Disciplina Laboratório de Físico-Química

Curso de Química Industrial – UFPE

Professor: Luciano Costa Almeida

Tensã o Superficial
Data da prática: 08/09/2022
Data de entrega do relatório: 15/09/2022

Resumo
Esta prática consiste nos estudos da Tensão superficial e em seus métodos de medição.
A tensão superficial é um efeito que ocorre devido a força de coesão das moléculas ser
maior na superfície. O presente trabalho tem como objetivo estudar o efeito que
diferentes concentrações de glicerol, temperaturas e tamanho do raio do tubo tem na
tensão superficial, utilizando o método do peso da gota para cálculo da tensão
superficial. Como resultados, obtivemos o esperado para todas as variáveis de acordo
com a literatura. Em suma, podemos observar que em relação ao raio do tubo, quanto
maior, maior será a massa da gota que por ele sairá e consequentemente, maior força
de tensão superficial. Por outro lado, em relação a outras variáveis observamos a
desproporcionalidade, pois quando aumentamos a concentração ou a temperatura da
solução, obtivemos tensão superficial.

Palavras chaves: tensão; superficial; coesão; glicerol; gota.

Sumário
Resumo........................................................1
Introdução...................................................1
Metodologia.................................................1
Resultados e Discussão................................2
Conclusão.....................................................3
Referências..................................................3
Questões......................................................4

Introdução As moléculas de um líquido interagem

através de forças de coesão (e.g. Van der Walls,
A tensão superficial surge nos líquidos como
pontes de hidrogênio), que se tornam fracas com
resultado do desequilíbrio entre as forças agindo
a distância e, se tornam desprezíveis a distâncias
sobre as moléculas da superfície em relação
maiores do que próximas de 0.1 micrometros.
àquelas que se encontram no interior da solução.
Portanto uma molécula de um líquido interage
Em outras palavras, a tensão superficial pode ser
apenas com moléculas que estão dentro de seu
definida como a força resultante da atração entre
“campo de coesão”.
as moléculas do interior do líquido pelas
Existem diversas formas de alterar a tensão
moléculas na sua superfície [1].
superficial, mas uma delas é através de
1
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tensoativos [2], são moléculas que podem
diminuir a tensão interfacial e superficial
influenciando a superfície de contato de dois
líquidos, sendo elas solúveis em água e outra parte
não. São substancias naturais e sintéticas que
possuem duas regiões que se opõem: hidrofílica e
polar (maior afinidade com a água) e lipofílica e
apolar (maior afinidade com hidrocarbonetos,
gorduras e óleos). Os tensoativos também são
chamados de surfactantes, são utilizados na
preparação de substâncias que não se misturam,
possuindo funções como: detergentes,
emulsificantes, dispersantes e agentes
solubilizantes, alguns exemplos de tensoativos
muitos usuais são detergentes e sabões.
Quando a molécula está dentro do volume
de um líquido, sua força de coesão é zero, pois as
moléculas circunjacentes estão distribuídas de
forma aproximadamente simétrica em seu redor.
Contudo, uma molécula na superfície livre do
liquido é sujeita a forças de coesão das moléculas
das moléculas das camadas abaixo do liquido
conforme é ilustrado na Figura 1.
Um dos métodos mais utilizados para medir
a tensão superficial é o método do peso da gota.
Este método, assim como todos aqueles que
envolvem separação de duas superfícies,
depende da suposição de que a circunferência
multiplicada pela tensão superficial é a força que
mantém juntas as duas partes de uma coluna
líquida. Quando esta força está equilibrada pela
massa da
porção inferior, a gota desprende-se.
Figura 2: Método do peso da gota
A gota de massa ideal mi se desprende do
tubo no instante imediatamente após seu peso P
se iguala as forças de tensão superficial Fγ que
sustenta a gota.

B Fγ = P = mi. g (1)

As forças de tensão F© que mantém a gota

ligada ao resto do liquido é dado pelo produto da
circunferência que do orifício por onde a gota ira
A se formar (contém a linha AB) pela tensão
superficial do líquido, uma propriedade inerente
Figura 1: Modelo de forças de coesão
a cada liquido de tal forma que
atuando em uma molécula dentro do volume (a)
de um liquido e na superfície (b).
Fγ = 2. π. r. γ (2)

A superfície age como uma “membrana”

