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A par do seu estudo, Becker incidiu sobre uma cultura de fumadores de marijuana
dentro do conjunto de músicos de jazz. Foram realizadas cerca de 50 entrevistas dentro do
conjunto, para além da recorrente observação participante (método qualitativo). (Modo e
método de estudo)
Segundo Becker, todo fumador de marijuana seguia uma linha progressiva na qual a
chamava de a teoria das 3 fases de um fumador de marijuana: fumador principiante,
utilizador ocasional e o utilizador regular. O fumador principiante é o estado inicial a todo o
fumador de marijuana. Por vezes, este tipo de fumador nem gosta de fumar, pois não domina
a técnica. É trabalho do grupo no qual está inserido de ensinar ao fumador principiante como
deve fazer e de assegurar que fumar marijuana não é errado. A transição do fumador
principiante é um processo progressivo de aprendizagem na qual vai dominando a técnica e
aprendendo a gostar. O utilizador ocasional, como o nome indica, é aquele tipo de fumador
que fuma ocasionalmente e que, por norma, já domina parte da técnica. E, por fim, o
utilizador regular é visto como o que fuma regularmente e que detém de maior técnica. É, por
norma, este tipo de fumador que ajuda no progresso do fumador principiante. (3 fases do
fumador de marijuana)
Afirma também que o progresso pode ser interrompido em qualquer momento e o seu resultado
é, portanto sempre incerto. Dependerá sobretudo da força das interações que se tecem no decurso do tempo no
interior do grupo dos fumadores. (Becker, p. 84) (Comentário de Becker sobre as 3 fases)
Dos estudos feitos dentro do grupo de fumadores de marijuana, Becker notou que, por
vezes, o grupo de fumadores de marijuana era visto como algo que a sociedade desejava
afastar. O ato de fumar marijuana em si era visto, de certa forma, como um comportamento
desviante. Para Becker, um comportamento considerado desvio é todo o comportamento que
transgrida as normas sociais estabelecidas pelo grupo ou sociedade. Fundamenta, ainda, que
existem dois tipos de normas: as de regra legal e não-legal. Ambas as normas afirmam o que
está certo ou errado num grupo ou sociedade. Porém, por outro lado, quando um indivíduo
transgride uma norma legal, tal indivíduo deixará de cometer apenas um desvio e estará,
também, a cometer uma infração ou crime. (Conceito de desvio e de normas)
Notou também que a própria sociedade tende a colocar rótulos sociais nos indivíduos
que nela vivem. Por exemplo, no caso dos fumadores de marijuana, todos os indivíduos que
fumem marijuana serão rotulados como fumadores de marijuana. O problema em si não está
no que fora acabado de comentar. O problema está na parte negativa da teoria da rotulagem
social: toda a ação negativa cometida por tais indivíduos rotulados será apontada como causa
direta da rotulagem. Por exemplo, imaginem um jovem de 19 anos que fuma marijuana há já
2 anos. Durante esses dois anos, tal jovem acabou, dentro da comunidade, por ser rotulado
o tal jovem teve uma discussão grave com os seus pais porque um professor da sua escola
denunciou-o por faltar às últimas aulas da tarde. A ver da comunidade, a partir do rótulo
imposto naquele jovem, a razão de ter faltado às aulas da parte de tarde e de ter discutido com
os pais foi tudo por causa de fumar marijuana. Segundo a comunidade, o ato de fumar
marijuana desencadeou nos outros dois comportamentos. Becker comenta ainda que após um
indivíduo ser rotulado socialmente é muito difícil que ele se livre do rótulo. Apenas uma ação
tão ou mais forte socialmente será capaz de quebrar o rótulo atual ou de o substituir. (Teoria
da rotulagem social)
Becker conclui que o conceito de desviância (o estar de fora) é algo que tem um
sentido bilateral: é uma exterioridade recíproca. O comportamento desviante é tido como uma
cópia negativa do comportamento adequado e no qual nunca se colocam questões. A
desviância é uma propriedade, não do comportamento, mas da interação entre a pessoa que
comete o ato e as que reagem ao ato. (Conclusão do estudo de Becker)