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CASO CLÍNICO

RAFAEL HALLES DO VALLE


CASO CLÍNICO

Paciente do sexo feminino, 55 anos, branca, professora e natural e procedente de Salvador, Bahia,
procurou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com queixas de tosse e febre há 3 dias. Paciente
relata ter apresentado quadro prévio de resfriado com cefaléia, dor de garganta e coriza há 8 dias.
Refere que há cerca de 3 dias apresenta tosse produtiva com expectoração amarelo esverdeado, além
de febre alta (mensurada 39ºc). Evoluiu com dor torácica ventilatório dependente à direita, difusa e de
intensidade 5 em uma escala de 0 a 10, dispneia aos grandes esforços, com palpitações, escarros
hemáticos e nega ter utilizado medicações, apresentando  melhora quando está em repouso. Relata ter
artralgia, é hipertensa há 5 anos e faz uso de Losartana. Afirma ser tabagista há 15 anos, 01 cartela/dia.
CASO CLÍNICO

• Ao exame físico, REG, LOTE, acianótica, descorada +/++++, linfonodos palpáveis em


cadeia cervical posterior, PA = 140x90mmHg, FC = 100bpm, FR: 28ipm e febril (39ºC).
O exame de aparelho respiratório revelou expansibilidade diminuída na base de
hemitórax direito, macicez à percussão e FTV aumentado nesse local. 
CASO CLÍNICO

• Quais hipóteses?
A paciente foi orientada a realizar exames laboratoriais para investigação de Pneumonia,
Tuberculose e Embolia Pulmonar. 
• Quais exames pedir?
Hemograma – Hb: 12,2 mg/dl (VR:12-16),  Ht: 36,1% (VR: 35-45), Leucócitos: 14500
(VR: 4500-11000), Plaquetas: 350.000 (VR:150.000 – 450.000); Exame bacteriológico de
escarro – Gram mais de 25 leucócitos por campo e menos de 5 células epiteliais por campo,
presença de cocos gram positivos aos pares; 
CASO CLÍNICO

• Radiografia de tórax, apresentou sinais de hiperdensidade na base do hemitórax direito. O


tratamento foi realizado com amoxicilina 500 mg, 3 vezes ao dia durante 7 dias
PNEUMONIA
ADQUIRIDA NA
COMUNIDADE
RAFAEL HALLES DO VALLE
PNEUMONIA DA COMUNIDADE

• Infecção dos alvéolos e bronquíolos, podendo ser causada por bactérias, vírus e fungos
• Acomete o paciente fora do ambiente hospitalar ou até 48 horas de sua admissão
PNEUMONIA

Pacientes que possuem pneumonia:


• Hospitalizados em pronto atendimento por 2 ou mais dias
• Provenientes de asilos ou casas de saúde
• Receberam atb endovenoso, quimioterapia ou tratamento de escaras nos 30 dias anteriores à
doença
• Estejam em tratamento em clínicas de diálise

Classificados como Pneumonia adquirida em hospital.


EPIDEMIOLOGIA

• Em 2017, houve queda da mortalidade por infecção do trato respiratório inferior em 36%
entre 2007 e 2017 em crianças menores de 5 anos , mas aumentou 34% em idosos com mais
de 70 anos.

• As doenças do aparelho respiratório constituem a quinta causa de óbitos no Brasil. A


pneumonia é a segunda mais frequente, com 35.903 mortes em 2005, sendo 8,4% delas em
menores de 5 anos e 61% nos maiores de 70 anos.
PATOGÊNESE

As vias aéreas inferiores são estéreis

Os agentes infecciosos penetram as vias aéreas inferiores por:


• aspiração das vias aéreas superiores
• inalação de aerossóis
• via hematogênica

Influenzae e Covid19 podem anteceder e facilitar a


ação de pneumococo,S. aureus e H. influenzae
• PAC grave
• Não respondedores ao
ETIOLOGIA ATB empírico
• Internados UTI

Vírus: 10-30%
• Streptococcus pneumoniae: 16-60%
• Influenza A e B
• Haemophilusinfluenzae: 3-38% • adenovírus tipos 3, 4 e 7
• parainfluenza
• Outros Gram negativos (Klebsiella pneumoniae):
• vírus sincicial respiratório
7-18%
• Staphylococcusaureus: 2-5%
• Legionellapneumophila: 2-8%
• Mycoplasmapneumoniae: 1-20% Germes atípicos
• Chlamydophilapneumoniae: 6-12%
FATORES DE RISCO

• Alcoolismo, tabagismo, imunodepressão, hospitalização e idade são fatores de risco.

