupo, organizacional e contextos específicos, é extremamente difícil para
interorganizacional). O conhecimento é criado uma pessoa projetar-se no processo de raciocínio
quando a interação entre conhecimento tácito do outro indivíduo. O treinamento prático, as
e explícito eleva-se dinamicamente em sessões de brainstorming para discussão de
“espiral” de um nível ontológico inferior até problemas, os diálogos constantes, os estágios em
os níveis mais altos. outras áreas ou organizações utilizam basicamente
os mesmos princípios.
O núcleo da teoria está na descrição do surgimento
dessa espiral, pelos modos de conversão do A “externalização” é a articulação do
conhecimento, transformando conhecimento conhecimento tácito em conceitos explícitos.
individual em organizacional, que é explicada a Embora ainda inconsistentes e insuficientes, as
seguir, sempre segundo Nonaka e Takeuchi. imagens e expressões ajudam a promover a
“reflexão” e a interação entre os indivíduos.
Normalmente é provocada pelo diálogo e ou
3.5.2 Modos de conversão do conhecimento pela reflexão coletiva. O processo está baseado
Uma singularidade na forma das empresas no uso seqüencial da metáfora, analogia e
japonesas proporcionarem inovações contínuas modelo. Pela metáfora, pode-se relacionar
é a estreita ligação entre o externo e o interno: conceitos muito distantes em nossa mente,
relacionando até mesmo conceitos bastante
O conhecimento acumulado externamente é abstratos a fim de criar conceitos concretos. As
compartilhado de forma ampla na organização, contradições inerentes a uma metáfora são então
armazenado como parte da base de conhecimentos harmonizadas pela analogia que reduz o
da empresa e utilizado pelos envolvidos no desconhecido, destacando o caráter “comum”
desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. de duas coisas diferentes e ajudando a entender
Ocorre algum tipo de conversão e este processo o desconhecido por meio do conhecido, elimina
de conversão – de fora para dentro e para fora a lacuna entre imagem e modelo lógico.
novamente, sob a forma de novos produtos,
serviços ou sistemas, é a chave para entender os A “combinação” é um processo de sistematização
motivos do sucesso das empresas japonesas. de conceitos em um sistema de conhecimento.
(NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p. 4) Envolve a combinação de conjuntos de
Diálogo
Conhecimento tácito Conhecimento tácito
Socialização Externalização
Conhecimento explicito
Conhecimento tácito
conhecimento explicito
Construção do campo
i i
Associação do
i i
i
o g
Conhecimento explic ito
Conhecimento tácito
g
g o g
i
g
(conhecimento operacional) (conhecimento sistêmico)
Internalização Combinação
Conhecimento explicito Conhecimento explicito
Aprender fazendo
i – indiv idual g – g rupal o - o rganizacional
perspectiva, agregar ao seu negócio uma nova tempo, a concorrência já é muito grande, podendo
possibilidade de atuação. Nessa concepção, são tornar o negócio menos interessante.
naturais a busca e a opção por aquelas atividades Mais especificamente no segmento de tecnologia
que, além de se constituírem em uma da informação, uma outra característica é a de
oportunidade como negócio e uma oportunidade que os ciclos de vida dos produtos, ou no mínimo
de transformação, representem também uma a necessidade de atualizações destes, são
confortável coerência com o seu espectro extremamente mais rápidos. Quanto mais rápida
vocacional e respeito aos valores fundamentais for, portanto, a consolidação da empresa como
de sua cultura organizacional. competidora, maior será a sua chance de “surfar
Mesmo assim, ainda que essa coerência tenha na onda” dessa oportunidade. É necessário,
existido, as aquisições estavam sendo utilizadas então, aproveitar essa “janela de oportunidade”
como forma de introduzirem-se em mercados e que se abre e se fecha rapidamente e obter o
tecnologias diversos daqueles característicos de reconhecimento como um competidor. Isso leva
seu negócio principal. Lynch (1992) à necessidade não só do conhecimento técnico
recomendaria em uma situação como esta a sobre as atividades, mas, também, do
formação de alianças estratégicas, as quais conhecimento do negócio em si, como misturar
possibilitariam lidar melhor com as diferentes e integrar os diversos recursos tangíveis e
características desses mercados. A Promon intangíveis existentes.
