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Teoria de sistemas Introdução a Gestão

Resumo
A Teoria de Sistema é uma decorrência da Teoria Geral de Sistemas desenvolvidas por
Von Bertalanffy e que se espalhou por todas ciências, influenciando novamente a administração.

A abordagem sistémica contrapõe-se à microabordagem do sistema fechado.

O conceito de sistema é complexo: para a sua compressão torna-se necessário o


conhecimento de algumas características dos sistemas próprios, globalismo, entropia e
homeostasia, bem como dos tipos possíveis e dos parâmetros do sistemas-entrada, processo,
saída, retroacção e ambiente. O sistema aberto é o que melhor permite uma análise ao mesmo
tempo profunda e ampla das organizações.

As organizações são abordadas como sistemas abertos, pois o seu comportamento é


probabilístico e não-determinístico, as organizações fazem parte de uma sociedade maior,
constituídas de partes menores; existe uma interdependência entre as partes das organizações, a
organização precisa alcançar uma hemóstase ou estado firme, as organizações possuem fronteiras
ou limite mais ou menos definidos; têm objectivos; caracterizam-se pela morfogénese.
Dentro dessa abordagem, avulta o modelo de Katz e Kahn - importação-processamento-
exportação - com características de primeira e segunda ordem.
Por outro lado, o modelo sociotécnico de Tavistock representa igualmente uma abordagem
sistémica calcada sobre dois subsistemas: o técnico e o social.
Em uma apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe
uma fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga
abordagem do sistema fechado. Seu carácter integrativo e abstracto e a possibilidade de
compreensão dos efeitos sinergéticos da organização são realmente surpreendentes. A visão do
homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sobre a concepção da
natureza humana. Apesar do enorme impulso, a Teoria de Sistemas ainda carece de melhor
sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente.

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ABREVIATURAS

TS – Teoria de Sistemas

TGS – Teoria Geral de Sistema

TGA - Teoria Geral da Administração

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TEORIA DE SISTEMAS

“Nada é mais prático do que uma boa teoria”


Kurt Lewin.

Introdução

Intuitivamente, a palavra “teoria” é associada a uma tentativa de explicar um fenómeno


ou realidade. Uma teoria é uma hipótese não confirmada ou uma especulação da realidade que
não está definitivamente confirmada (HALL etal., 2000). Portanto, uma teoria é um conjunto de
conhecimentos que apresentam credibilidade para explicar ou interpretar um fenómeno.

A evolução da ciência é caracterizada pela substituição de uma teoria por outra mais apta
a explicar um determinado fenómeno: a teoria heliocêntrica substitui a teoria geocêntrica, por
exemplo.

Também de forma intuitiva, a palavra “sistema” é o conjunto de princípios que forma


uma doutrina.

A teoria de sistemas ( TS ) é um ramo especifico da Teoria Geral de Sistemas ( TGS ).


Com ela, a abordagem sistémica chegou à Teoria Geral da Administração ( TGA ) a partir da
década de 1960 e tornou-se parte integrante dela.

A Teoria dos Sistemas baseia-se nas premissas de que os sistemas são compostos de
subsistemas (moléculas – célula – órgão), que os sistemas são abertos (meio ambiente
constituído de sistemas) e que as funções de um sistema dependem de sua estrutura.
A necessidade de síntese e integração das teorias anteriores, que possuíam poucas
variáveis da situação como um todo, as fragilidades das outras teorias que tinham uma
abordagem mínima, causando pouca importância para a Administração, e os resultados bem
sucedidos da aplicação da Teoria de Sistemas nas outras ciências, foram alguns dos factores que
colaboraram para a introdução dessa teoria na Ciência Administrativa (CHIAVENATO, 2003).
Na abordagem administrativa da Teoria sistémica, as organizações actuam como um
sistema, em que o estudo do geral se sobrepuja ao particular, privilegiando uma visão mais
abrangente e permitindo uma análise, ao mesmo tempo profunda e mais ampla das organizações.

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Nessa teoria, “as organizações são abordadas como sistemas abertos, com interacção e
independência entre as partes e com o ambiente que o envolve, tendo várias entradas e saídas
para garantir o intercâmbio com o meio” (CHIAVENATO, 2003, p. 496). Por conceituação, os
sistemas são conjuntos de partes ou elementos, interdependentes, que formam um todo
complexo, unitário e organizado, no sentido de alcançar um objectivo, anteriormente proposto.

Objectivos

 Proporcionar ao estudante uma visão sistémica das organizações.


 Introduzir os conceitos de sistemas e suas aplicações à Administração, principalmente o
conceito de sistema aberto e de intercâmbio com o ambiente.
 Proporcionar uma ideia da abordagem sistémica de Katz e Kahn.
 Proporcionar uma ideia da abordagem sociotécnica de Tavistock.
 Efectuar uma apreciação crítica da Teoria de Sistemas

Metodologia

De acordo com Silva (2001), as pesquisas podem ser classificadas quanto à natureza,
forma de abordagem do problema, objectivos e procedimentos técnicos.
Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, pois, objectiva gerar
conhecimentos para aplicação prática, ou seja, objectiva nortear futuras pesquisas sobre Teoria
de sistema na disciplina de Introdução á Gestão. Quanto à forma de abordagem do problema, é
uma pesquisa qualitativa, a qual considera que há uma relação dinâmica entre mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenómenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é
o instrumento-chave. É descritiva, os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente.
O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
Quanto aos objectivos, caracteriza-se como explicativa, já que tem como objectivo dar
uma visão sistemática das organizações, Introduzir os conceitos típicos de sistemas e suas

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aplicações à Administração, Proporcionar uma ideia da abordagem sistémica de Katz e Kahn,


Proporcionar uma ideia da abordagem sóciotécnica de Tavistock e efectuar uma apreciação
crítica da Teoria de Sistemas.
Quanto aos procedimentos técnicos, é considerada uma pesquisa bibliográfica. Com esta
pesquisa realizada em livros, em periódicos internacionais e internet, buscou-se embasamento
necessário para atingir os objectivos propostos e a resolução do problema especificado.