• Tratamento empírico – Identificação dos agentes de PAC em apenas 50% dos casos.

• Comorbidades mais presentes: insuficiência cardíaca, demência senil, DPOC, doença


cardiovascular e diabetes.
CLÍNICA

• Tosse (80%) com ou sem expectoração


• Febre 50% >37,8°C Idosos:
• Dispnéia • Confusão mental, diminuição da
capacidade funcional
• Dor torácica • Descompensa a doença de base
• Gerais (fadiga, sudorese, calafrios)
• Extrapulmonares (cefaléia, mialgia, artralgia)
• Ausculta:
- estertores (mais frequentes)
- compatíveis com constritores (menos frequentes)
PNEUMONIA EM PACIENTES COM AIDS

Etiologia depende do grau de imunodeficiência:


• CD4 > 200: semelhante imunocompetente
• CD4 < 200: pneumocistose, maior incidência de S. aureus e P. aeruginosa
• CD4 < 100: criptococose
• CD4 < 50: citomegalovírus, micobactérias atípicas
DIAGNÓSTICO

• Critérios diagnósticos – quadro radiológico compatível + 1 critério maior ou 2 critérios menores


TOMOGRAFIA E USG DE TÓRAX

• Na detecção de complicações, tais como derrame pleural loculado e abscesso

• Na presença de um quadro clínico exuberante associado à radiografia normal

• Dúvida da presença ou não de infiltrado radiológico


DIAGNÓSTICO

• PCR

• PROCALCITONINA
TRATAMENTO

• CONFUSÃO
• UREIA >50
• RESPIRAÇÃO > 30
• BLOOD PRESSURE (PAS < 90 E PAD <60)
• 65 (MAIORES DE 65 ANOS)
CURB-65
CRB-65
TRATAMENTO

• Tratamento empírico inicial baseado no patógeno provável

• Tempo antibiótico inicial < 4-8 horas

• Ajustar após identificar agente


TRATAMENTO

• Previamente sadio e sem uso ATB últimos 3 meses:


Amoxicilina ou amoxicilina + ácido clavulânico ou macrolídeos: azitromicina ou claritromicina

• Com fatores de risco, doença mais grave, uso recente de antibióticos:


B-lactâmico + macrolídeo

• Duração: 5 a 7 dias
• * Quinolonas somente se alergia aos anteriores
TRATAMENTO

• ENFERMARIA
• Cefalosporinas de terceira geração(ceftriaxona ou cefotaxima) ou ampicilina/sulbactam + um
macrolídeo (azitromicina ou claritromicina)

• Amoxicilina + ácido clavulânico EV

• Levofloxacino ou moxifloxacino ou gemifloxacino em monoterapia

• Duração: 7 a 10 dias
TRATAMENTO

• UTI

• Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) ou ampicilina/sulbactam+


um macrolídeo (azitromicina ou claritromicina)

• Cefalosporinas de terceira geração(ceftriaxona ou cefotaxima) + quinolona respiratória

• Duração:7 a 14 dias
FALHA TERAPÊUTICA

• Definida como ausência de melhora ou piora do quadro clínico e radiológico após 48-72
horas
• Todos os casos deverão ser reavaliados para falha terapêutica
REFERÊNCIAS:

• CORREA, Ricardo de Amorim et al . Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em


adultos imunocompetentes - 2009. J. bras. pneumol.,  São Paulo ,  v. 35, n. 6, p. 574-601,  June  2009 .  
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-
37132009000600011&lng=en&nrm=iso>. Access on  16  Feb.  2021.  
https://doi.org/10.1590/S1806-37132009000600011.
• SANTOS e FONSECA CMC. Pneumonias em adultos, adquiridas na comunidade e no hospital. Medicina,
Ribeirão Preto 31: 216-228, abr./jun. 1998.
• MEDCEL

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