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CENTRO UNIVERSITÁRIO BRASILEIRO - UNIBRA

Farmácia – Biologia – Biomedicina


Disciplina – Estágio
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Caso Clínico - Microbiologia


Nota

Alunos (as): Matrícula:


Eduardo Nascimento Silva 2019108565
Felipe Harrison Gomes Agra 2019108895

Laboratório: Análises Clinicas Curso: C.biológicas Turma: 8AM Turno: Manhã


Preceptor (a): Andrezza Moreira Registro do Conselho: 15162

Coqueluche em adulto: relato de um caso

Euardo Nascimento
Silva, Felipe Harrison
Gomes Agra
PALAVRAS-CHAVES: Bordetella Pertussis, Coqueluche, Tosse Convulsa.

1. INTRODUÇÃO
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada por bactéria. Ela
está presente em todo o mundo. Sua principal característica são crises de tosse seca. Pode
atingir, também, tranqueia e brônquios. Ela pode também ser conhecida como tosse
comprida, tosse ruidosa, tosse convulsa ou tosse com guincho, sendo uma doença infecciosa
aguda, imunoprevenível e altamente contagiosa, causada pelo coco-bacilo gram-negativo
Bordetella Pertussis.

Relato de caso de coqueluche em adulto de 55 anos, diagnosticado pelo quadro clínico


compatível, pela cultura e reação em cadeia da polimerase (PCR) de material coletado com
swab alginatado do nasofaringe, com o auxilio dos demais exames adicionais. Conclui-se,
após revisão da literatura médica, que este caso serve de alerta para o fato de que a proteção
vacinal da infância se perde após alguns anos, sendo importantes os reforços durante a idade
adulta, já que esta é uma doença considerada reemergente, que provoca grande sofrimento e
complicações sérias, principalmente em adultos e nas crianças pequenas.
2. DESCRIÇÃO DO CASO

Paciente masculino, 50 anos, preto, aposentado. O paciente Relatou o inicio dos sintomas há 15 dias com
quadro de resfriado comum, e foi evoluindo com tosse seca intensa, convulsiva e quintosa, que se
apresentava como um ruído inspiratório em forma de guincho. Esses sintomas estavam associados a vômitos e
pioravam quando o paciente ia dormir. Eram crises que causavam dores intensas, que deixavam o paciente em
estado de quase desmaio e em risco de lipotimia. O paciente relatava temor de vir a sofrer queda de
proporção perigosa durante esses episódios. Não havia febre, diarreia, anorexia, dispneia ou sibilância e tampouco
história prévia semelhante.

Figura 1- Identificação das manifestações clínicas apresentadas pelos casos de coqueluche, Rio Grande do Norte, Brasil, 2011-2014

Fonte - 6 Cad. Saúde Colet., 2017, Rio grande do norte, 25 (4): 453-459

Paciente não tabagista, não etilista, sem relatos de tuberculose, exposição a poeiras, uso crônico de
medicamentos, drogas ilícitas ou contato com pessoas com quadro semelhante ao seu. Após ter sido tratado para
infecção respiratória na sua cidade de origem, sem melhora clínica, foi encaminhado ao consultório para
avaliação pneumológica. Ao exame físico, estava em bom estado geral, sem adenopatias axilares ou
supraclaviculares palpáveis, acianótico, anictérico, afebril, eupneico, sem hipocratismo digital. Ausculta pulmonar
e cardíaca normal. Pressão arterial normal, exame cardiovascular e do abdome sem particularidades. Tórax
simétrico, sem abaulamentos e/ou retrações, expansibilidade torácica preservada e simétrica. Investigação
laboratorial: hemograma com 15.000 leucócitos, sem desvio, hemoglobina de 15,9 g/dl e hematócrito de 50,4%,
VSG normal. Rx de Tórax normal. Função renal preservada e glicemia normal. Diante desse
quadro clínico, solicitamos cultura e PCR de material colhido com swab alginatado do rinofaringe para Bordetella
pertussis. Enquanto esperava o resultado desses exames, foi-lhe prescrito azitromicina. Esses exames foram ambos
positivos. Não foi solicitado pesquisa de adenovírus e clamídia devido à positividade da cultura e PCR. Com o
correr dos dias, a intensidade e o número de crises de tosse convulsa foi reduzindo paulatinamente e, após 2 meses,
o paciente estava assintomático.
Foi solicitado o exame clinico de hemograma completo, colesterol, EAS, exame de bacilocópico onde foi dado o
resultado:

VALOR OBTIDO REFERENCIAL


Hematrócito 50,4% 40% a 54%
Hemoglobina 15,9 (13.50 a 18) g/dL
VCM 85.3 82.0 a 94.0 fL
HCM 27.3 27.0 a 33.0 pg
C. H. C. M 31.9 32.0 a 37.0 g/Dl
R. D. W 14.7 11.0 a 16.5 %
Plaquetas 239 150 a 450 mil/mm³
Neutrófilos 57 4247
Eosinófilos 1 75