Importância

A importância da TGS é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização


como um todo e não somente em departamentos ou sectores. O mais importante ou tanto quanto
é a identificação do maior número de variáveis possíveis, externas e internas que, de alguma
forma, influenciam em todo o processo existente na Organização. Outro factor também de
significativa importância é o feed-back que deve ser realizado ao planeamento de todo o
processo. Vários autores argumentam que as empresas em geral devem se preocupar com todos
os níveis estruturais internos e também com as variações externas à entidade, ou seja,
informações financeiras e não financeiras devem ser base para a gestão das Entidades em geral
(HARRINGTON,1997; SHANK; GOVINDARAJAN, 1997; COLLIS E MONTGOMERY,
1998; ATKINSON; EPSTEIN,2000; KAPLAN

E NORTON, 2004, entre outros).

Resultados Esperados

Com este trabalho espera-se que o leitor possa entender os conceitos de sistemas e suas
aplicações ao estudo da administração, bem como o conceito de sistema aberto e, os modelos
propostos por Schein, Katz e Kahn, e a abordagem sociotécnica de Tavistock. Sendo a
organização um sistema aberto, os conhecimentos de teorias de sistemas podem melhorar a
gestão dalguns sectores das empresas de acordo com os fundamentos aqui contidos para uma boa
funcionalidade das mesmas, visto que no passado, até podiam visualizar sistemas, mais não
haviam meios tecnológicos para se perceber dessa visão.

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Capitulo I: Origens da Teoria de Sistemas

A Teoria Geral de Sistemas surgiu com os trabalhos do biólogo alemão Ludwig


Bertalanffy. A TGS não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir
teorias e formulações conceituais para aplicações na realidade empírica.
Bertalanffy crítica a visão que se tem do mundo dividida em diferentes áreas, como
Física, Química, Biologia, Psicologia, Sociologia etc. São divisões arbitrárias e com fronteiras
solidamente definidas. A natureza não está dividida em nenhuma dessas partes. A TGS afirma
que se deve estudar os sistemas globalmente, envolvendo todas as interdependências de suas
partes. Por exemplo, a água é diferente do hidrogénio e do oxigénio que a constitui.
A partir da Teoria dos Sistemas, passa-se a compreender melhor o universo de outras
ciências. Surgiram então novas denominações como sistema solar em Astronomia, sistema social
em sociologia, sistema monetário em Economia, sistema nervoso, digestivo e respiratório em
Fisiologia e, assim por diante. “O conceito de sistemas passou a dominar as ciências, e
principalmente, a Administração” (CHIAVENATO, 2003, p. 474).
A abordagem sistémica hoje, em Administração, é tão comum que às vezes nem nos
ocorre que estamos a utilizá-la a todo momento.
A empresa se apresenta como uma estrutura autónoma com capacidade de se reproduzir e
pode ser focalizada através de uma teoria de sistemas capaz de propiciar uma visualização de um
sistema de tomadas de decisões, tanto do ponto de vista individual como colectivo, ou seja, da
organização como um conjunto. A abordagem sistémico tem por objectivo representar de forma
compreensiva e objectiva o meio em que tem lugar a tomada de decisões, uma vez que a tarefa
de decisão seria muito mais fácil se se contasse com uma descrição concreta e objectiva do
sistema dentro do qual ela deve ser tomada.
A Teoria de Sistemas penetrou rapidamente na teoria administrativa por duas razões
básicas:
a) Por um lado, em face da necessidade de uma síntese e uma integração maior das teorias que a
precederam, esforço tentado com considerável sucesso pela aplicação das ciências do
comportamento ao estudo da organização desenvolvido pelos behavioristas; Richard A. Johnson,
Fremont E. Kast e James E. Rosenzweig.
b) Por outro lado, a Matemática, a Cibernética, de um modo geral, e a tecnologia da

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Informação, de um modo especial, vieram trazer imensas possibilidades de desenvolvimento e


operacionalização das ideias que convergiam para uma teoria de sistemas aplicada à
Administração.
O conceito de sistemas não é uma tecnologia em si, mas é resultante dela, permitindo
uma visão compreensiva, abrangente e “gestáltica” de um conjunto de coisas complexas, dando-
lhe configuração total.
A análise sistémica das organizações vivas permite revelar o "geral no particular",
podendo mostrar as propriedades gerais das espécies que são capazes de se adaptar e sobreviver
em seu ambiente típico. Neste sentido as propriedades “gestálticas” das organizações vivas não
são reveladas pelos demais métodos ordinários de análise científica. Os sistemas vivos, sejam
indivíduos ou organizações, são analisados como "sistemas abertos", mantendo um contínuo
intercâmbio de matéria/energia/informação com o ambiente.
A Teoria de Sistemas permite reconceituar os fenómenos dentro de uma abordagem
global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são, na maioria das vezes, de
natureza completamente diferentes.

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Capitulo II: Conceito de Sistemas

A palavra “sistema" tem muitas conotações: um conjunto de elementos interdependentes


e interagentes no sentido de alcançar um objectivo ou finalidade; um grupo de unidades
combinadas que formam um todo organizado e cujo resultado (output) é maior do que o
resultado que as unidades poderiam ter se funcionasse independentemente. O ser humano, por
exemplo, é um sistema que consiste em um número de órgãos e membros, e somente quando
estes funcionam de modo coordenado o homem é eficaz. Similarmente, pode-se pensar que a
organização é um sistema que consiste em um número de partes interagentes. Por exemplo, uma
indústria manufactureira tem uma secção devotada à produção, outra devotada às vendas, uma
terceira devotada às finanças e várias outras.
Nenhuma delas é mais do que as outras, em si. Mas quando a indústria tem todas essas
secções, e quando elas são adequadamente coordenadas, pode-se esperar que elas funcionem
eficazmente e façam lucros.

