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para a implementação
Introdução
Dentre as atividades relacionadas ao ambiente de qualidade das industrias life Science, que incluem as
empresas dos segmentos Farmacêuticos, Cosméticos, Alimentícios, Veterinários, Correlatos e Produtos para a
saúde, existem definições voltadas a implementação de uma cultura e/ou políticas de qualidade as quais são
direcionadas à obtenção e manutenção de um contexto de qualidade, voltado sempre para o desenvolvimento
e/ou implementação de inovações nas áreas.
Utilizando por foco a RDC 17/2010, as Indústrias Farmacêuticas possuem em seu campo de atuação
industrial diversas áreas que trabalham de forma concomitante para a implementação de diretrizes de
qualidade, as quais são complementadas pelas diversas literaturas utilizadas no ambiente industrial
farmacêutico de forma a garantir a busca pelo o fornecimento de produtos ao mercado
com segurança, eficácia e qualidade.
Dentre as áreas que atuam nesse âmbito industrial, existe a área de Validação e Qualificação, que
tem as suas atividades diretamente relacionadas e definidas através de um documento mestre que recebe o
nome de Plano Mestre de Validação, o qual direciona os fluxos e atividades desenvolvidos e traz outros
direcionamentos.
Conforme conta na RDC 17/2010, Validação é o “ato documentado que atesta que qualquer
procedimento, processo, equipamento, material, atividade ou sistema realmente e consistentemente leva aos
resultados esperados” (Capítulo III – Definições, Art. 5º, item LXVIII) da enquanto que Qualificação é o
“conjunto de ações realizadas para atestar e documentar que quaisquer instalações, sistemas e equipamentos
estão propriamente instalados e/ou funcionam corretamente e levam aos resultados esperados. A qualificação e
frequentemente uma parte da validação, mas as etapas individuais de qualificação não constituem, sozinhas,
uma validação de processo” (Capítulo III – Definições, Art. 5º, item LII). Seguindo a linha de raciocínio, bem
como conceitos aplicados a área, entende-se que ambas as atividades devem sempre caminhar de forma
conjunta no desenvolvimento e atendimento às diversas diretrizes e sistemas de qualidade constituindo assim
uma das grandes atividades relacionadas a área industrial life science, porém nenhum projeto de qualidade
pode ser implementado sem que as demais áreas atuantes no ambiente industrial sejam inclusas, uma vez que
de forma isolada essas atividades não conseguem se manter, mesmo que elas atuem de forma robusta na
comprovação das condições de qualidade relacionadas às utilidades, equipamentos, procedimentos de limpeza,
sistemas computadorizados, processos e materiais.
Outra atividade que vem ganhando espaço no ambiente industrial, porém ainda com um conceito
escasso e com pouca informação, mas que está diretamente relacionada ao processo de qualidade abordados
nas políticas e conceitos da Validação de Sistemas é a Validação de Planilhas Eletrônicas, que como o
próprio nome diz, são arquivos eletrônicos que utilizam uma plataforma operacional e que são utilizadas como
“ferramentas de aplicação que visam avaliar e criar uma ampla gama de aplicações para o usuário final,
incluindo customizações estatísticas, análises, criação de um banco de dados local e múltiplas análises” (ISPE,
GAMP5 – A Risk-Based Approach to Compliant GxP Computerized System).
Para isso, serão utilizados como base para a proposta os conceitos gerais relacionados ao Guia de
Validação de Sistemas Computadorizados – GVSC (ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
associado as diretrizes apresentadas no GAMP5 – A Risk-Based Approach to Compliant GxP Computerized
System, desenvolvida e publicada pela equipe do ISPE – Engineering Pharmaceutical Innovation, literatura
essa que apresenta dentre os seus conteúdos o item Special Interest Topics Appendices, Appendix S3 – End
User Applications Including Spreadsheets o qual propõem uma metodologia voltada ao processo, buscando
documentar e regulamentar as formas de implementação de um Ciclo de Vida para as aplicações classificadas
como Planilhas Eletrônicas.
O Ciclo de Vida de um sistema está relacionado ao processo que aborda desde a etapa de Concepção /
Desenvolvimento da planilha, passando pelas etapas de Teste / Implementação e da sua Manutenção e
posterior Descontinuidade.
Dessa forma, para iniciar o processo de validação de uma planilha eletrônica deve-se inicialmente
definir as estratégias e especificações relacionadas ao processo de validação, bem como desenvolver as
diretrizes que estejam alinhadas e sejam trabalhadas de forma eficiente e comum em todo o ambiente
industrial.
