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JUNHO 5, 2017
O meio pelo qual Kohlberg descobriu esses estágios desenvolvimentais nem foi tão elaborado. Entrevistou 72
garotos de 10, 13 e 16 anos dos arredores de Chicago. Metade era de classe média alta e a outra metade, classe média
trabalhadora. Acompanhou longitudinalmente alguns dos sujeitos por cerca de 20 anos. Apresentou-lhes uma série
de dez dilemas morais, sem importar em encontrar a resposta “correta”, mas que eles o explicassem como
chegaram a conclusões.
Os problemas morais eram do tipo do “dilema de Heinz”. Imagine qual seria a reação do pobre Heinz ao descobrir
que sua mulher está morrendo de câncer e o único remédio foi descoberto pelo farmacêutico local. Entretanto, o
farmacêutico está interessado em fazer dinheiro com a descoberta, inflacionando o preço de modo que Heinz não o
possa pagar. Desesperado, Heinz rouba a farmácia. Deveria ter feito isso?
Estágio 3. Relações interpessoais. O ideal de “bom garoto”, ou seja, o que agrada aos outros é bom.
Estágio 5. Contrato social. Acordos democraticamente alcançados sobre valores são bons, cabendo ao indivíduo
determinar o certo e o errado dentro dos parâmetros desses valores.
Estágio 6. Princípios universais. Os princípios de justiça e ética são parte da consciência, sendo questões de
escolhas individuais dentro de princípios axiológicos universais, mesmo que contra as leis e regras socialmente
estabelecidas.
Para Kohlberg nem todos progrediam por esses estágios. Somente uns poucos (citou Gandhi, Thoureau e Martin
Luther King) chegam ao estágio 6. Mas todos em potencial podem alcançar esses estágios, que progridem conforme
a idade.
Impactos
As descobertas de Kohlberg consolidaram o entendimento que a moral não é inata. Todavia, as atitudes morais
tampouco reduzem-se a adesão a parâmetros heteronômicos. Fruto da socialização, os estágios do desenvolvimento
moral ocorrem em fases diferentes para pessoas distintas. Sendo fruto de socialização, há implicações éticas e
jurídicas quanto ao julgamento do comportamento moral alheio.
Críticas
O estudo de Kohlberg acendeu críticas imediatas. A amostra teria o viés masculino e de classe média da região
central dos Estados Unidos, sem considerações com mulheres e outras culturas. A psicóloga Carol Gilligan (1982)
argumentou que mulheres tendem a raciocinar a moralidade diferentemente dos homens, considerando fatores
interpessoais como a compaixão e afeto. Também, o teste de Kohlberg media questões de justiça e não relações de
confiança ou lealdade. Todavia, estudos bibliográficos como o de Snarey (1987) não encontrou divergências
significativas entre culturas e gêneros diversos. Outros psicólogos, como Nancy Eisenberg (1982) refina a teoria de
Kohlberg ao propor avaliar os raciocínios morais próprios e alheios das crianças. Também se deve considerar a
distinção a priori/ a posteriori: o que disseram fazer e o que efetivamente fariam nas situações dos dilemas.
O psicólogo
Nascido de uma família afluente, Kohlberg desfiou as leis de sua época quando transportou refugiados judeus para a
Palestina. Formando em Chicago e em Harvard, fez carreira como psicólogo pesquisador nessa última universidade.
Depois de adquirir uma infecção parasitológica que o atormentava, enfrentou o dilema do suicídio: morreu afogado
na Baía de Boston.
Obras citadas
Gilligan, C. (1982) In a different voice : psychological theory and women’s development. Cambridge, MA: Harvard
University Press.
Eisenberg, N (1982) The development of reasoning regarding prosocial behavior. In N. Eisenberg (Ed.) The
development of prosocial behavior . Academic Press.
[2] A citação atribuída a Rousseau de que “O homem nasce puro; a sociedade o corrompe” não aparece verbatim em
seus escritos. Mas essa ideia é presente em A origem da desigualdade entre os homens e Emílio ou a Educação.
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