A partir das expressões (1) e (2) temos que o
que tende a comprimir o líquido. De fato, na
peso da gota é proporcional ao raio do tubo r e a
ausência de gravidade, um volume de água
tensão superficial do líquido γ. Esta é a
“livre” devido à forca de coesão promovida pelas
denominada lei de Tate.
moléculas de seu interior apresenta a forma
esférica. A forma geométrica com a menor área
superficial para um dado volume é a esfera. Na
superfície a resultante das forças de coesões
internas é chamada de chamada aqui de tensão Este experimento tem como objetivo medir
superficial. a tensão superficial de líquidos utilizando o
método do peso da gota, que se baseia na força
2
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necessária para manter a forma de uma gota no
orifício de um tubo fino, a partir da Equação 1, e
ainda determinar experimentalmente qual é o
efeito da concentração do líquido, temperatura e
diâmetro do tubo na tensão superficial.
O mt representa a massa total das gotas
pingadas e n é o número de gotas. A aplicação
desta lei nos permite realizar medidas relativas
da tensão superficial. Sabendo a tensão
superficial da água podemos medir a tensão
superficial do líquido em estudo. O fator de
correção f é uma função do raio do tubo e do
volume da gota. Observe que a devido a dilatação
dos líquidos em temperaturas altas o valor de f
pode mudar com a temperatura. Na maioria dos
casos utilização com boa aproximação o valor
f=0.6. Como na prática a quantidade de líquido
gotejado é sempre menor do que o real, utiliza-se
o fator de correção, f.
Metodologia
Matérias equipamentos
● Balança analítica;
● Bureta;
● Pipetas de tamanhos variados e/ou
seringa com agulhas de diâmetros variados;
● Diversos Béquers de 50 mL;
● Tubos de ensaio;
● Paquímetro;
● Placa aquecedor ou bico de Bunsen;
● Geladeira ou banho de gelo;
● Termômetro.
Reagentes:
● Água destilada;
● Glicerol.
PARTE 1 – DETERMINAÇÃO DO RAIO DO
TUBO.
3
Determinar o raio do tubo que será utilizado
para o gotejamento utilizando como referência o
valor da tensão superficial da água destilada a
20°C, γ = 0.0728 N/m = 72.8 mN/m.
A) Usar 40 gotas para este procedimento.
B) Usar a equação 5 para determinar o raio
do tubo.
C) Se possível, comparar o valor
determinado para o diâmetro do tubo com o
valor medido utilizando um paquímetro.
D) Discutir sobre os erros envolvidos na
metodologia.
OBS: cada grupo ficou com um tubo
diferente (Buretas ou Seringas)
PARTE 2 – EFEITO DA CONCENTRAÇÃO
(GLICEROL) NA TENSÃO
Após determinar o diâmetro do tubo que
será utilizado para o gotejamento, preparar 6
soluções de glicerol conforme a tabela abaixo,
cada uma com 20 mL. Realizar o gotejamento das
soluções em um béquer e medir a massa das
gotas.
a) Fazer um gráfico mostrando a
concentração percentual do glicerol em função
da tensão superficial e a partir de um ajuste aos
pontos experimentais determine o valor da
tensão superficial de uma solução contendo 60%
água e 40% glicerol.
b) Discutir resultados.
PARTE 3 – EFEITO DA TEMPERATURA NA
TENSÃO SUPERFICIAL
Após determinar o diâmetro do tubo/Becker
que será utilizado para o gotejamento, preparar
uma solução de glicerol contendo 50% água +
50% glicerol. Realizar o gotejamento das soluções
em um béquer em 5 temperaturas diferentes (a
ser determinada), e medir a massa das gotas
(utilizar 40 gotas). Antes de realizar as medidas
certifique-se que de fato o líquido dentro do tubo
do gotejamento estará na temperatura desejada.
Para isso pode-se, por exemplo, encher e esvaziar
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o tubo/Becker com o liquido na temperatura
desejada umas 3 vezes antes da medida, o que
fará com que o tubo atinja uma temperatura
próximo a do experimento ou adaptar um banho
aos tubos/Becker. Além disso, neste casso para
minimizar a variação de temperatura, faça o
gotejamento o mais rápido possível.
OBS. Não esquecer de medir a massa do
béquer antes para poder subtrair seu valor das
medidas. Em seguida calcule a tensão superficial
de cada uma das soluções. Considere o fator de
correção f = 0.6.
Usar a equação 4b para calcular γ.
a) Faça um gráfico mostrando a variação
da tensão superficial em função da
temperatura. A partir de um ajuste aos
pontos experimentais determine o valor
da tensão superficial dessa solução nas
temperaturas de 250o C e 45o C.
b) Discutir resultados
PARTE 4 – EFEITO DO DIÂMETRO DO TUBO
NA TENSÃO SUPERFICIAL (2 buretas e 2 seringas
com diferentes diâmetros)
Utilizando tubos com 3 diâmetros diferentes
realizar o gotejamento de água destilada (40
gotas) em um béquer, em uma mesma
temperatura, e analisar a variação da tensão
superficial em função do diâmetro do tubo.
OBS. Não esquecer de medir a massa do
béquer antes para poder subtrair seu valor das
medidas. Considere o fator de correção f = 0.6.
Determine o diâmetro dos tubos utilizando a
equação 5. Como hipótese inicial para determinar
o diâmetro dos tubos considere a tensão
superficial das soluções igual à da água destilada.
Usar a equação 4b para calcular γ. Água destilada
a temperatura ambiente. A limpeza é essencial
em medidas de tensão superficial. Pequenas
quantidades de impurezas afetam bastante as
propriedades superficiais. Portanto, limpe muito
bem o material a ser usado antes e depois de
cada experiência.
4
(a) Construir um gráfico da tensão
superficial em função do diâmetro do
tubo contendo os dados deste
experimento.
(b) Discutir o resultado obtido e os erros
envolvidos no processo.
Resultados e Discussão
Determinação do diâmetro do tubo
Para a determinação do diâmetro do
tubo de vidro e de agulha, definimos n = 40 gotas
para realizarmos os cálculos afim de diminuir os
erros. Realizamos a abertura de saída da bureta
com uma frequência ideal para realizar as
próximas etapas deste experimento.
Para o cálculo do diâmetro foi utilizado a
equação abaixo e os resultados estão disposto na
tabela 1. As medições foram feitas em duplicata e
seus resultados foram tirados a média.
Tabela 1. Diâmetro do tubo de vidro e da
agulha.
Bureta Agulha
Gotas (n) 40 40,5
Massa (g) 2,469 0,563
Diâmetro (mm) 2,20 0,50
Diâmetro fornecido
0,8 0,3
(mm)*
*Diâmetro medido com auxílio de um paquímetro e
um micrometro, respectivamente.
Ao analisar os resultados vemos uma
divergência maior no diâmetro da bureta, visto
que o experimento foi realizado por um aluno
que realizou a contagem das gotas a olho nu e
que a frequência de gotejamento escolhida era
alta devido as próximas etapas trabalharmos com
soluções mais viscosas, é possível que o erro
tenha ocorrido neste momento por alguma
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distração ou dificuldade em se concentrar. respectivas tensões superficiais. A partir do