A definição de um sistema depende do interesse da pessoa que pretenda analisá-lo. Uma


organização, por exemplo, poderá ser entendida como um sistema ou subsistema ou ainda
supersistema dependendo da análise que se queira fazer: que o sistema tenha um grau de
autonomia maior do que o subsistema e menor do que o supersistema. É, portanto, uma questão
de abordagem. Assim, um departamento pode ser visualizado como um sistema, composto de
vários subsistemas (secções ou sectores) e integrado em um supersistema, segundo Bertalanffy.
O sistema total é aquele representado por todos os componentes e relações necessário à
realização de um objectivo, dado um certo número de restrições. O objectivo do sistema total
define a finalidade para a qual foram ordenados todos os componentes e relações do sistema,
enquanto as restrições do sistema são as limitações introduzidas em sua operação, que definem
os limites (fronteiras) do sistema e possibilitam explicitar as condições sob as quais ele deve
operar.

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2.1.Classificação da Teoria de Sistema

Há uma variedade de sistemas e várias tipologias para classifica-los. Os tipos de sistema são:

i. Quanto à sua natureza, os sistemas podem ser fechados ou abertos:


a) Sistemas fechados. Os autores têm dado o nome de sistemas fechados àqueles sistemas cujo
comportamento é totalmente determinístico e programado e que operam com muito pequeno
intercâmbio de matéria e energia com o meio ambiente. Também o termo é utilizado para os
sistemas completamente estruturados, onde os elementos e relações combinam-se de uma
maneira peculiar e rígida produzindo uma saída invariável.
b) Sistemas abertos. São os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com o ambiente,
através de entradas e de saídas. Os sistemas abertos trocam matéria e energia regularmente
com o meio ambiente.
ii. Quanto à sua constituição, os sistemas podem ser físicos ou abstractos:
a) Sistemas físicos ou concretos. São compostos por equipamentos, maquinaria, objectos e
coisas reais. São denominados hardware(a totalidade de componentes físicos de um sistema)
. Podem ser descritos em termos quantitativos de desempenho.
b) Sistemas abstractos ou conceituais. São compostos de conceitos, filosofias, planos,
hipóteses, e ideias. Aqui, os símbolos representam atributos e objectos, muitas vezes só
existem no pensamento das pessoas. São denominados software(conjunto de programas e
instruções).

2.2. Parâmetros dos Sistemas

Parâmetros são elementos variáveis que por possuírem determinadas propriedades


caracterizam o valor e a dimensão de um sistema, para demonstrar a totalidade que o mesmo
possui. Os parâmetros dos sistemas são de acordo com CHIAVENATO (2003) e Moraes (2004):
Elementos do sistema:
1. Entrada ou insumos (input)– é a força de partida do sistema que fornece material ou
informação para a sua operação. São constituídas por recursos humanos, financeiros e
materiais.

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2. Processamento ou operação (throughput)– é a conversão das entradas em saídas e


representa a etapa de transformação dos recursos em produtos.
3. Saídas ou resultados (output)– é a consequência da reunião dos elementos e relações do
sistema. Compreendem as mercadorias, os serviços e as realizações para alcançar os
propósitos do sistema.
4. Retroacção, retroalimentação, alimentação de retorno (feedback)– é o mecanismo
responsável pelo equilíbrio e estabilidade do sistema e que compara a saída com critérios
estabelecidos. O elemento básico da retroacção é a informação e o objectivo principal é o
controle para evitar desvios positivos ou negativos.
5. Ambiente ou subsistemas – são partes do sistema em que se desenvolvem as actividades,
inter-relacionadas e interdependentes , que são especializadas (consequência da divisão
do trabalho) e interligadas por uma rede de comunicações dinâmica e alimentada
continuamente conforme as mudanças por que passa o ambiente.

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Capitulo III: Sistema Aberto

O sistema aberto se caracteriza por um intercâmbio de transacções com ambiente e


conserva-se constantemente no mesmo estado (auto-regulação) a pesar de a matéria e a energia
que o integram se renovarem constantemente (equilíbrio dinâmico ou homeostasia ).O modelo de
sistema aberto é um complexo de elementos em interacção e intercâmbio contínuo com o
ambiente. Por essa razão a abordagem sistémica provocou profundas repercussões na teoria
administrativa.
Existem diferenças fundamentais entre os sistemas abertos – os sistemas biológicos e
sociais, como célula, planta, homem, organização, sociedade – e os sistemas fechados – como os
sistemas físicos, as máquinas, o relógio , o termóstato – a saber:
1) O sistema aberto está em constante interacção dual com o ambiente. Dual no sentido de
que o influencia e é por ele influenciado. Age ao mesmo tempo, como variável
independente e como variável dependente do ambiente. O sistema fechado não interage
com o ambiente.
2) O sistema aberto tem a capacidade de crescimento, mudança e adaptação ao meio
ambiente e ate auto-reprodução sob certas condições ambientais. O sistema fechado não
tem essa capacidade. Portanto o estado actual, final ou futuro do sistema aberto não é,
necessária nem rigidamente, condicionado por seu estado original ou inicial, porque o
sistema aberto não tem versibilidade. Enquanto isso, o estado actual e futuro ou final do
sistema fechado será sempre o seu estado original ou inicial.
3) É contingência do sistema aberto competir com outros sistemas, o que não ocorre com o
sistema fechado.