Glicose
Resultado ................... 104 Valor de Referência:
Prematuro: 20-60
RN : 40-60
Crianças : 60-100
Adultos : 60-99

Creatina 0.87 0,6 – 1,2 mg/dL

Tligicerídios
Resultado ................... 65 Valor de Referência:
Ótimo : < 150
Moderado : 150 a 199
Elevado : 200 a 499
Muito elevado: > 500

Leucócitos 15000 5000 a 10000/ mm3

Colesterol Valor de Referência:


Baixo : < 40
Desejavel: > 59
Resultado ................... 47

EAS Negativo
Baciloscopia de raspado intradérmico Negativo

EXAME RESULTADO
PCR de material colhido com swab alginatado do rinofaringe para Bordetella pertussis Positivo
Figura 2 - Radiografia de tórax normal

Fonte – Freepik
3. DISCUSSÃO
A causa de jovens e adultos contraírem a doença está atribuída à perda da imunidade vacinal
ou da imunidade conferida pela doença natural e sabe-se que após cerca de dez anos da
última dose vacinal, ocorre perda da proteção, tornando o adolescente suscetível à infecção
(10). A partir de jovens infectados, a doença seria contraída pelos adultos e crianças
pequenas.

Médicos clínicos devem se atentar para evitarem a proliferação da doença na nossa


sociedade, diagnosticando e tratando prontamente essa infecção, para evitar epidemias
desastrosas. Nos adultos, o sofrimento da doença é maior que nos jovens, embora a
morbidade e mortalidade seja bem maior entre crianças pequenas, que nem receberam ainda
a primeira dose vacinal.

Os sintomas clínicos geralmente são divididas em três fases : catarral, paroxístico e de


convalescença. Na fase catarral, há coriza, febre baixa, tosse seca, olhos lacrimejantes,
similar a um resfriado comum, com duração de uma a duas semanas. A hipótese de
coqueluche é aventada no estágio paroxístico, período de tosse intensa, muitas vezes com um
ruído respiratório característico, devido ao esforço inspiratório massivo que pode produzir o
“guincho” (resultante da inalação forçosa do ar contra a glote estreitada) (13). O vômito é
comum após os paroxismos, sobretudo à noite, podendo ocorrer, em média, 15 ataques em 24
horas. A tosse tem chanche aparecer somente após adormecer profundamente e aí então se
observa o sintoma: medo de dormir. A diminuição dos sintomas paroxismos podem ocorrer
após duas a três semanas do início dessa fase, que pode dura entre duas e seis semanas,
podendo chegar a doze semanas. A febre está pode estar associada a complicações da
doença. Na Fase de convalescença, os sintomas diminuem gradativamente.

O mais importante meio de diagnóstico é a cultura da B. Pertussis.O segundo método para


identificação da B. pertussis é a técnica de DFA. teste direto para anticorpos fluorescentes
em secreção nasofaríngea. Também existe método PCR, técnica de reação em cadeia de
polimerase, de amostras nasofaríngeas, é rápido e pode ser realizado desde que acompanhado
da cultura. No hemograma, observa-se leucocitose importante (20.000 – 50.000 céls./mm3)
com linfocitose absoluta e característica no final da fase catarral e paroxística. A VSG é
normal ou baixa.

O tratamento antimicrobiano, quando feito na fase catarral, pode modificar o curso da


doença, atenuando os sintomas e reduzindo o tempo de transmissão. Porém a
antibioticoterapia é recomendada nas fases mais tardias da doença, com foco na cura
bacteriológica, podendo limitar a disseminação dos organismos para outros. O medicamento
escolhido é estolato de eritromicina, na dose de 40 a 50 mg/kg/dia (máximo de 2 g/dia), via
oral, dividida em quatro doses, durante 14 dias.

O caso que foi relatado, alerta para que incluamos a coqueluche nas hipóteses diagnósticas
dos casos de tosse de mais de 14 dias e para a importância das doses de reforço da vacina a
cada 10 anos, a partir de 12 anos de idade, para toda a população. Concluindo que, a
manutenção de altas coberturas vacinacinais e de um sistema de vigilância epidemiológica
eficiente e eficaz são fundamentais para evitar a reemergência da coqueluche no Brasil.
4. ANEXOS

5. REFERÊNCIA

1. STEFFEN, Paulo Vartan; STEFFEN, Mairam Santos. Coqueluche em paciente adulto: relato de caso
e revisão da literatura. Revista da AMRIGS, v. 54, n. 1, p. 59-62, 2010. Disponivel em:
https://web.archive.org/web/20180411194447id_/http://www.amrigs.com.br/revista/54-01/14-
337_coqueluche.pdf. Data de acesso: 18 setembro de 2022.

2. SCIELO. Reemergência da coqueluche: perfil epidemiológico dos casos confirmados <


https://www.scielo.br/j/cadsc/a/Vycrt9BvRs7JcCCzkD864by/?lang=pt#> Acesso em: 18 de setembro
de 2022.

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