Também é possível que o erro tenha ocorrido ao gráfico foi possível ajustar os pontos
iniciar a contagem após destampar a saída da experimentais e determinar o valor da tensão
bureta com o dedo. superficial de uma hipotética solução a 40% de
Já no resultado com a agulha este erro foi glicerol e realizamos uma extrapolação para uma
diminuído pois a frequência de gotejamento era solução a 100% de glicerol, dados na tabela 3.
bem menor. Mesmo com erro menor ainda
notamos divergência e o erro operacional por Tabela 3. Tensão superficial do glicerol após
distração ou dificuldade de se concentrar. cálculos para soluções de concentrações 40% e
100% de glicerol.
Efeito da concentração na tensão superficial Média da Tensão
Soluções
(glicerol) massa/40 gotas superficial
glicerol
Nesta etapa trabalhamos com o glicerol (kg) (N/m)
nas concentrações de 5%, 30%, 50%, 70% e 90%. 5% 0,0000592 0,385
Utilizamos a mesma bureta da etapa anterior sem 30% 0,0000573 0,372
alterar a abertura de gotejamento da mesma. Na 40% - 0,322
tabela 2 estão os resultados. 50% 0,0000442 0,287
A equação usada para o calcula da tensão 70% 0,0000390 0,254
está a seguir, onde f = 0,6 , m t/n é a massa 90% 0,0000347 0,225
pesada dividida pelo número de gotas, g = 100% - 0,183
9,8m/s2 e  = 3,1416.

Visto que os valores medidos do

diâmetro da etapa anterior contém erros
escolhemos usar no cálculo o diâmetro fornecido
para a bureta em metros, sabendo que o r = d/2
temos os resultados a seguir.