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Capitulo IV: A Organização como um Sistema Aberto

A ideia de se tratar a organização como um sistema aberto não é nova. Herbert Spencerjá
afirmava no início do século passado:

“ Um organismo social assemelha-se a um organismo individual nos seguintes traços


essenciais: no crescimento; no fato de se tornar mais complexo à medida que cresce; no fato de
que, tornando-se mais complexo, suas partes exigem uma crescente interdependência; porque sua
vida tem imensa extensão comparada com a vida de suas unidades componentes…” porque em
ambos os casos há crescente integração acompanhada por crescente heterogeneidade.

O conceito de sistema aberto é perfeitamente aplicável a organização empresarial. A


organização é um sistema criado pelo homem e mantém uma dinâmica interacção com seu meio
ambiente, sejam clientes, fornecedores, concorrentes, entidades sindicais, órgãos governamentais
e outros agentes externos. Influi sobre o meio ambiente e recebe influências dele. Além disso, é
um é um sistema integrado por diversas partes ou unidades relacionadas entre si, que trabalham
em harmonia umas com as outras, com a finalidade de alcançar uma série de objectivos, tanto da
organização como de seus participantes.

4.1. Características das Organizações como Sistemas Abertos

As organizações possuem as características de sistemas abertos, a saber:


1) Comportamento probabilístico e não-determinístico
Como todos os sistemas sociais, as organizações são sistemas abertos afectados por
mudanças em seus ambientes, denominadas variáveis externas. O ambiente inclui variáveis
desconhecidas e incontroláveis. Por essa razão, as consequências dos sistemas sociais são
probabilísticas e não-determinísticas e seu comportamento não é totalmente previsível. As
organizações são complexas e respondem a muitas variáveis ambientais que não são totalmente
compreensíveis.
2) As organizações como partes de uma sociedade maior e constituídas de partes
menores
As organizações são vistas como sistemas dentro de sistemas. Os sistemas são “ complexos
de elementos colocados em interacção”. Essa focalização incide mais sobre as relações entre os
elementos interagentes cuja interacção produz uma totalidade que não pode ser compreendida
pela simples análise das várias partes tomadas isoladamente.

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3) Interdependência das partes


A organização é um sistema social cujas partes são independentes mas inter-relacionadas. “
O sistema organizacional compartilha com os sistemas biológicos a propriedade de
interdependência de suas partes, de modo que a mudança em uma das partes provoca impacto
sobre as outras.” A organização não é um sistema mecânico no qual uma das pode ser mudada
sem um efeito concomitante sobre as outras partes. Devido a diferenciação provocada pela
divisão do trabalho, as partes precisam ser coordenadas através de meios de integração e de
controlo.
4) Homeostasia ou “ estado firme ”
A organização alcança um estado firme – ou seja, um estado de equilíbrio – quando satisfaz
dois requisitos: a unidirecionalidade e o progresso.
a) Unidirecionalidade ou constância de direcção. Apesar das mudanças do ambiente ou da
organização, os mesmos resultados são atingidos. O sistema continua orientado para o
mesmo fim, usando outros meios.
b) Progresso em relação ao fim. O sistema mantém, em relação ao fim desejado, um grau de
progresso dentro dos limites definidos como toleráveis. O grau de progresso pode ser
melhorado quando a empresa alcança o resultado com esforço, com maior precisão e sob
condições de variabilidade.
Esses dois requisitos para alcançar o estado firme exigem liderança e comprometimento das
pessoas com o objectivo final a ser alcançado. Além do mais, a organização como sistema
aberto, precisa de dois processos opostos, ambos imprescindíveis para a sua sobrevivência, a
saber: Homeostasia– a tendência de permanecer estático ou em equilíbrio, mantendo inalterado
o seu status quo interno. Adaptabilidade – é a mudança do sistema no sentido de ajustar-se aos
padrões requeridos em sua interacção com o ambiente externo, alterando o seu status quo interno
para alcançar um equilíbrio frente a novas situações.
5) Fronteiras ou limites
Fronteira é a linha que demarca e define o que está dentro e o que está fora do sistema ou
subsistema. Nem sempre a fronteira existe fisicamente. Os sistemas mais sociais têm fronteiras
que se supõem. Um individuo X pode ser membro de duas organizações, concomitantemente: o
sistema A e B.

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As organizações têm fronteiras que as diferenciam dos ambientes. As fronteiras variam


quanto ao grau de permeabilidade: são linhas de demarcação que podem deixar passar maior ou
menor intercâmbio com o ambiente. As transacções entre organização são feitas pelos elementos
situados nas fronteiras organizacionais, isto é, na periferia da organização. É por meio da
fronteira que existe a interface. Interface é a área ou canal entre os diferentes componentes de um
sistema através do qual a informação transferida ou o intercâmbio de energia, matéria ou
informação é realizado.
6) Morfogénese
Diferentemente dos sistemas mecânicos e mesmo dos sistemas biológicos, o sistema
organizacional tem a capacidade de modificar a si próprio e sua estrutura básica: é a propriedade
morfogenica das organizações, considerada por Buckley a característica identificadora das
organizações. Uma máquina não pode mudar suas engrenagens e um animal não pode criar uma
cabeça a mais. Porém, a organização pode modificar sua constituição e estrutura por um processo
cibernético, por meio do qual os seus membros comparam os resultados desejados com os
resultados obtidos e detectam os erros que devem ser corrigidos para modificar a situação.
7) Resiliência
Em linguagem científica, a resiliência é a capacidade de superar o distúrbio imposto por um
fenómeno externo. Como sistemas abertos, as organizações têm capacidade de enfrentar e
superar perturbações externas provocadas pele sociedade sem que desapareça o seu potencial de
auto-organização. A resiliência determina o grau de defesa ou de vulnerabilidade do sistema a
pressões ambientais externas.

