completa; possui linguagem adornada, com atores atuando e não narrando. Desperta piedade e temor e tem por resultado a catarse dessas emoções.
Metro: variado; forma: dramática; extensão:
concentrada.
Partes da tragédia: Espetáculo; Melopeia (canto,
ritmo); Elocução/Fala (enunciados; linguagem); Mito/Fábula (imitação das ações; composição dos atos); Caráter (o que determina as qualidades e a ação do personagem); Pensamento (retórica; ideias; temas).
Elementos da tragédia: Meios (elocução/fala e
melopeia); Modo (espetáculo); Objetos (mito, caráter e pensamento/ideia). O mito/fábula é o mais importante.
Objetos da tragédia
Mito/fábula: imitação das ações e composição dos
atos. O efeito trágico reside no mito.
“A fábula/mito é imitação da ação. Chamo fábula a
reunião das ações.” (p. 43) (fábula = trama, o arranjo das ações)
Unidade de ação: O arranjo dos atos é o elemento
mais importante da tragédia. A fábula/mito deve ser una. Os elementos devem seguir-se de maneira que, quando um deles for eliminado ou deslocado, o todo se desordene. Se a presença ou ausência de algo não modifica o todo, é porque não é parte do todo.
Mito/fábula bem composto: Articulação necessária
de princípio, meio e fim (Como um “organismo”).
Sem ação não haveria tragédia, mas poderia havê-la
sem caracteres.
Trama dos fatos (entrecho, enredo ou intriga):
articulação de peripécias e reconhecimentos.
Peripécia é a alteração das ações que produz um efeito
contrário ao esperado (revelações que deveriam sossegar, mas causam agonia, por exemplo); reconhecimento é a passagem do desconhecimento ao conhecimento. A mais bela de todas as formas de reconhecimento é a que se dá juntamente com a peripécia.
A fábula/mito é feita de peripécia, reconhecimento e
catástrofe. A última é uma ação que resulta em grandes danos.
A peripécia e o reconhecimento devem decorrer da
estrutura interna da fábula, derivando da necessidade ou verossimilhança, afinal, é muito diferente acontecer uma coisa por causa de outra ou depois de outra.
“Quanto à poesia, o impossível convincente tem
preferência ao possível que não convence.” (p. 73) Tipos de reconhecimento: sinais (menos artística); urdidos pelo poeta; memória; silogismo ou raciocínio; derivado da própria intriga (mais artístico).
A fábula/mito bem-feita é simples; nela não se deve
passar do infortúnio à felicidade, mas da felicidade ao infortúnio. Não por maldade, e sim por algum erro da personagem, que deve tender mais para melhor do que para pior, afinal, a tragédia retrata homens superiores à média.
Mitos/fábula episódicos: a relação não necessária
nem verossímil entre um e outro episódio resulta na ruptura do nexo de ação. Mito/fábula simples: a fortuna dos personagens muda sem peripécias e reconhecimentos. Mito/fábula complexo: a mutação da fortuna se faz pela peripécia, ou pelo reconhecimento ou por ambos.
Caráter: aquilo que nos leva a dizer que as
personagens possuem tais ou tais qualidades. Não aparece nas falas proferidas. É percebido quando as personagens tomam decisões de aceitar ou rejeitar algo.
“Os homens possuem diferentes qualidades, de acordo
com o caráter, mas são felizes ou infelizes de acordo com as ações que praticam. Assim, segue-se que as personagens, na tragédia, não agem para imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres para realizar as ações. Desse modo, as ações e a narrativa constituem a finalidade da tragédia e, de tudo, a finalidade é o que mais importa.” (p. 44)
Pensamento/Ideias: são as ideias originadas no
texto. Esses pensamentos dão valor às coisas ou retiram valor; despertam emoções como piedade, medo, raiva. São expressos em palavras. O pensamento está ligado primeiramente à retórica com a função de: 1. Demonstrar e refutar; 2. Suscitar emoções; 3. Majorar ou minorar o valor das coisas.
CECHIN - Andrei - A Natureza Como Limite Da Economia - A Contribuição de Nicholas Georgescu - Roegen - São Paulo - Editora SENAC - São Paulo - Edusp 2010