Levando por base os conceitos e definições descritos e trabalhados no Guia de Validação de Sistemas
Computadorizados, uma proposta para iniciar e regulamentar os conceitos e diretrizes que serão abordados
dentro da atividade seria através da elaboração / construção de um Plano Mestre de Validação de Planilhas
Eletrônicas (PMVPE), que pode também ser desenvolvido e trabalhado diretamente dentro dos planos de
validação já existentes na empresa entretanto, para garantir um melhor entendimento e compreensão das
políticas e atividades, sugere-se que sejam tratados de forma individual, garantindo assim que os envolvidos
tenha uma tratativa individual voltada ao processo em questão.
No PMVPE, deve-se definir informações importantes relacionadas ao Ciclo de Vida do seu projeto de
validação de planilhas eletrônicas, trabalhando todos os conceitos iniciais, mas não menos importantes,
relacionados a Validação de Sistemas. No Guia de VSC consta que esse documento deve conter no mínimo as
seguintes informações:
Objetivo;
Escopo de atividade;
Sistemática de Aprovação;
Implementação do Plano de Validação;
Políticas de Validação de Planilhas Eletrônicas;
Estratégias de Validação;
Gerenciamento e/ou Controle de Mudanças;
Responsabilidades;
Atividades de Validação.
Mesmo contemplando todas essas informações, deve-se ainda avaliar a necessidade de incluir
informações complementares ao processo de validação de sistemas, permitindo assim que a atividade seja
desenvolvida e implementada de forma eficaz e robusta. Para tanto orienta-se que seja incluso uma etapa
de Avaliação e Categorização da Planilha Eletrônica a qual pode utilizar como base as diretrizes
apresentadas no Appendix S3 do GAMP5, o qual será apresentado posteriormente.
Mediante a essas informações, propõem-se como fluxo para a implementação da atividade de VSC de
Planilhas Eletrônicas a seguinte condição:
Em contrapartida, existe hoje no ambiente industrial Planilhas Eletrônicas que estão em utilização e/ou
com ciclo de validação vigente, as quais vamos classifica-las como Planilhas Legados. Para essas situações,
como já existe uma condição pré-existente, não cabe a elaboração de um RU voltada para a construção da
planilha, uma vez que a mesma pode, em alguns casos, já possuir um controle de versões e uma validação
vigente.
Para os casos onde a planilha legado é validada, sugere-se a implementação de uma reavaliação do
Ciclo de Vida da mesma, levando em consideração a nova metodologia proposta, de forma a garantir a
manutenção e/ou obtenção do status de validação da mesma.
Já a planilha legada que não possui uma validação, sugere-se promover uma avaliação sobre o impacto
das mesmas nas atividades, proposta apresentada na Etapa 3, de forma a garantir se há a necessidade ou não
de implementação do ciclo. Caso positivo, sugere-se desenvolver a RU frente às necessidades do usuário de
forma a implementar toda a política de controle antes de iniciar o processo de validação.
Sistema operacional;
Funcionalidades,
Fórmulas;
Resultados pretendidos;
Tomadas de decisão;
Controle de acessos;
Restrições de uso;
Células editáveis;
Células bloqueadas;
etc.
Em contrapartida, identifica-se necessário também a apresentação de informações contempladas no
GVSC como sugestão de onde propõem-se:
A. Especificação Técnica
B. Especificação Funcional
A Especificação Funcional deverá ser clara, para que em caso de consulta possa ser entendida,
devendo ser preparada e organizada de uma maneira que permita rastreabilidade entre os requisitos do usuário
e as funcionalidades. Dessa forma, seguindo as orientações do GVSC, recomenda-se que as seguintes
informações sejam descritas na especificação funcional:
Detalhes dos aspectos funcionais e de dados do sistema que atenderão aos Requisitos do Usuário,
em uma linguagem clara e compreensível para os usuários;
Todas as limitações do sistema, observando quaisquer divergências entre a funcionalidade fornecida
pelo sistema com relação aos requisitos do usuário;
Todas as funções do sistema;
Descrição das interfaces internas e externas.
Realizada a avaliação de impacto BPx e com a documentação técnica e funcional das planilhas em
mão, é possível desenvolver uma avaliação e classificação da mesma frente as características propostas de
classificação de planilhas eletrônicas do GAMP5, de forma a garantir a melhor estratégia para de
implementação do Ciclo de Vida da mesma.