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Capitulo V: Modelos de Organização

Existem vários modelos que explicam a organização como um sistema aberto.


Abordaremos três deles: o modelo de Schein, Katz e Kahn e o modelo sociotécnico de Tavistock.

5.1.Modelo de Schein

Schein propõe alguns aspectos que a teoria de sistemas considera na definição de


organização:
 A organização é um sistema aberto, em constante interacção com o meio, recebendo
matéria-prima, pessoas, energia e informações e transformando-as em produtos e serviços
que são exportados para o meio ambiente.
 A organização é um sistema com objectivos ou funções múltiplas que envolvem
interacções múltiplas com o meio ambiente.
 A organização é um conjunto de subsistemas em interacção dinâmica uns com os outros.
Deve-se analisar o comportamento dos subsistemas em vez de focalizar os
comportamentos individuais.
 Os subsistemas são mutuamente dependentes e as e mudanças ocorridas em um deles
afectam o comportamento dos outros.
 A organização existe em um ambiente dinâmico que compreende outros sistemas. O
funcionamento da organização não pode ser compreendido sem considerar as demandas
impostas pelo meio ambiente.
 Os múltiplos elos entre a organização e o seu meio ambiente tornam difícil a clara
definição das fronteiras organizacionais.

5.2.Modelo de Katz e Kahn

Katz e Kahn desenvolveram um modelo de organização por meio da teoria dos sistemas a
teoria administrativa. No modelo proposto por Katz e Kahn, a organização apresenta as
características típicas de um sistema aberto.
a) A organização como um sistema aberto
A organização é um sistema aberto que apresenta as seguintes características:

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 Importação (entradas ou input) – recebe insumos do ambiente e depende de suprimentos


renovados de energia de outras instituições ou de pessoas. Nenhuma estrutura social é
auto-suficiente ou auto contida.
 Transformação (processamento ou throughput) – a organização processa e transforma
os seus insumos em produtos acabados.
 Exportação (saídas ou output) – os sistemas abertos exportam seus, serviços ou
resultados para o meio ambiente.
 Os sistemas são ciclos de eventos que se repetem – “ O funcionamento do sistema aberto
consiste em ciclos recorrentes de importação-transformação-exportação. As organizações
reciclam constantemente suas operações ao longo do tempo.
 Entropia negativa é um processo pelo qual todas as formas organizadas tendem a
exaustão, a desorganização, a desintegração e, no fim, a morte. Para sobreviver, os
sistemas abertos precisam de mover-se para deterem o processo entrópico e se
reabastecerem de energia mantendo indefinidamente sua estrutura original. É um
processo reactivo de obtenção de energia – negentropia .
 Informação como insumo, retroacção negativa e procedo de codificação – recebem
também entradas de carácter informativo, que proporcionam sinais a estrutura sobre o
ambiente e sobre o seu próprio funcionamento em relação a ele.
 Estado firme e homeostse dinâmica – a tendência de permanecer estático ou em
equilíbrio, mantendo inalterado o seu status interno. Segundo Lewin, os sistemas reagem
a mudança ou antecipam-na por intermédio do crescimento que assimila as novas
entradas de energia nas suas estruturas.
 Diferenciação – a organização como um sistema aberto, tende a diferenciação, isto é, a
multiplicação e a elaboração de funções. A diferenciação é uma tendência para a
elaboração de estrutura.
 Equifinalidade – os sistemas abertos são caracterizados pelo principio de equifinalidade:
um sistema pode alcançar, por uma variedade de caminhos, o mesmo resultado final,
partindo de diferentes condições iniciais.
 Limites ou fronteiras – os limites ou fronteiras definem a esfera de acção do sistema, bem
como o seu grau de abertura.

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b) Características de primeira ordem


As características das organizações como sistemas sociais são as seguintes:
 Os sistemas sociais não têm limitação de amplitude – os sistemas sociais não podem ser
representados por modelos físicos pois representa a estruturação de eventos ou
acontecimentos e não de estruturação de partes físicas.
 Os sistemas sociais têm sua natureza planejada – são sistemas inventados pelo homem e,
portanto, imperfeitos. Eles se baseiam em atitudes, crenças, percepções, motivações,
hábitos e espectativas das pessoas. Apesar da rotatividade do pessoal, apresentam
constância nos padrões de relações.
 Os sistemas sociais apresentam maior variabilidade que os sistemas biológicos. Por isso,
os sistemas sociais precisam utilizar forcas de controlo para reduzir a variabilidade e a
instabilidade das acções humanas.
 As funções, as normas e os valores são os principais componentes do sistema social. As
funções descrevem as formas de comportamento associado a determinadas tarefas e
constituem formas padronizadas de comportamento, requeridas das pessoas que
desempenham as tarefas. As normas são expectativas gerais com carácter de exigência,
atingindo a todos incumbidos de desempenho de função. Valores são justificações e
aspirações ideológicas mais generalizadas.
 As organizações sociais constituem um sistema formalizado de funções – representam um
padrão de funções interligados que definem formas de actividades prescritas ou
padronizadas. As regras definem o comportamento esperado das pessoas e são
explicitamente formuladas. Para a imposição das regras existem as sanções.
 O conceito de inclusão parcial –as organizações utilizam apenas os conhecimentos e as
habilidades das pessoas que lhe são importantes. Os demais aspectos das pessoas são
simplesmente ignorados. Assim a organização não requere e nem solicita a pessoa inteira.
As pessoas pertencem a muitas organizações e nenhuma dessas é capaz de obter o pleno
empenho das suas personalidades.
 A organização em relação ao seu meio ambiente – os sistemas sociais como sistemas
abertos depende de outros sistemas sociais. Sua caracterização como subsistemas,
sistemas ou supersistemas depende do grau de autonomia na execução das suas funções.

