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Sumário
Introdução
Fundamentos históricos
Legislação
Etapas do processo de triagem neonatal
Como realizar o teste do pezinho
Armazenamento das amostras depois de secas
Remessa das amostras
Qualidade da amostra
Conhecimento da enfermagem
Coletas especiais: recém-nascidos pré-termo, de baixo peso ao nascer e gravemente
enfermos
Fenilcetonúria
Hipotireoidismo congêntio
Doença falciforme
Outras hemoglobinopatias
Fibrose cística
Teste do Olhinho
Teste da Orelhinha
Teste do coraçãozinho
Bibliografia
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Introdução
A triagem neonatal é uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de diversas
doenças congênitas ou infecciosas, assintomáticas no período neonatal, a tempo de se
interferir no curso da doença, permitindo, desta forma, tratamento precoce específico e a
diminuição ou eliminação das seqüelas associadas à cada doença.
Em virtude dos diferentes níveis de organização das redes assistenciais existentes nos
estados e da variação de cobertura dos nascido-vivos e da diversidade das características
populacionais existentes no PIS, optou-se em implantar o Programa Nacional de
Triagem Neonatal em fases:
Todo bebê que nasce no Brasil tem direito a realizar gratuitamente quatro exames muito
importantes para a sua saúde.
Teste do Pezinho
Teste do Olhinho
Teste da Orelhinha
Teste do Coraçãozinho
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Fundamentos históricos
Na década de 80, houve o amparo legal para a realização dos programas de Triagem
Neonatal em poucos estados brasileiros como São Paulo (Lei Estadual n.º 3.914/1983) e
Paraná (Lei Estadual n.º 867/1987), porém com a Lei Federal n.º 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) houve a tentativa inicial de
formalização da obrigatoriedade dos testes em todo o território nacional:
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Em 1992, a legislação federal foi complementada, definindo Fenilcetonúria e
Hipotireoidismo Congênito como as patologias a serem triadas (Portaria GM/MS n.º 22,
de 15 de janeiro de 1992):
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Legislação
O Estatuto da Criança e do Adolescente, no inciso III, do Art. 10, da Lei n.º 8.069, de
13 de julho de 1990, estabeleceu que:
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Etapas do processo de triagem neonatal
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Como realizar o teste do pezinho
Luvas de procedimento
Recipiente com álcool à 70%
Pacotes de gaze esterilizada ou algodão
Lancetas esterilizadas descartáveis, com ponta triangular
Envelopes com papel filtro
Na bancada deverá estar disponível uma pequena prateleira ou algum outro dispositivo
que permita a distribuição dos papéis filtros já coletados, até a secagem total das
amostras.
Procedimentos:
Registro de dados
Antes da coleta deve-se preencher os dados da criança, com letra legível e sem
abreviaturas, com caneta esferográfica, no livro de registro, no envelope branco e no
papel filtro.
Posição da criança
Para que haja uma boa circulação de sangue nos pés da criança, suficiente para a coleta,
o calcanhar deve sempre estar abaixo do nível do coração. A mãe, o pai ou o
acompanhante da criança deverá ficar de pé, segurando a criança na posição de arroto.
O profissional que vai executar a coleta deve estar sentado, ao lado da bancada, de
frente para o adulto que está segurando a criança.
Assepsia
Realizar a assepsia do calcanhar com algodão ou gaze levemente umedecida com álcool
70%. Massagear bem o local, ativando a circulação. Certificar-se de que o calcanhar
esteja avermelhado. Aguardar a secagem completa do álcool. Nunca realizar a punção
enquanto existir álcool, porque sua mistura com o sangue leva à diluição da amostra
e rompimento dos glóbulos sangüíneos (hemólise). Nunca utilizar álcool iodado ou anti-
séptico colorido, porque eles interferem nos resultados de algumas das análises.
Punção
Evite o uso de agulhas, pois elas podem atingir estruturas mais profundas do pé como
ossos ou vasos de maior calibre, além de provocarem um sangramento abundante que
dificulta a absorção pelo papel, sendo este outro motivo muito freqüente de devolução
de amostras por coleta inadequada.
Após a assepsia e secagem do álcool, penetrar num único movimento rápido toda a
ponta da lanceta (porção triangular) no local escolhido, fazendo em seguida um leve
movimento da mão para a direita e esquerda, para garantir um corte suficiente para o
sangramento necessário.
Fazer uma compressão leve com os dedos indicador e polegar envolvendo o calcanhar,
seguida por uma descompressão. Esta manobra visa aumentar a circulação sanguínea e
obter uma boa gota.