Para essa avaliação, inicialmente precisamos entender as diferenças presentes entre as categorias
propostas pelo Guia de Validação de Sistemas Computadorizados da ANVISA:
De forma a auxiliar no processo de classificação das Planilhas, pode-se aplicar perguntas simples ao
formulário, de forma que o mesmo possibilite a localização e detecção dos pontos chaves presentes na
planilha. Por exemplo:
Mediante ao preenchimento e resposta dessas perguntas é possível categorizar a planilha dentro das
classificações relacionadas no GAMP5, sugere-se ainda que que seja relacionado as fórmulas principais
utilizadas na planilha de forma a comprovar e ilustrar as informações utilizadas para a classificação.
Em caráter orientativo, sugere-se que sejam identificados e apontados itens relacionados aos processos
de forma a identificar e documentar a correta avaliação dos mesmos dentro das Políticas de Qualidade.
Diagrama 3 – Visão Geral de uma Gestão de Risco – Fonte: Planilhas Confiáveis – 0013 Gestão de Risco em
Planilhas Eletrônicas
Feito isso, inicia-se a confecção dos documentos de qualidade relacionados às Planilhas Eletrônicas
que deve ser iniciado pela confecção de uma Análise de Risco voltada às características Técnicas e
Funcionais da planilha, mediante a utilização da metodologia de análise de risco adotadas dentro das Políticas
de Qualidade utilizadas pela empresa, as quais devem ser baseadas na determinação do impacto da planilha
eletrônica, onde:
Alto Impacto: O item e/ou planilha eletrônica tem impacto direto na qualidade do produto, na segurança
do consumidor / paciente ou na integridade das informações utilizadas.
Médio Impacto: O item e/ou planilha eletrônica tem impacto direto em BPx ou regulamentos aplicáveis,
mas não impacta diretamente a qualidade e/ou segurança do produto e a integridade das informações.
Baixo Impacto: O item e/ou planilha eletrônica tem impacto indireto em BPx
Devido à grande quantidade de planilhas, muitas vezes torna-se inviável criar planos individualizados.
Dessa forma, pode ser estudada a possibilidade de promover a criação de um único Planos de Validação o
qual utiliza por base uma avaliação geral do cenário de riscos (Complexidade x Impactos), permitindo assim a
descrição das abordagens a serem adotadas em cada caso individualmente, permitindo assim a condição de
uma mesma metodologia voltada a cada estudo.
Para a confecção desse documento, sugere-se ainda adotar como base os requisitos mínimos
relacionados ao GVSC da ANVISA, não se restringindo exclusivamente a essa condição.
A. Qualificação de instalação
A Qualificação de Instalação de uma planilha eletrônica deve definir a abordagem relacionada a essa
etapa tendo como objetivo verificar e documentar os aspectos relacionados as condições de instalação e
confecção da planilha. Como aspectos gerais, sugere-se os seguintes aspectos a serem contemplados dentro
dessa etapa:
A Qualificação de Operação de uma planilha eletrônica deve definir a abordagem relacionada tendo
como objetivo referenciar, verificar e documentar as condições de operação da planilha eletrônica e se esta
cumpre satisfatoriamente com os requisitos pré-definidos para sua operação, sendo que o protocolo deve ser
executado em ambiente de testes, sendo este, cópia fiel do ambiente que será usado em produção.
Como aspectos gerais, sugere-se os seguintes aspectos a serem contemplados dentro dessa etapa:
C. Qualificação de performance
D. Matriz de Rastreabilidade
Visando implementar essa rotina de forma segura é necessário tomar alguns cuidados básicos em
relação às informações presentes nesse documento, de forma a garantir que esses sejam preservados para
que possam ser futuramente referenciados, caso necessários, e que seja impossibilitado a modificação e/ou
alteração dos dados presentes no mesmo, garantindo assim a integridade dos dados.
Sugere-se que esse processo seja implementado conforme indicações relacionadas no GVSC –
ANVISA, e que esse seja implementado frente a implementação de um Controle de Mudança, permitindo assim
que sejam avaliados e identificados a necessidades de:
Considerações Finais
Dessa forma, mediante a condição proposta para o Ciclo de Vida de uma Planilha Eletrônica, identifica-
se que a implementação dessa proposta indica uma situação segura e robusta o suficiente para a
implementação das Políticas de Qualidade frente a situação proposta.