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c) Cultura e clima organizacionais


Katz e kahn salientam que cada organização cria sua própria cultura com seus próprios
tabus, usos e costumes. A cultura do sistema reflecte as normas e os valores do sistema formal e
sua reinterpretação pelo sistema informal, como decorre das disputas internas e externas das
pessoas que a organização atrai, seus processos de trabalho e distribuição física, as modalidades
de comunicação e o exercício da autoridade dentro do sistema. Assim como a sociedade tem uma
herança cultural, as organizações sociais possuem padrões distintivos de sentimentos e crenças
colectivos, que são transmitidos aos novos membros.
d) Dinâmica de sistema
Para poderem se manter, as organizações sociais recorrem à multiplicação de mecanismos,
pois lhes falta a estabilidade intrínseca dos sistemas biológicos. As organizações sociais criam
mecanismos de recompensas a fim de vincular seus membros ao sistema, estabelecem normas e
valores para justificar e estimular as actividades requeridas e as estruturas de autoridade para
controlar e dirigir o comportamento organizacional.

e) Conceito de eficácia organizacional


Como sistemas abertos, as organizações sobrevivem enquanto forem capazes de manter
negontropia, isto é, importação sob todas as formas, de quantidades maiores de energia do que
elas devolvem ao ambiente como produto. A razão é óbvia. Uma parte da energia que entra é
consumida pela organização para fazer o trabalho de transformação, portanto, a perda de energia
é inevitável.

f) Organização como um sistema de papéis


A organização consiste em papéis ou aglomerados de actividades esperadas aos indivíduos
que se superpõem. É uma estrutura de papéis. Papel é o conjunto de actividades solicitadas de
um individuo que ocupa uma determinada posição em uma organização. Assim, a organização é
um sistema de papéis.

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5.3.Modelo de Tavistock

O modelo sociotécnico de Tavistock foi proposto por sociólogos e psicólogos do Instituto


de Relações Humanas de Tavistock. Para eles a organização é um sistema aberto em interacção
constante com seu ambiente. Mais do que isso, a organização é um sistema sociotécnico
estruturado sobre dois subsistemas:
a) Subsistema técnico
Compreende as tarefas a serem desempenhadas, as instalações físicas, os equipamentos e
instrumentos utilizados, as exigências da tarefa, as utilidades e técnicas operacionais. Em suma,
o subsistema técnico envolve a tecnologia, o território e o tempo. É responsável pela eficiência
potencial da organização.
b) Subsistema social
Compreende as pessoas, suas características físicas e psicológicas, as relações sociais entre
os indivíduos encarregados de execução da tarefa, bem como as exigências das organizações
formais e informais na situação de trabalho. O subsistema social transforma a eficiência
potencial em eficiência real.
A abordagem sociotécnica concebe a organização como a combinação da tecnologia (a
existência de tarefa, ambiente físico, equipamento disponível) com o subsistema social (relações
entre aqueles que realizam a tarefa). Esses subsistemas encontram-se em uma interacção mútua e
recíproca e, cada um influencia no outro até certo ponto. A natureza da tarefa influencia a
natureza da organização das pessoas e vice-versa.

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Capitulo VI: Apreciação Crítica da Teoria de Sistemas

De todas as teorias administrativas apresentadas até agora, a Teoria de Sistemas é a


menos criticada, talvez pelo facto salientado por Mottas de que ainda não houve tempo para sua
análise mais aprofundada, uma vez que as obras mais importantes dessa teoria são muito
recentes, e também pelo fato de que a perspectiva sistêmica parece concordar com a preocupação
estrutural-funcionalista típica das ciências sociais dos países capitalistas de hoje. A Teoria de
sistemas desenvolveu os conceitos dos estruturalistas e behavioristas, pondo-se o salvo das suas
críticas.
Todavia, uma apreciação crítica da Teoria de Sistemas revela os seguintes aspectos:

1) Confronto entre Teorias de Sistema Aberto e de Sistema Fechado


O conceito de sistemas tem suas origens em várias disciplinas científicas, (como a
Biologia e Sociologia etc.). Essas têm um denominador comum: o chamado sistema aberto, que
descreve as acções e interacções dentro de um ambiente.
A descrição de sistema aberto é perfeitamente aplicável a uma organização empresarial.
Uma empresa é um sistema criado pelo homem e mantém uma dinâmica interacção com o se
meio ambiente (caracterizado pelos clientes, fornecedores, concorrentes, entidades sindicais,
órgãos governamentais e muitos outros agentes externos).
Entre as implicações críticas da distinção entre sistema aberto e fechado para a moderna
concepção de Administração, destacam-se as seguintes:
a) A natureza essencialmente dinâmica do ambiente conflitua com a tendência
essencialmente estática da organização. Essa é em geral constituída para autoperpetuar-se
ou, na pior hipótese, para autoperpetuar sua estrutura, critérios, métodos e metas, ao invés
de para mudar esses elementos de acordo com as transformações do ambiente.
b) Um sistema organizacional rígido não poderá sobreviver na medida em que não
conseguir responder eficazmente às mudanças continuam e rápidas do ambiente.
c) Um sistema aberto, como um clube, um hospital ou um governo precisa garantir a
absorção dos seus produtos pelo ambiente. Assim, para garantir sua viabilidade, a
organização deve oferecer ao ambiente produtos por ele necessitados ou, se for o caso,

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criar nele a necessidade de tais produtos, pois só assim garantirá a continuidade da


provisão de insumos e da absorção dos produtos.
d) O sistema precisa, portanto, de constante e apurada informação do ambiente, não sobre
sua natureza, como também à qualidade e quantidade dos insumos disponíveis e,
principalmente quanto à eficácia ou adequação dos produtos ou respostas da organização
ao ambiente. Numa palavra, ao sistema é indispensável constante, apurada e rápida. Isso
porque a continuidade da oferta de produtos indesejáveis ou desnecessários resultará, a
prazo médio, na redução dos insumos, ou seja, dos recursos, reduzindo portanto a
capacidade da organização para auto-sustentar-se e alcançar seus propósitos.

