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Crítica imanente das formas de consciência

A partir de Marx: a linguagem como consciência prática e produto social; considera-se o estatuto material do
discurso como forma de consciência constituída sobre as condições de possibilidade dadas pelas relações
materiais.

Determinação ontológica da consciência

Toda atividade tem um sentido natural e social simultaneamente. A consciência é posterior à atividade.
Tendo formado a consciência, a atividade é modificada, o que altera a consciência, e esse processo
constitutivo é contínuo.

Desta forma, objetividade e subjetividade são diferentes, mas em conjunto e na prática, formam uma
unidade.

O “espírito” [a consciência] sofre, desde o início, a maldição de estar “contaminado” pela matéria, que,
aqui, se manifesta sob a forma de camadas de ar em movimento, de sons, em suma, sob a forma de
linguagem. A linguagem é tão antiga quanto a consciência – a linguagem é a consciência real, prática, que
existe para os outros homens e que, portanto, também existe para mim mesmo; e a linguagem nasce, tal
como a consciência, do carecimento, da necessidade de intercâmbio com outros homens (MARX;
ENGELS, 2007, p. 34-5).

A consciência é um produto social. A vida material é pressuposto objetivo para a consciência, ou seja, as
relações concretas criam as condições de possibilidade para o pensamento.
“Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”, Marx.

Se a dialética é descoberta da lógica da coisa (CHASIN, 2009), os meios mais adequados de extração dessa
lógica são revelados pela própria coisa.

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Análise imanente das formas de consciência

imanente
adjetivo de dois gêneros
1. que está inseparavelmente contido na natureza de um ser ou de um objeto; inerente.
2. fil que permanece no âmbito da experiência possível, agindo na captação da realidade através dos sentidos
(no kantismo, diz-se de conceitos ou princípios cognitivos).

Por análise imanente não se compreende o estudo que confere ao produto ideológico explícito, origem e
desenvolvimento imanente ao próprio campo das ideologias. O que vale dizer que as ideologias, como
todas as manifestações superestruturais, não possuem uma história autônoma, mas esta sua condição de
dependência genética das forças motrizes de ordem primária não implica que elas não se constituam em
entidades específicas, com características próprias em cada caso ( que cabe descrever numa investigação
concreta que respeite a trama interna de suas articulações, de modo que fique revelado objetivamente seu perfil de
conteúdos e a forma pela qual eles se estruturam e afirmam) (CHASIN, 1978, p. 77).

Apreender sua “trama real”, sua estrutura interna e sem dela extrair uma derivação imprópria ou a ela
imputar aspectos ausentes. Trata-se de uma “reprodução analítica do discurso” que garanta a integridade
da estrutura e que coloque sempre a vinculação, nunca muda (desmascaramento do discurso elaborado),
com as forças de ordem primárias antes indicadas.

A consciência não é critério de verdade. “Não se julga o que um indivíduo é a partir do julgamento que ele
se faz de si mesmo”, Marx.
A análise imanente é crítica imanente das formas de consciência.

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Tendências e contratendências da efetivação da individualidade moderna

Tendências

Inclinação para a preparação de indivíduos para a área privada, que é notadamente o território privilegiado
à exercitação do egoísmo racional em razão do caráter imediato da compulsão econômica.

Os entrevistados se definem de forma aproximada aos pré-requisitos desejados por empresas. “As
qualidades verbalizadas são sempre adjetivações da força de trabalho e o modo de verbalização
corresponde a um processo de entrevista de seleção. Todas as demais características do indivíduo concreto
são subsumidas à individualidade moderna na forma da força de trabalho como mercadoria. Os
indivíduos concretos são, por assim dizer, treinados para isso”. O indivíduo age conforme os imperativos
econômicos e é dominado pela individualidade moderna.

“A gramática e léxico da produção capitalista são transpostos de modo inteiramente acrítico para a vida
dos indivíduos concretos precisamente em razão de tendencialmente se subsumirem às categorias
econômicas”.

“A individualidade moderna se efetiva tendencialmente quando os indivíduos concretos, por decisão


consciente ou constrangimento econômico não inteiramente revelado, assumem a “regra do jogo”,
confirmam a lógica interna da sociabilidade como inevitabilidade histórica e não encontram qualquer
alternativa senão a resignação”.

“O aspecto econômico é o condicionante mais forte à exercitação do egoísmo racional”.

Contratendências

“Episódios trágicos podem surtir efeitos diferenciados e contratendenciais à individualidade moderna”.

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Considerações finais

Objetivo: indicar de modo aproximativo os aspectos ligados à exercitação do egoísmo racional a partir das
experiências de estágio.

“Os dados sugerem uma condição conflitiva, sobretudo nas ligações entre o indivíduo concreto, sua
personalidade singular, e os imperativos tendenciais da individualidade moderna. Isso foi revelado sobretudo
nas contratendências e apreensões identificadas que variaram do caráter mistificador ao realista. Podemos
dizer, com isso, que as tendências coabitam com contratendências, o que torna a individualidade um
terreno do conflito. Contudo, ainda que de modo bastante aproximado, também podemos dizer que no
plano da individualidade concreta a derrota é inexorável frente à compulsão econômica que domina o
plano particular e dinamiza a luta de todos contra todos.

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