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A linguagem como

manifestação de violência

Thaís Braga
O que é linguagem?
Linguagem é uma faculdade humana e depende de um
sistema organizado de signos. Um signo é uma
unidade dotada de sentido em um código. Pode ser
decomposto em um elemento material, que pode ser
percebido - pela audição, pela visão, pelo tato e
até pelo gosto - e em um elemento conceitual: a
ideia.
Manifestação
cultural
Manifestação Expressa
cultural pensamentos
Manifestação Expressa
AÇÃO
cultural pensamentos
Como a linguagem pode ser um instrumento de
dominação
NORMA PADRÃO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO
NORMA PADRÃO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO

Aprendida na escola
NORMA PADRÃO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO

Aprendida na escola

Usada em contextos
formais
NORMA PADRÃO COMO INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO

Aprendida na escola

Usada em contextos
formais

Coercitiva
Linguagem e preconceito
Discriminar uma pessoa

Preconceito
pela variante
linguística usada por

Linguístico
ela. O preconceito
linguístico, na
verdade, é um
preconceito contra
determinados grupos
sociais.
“A dar com pau”

Expressão originada nos navios negreiros. Muitos


dos capturados preferiam morrer a serem
escravizados e faziam greve de fome na travessia
entre o continente africano e o Brasil. Para

Racismo e
obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi
criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela
boca.

linguagem “Mulata”

Na língua espanhola, referia-se ao filhote macho do


cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento
com égua. A enorme carga pejorativa é ainda maior
quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando
a visão do corpo da mulher negra como
mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução,
sensualidade.
Racismo e
linguagem
“Quem mandou usar roupas

Sexismo e curtas.”

linguagem
“Queria o que bebendo tanto?”

“Desse jeito, nunca vai arrumar


um marido.”
“Você queria ser uma mulher.”

“Traveco.”

LGBTfobia e “Não tenho preconceito, tenho

Linguagem
até amigos gays.”
Linguagem e violência
Estudo da Defensoria Pública do Ceará aponta que 98% das vítimas
atendidas no Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher,
em 2019, sofreram abuso psicológico. Muitas demoram a identificar a
situação de violação
Violência psicológica contra a mulher
Um estudo feito no estado do Rio de Janeiro, o
Dossiê Mulher 2019, registrou aumento de 2017
para 2018 —foram 34.348 mulheres ameaçadas em
2017 e 37.423 no ano seguinte. Vítimas de
constrangimento ilegal passaram de 393 em 2017
para 404 em 2018.

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/10/10/dia-contra-a-violencia-a-mulher-10-dados-explicam-por-que-f
alar-sobre-isso.htm?cmpid=copiaecola
Violência psicológica contra a criança
Quando a criança está sofrendo violência psicológica, ela mostra
sinais de ansiedade, comportamento mais obsessivo, tiques,
manias. Ela pode ficar sonolenta, letárgica, muito introspectiva
ou então extremamente agitada, irritada. Pode mudar o
comportamento de um dia para o outro. Por exemplo, uma criança
que é super alegre de repente começa a ficar triste, apática,
agressiva. Mudanças como essas, que exigem um conhecimento prévio
do comportamento cotidiano da criança, podem ser melhor
reconhecidas por professores, por exemplo.

https://drauziovarella.uol.com.br/reportagens/como-reconhecer-e-agir-ao-suspeitar-de-violencia-contra-criancas/#:~:text=%E2%80%9CQuando%20a%20crian%C3%A7a%20est
%C3%A1%20sofrendo,um%20dia%20para%20o%20outro.
Violência psicológica contra lgbtqia+
Um estudo transversal realizado com 316 indivíduos LGBTs
recrutados a partir do movimento reivindicatório intitulado Parada
do Orgulho LGBT, nos municípios de Juazeiro do Norte e Crato,
Ceará, Brasil demonstrou que a violência psicológica foi o tipo de
violência mais prevalente (78,8%, n=249) em relação a violência
física (31,3%) e sexual (18,4).

https://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/view/1927
Comunicação não-violenta
É uma abordagem que busca a resolução de
conflitos por meio de diversas práticas que
estimulam a compaixão e a empatia.

CNV
Ela se baseia em habilidades de linguagem e
comunicação que fortalecem a capacidade de
continuarmos humanos mesmo em condições
adversas. Seu foco é reformular a maneira pela qual
nos expressamos e também ouvimos os outros,
porque nós sempre focamos no falar.
PRÁTICA DA CNV

1. Observação

Fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que estão nos


incomodando ou gerando conflito, em uma discussão, por exemplo. É
importante que essas observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas
interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas
sim, o que de fato ela fez ou falou.
PRÁTICA DA CNV

2. Sentimentos

Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos, percebendo e
identificando os sentimentos que estão aflorando dentro de nós a partir das atitudes da pessoa.
Estamos sentindo raiva? Frustração? Medo? Preocupação? Alívio?Nesse momento é bem importante
utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Por exemplo, quando digo que
estou me sentindo “ignorado” isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma
terceira pessoa “você está me ignorando”. A ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a
sensação de que estou sendo ignorado, o que eu de fato sinto?”.Esse exercício é importante não porque
você quer se enganar ou tirar a responsabilidade do outro pelas ações dele, mas sim porque você quer
aumentar suas chances de ser ouvido quando for falar sobre algo. Se você disser “estou me sentindo
triste com o que aconteceu” em vez de “estou me sentindo ignorado por você” suas chances de ser
escutado são maiores.
PRÁTICA DA CNV

3. Necessidades

Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as necessidades que são
apontadas por eles. Se estamos nos sentindo frustrados, qual foi a necessidade que não
foi atendida e que gerou essa frustração? Comunique suas necessidades se
responsabilizando por elas, por exemplo, em vez de dizer “estou irritado porque vocês
não ficam quietos” você pode entender quais necessidades suas não estão sendo
atendidas e comunicá-las “estou irritado porque eu tenho uma aula para dar e vocês
estão atrapalhando o meu trabalho como educador. Cooperação é algo importante para
convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver
melhor aqui em nossa sala de aula”.
PRÁTICA DA CNV

4. Pedido

Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos


fazer ao outro um pedido claro para nossas necessidades
sejam atendidas. Na conversa, todas essas questões podem
ser trazidas à tona, para que fique claro o que está se
passando entre nós e o outro.

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