Contrariando essa abordagem de sistema aberto, a perspectiva de sistema fechado tem levado
a Teoria Geral da Administração às seguintes distorções :
a) Conduz o estudo e a prática da Administração a uma concentração em regras de
funcionamento interno, à apologia da eficiência como critério básico da viabilidade
organizacional e à ênfase em procedimentos e não em programas.
b) A perspectiva de organização como sistema fechado é responsável pela insensibilidade da
administração tradicional às diferenças entre ambientes organizacionais e pela desatenção
à dependência entre a organização e o seu ambiente. É isso que explica a transferibilidade
inadequada, a importação acrítica de certas soluções e técnicas que, embora eficazes em
outros ambientes, não funcionam em outros. A premissa, aparentemente lógica, de
perspectiva da organização como sistema fechado, é que soluções, instrumentos e
técnicas são intertransferíveis, já que o ambiente não faz diferença.
c) A perspectiva da organização como sistema fechado resulta na insensibilidade para a
necessidade de mudanças e adaptação contínua e urgente das respostas da organização áo
ambiente.

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2) Características Básicas da Análise Sistémica


As principais características da teoria da Administração baseada na análise sistémica são as
seguintes são:
a) Ponto de vista sistémico – A moderna teoria visualiza a organizações como um sistema
constituído de cinco partes básicas: entrada, processo, saída, retroacção e ambiente. A
TGS inclui todos os tipos de sistemas - biológicos, físicos e comportamentais. Ideias de
controle, estrutura, propósito e processos operacionais de sistemas, provindos da TGS,
Cibernética e demais áreas relacionadas são importantes na moderna teoria
administrativa.
b) Abordagem dinâmica – A ênfase da teoria moderna é sobre o dinâmico processo de
interacção que ocorre dentro da estrutura de uma organização. Esta abordagem contrasta
com a visão clássica que enfatizava quase que somente a estrutura estática. A moderna
teoria não desloca a ênfase na estrutura, mas simplesmente adiciona a ênfase sobre o
processo de interacção entre as partes que ocorre dentro da estrutura.
c) Multidimensional e multinivelada – A moderna teoria considera uma organização do
ponto de vista micro e macroscópico. A organização é micro quando considerada dentro
do seu ambiente (ao nível da sociedade, da comunidade ou do pais); é macro quando se
analisam as suas unidades internas. A teoria sistémica considera todos os níveis e
reconhece a importância das partes, bem como a “Gestalt” ou totalidade e, portanto a
interacção existente entre as partes em todos os níveis. Dai o efeito sinergético que ocorre
dentro das organizações.
d) Multimotivacional – A Teoria de Sistemas reconhece que um ato pode ser motivado por
muitos desejos ou motivos. As organizações existem porque seus participantes esperam
satisfazer a certos objectivos através delas. Esses objectivos não podem ser reduzidos a
um objectivo único, como o lucro.
e) Probabilística – A teoria moderna tende a ser probabilística. Suas frases estão saturadas
de expressões como “em geral”, “pode ser” etc. demonstrando que muitas variáveis
podem ser explicadas em termos preditivos e não com certeza.
f) Multidisciplinar – A Teoria de Sistemas é uma teoria multidisciplinar, buscando
conceitos e técnicas de muitos campos de estudo, como a Sociologia, Psicologia, teoria
administrativa Economia Ecologia, pesquisa operacional etc. A teoria moderna representa

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uma síntese integrativa de partes relevantes de todos os campos no desenvolvimento de


uma teoria geral das organizações e da Administração.
g) Descritiva – A teoria moderna é descritiva. Ela procura descrever as características das
organizações e da Administração. Enquanto as teorias mais antigas eram normativas e
prescritivas, preocupadas em sugerir o que fazer e como fazer, a teoria moderna contenta-
se em procurar compreender os fundamentos organizacionais e deixar a escolha de
objectivos e métodos ao individuo.
h) Multivariável – A teoria moderna tende a assumir que um evento pode ser causado por
numerosos factores que são inter-relacionados e interdependentes. Esta abordagem
contrasta com as teorias antigas que pressupõem causação simples e de factor único. A
teoria moderna reconhece a possibilidade de que factores causais sejam afectados por
coisas que eles próprios causaram através da retroacção.
i) Adaptativa – Um dos pontos de vista mais importantes da moderna teoria administrativa
é sua visão de que a organização é um sistema adaptativo. Se uma organização pretende
permanecer viável (continuar a existir) em seu ambiente, ela deve continuamente adaptar-
se aos requisitos cambiantes do ambiente.
j) Assim, a organização e seu ambiente são vistos como interdependentes e em um contínuo
equilíbrio dinâmico, rearranjando suas partes quando necessário em face da mudança. A
moderna teoria visualiza uma organização em um sentido ecológico, como um sistema
aberto que se adapta através de um processo de retroacção negativa para permanecer
viável. Esta abordagem adaptativa, ecológica, das organizações traz como consequência
uma focalização nos resultados (output) da organização ao invés da ênfase sobre o
processo ou as actividades da organização, como o faziam as antigas teorias.