percebeu claramente essa dificuldade ao constatar Daí a decisão pela aquisição de outras empresas
que as dinâmicas, os processos e as métricas para que já haviam passado por todo processo de
as quais a organização estava preparada, eram desenvolvimento e aprendizagem, que dispunham
totalmente diferentes e inadequadas às de ‘massa crítica’ – com equipes capacitadas, já
necessárias aos novos negócios. formadas e atuantes –, dispunham de clientes que
Nos dois casos, a introdução nos novos negócios poderiam vir a compor a carteira das
foi iniciada com o desenvolvimento de equipes compradoras, e que tivessem destacado
internas. Profissionais do próprio quadro com reconhecimento no seu segmento. Essa opção
experiência compatível foram designados para traria dois benefícios principais e convergentes:
iniciar o desenvolvimento do trabalho. Outros com a aquisição poderiam contar com grupos já
profissionais foram recrutados no mercado para formados, detentores dos conhecimentos
complementar as competências necessárias e necessários tanto à gestão quanto à operação do
ampliar a equipe. Histórias de sucesso dessas negócio e, adicionalmente, estariam sinalizando
equipes foram relatadas fazendo crer que a iniciativa para o mercado, com essa sua disposição em
havia sido acertada e demonstrava que esse investir, que estavam se transformando em fortes
conhecimento poderia ser incorporado dessa forma. fornecedores desses serviços.
Entretanto, as características desses novos negócios Na dimensão da aquisição do conhecimento, as
interpunham outras exigências que não estavam empresas consideravam ter atingido o objetivo,
sendo atendidas por essa ação de desenvolvimento. pois conseguiram incorporar uma base de
A dinâmica empresarial nos segmentos em que as conhecimento estruturada que lhes permitia o
barreiras de entrada não são tão fortes, e o segmento atendimento em toda a estratégia de atuação
da tecnologia da informação está nessa condição, é nesses segmentos nos quais se propuseram
caracterizada por uma rapidez muito grande na abranger. As condições de demanda pelos
formação, estabelecimento e consolidação de serviços fizeram, entretanto, que as duas
competidores. As oportunidades surgidas são empresas tivessem resultados diferentes no que
aproveitadas com relativa facilidade e, em pouco se refere à manutenção das equipes.
Nos dois casos, não houve perda de pessoas por A Promon alterou o layout de suas instalações
rotatividade espontânea – demissões ocorridas para receber as empresas adquiridas e seu pessoal,
por iniciativa do empregado – além daquela e essa modificação foi utilizada como um
estatisticamente normal nas duas organizações. importante instrumento de comunicação e quebra
de inércia. Já a Deloitte não teve essa
A Deloitte estimava manter cerca de 60% das
possibilidade e foi obrigada a manter as empresas
pessoas das empresas absorvidas, mas
em seus escritórios originais. Atribui uma
considerava, entretanto, que a integração das
dificuldade extra na integração das pessoas ao
equipes ainda não estava totalmente
fato de não ter sido possível reunir todo o grupo
concluída. A Promon, por ter tido que realizar
em um só escritório.
ajustes em seu quadro diante da realidade da
demanda, estimava manter apenas entre 20% Esse aspecto da integração das pessoas era muito
e 30% daquelas pessoas. Os ex-sócios das importante porque as aquisições tinham como
empresas adquiridas pela Promon já não objetivo incrementar um novo negócio lançado a
mantinham vínculo com ela por ocasião das partir de uma base inicial já instalada. Essa base
entrevistas, o que não ocorria com a Deloitte era constituída por pequenas equipes de
que mantinha todos em seu quadro até as profissionais recrutados na própria empresa e no
datas das entrevistas. mercado e envolvidas com os projetos existentes.
À base inicial seriam agregados os componentes
A dimensão do reconhecimento pelo mercado é
de conhecimento técnico e de negócio disponíveis
a que aparecia com a melhor avaliação pelos
nas equipes das adquiridas, além da própria
gestores, chegando a se manifestarem de forma
capacidade como força de trabalho dessas pessoas.
até entusiasmada. Tanto a Deloitte como a
Promon reputavam essa dimensão como a de Muito pouco desse conhecimento estava
maior sucesso. formalizado nas empresas adquiridas. Essas
empresas dependiam muito das pessoas e,
A Deloitte passou a ser considerada pelas grandes
portanto, o que se estava adquirindo era
empresas e convidada a participar das
basicamente o conhecimento tácito, conforme a
concorrências para esses serviços. Tornou-se
acepção de Nonaka e Takeuchi (1997), detido
capacitada a competir não só para a
pelas pessoas vinculadas a elas.
