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DIREITO E PODER NA EUROPA MEDIEVAL – apresentação Amanda

Franco

1) Quatro pressupostos ordenadores: 1.1) historicidade do direito; 1.2)


experiência jurídica; 1.3) constituição unitária; 1.4) multiplicidade de
ordenamentos (GROSSI, 2014, pp. 22-40).

2) Transição para a Idade Média e periodização medieval – características

2.1) Ordem política medieval: inaugurada pelo início da crise do Estado


Imperial no século IV – ruptura e esgotamento da capacidade unificadora
(GROSSI, 2014, p. 53-57).

2.2) Transição entre direito antigo e medieval: Séculos IV e VI; fusão entre
direito romano e costumes germânicos: aproximadamente até o Século XI;
intensificação das transformações e surgimento das primeiras premissas
de unicidade política e jurídica: entre os Séculos IX e XII (SCHIOPPA, 2014,
p. 14).

2.3) Especificidade histórica e seus instrumentos interpretativos.


Unicidade coesa composta por períodos distintos. Entre séculos V e XI:
fundação – acentuado naturalismo-primitivismo. Após séculos XI-XII:
edificação – sofisticação do fenômeno normativo (GROSSI, 2014, p. 47-49).

2.4) Reinos germânicos: estrutura e organização nômade e militar. Direito


baseado em costumes. (SCHIOPPA, 2014, p. 29-30).

2.5) Transformações jurídicas entre os Séculos V e VI: relações entre os


povos germânicos e romanos – novos sistemas normativos baseados nas
transformações e fusões entre os sistemas germânicos e romano (SCHIOPPA,
2014, p. 29).
2.6) Transformação das relações entre Igreja e poder político no século
IV: da clandestinidade para a exclusividade oficial (SCHIOPPA, 2014, p. 23).

2.7) Igreja: influência sobre o direito e instituições políticas (SCHIOPPA, 2014,


p. 20- 21).

2.8) Origem do direito canônico: essencialidade do texto religioso e seus


conflitos de sentido – necessidade de harmonia em suas prescrições
(SCHIOPPA, 2014, p. 21 - 23).

3) Direito medieval e suas relações com a política e religião –


características mais destacadas.

3.1) “O declínio da cultura jurídica”: formação do direito medieval altamente


marcada pelo naturalismo e pelo primitivismo (GROSSI, 2014, p. 80 – 87).

3.2) “A incompletude do poder político”: crise das estruturas políticas


romanas – “vazio” político = falta de vocação totalizante. Soberania (GROSSI,
2014, p. 49-59).

3.3) Autonomia jurídica: falta de “interesse” da política em relação ao direito,


com interesse condicionado a questões relacionadas ao controle e
administração. Fenômeno jurídico desvinculado dos regimes políticos
transitórios (GROSSI, 2014, p. 60 – 64).

3.4) Pluralismo: enfraquecimento do mecanismo estatal romano a partir do


século IV e tolerância a distintos processos de formação da experiência
jurídica. Convivência entre variadas fontes e esquemas de ordem (GROSSI,
2014, p. 64 – 67).

3.5) Factualidade e reicentrismo: centro da experiência jurídica na sua


efetividade a partir dos fatos, e não na validade. Deslocamento dos sujeitos
para as coisas, que, assim, a elas vinculam os sujeitos e grupos de sujeitos
(GROSSI, 2014, p. 69 – 72; 89 – 93).

3.6) Historicidade: condicionamento ao próprio tempo histórico.


Características centrais da experiência jurídica medieval como frutos das
estruturas sociais na qual se origina e consolida (GROSSI, 2014, p. 74 – 75).

3.7) Comunidade e ordem jurídica: indiferença à individualidade e direito


como ordem jurídica sob a unicidade da experiência jurídica medieval
(GROSSI, 2014, p.93 – 107).

3.8) Ordem e estruturação social e jurídica: formação entre os séculos IV e


VI. Divisão entre Ocidente e Oriente. Subdivisões administrativas em três
hierarquias distintas – militar, civil e funcional (SCHIOPPA, 2014, p. 15- 16).

3.9) Função Judiciária: exercida em instância superior pelo imperador, por


intermédio dos juízes centrais (SCHIOPPA, 2014, p. 16-17).

3.10) Fontes do direito: concentração da produção normativa no Imperador.


Transformação do sistema de fontes - duas categorias: 1) as fontes clássicas
não em desuso e 2) as constituições imperiais. As intervenções se davam em
quase todos os campos do direito. Corpus Iuris, século VI: pretensão de
Justiniano em unificar o direito em uma fonte a ser aplicada em todo o Império
(SCHIOPPA, 2014, p. 16-19).

