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All content following this page was uploaded by Zilma Silveira Nogueira Reis on 13 March 2016.
Figura 1 – Terminologia da classificação de período perinatal
Para a compreensão dos indicadores de saúde relacionados a este ciclo de
vida é importante também conceituar outros termos, da maneira em que foram
adotados pelo Ministério da Saúde:
• Nascido vivo: é o produto de concepção que, após o nascimento e
independentemente da duração da gravidez, respire ou apresente qualquer
sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical
ou contração muscular voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical
e estando ou não desprendida a placenta. Todo RN deve receber uma
declaração de nascido vivo (DNV) para então ser registrado. As DNV de todo
o país são inseridas no banco de dados do Ministério da Saúde, o SINASC
(Sistema de informações sobre Nascidos Vivos).
• Óbito fetal: é o óbito do produto de concepção ocorrido durante o período
fetal (a partir de 13 semanas gestacionais), antes do nascimento e
independentemente da duração da gravidez. A morte do feto é caracterizada
pela inexistência de qualquer sinal descrito para o nascido vivo
• Nascido morto (natimorto): refere-se aos casos em que ocorre óbito ainda
intra-útero, de um feto com 22 semanas ou mais de gestação (154 dias), com
pelo menos 500 gramas de peso ou estatura maior que 25 cm. A declaração
de óbito (DO) é obrigatória.
• Neomorto: refere-se a morte de um nascido vivo durante o período neonatal
(entre o dia 0 e 27 dias a partir do nascimento). Independente do tempo que
o RN permanecer vivo (minutos, horas ou dias) deverá também receber a
DNV e a DO.
• Óbito infantil: é o óbito ocorrido antes de um ano de idade. Desta forma, a
morte infantil compreende a morte neonatal precoce, tardia e pós-neonatal.
Os indicadores em saúde perinatal
Indicadores de saúde são medidas-síntese que contêm informação relevante
sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde de uma população,
bem como do desempenho do sistema de saúde. Dada a complexidade do conceito
de saúde, a tarefa de mensurá-la através dos indicadores também o é. Vistos em
conjunto, eles devem refletir a situação sanitária dos indivíduos e servir para a
vigilância das condições de saúde. A análise crítica dos indicadores permite aos
órgãos competentes o planejamento de políticas públicas e execução de
intervenções com a função de melhoria da qualidade de vida e consequentemente
dos indicadores. Os mais frequentemente utilizados fazem parte dos grandes
grupos: indicadores de mortalidade, morbidade, demográficos, nutricionais e do
crescimento, condições socioeconômicas, saúde ambiental e dos serviços de saúde.
Para que tais condições de saúde sejam comparáveis entre locais, países ou
momentos distintos ao longo do tempo, estas medidas foram padronizadas no
formato de taxas ou coeficientes que expressam a razão entre um subconjunto de
uma população de interesse (numerador) e essa população (denominador). Esses
indicadores indicam o risco ou probabilidade do evento na população, em função de
sua frequência.
No Brasil, o DATASUS (Departamento de Informática do SUS) é o responsável
por manter o acervo às bases de dados oficiais necessários ao sistema de informação
em saúde e de gestão institucionais. O SINASC (Sistema de Informação de Nascidos
Vivos, baseado nas DNV) e o SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade,
baseado nas DO) possibilitam a captação de dados sobre nascimento e morte em
todo país. A partir deles são gerados os indicadores mais utilizados em perinatologia.
Suas definições e interpretação estão descritos a seguir:
Taxa (ou coeficiente) de mortalidade perinatal: é o número de óbitos ocorridos no
período perinatal por mil nascimentos totais, na população residente em
determinado espaço geográfico, no ano considerado, calculado a partir dos
seguintes dados:
(número de natimortos + número de óbitos neonatal precoce) x 1.000
nascidos vivos + natimortos
Serve para estimar o risco de um feto morrer intra-útero ou nascendo vivo,
morrer na primeira semana. Reflete fatores relacionados à gestação, qualidade e
acesso à assistência pré-natal, ao parto e recém-nascido. Tem grande importância no
planejamento e monitoramento de ações em obstetrícia. No Brasil, em 2010 estes
valores se situaram entre 12,5 a 18,2 mortes a cada mil nascimentos vivos
(DATASUS).(http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/c02b.htm)
Taxa de mortalidade infantil (TMI): é o número de óbitos de menores de um ano de
idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço
geográfico, no ano considerado. Estima o risco de um nascido vivo morrer antes do
primeiro ano de vida. É calculado assim:
óbitos de menores de 1 ano em determinada comunidade e ano x 1.000
nascidos vivos na mesma comunidade e ano
É considerado um dos indicadores mais sensíveis das condições de vida e saúde de
uma comunidade, pois reflete as condições de desenvolvimento socioeconômico,
infraestrutura ambiental, acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção
à saúde materna e da população infantil. No Brasil, o dado oficial para o ano 2010 foi
16,2 a cada mil nascimentos vivos (DATASUS). Entre as chamadas Metas do Milênio
pactuadas nas Organizações da Nações Unidas (ONU) , o Brasil se comprometeu a
atingir a meta 4, ou seja, reduzir a mortalidade infantil para 15,7/1.000 NV em 2015.
Esta taxa é dividida em períodos do primeiro ano vida: neonatal precoce,
neonatal tardia e pós-neonatal, alterando-se apenas a quantidade de óbitos no
numerador, em função de tais períodos. O denominador será nesses casos sempre o
número de nascidos vivos.
Taxa de mortalidade neonatal precoce (TMNP):
número de óbitos de crianças de 0 a 6 dias inclusive x 1000
Número de nascidos vivos
Taxa de mortalidade neonatal tardia (TMNT):
número de óbitos de crianças 7 a 27 dias x 1000
número de nascidos vivos
Taxa de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia (TMPN):
número de óbitos de crianças de 28 dias a 364 dias inclusive x 1000
número de nascidos vivos
Em nosso país, no ano de 2010 os valores foram respectivamente: 8,5
(TMNP), 2,6 (TMNT) e 4,9 (TMPN). O período neonatal apresenta maior risco
(11,1/1000 NV) e concentrou 69% dos óbitos infantis em 2010, conforme FIG. 2.
Identifica-se que no período neonatal precoce concentra-se o maior número de
mortes do primeiro de ano de vida da criança. Por isto, tal indicador é considerado
muito relevante no monitoramento de programas destinados à redução da
mortalidade infantil.
FIGURA 2 – Distribuição dos óbitos infantis, segundo componentes , Brasil 2000 -2010.
Fonte: CGIAE/DASISI/SVS/Ministério da saúde, Sistema de Informações sobre mortalidade (SIM)