Uma punção superficial não produzirá sangramento suficiente para preencher todos os
círculos necessários à realização dos testes. Material insuficiente é outra causa
freqüente de devolução de amostras.
Caso não sejam obtidas gotas suficientes após todas as manobras recomendadas, pegar
outra lanceta e puncionar outro ponto no mesmo pé.
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Coleta de sangue
Coletas de repetição ou novas punções trazem mais dor e incômodo ao bebê e à família,
do que o procedimento eficiente de uma única coleta.
Retire com algodão seco ou gaze esterilizada a primeira gota que se formou. Ela pode
conter outros fluidos teciduais que podem interferir nos resultados dos testes.
Encoste o verso do papel filtro na nova gota que se forma na região demarcada para a
coleta (círculos) e faça movimentos circulares com o papel, até o preenchimento de todo
o círculo. Deixe o sangue fluir naturalmente e de maneira homogênea no papel, evitando
concentração de sangue.
Só desencoste o papel do pezinho quando todo o círculo estiver preenchido. Não toque
com os dedos a superfície do papel na região dos círculos. Qualquer pressão poderá
comprimir o papel, absorver menor quantidade de sangue e alterar os resultados dos
testes.
Repita a mesma operação até que todos os círculos estejam totalmente preenchidos.
Os movimentos circulares com o papel, enquanto o círculo está sendo preenchido, irão
permitir a distribuição do sangue por toda a superfície do círculo.
Jamais vire o papel para fazer a coleta dos dois lados. É necessário que o sangue
atravesse toda a camada do papel até que todo o círculo esteja preenchido com sangue
de forma homogênea.
Após a coleta colocar a criança deitada, comprimir levemente o local da punção com
algodão ou gaze até que o sangramento cesse. Se desejar, utilize curativo.
Secagem
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Local com manipulação de líquidos ou gases químicos – podem inutilizar
a amostra;
Empilhamento de amostras – leva à mistura de sangue entre amostras
diferentes;
Contato com superfícies – algum excesso de sangue que tenha restado na
amostra, não consegue se espalhar uniformemente quando em contato com
superfícies.
IMPORTANTE: se houver recusa por parte dos familiares para a coleta do “teste do
pezinho”, o responsável pela ação no ponto de coleta deve orientá-los sobre os riscos da
não realização do exame. O fato deve ser documentado com a assinatura dos pais ou
responsáveis.
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Armazenamento das amostras depois de secas
Se as amostras não forem enviadas ao laboratório logo após a secagem completa, elas
podem ser empilhadas para serem armazenadas e, neste caso, a preservação em
geladeira é recomendada, principalmente em cidades onde a temperatura ambiente é
elevada. Nesse caso, vários cuidados adicionais devem ser considerados para que a
amostra não se torne inadequada mesmo que a coleta tenha sido perfeita.
Os perigos mais freqüentes são: amostra molhada, amostra contaminada pelo contato
com outras substâncias, amostra com manchas de bolor devido ao excesso de umidade
em recipiente fechado.
Esses procedimentos mais arriscados podem ser evitados se o envio das amostras
ocorrer com regularidade a cada dois ou três dias. O prazo máximo para envio nunca
deve ultrapassar 5 (cinco) dias úteis após a data da coleta.
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Remessa das amostras
Verifique com o Laboratório ao qual você está vinculado, a melhor forma de fazer o
envio de amostras.
É sua responsabilidade que as amostras não fiquem retidas em sua unidade por um
período superior a 5 (cinco) dias úteis. Elas podem se tornar velhas para serem
analisadas.
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Qualidade da amostra
Sangue envelhecido
Sangue contaminado
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Quantidade insuficiente de sangue
Amostra úmida
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Conhecimento da enfermagem
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Coletas especiais: recém-nascidos pré-termo, de baixo peso ao nascer e gravemente
enfermos
O Brasil tem quase três milhões de nascimentos por ano, sendo que mais de 12,4%
compreendem partos prematuros e de crianças de baixo peso. Alguns estados chegam a
mais de 16,8% de partos prematuros e recém-nascidos (RN) de baixo-peso em hospitais
de referência (SINASC, 2013). Esses dados mostram a importância de criar protocolos
específicos para a triagem de pré-termos, RN de baixo peso e RN agudamente doentes.
Todos esses RN devem ser triados, embora possam ser mais predispostos a resultados
falsos positivos e falsos negativos, os quais serão reavaliados no seguimento. Para essas
situações problemáticas, necessariamente todos os casos especiais deverão ser
retestados e remetidos a protocolos específicos de cada doença. O importante é que se
garanta o diagnóstico o mais rápido possível, evitando o risco de perda de casos ou
atraso diagnóstico, que podem ser muito deletérios para a criança.
