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Docente: Alexander

Discentes: Vitória Almeida e Geiza Oliveira - 4 ° semestre, Ciências Sociais.

MOVIMENTOS INDÍGENAS

Os movimentos indígenas são ações que as comunidades, organizações e os povos,


desenvolvem de forma articulada, em prol de seus direitos. Foram sendo desenvolvidos de
forma simples, a partir de encontros e reuniões, onde detectaram problemas semelhantes entre
eles. Além disso, nesse movimento aparentemente simples, era notável que haviam outros
povos espalhados pelo mundo, que viviam cada um de sua própria maneira, ou seja, temos
aqui como o líder Daniel Munduruku costuma dizer “indígenas em movimento”. Isto
significa que, existe uma pluralidade de indígenas, cada um com seu modo de viver, a
depender de seu território desenvolvem maneiras próprias de viver, lutar e se defender. Essa
articulação política, favorece positivamente ao reconhecer essa diversidade e ao
descentralizar, democraticamente, tornando visíveis os diferentes povos. É importante
ressaltar, a necessidade de afirmar que no Brasil há sim movimentos indígenas, pois negar
isso, é reafirmar o período colonial, é fragilizar, tornar fraco e propício para outras invasões.
Aliás, de fato desde 1970 já existem no Brasil lideranças conjuntas, que inicialmente
reivindicavam: terra, saúde, educação. A partir do momento que se reúnem a outros grupos,
passam a ser em maior quantidade e isso é benéfico, pois alguns direitos vão sendo
conquistados, no entanto, o desafio é conciliar todas as perspectivas desses sujeitos, que ainda
hoje é complexo no mundo moderno. Ademais, foi criado a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), responsável por garantir os direitos dos indígenas, porém, a própria torna-se
contraditória, tendo um papel muitas vezes de colocar os povos uns contra os outros, os
tornando desarticulados. Outro ponto imprescindível de pontuar é que, esse avanço de criar
uma fundação não partiu a partir de um reconhecimento de quão cruel e esmagadora foi o
período colonial, mas por uma ótica que os indígenas eram incapazes de viver fora da tutela
do Estado. Nesse sentido, não há de fato um reconhecimento dos fatos históricos, é na
verdade utilizado outra linguagem, outra ótica que torna visível uma faceta duvidosa e que
ignora a colonização. Dessa maneira, cabe refletir sobre quais pressupostos tratamos ou
deixamos de tratar e porquê?

ABISMOS DO RECONHECIMENTO

Há abismos que desenham o percurso curvo, denso, tenso, tortuoso e outros adjetivos
que ainda assim não caberiam a significação do reconhecimento, tendo em vista que outros
processos históricos foram capazes de forjar um olhar sobre outras formas de existência não
europeias para torná-la unicamente legítima e usar essa ideologia para consolidar e centralizar
sua maneira de conhecimento. Ou seja, quando falamos de reconhecimento é necessário falar
que o processo do reconhecimento é incansavelmente atravessado por diversas fissuras e
violências quando pensamos nos processos históricos. As movimentações indígenas são
atravessadas constantemente por um sistema de violências intermináveis, e essas violências
nem sempre são físicas ou diretas em primeiro momento, antes perpassam por vias
institucionais. A partir disso, pode-se pensar que as outras pessoas que são aqueles que
praticam essa violência não são violentados nesse mesmo processo de reconhecimento,
porque já são auto reconhecidos nesta instituição de reconhecimento. Nesse sentido, Fanon
expressa que em uma sociedade racista, não é permitido que uma pessoa racializada se
reconheça como pessoa. Aliás, a própria identidade de si depende da relação com o outro,
portanto, em uma sociedade racista o negro ou indígena ao buscar a si próprio na relação com
o outro, ele não encontra a si próprio, não um outro que o compõe, mas encontra uma fixação
de um “eu” prévio e descaracterizado e violado pelo olhar do outro, um “eu” racializado. É
significativo pensar como a ética está relacionada com a questão do reconhecimento, e até
onde ela vai ou deixa de ir. Sendo assim, Nancy Fraser vai pensar que o sujeito é produzido a
todo momento na ação e relação. O sujeito só emerge enquanto sujeito no momento em que
ele se encontra com o outro, ou seja, que formula para si um suposto de alteridade. Isto é,
como é que "eu", na “cena do reconhecimento” consigo em alguns momentos reconhecer
alguém como outro, mas um outro com o qual eu devo ter responsabilidade ética, ou seja, de
alguma maneira eu preciso pensar com esse outro políticas que salvaguardam a vida da
mesma maneira que eu quero que a minha seja salvaguardada, ou como é que na cena do
reconhecimento "eu" não reconheço esse outro em alguém como eu. Esse outro passa por um
processo de desumanização. E essa desumanização passa a ser justificada por uma ideia de
violência ética, isto é, políticas de extermínio desse outro. Portanto, não há reconhecimento,
se é permeado por perda de identidade, autonomia, se a relação é de subserviência.

REFERÊNCIAS: GUAJAJARA, S.; RIBEIRO SANTANA, C.; LUNELLI, I. C.;


BRITO PRATA FERREIRA, B.; FREITAS BRAGA, R.; M. BONE DOS SANTOS
GUAJAJARA, L. A. Uma anatomia das práticas de silenciamento indígena: relatório sobre
criminalização e assédio de lideranças indígenas no Brasil : INDIGENOUS PEOPLES
RIGHTS INTERNATIONAL; ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL.
Uma anatomia das práticas de silenciamento indígena: relatório sobre criminalização e
assédio de lideranças indígenas no Brasil. Filipinas: Indigenous Peoples Rights International,
2021. 168p. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, v. 7, n. 2, p.
380–387, 2021. DOI: 10.26512/insurgncia.v8i2.38600. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/38600. Acesso em: 2 ago. 2022.
Baniwa, G. L. (2014). Movimentos e políticas indígenas no Brasil contemporâneo. Tellus,
(12), 127–146. https://doi.org/10.20435/tellus.v0i12.136.

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