3) Carácter Integrativo e Abstracto da Teoria de Sistemas


Muitos autores consideram a Teoria de Sistemas demasiado abstracta e conceptual e,
portanto, de difícil aplicação a situações gerenciais práticas. Apesar de predominar fortemente na
teoria administrativa, e tendo uma aplicabilidade geral ao comportamento de diferentes tipos de
organizações e indivíduos em diferentes meios culturais, a abordagem sistémica é basicamente
uma teoria geral compreensiva, cobrindo amplamente todos os fenómenos organizacionais. Ela é
uma teoria geral das organizações e da administração, uma síntese integrativa dos conceitos

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clássicos, neoclássicos, estruturalistas, neoestruturalistas e behavioristas. Obviamente, algumas


variáveis novas passaram a ser estudadas nesse contexto. Todavia, embora o esquema mais
amplo dessa abordagem pareça virtualmente completo no seu todo, muitos detalhes da teoria
ainda permanecem por estudar e pesquisar.

4) O Efeito Sinérgico das Organizações como Sistemas Abertos


Sinergia é o esforço simultâneo de vários órgãos que provoca um resultado ampliado e
potenciado.
Uma das fortes razões para a existência das organizações é o seu efeito sinérgico. A sinergia
faz com que resultado de uma organização seja diferente em quantidade ou qualidade da soma de
suas partes.
A palavra sinergia provém do grego (syn = com e ergos = trabalho) e significa literalmente
trabalho conjunto. Existe sinergia quando duas ou mais causas produzem, actuando
conjuntamente, um efeito maior do que a soma dos efeitos que produziriam actuando
individualmente.

5) O Homem Funcional
A Teoria de Sistemas baseia-se no conceito do “homem funcional” em contraste com o
conceito do “homo economicus” da Teoria Clássica, do “homo socialis” da Teoria das Relações
Humanas, do “homem organizacional” da Teoria Estruturalista e do “homem Administrativo” da
Teoria Behaviorista. O individuo comporta-se em um papel dentro das organizações, inter-
relacionando-se com os demais indivíduos, como um sistema aberto. Nas suas acções, em um
conjunto de papéis, mantém expectativas quanto ao papel dos demais participantes e procura
enviar aos outros as suas expectativas. Essa interacção altera ou reforça o papel. As organizações
são sistemas de papéis, nas quais os indivíduos agem como transmissores de papel e pessoas
focais.

6) Uma nova abordagem organizacional

A perspectiva sistémica trouxe uma nova maneira de ver as coisas. Não somente em termos
de enfoque. O enfoque do todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da
integração interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia. A visão do emergente

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sistémico: as propriedades do todo que não aparecem em nenhuma de suas partes. É esse
emergente sistémico que fez com que faz com que a água seja diferente dos elementos que a
constituem, o hidrogénio e o oxigénio.

7) Ordem e desordem

Toda a organização é caracterizada simultaneamente por ordem e desordem. Ordem, na


medida em que congrega repetição, regularidade, e redundância e é capaz de auto regulação para
a preservação da estabilidade. E desordem, pois é também produtora de eventos, perturbações,
desvios e ruídos que conduzem à instabilidade e à mudanças. Essa desordem pode ser de
natureza objectiva (relacionada com os próprios eventos, desvios e ruídos efectivamente
produzidos) ou subjectiva (relacionada com a incerteza quanto ao futuro).

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Conclusão

Conclui-se que a Teoria de Sistemas desempenha um papel muito importante nas ciências de
nossos tempos, pois, ela permite a integração de conhecimentos das ciências físicas, biológicas e
humanas. Alguns dos seus desdobramentos mais importantes foram: teoria da informação,
cibernética ecologia e ciência cognitiva.

Para as ciências administrativas, o pensamento sistêmico é muito importante pois as


organizações envolvem vários aspectos: Transformações físicas necessárias à fabricação dos
produtos e prestação dos serviços; Comunicação entre os agentes e colaboradores para
desenvolver, produzir e entregar o produto ou serviço atendendo as expectativas e necessidades
do cliente; Envolvimento das pessoas para que elas se empenhem no processo cooperativo;
Desenvolvimento de competências, habilidades e conhecimentos, para que as pessoas tenham
condições de realizar o trabalho da maneira esperada;
Por esses motivos, as organizações podem ser entendidas como sistemas sociotécnicos abertos.

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Referências bibliográficas

[1] CHIAVENATO, Idalberto; Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2003.

[2] BUCKLEY, W. (1967) A sociologia e a moderna teoria dos sistemas. (trad. OM. Cajado) 2ed,
São Paulo, Cultrix, 1976.

[3] CHURCHMAN), CN. Introdução à teoria de sistemas. Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 1971.

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Índice Pág.

Resumo .......................................................................................................................................................... i
ABREVIATURAS .................................................................................................................................... ii
Introdução ................................................................................................................................................... 1
Objectivos ................................................................................................................................................. 2
Metodologia .............................................................................................................................................. 2
Importância ............................................................................................................................................... 3
Resultados Esperados................................................................................................................................ 3
Capitulo I: Origens da Teoria de Sistemas ............................................................................................... 4
Capitulo II: Conceito de Sistemas ............................................................................................................. 6
2.1.Classificação da Teoria de Sistema ..................................................................................................... 7
2.2. Parâmetros dos Sistemas .................................................................................................................... 7
Capitulo III: Sistema Aberto ..................................................................................................................... 9
Capitulo IV: A Organização como um Sistema Aberto ........................................................................ 10
4.1. Características das Organizações como Sistemas Abertos .............................................................. 10
Capitulo V: Modelos de Organização ..................................................................................................... 13
5.1. Modelo de Schein ....................................................................................................................... 13
5.2. Modelo de Katz e Kahn .............................................................................................................. 13
5.3. Modelo de Tavistock................................................................................................................... 17
Capitulo VI: Apreciação Crítica da Teoria de Sistemas ....................................................................... 18
Conclusão ................................................................................................................................................... 24
Referências bibliográficas ........................................................................................................................ 25

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