RN pré-termos têm volume de sangue pequeno, entre 80 mL/kg e 90 mL/kg de seu peso
corporal, portanto as coletas de sangue devem ser otimizadas, para reduzir possíveis
danos a tais recém-nascidos (20 µL a 100 µL são suficientes por amostra). Além disso,
as punções de calcanhar devem ser evitadas, sendo recomendada a coleta de sangue
venoso periférico, não utilizando linhas venosas de infusão de medicamentos ou
nutrição parenteral.
Triagem seriada, com a obtenção de pelo menos três (03) amostras em tempos
diferentes, é recomendada como paradigma mais expediente e eficiente; pode-se chegar
a até quatro (04) ou cinco (05) amostras, se necessário.
Recomendações
Primeira amostra: deverá ser obtida por punção venosa logo na admissão do recém-
nascido pré-termo à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo), antes da
utilização de nutrição parenteral, transfusão de hemoderivados e/ou início de tratamento
intensivo com esteroides, aminas vasoativas, antibióticos, etc.
Segunda amostra: deverá ser obtida entre 48 e 72 horas de vida do RN que se mantém
internado, também por punção venosa, independentemente de sua condição clínica.
Terceira amostra: deverá ser obtida logo à alta do RN ou aos 28 dias de vida do bebê
retido em hospital, o que ocorrer primeiro; essa terceira amostra para triagem neonatal
tem foco principalmente em pré-termos com menos de 34 semanas de idade gestacional
ou peso menor que 2.000 gramas ao nascimento, pela maior imaturidade do eixo
hipotálamo-hipófise-tireoide e risco relacionado de perda diagnóstica por resultado falso
negativo. A mesma preocupação é pertinente para suspeita de hiperplasia adrenal
congênita (HAC).
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Se os resultados da primeira ou segunda coleta demonstram resultados suspeitos de
doença metabólica hereditária, deve-se prosseguir na investigação diagnóstica
confirmatória e acompanhamento clínico como em qualquer outra criança, procurando
manter-se alerta quanto às condições maternas, do RN e de tratamento que podem
interferir na triagem neonatal.
Situações que exijam cuidados especiais na análise dos resultados, como os casos de
transfusão de hemoderivados, especialmente no que se refere à deficiência de
biotinidase, hiperplasia adrenal congênita, hemoglobinopatias e galactosemia, deve-se
remeter o caso a protocolos específicos de cada doença, com fluxogramas próprios.
No caso de coletas especiais devem ser fornecidas obrigatoriamente, além dos dados
contidos no cartão de coleta, informações adicionais relativas a:
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Caso o RN tenha recebido alta, por ocasião da solicitação de nova amostra, o próprio
LETN acionará a Secretaria Municipal de Saúde para que seja feita a busca ativa da
criança.
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Fenilcetonúria
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Hipotireoidismo congênito
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Doença falciforme
A Doença Falciforme é uma doença hereditária do sangue, que afeta 1em cada 1.000
cidadãos brasileiros.
Há vários tipos diferentes de Doença Falciforme, que variam quanto àgravidade, alguns
causando muitos problemas e outros, quase nenhum.
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Outras hemoglobinopatias
Existem outras hemoglobinopatias, como a HbCC e a HbC, que não tem a presença da
homoglobina S e portanto não apresentam fenômenos de falcização.
Por isso não são incluídas entre as doenças falsiformes. Estas se caracterizam por
anemia hemolítica crônica e o quadro clínico é mais leve.
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Fibrose cística
A fibrose cística é uma doença hereditária comum, que afeta todo o organismo,
causando deficiências progressivas e, frequentemente, levando à morte prematura. O
nome fibrose cística refere-se à característica cicatrizante (fibrose) e à formação de
cistos no interior do pâncreas, identificada, pela primeira vez, na década de 1930. A
dificuldade para respirar é o sintoma mais sério e resulta das infecções no pulmão
crônicas que são tratadas, mas apresentam-se resistentes aos antibióticos e a outras
medicações. A grande quantidade de outros sintomas, incluindo sinusite, crescimento
inadequado, diarreia e infertilidade, são efeitos da FC em outras partes do corpo.
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Teste do Olhinho
O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo
visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas – cuja identificação
precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da
visão.
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Teste da Orelhinha
Desde 2010 é determinado por lei que nenhuma criança saia da maternidade sem ter
feito o teste, que é gratuito.
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Teste do Coraçãozinho
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Bibliografia
LEÃO, LL: AGUIAR, MJB – Triagem Neonatal: o que os pediatras deveriam saber
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