implementação dos sistemas ERP, mas também
para quaisquer outras especialidades atuais em Não se tratava, portanto, de operações que
TI que os clientes possam necessitar. visassem a transmigração do conhecimento
detido por outros para um grupo interno, da
A Promon conseguiu introduzir a sua marca nesse apropriação absoluta desse conhecimento sem
mercado, sendo conceituada como de grande uma contrapartida para os detentores iniciais
porte, e estava em condições de participar e como ocorreria em outras formas de obtenção
vencer concorrências com gigantes de conhecimento externo como a contratação
multinacionais, de ter parceiros estratégicos em temporária de especialistas ou de consultorias
TI e de ter acesso a novos clientes. (PROBST et al., 2002). Isso nem faria sentido
pois em ambos os casos estudados a equipe das
adquiridas era quatro a cinco vezes maior que a
5.1 Incorporação da base de conhecimento
da compradora. Buscou-se, portanto, fazer com
As duas empresas prepararam-se para a absorção que o conhecimento de ambos os grupos fosse
das adquiridas com maior ou menor compartilhado criando uma nova base única e
aprofundamento, dependendo inclusive das estabelecendo uma sinergia capaz de aproveitar
condições disponíveis naquele momento para isso. o melhor de cada um dos lados.
Dentro dessa premissa, a primeira preocupação era conhecimento, mas adotavam ações nesse sentido
reter esses profissionais que chegavam e, já na nas situações concretas de trabalho, naquelas
formalização da aquisição, foram adotadas atividades cotidianas e fundamentais para o
salvaguardas nesse sentido por meio de cláusulas de desenvolvimento do negócio, desde a definição
permanência dos sócios das adquiridas e de de estratégias até a operação dos serviços, que
comprometimento de manutenção de uma levaram ao aprendizado.
quantidade de pessoas equivalente à existente à época
A Promon até estruturou algumas atividades
da aquisição. Caso não cumpridas essas exigências,
extraordinárias mais voltadas para a integração
o valor de venda negociado seria reduzido.
das equipes no contexto do grupo empresarial,
Além dessas condições direcionadas mas esse era apenas o ponto de partida e um
exclusivamente aos sócios, foram adotados instrumento a mais de aprendizado. Instituiu
outros mecanismos de incentivo à adesão e à eventos mensais informais mais voltados para a
permanência dos novos empregados. integração social, programou eventos mais
Obviamente, nenhum dos colaboradores das estruturados, com participação aberta aos que
adquiridas poderia ser obrigado à adesão, ou seja, se interessassem, quando eram apresentados
ser transferido para a compradora, como também assuntos técnicos para divulgação do que se
a obedecer, como os sócios, a um período de estava fazendo, proporcionando a possibilidade
permanência na nova empregadora. As políticas de debates sobre o tema. Ainda, realizava
de recursos humanos das empresas foram reuniões de coordenação para identificar
utilizadas nesse sentido, sendo enfatizados os iniciativas em que se pudesse aproveitar a sinergia
pontos considerados como fortes em cada uma
entre os negócios e também integrar equipes.
das empresas: a Deloitte enfatizando o binômio
‘conhecimento e carreira’ e a Promon a Comparando os relatos com a espiral de criação
possibilidade de participação acionária, do conhecimento descrita por Nonaka e Takeuchi
distribuição de dividendos e de lucros e a (1997), são observadas algumas atividades típicas
remuneração por performance. No caso dos de cada um dos modos de conversão: socialização,
sócios, a Promon incluiu ainda uma participação externalização, combinação e internalização.
minoritária nos negócios como um todo. A “socialização” é a transmissão de conhecimento
Há aí uma diferença com as operações de fusão tácito. A mescla de pessoas de grupos distintos
e aquisição de caráter defensivo. Nenhuma das com o objetivo de “elaborar propostas juntos”,
empresas adotou alguma forma de seleção dos “ir para os clientes juntos”, citadas por
colaboradores das adquiridas antes ou depois da entrevistados da Deloitte, são formas de
aquisição ou restringiu sua transferência. Foram “socializar” que permitem a observação direta do
absorvidos e mantidos todos aqueles que se modo de atuar das pessoas de cada empresa, como
dispuseram a aderir ao novo empregador. executam determinada tarefa ou, ainda, de como
Essas medidas parecem ter sido eficientes tanto se relacionam com o cliente, entre outras tantas
na adesão, já que a quantidade de pessoas que possibilidades, e levam ao que aqueles autores
não aceitou a transferência foi insignificante, denominam de “conhecimento compartilhado”.
como para a manutenção do quadro, uma vez A “externalização” é a articulação do conhecimento
que não houve rotatividade espontânea além da tácito para conversão em conhecimento explícito.
considerada normal nas estatísticas das empresas. Normalmente essa conversão é provocada pelo
Nenhuma das empresas elaborou o que poderia diálogo e pela reflexão coletiva. O processo tem
ser chamado de um “plano mestre de gestão do como base o uso seqüencial de metáfora, analogia
conhecimento” para a conversão do e modelo. A Promon utilizou-se de metáforas como:
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