3.11) Estado e Igreja: limites entre autoridade política e religiosa, conflitos,


desenvolvimento da religião e relações com a construção do direito
(SCHIOPPA, 2014, p. 24 - 29).

3.11) Estruturas públicas, reino e Império: séc. VIII – fortalecimento das


relações com a Igreja; conquistas militares, profunda reestruturação da
administração e renascimento do Império (SCHIOPPA, 2014, p. 37- 39).
3.12) A “era feudal” – séculos IX – XI: origem das relações sintetizadas por
um vínculo de prestação entre sujeitos de status sociais distintos (SCHIOPPA,
2014, p. 40 e ss).

3.13) Notários, juízes e formulários: em um contexto de cultura jurídica


quase inexistente, essas figuras, que operavam o direito na prática, foram
responsáveis por deixar os registros escritos do direito da época (SCHIOPPA,
2014, p. 49 – 52).

3.14) A Igreja Feudal - Séculos VII - XI: relações próximas entre funções da
igreja e da vida civil (SCHIOPPA, 2014, p. 42 e ss.).

3.15) Justiça – Séculos IX – XI: diversas ordens de juízes para procedimentos


de naturezas distintas (SCHIOPPA, 2014, p. 43 e ss.).

3.16) Séculos XI e XII – maturidade e continuidade: dinamismo,


desenvolvimento e complexidade do direito e de suas relações. Comércio e
moeda. Escolas. Circulação de ideias. Transformações que se assemelham
mais a um tipo de maturidade medieval do que uma ruptura. Características
indicativas de continuidade (GROSSI, 2014, p. 157 – 160).

3.16.1) Elementos indicativos de continuidade: variedade de fontes e lex


como revelação (GROSSI, 2014, p. 160 – 178).

3.17) Os costumes e a cultura jurídica (SCHIOPPA, 2014, p. 45-46).


- As classes: eram divididas entre o clero, a nobreza e os não nobres. Cada
uma dessas classes se dividia internamente e comportava status de poder
diversos em seu interior.
Servos: ligados a terra, não possuíam liberdade movimento, gozo dos bens
comuns e estavam vinculados às decisões do senhor também em âmbito
familiar, apesar de poderem formar família e adquirir bens.
Colonos: libertos que trabalhavam diretamente ou administravam em locação
a terra de um senhor sob um vínculo jurídico de prestação.
Livres: proprietários de terras não enfeudadas ou não afetadas por locação.
Nobres: nobres senhores de terras, com prerrogativa de administrar e julgar
em seus territórios (“privatização dos poderes públicos na Alta Idade Média”).

3.18) Formação de costumes locais: costumes são fenômenos dinâmicos,


suscetíveis a mudanças profundas e imprevistas. Os costumes locais eram
aqueles desenvolvidos por distintos povos convivendo em um mesmo território
ao longo do tempo – séculos – e que acabavam por se impor como direito
comum a todos os locais (SCHIOPPA, 2014, p. 46-47).

3.19) Papel da ciência na sociedade tardo-medieval. “Dimensão


sapiencial”: elemento indicativo de mudança. Escolas, circulação de ideias e
desenvolvimento doutrinário. Ciência como central na sociedade medieval.
Caminho para a verdade, busca de unicidade e de ordem. Desenvolvimento
robusto da ciência jurídica em esquemas organizativos. Corpus Iuris como
base da edificação da experiência normativa. Glosadores e comentadores.
Interpretatio (GROSSI, 2014, p. 178 – 212).

3.20) Elementos indicativos de continuidade entre períodos: aequitas,


costumes, multiplicação das figuras jurídicas, comunidade sobre o indivíduo e
dimensão factual do direito (GROSSI, 2014, p. 217 – 247).

3.21) Reforma da Igreja: a Reforma gregoriana declarava a autoridade do


papa sobre toda a Igreja e também sobre o Imperador, permitindo inclusive sua
excomunhão. Coleções canônicas – supremacia do papa e autonomia em
relação ao poder secular – reforma da Igreja vence os costumes (SCHIOPPA,
2014, p. 53-55).

REFERÊNCIAS:

GROSSI, Paulo. A Ordem Jurídica Medieval. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

SCHIOPPA, Antonio Padoa. História do Direito na Europa (trad.: Marcos


Marcionilo, Silvana Cobucci Leite, Carlo Alberto Dastoli). São Paulo: Martins
Fontes, 2014.

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