Figura 3. Gráfico da concentração versus soluções

Tabela 2. Tensão superficial do glicerol a
de glicerol.
diferentes concentrações.
Média da Tensão
Soluções Ao verificar os valores encontrados a
massa/40 gotas superficial
glicerol partir dos dados experimentais e compara o valor
(kg) (N/m)
5% 0,0000592 0,385 de 100% do glicerol com o valor da literatura
30% 0,0000573 0,372 (glicerol a 20°C = 6,34 N/m) vemos que o valor
40% - 0,322 experimental não é coerente. Seja por erro
50% 0,0000442 0,287 operacional ou a comparação do valor
70% 0,0000390 0,254 experimental com o valor encontrado na
90% 0,0000347 0,225 literatura ser usado valores padrões muito
distante da nossa condição no laboratório, não
A seguir montamos o gráfico (figura 3) da foi possível chegar a uma conclusão coerente
concentração das soluções de glicerol e suas entre eles. Entretanto, os valores calculados

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seguem um decrescimento com aumento da

viscosidade e/ou concentração o que é coerente tensao superficial(N/M)
com o esperado devido a existência de uma 0.000008
relação inversamente proporcional, em que, à 0.00000697 0.0000068
0.000007 0.00000641
medida que se aumenta a concentração da
solução diminui-se a tensão superficial. 0.000006 0.00000539

tensão supperficial
0.000005
Efeito da temperatura na tensão superficial 0.000004
0.000003
Visto que o diâmetro experimental da agulha
0.000002
divergiu um pouco do diâmetro obtido no
0.000001
paquímetro, optamos por usar a 2 opção, para
termos uma maior exatidão nos valores 0
10 20 30 40 50 60 70 80
calculados da tensão superficial. A tabela a seguir
T(c°)
contem as medidas da massa das gotas em casa
temperatura e suas respectivas tensões Figura 4. Gráfico da tensão superficial em função
superficial utilizando a equação da tensão da temperatura.
superficial e com f=0,6 g = 9,8m/s2 e  = 3,1416.

Tabela 4. Massa e tensão superficial da solução De acordo com o gráfico, vemos uma relação de
em diferentes temperaturas. proporção entre a temperatura da mistura e sua
Amostr temperatura Massa Tensão
tensão superficial, de modo que essa relação é
a de 40 superficial inversa, ou seja, quanto maior a tensão
(N/m)
gotas(kg) superficial, menor será a temperatura. Ainda
medidas assim, a explicação para essa afirmação se da
1 20 0,000535 0,00000697 pelo fato de que quando a solução tem um
2 30 0,000522 0,0000068 aumento de temperatura, a energia térmica da
3 50 0,000492 0,00000641 solução está maior, por conseguinte suas
4 70 0,000414 0,00000539 moléculas estão com uma energia cinética maior,
A massa obtida para cada gota foi feita utilizando isso faz com que as forças de coesões sejam
o total da massa pela quantidade de gotas, que menores, devido ao afastamento das moléculas.
foi igual a 40. Logo, a tensão superficial tende a baixar. Com
temperaturas muito altas a tensão superficial se
torna quase inexistente, pois as moléculas não
chegam a fazer interações intermoleculares.

Conclusão
Sabe-se que algumas variáveis interferem
na tensão superficial, e com a prática podemos
comprovar isso, foram elas: diâmetro do tubo,
concentração e temperatura. Entre um diâmetro
menor e maior, mesmo que sejam utilizadas a
mesma quantidade de gotas ou bem próximos, a

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gota que sai de um tubo de raio maior, tem maior Referências

massa e isso resulta em uma tensão superficial
[1] Alessandra de Fátima Ulisses, “Revista
maior. Por outro lado, obtemos outro resultado
IfesCiência” Verificação experimental de aspectos
com a variação da temperatura, tendo em vista
relevantes sobre a tensão superficial em uma
que ocorre o inverso, quanto menor a
abordagem didática, 2017, pag. 2.
temperatura (utilizamos a mínima em 20 ºC e
[2] Decio Daltin, “Tensoativos química,
maior em 70 °C, aproximadamente), maior a
propriedades e aplicações” Editora Edgard
tensão superficial. Isso por causa da energia
Blücher Ltda., 2011, pag. 19.
térmica da solução está maior, fazendo com que
[1] Fulado de tal, “Revista Inovando”
as forças de coesões sejam menores, devido ao
Primeira aula de laboratório, 2017, pag. 2.
afastamento das moléculas e consequentemente,
a tensão superficial tende a baixar. No entanto,
temperaturas muito altas, a tensão superficial se
torna quase inexistente por falta de interações
moleculares. E por último, no caso da
concentração, à medida que aumenta a
concentração, diminui-se a tensão superficial.