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Este livro foi selecionado para publicação pelo Programa de Pós-Graduação em Direito
da UFMG com recursos do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da CAPES
experteditora.com.br
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SUMÁRIO
AS ESTÉTICAS DO DIREITO
Escrevivências ....................................................................................77
(Isabella de Araújo Bettoni, Thaís Lopes Santana Isaías)
Por que tão colonial? Uma crítica da critical legal conference 2021 ........307
(Igor Viana, Vanessa Vieira)
MANIFESTO PARANGOLEI
“A ciência da abeia,
da aranha e a minha
muita gente desconhece”
João do Vale, Na asa do vento, 1981
129 Argumento, ao lado de Simas e Rufino, que a apreensão dos modos de existência
distintos da matriz moderna da religião – com a noção de “sincretismo” – e do direito –
com a noção de “pluralismo” – são mais projeções coloniais, que se valem da linguagem
culturalista, do que descrições fidedignas do que fazem ou entendem os outros: “A noção
de sincretismo vinculada à ideia de um arranjo entre referenciais culturais distintos,
em que os mesmos são colocados em justaposição com um determinado fim tático,
é redimensionada quando mirada a partir das miudezas presentes nas práticas
cotidianas. O que se percebe no pluriversalismo das manifestações codificadas nas
bandas de cá que se apropriam a simbologia do santo católico é um amplo repertório
de práticas cosmopolitas, híbridas, ambivalentes e inacabadas. Essas inúmeras
reinvenções pincelam referenciais culturais distintos para produzir outra coisa não
possível de ser totalizada em um único termo.” (2018, p. 68)
130 “Angoleira/o” é a forma como adeptas(os) da nação angola de candomblé se auto-
identificam. A milonga tem a ver, nesse universo, tanto com determinadas composições
étnico-culturais que formam sua matriz generativa quanto com certa permeabilidade
às relações minoritárias, como a afro-indígena. A relação e a geração sempre guardam
muito de mágico e de imprevisível, donde milonga é também mironga, em sentido
popular.
139 Segundo Derrida, há algo – no mundo e no mundo dos conceitos – que não está
nem vivo nem morto, nem presente nem ausente, mas que se espectraliza. Para pensá-
lo é que serve a espectrologia: “It does not belong to ontology, to the discourse on the
Being of beings, or to the essence of life or death. It requires, then, what we call, to
save time and space rather than just to make up a word, hauntology. We will take this
category to be irreducible, and first of all to everything it makes possible: ontology,
theology, positive or negative onto-theology.” (Derrida, 2006, p. 63)
140 A condição de pesquisador(a)-iniciado(a) não é estranha à antropologia das
religiões afro-brasileiras. Nelas, “o incentivo para que o antropólogo se torne um
membro do grupo, atuando nos quadros organizacionais e religiosos dos terreiros,
tem sido frequente desde os primeiros trabalhos de campo nessa área” (Silva, 2006,
p. 89).