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Vithoria Medina - 3ªE - AC1

OT1 - RAS: Rede Cegonha


Histórico da Rede Cegonha
O assunto vem sendo discutido e construído no país desde os anos 1990, com base no conhecimento e na
experiência de pro ssionais da saúde, antropólogos, sociólogos, gestores e colaboradores do Ministério da
Saúde.
Nas duas últimas décadas, destacam-se:
✤ Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (2000).
✤ Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (2004).
✤ Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal (2004).
✤ Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil no Nordeste e Amazônia Legal (2009).
Essas políticas garantiram progressos no direito à saúde, com acesso praticamente universal ao pré-natal e ao
parto hospitalar e redução da morbimortalidade materna e infantil, mas a manutenção desses indicadores em
valores elevados em comparações internacionais indicam obstáculos a superar, entre eles:
✤ Predomínio de causas evitáveis de óbito materno e infantil.
✤ Alta frequência de intervenções obstétricas desnecessárias, como a cesariana.
✤ Concentração de óbitos neonatais nas primeiras horas de vida.
A Rede Cegonha é uma estratégia do MS, instituída pela portaria nº 1.459 de 24 de junho de 2011, para:
✤ Assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao
parto e ao puerpério.
✤ Assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Partiu do diagnóstico de que:
✤ Morbimortalidades materna e infantil permaneciam elevadas.
✤ Prevalência da medicalização do nascimento.
✤ Uso de tecnologias sem evidências cientí cas.
✤ Não consideravam a gestante como protagonista do processo de gestação e parto.
Organiza-se de modo a assegurar o acesso, o acolhimento e a resolutividade, por meio de um modelo de
atenção voltado ao pré-natal, parto e nascimento, puerpério e sistema logístico, que inclui transporte
sanitário e regulação.
📌 O nosso serviço de saúde surgiu como sistemas fragmentados, e em 2011 passou a ser organizado em
redes, ter conexão entre serviços para ter continuidade do cuidado.
Na política de redes, o cuidado é mais garantido e permite que o paciente seja cuidado como um todo e com
a comunicação entre os serviços isso se torna mais fácil. Também permite que o paciente seja encaminhado
para o serviço de sua necessidade.
A Rede Cegonha
Princípios
✤ Respeito, proteção e realização dos direitos humanos
✤ Respeito à diversidade cultural, étnica e racial;
✤ Promoção da equidade;
✤ Enfoque de gênero;
✤ Garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes;
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✤ Participação e mobilização social;
✤ Compatibilização com as atividades das redes de atenção à saúde materna e infantil em
desenvolvimento nos Estados.
Objetivos
✤ Fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com
foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos
vinte e quatro meses;
✤ Organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e
resolutividade;
✤ Reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal.
Diretrizes
✤ Garantia do acolhimento com avaliação e classi cação de risco e vulnerabilidade, ampliação do acesso
e melhoria da qualidade do pré-natal;
✤ Garantia de vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro;
✤ Garantia das boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento;
✤ Garantia da atenção à saúde das crianças de zero a vinte e quatro meses com qualidade e
resolutividade;
✤ Garantia de acesso às ações do planejamento reprodutivo.
Componentes

Componente Pré-natal:
✤ Realização de pré-natal na UBS com captação precoce da gestante e quali cação da atenção;
✤ Acolhimento às intercorrências na gestação com avaliação e classi cação de risco e vulnerabilidade;
✤ Acesso ao pré-natal de alto de risco em tempo oportuno;
✤ Realização dos exames de pré-natal de risco habitual e de alto risco e acesso aos resultados em tempo
oportuno;
✤ Vinculação da gestante desde o pré-natal ao local em que será realizado o parto;
✤ Quali cação do sistema e da gestão da informação;
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✤ Implementação de estratégias de comunicação social e programas educativos relacionados à saúde
sexual e à saúde reprodutiva;
✤ Prevenção e tratamento das ISTs, HIV/Aids e Hepatites;
✤ Apoio às gestantes nos deslocamentos para as consultas de pré-natal e para o local em que será
realizado o parto, os quais serão regulamentados em ato normativo especí co.
Componente Parto e Nascimento:
✤ Su ciência de leitos obstétricos e neonatais (UTI, UCI e Canguru) de acordo com as necessidades
regionais;
✤ Ambiência das maternidades orientadas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36/2008 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);
✤ Práticas de atenção à saúde baseada em evidências cientí cas, nos termos do documento da OMS, de
1996: "Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento”;
✤ Garantia de acompanhante durante o acolhimento e o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato;
✤ Realização de acolhimento com classi cação de risco nos serviços de atenção obstétrica e neonatal;
✤ Estímulo à implementação de equipes horizontais do cuidado nos serviços de atenção obstétrica e
neonatal;
✤ Estímulo à implementação de Colegiado Gestor nas maternidades e outros dispositivos de co-gestão
tratados na Política Nacional de Humanização.
Componente Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança:
✤ Promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável;
✤ Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar na primeira
semana após a realização do parto e nascimento;
✤ Busca ativa de crianças vulneráveis;
✤ Implementação de estratégias de comunicação social e programas educativos relacionados à saúde
sexual e à saúde reprodutiva;
✤ Prevenção e tratamento das ISTs, HIV/AIDS e Hepatites;
✤ Orientação e oferta de métodos contraceptivos.
Componente Sistema Logístico: Transporte Sanitário e Regulação:
✤ Promoção, nas situações de urgência, do acesso ao transporte seguro para as gestantes, as puérperas e
os recém nascidos de alto risco, por meio do SAMU Cegonha, cujas ambulâncias de suporte avançado
devem estar devidamente equipadas com incubadoras e ventiladores neonatais (não é colocado em
prática);
✤ Implantação do modelo "Vaga Sempre", com a
elaboração e a implementação do plano de vinculação
da gestante ao local de ocorrência do parto;
✤ Implantação e/ou implementação da regulação de leitos
obstétricos e neonatais, assim como a regulação de
urgências e a regulação ambulatorial (consultas e
exames).
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Estruturação da Rede Cegonha
A operacionalização da Rede Cegonha se da pela execução de cinco fases:
1. Adesão e diagnóstico: de ne a região de saúde em que será iniciada a implementação da Rede Cegonha e
instituir o Grupo Condutor Estadual da Rede Cegonha, que será responsável por:
✤ Mobilizar os dirigentes políticos do SUS em cada fase;
✤ Apoiar a organização dos processos de trabalho voltados a implantação/implementação da rede;
✤ Identi car e apoiar a solução de possíveis pontos críticos em cada fase;
✤ Monitorar e avaliar o processo de implantação/implementação da rede.
2. Desenho Regional da Rede Cegonha: permitirá uma visão sobre a situação de saúde da mulher e da
criança, incluindo dados demográ cos e epidemiológicos por faixa etária, dimensionamento da demanda
assistencial, dimensionamento da oferta assistencial e análise da situação da regulação, da avaliação e do
controle, da vigilância epidemiológica, do apoio diagnóstico, do transporte e da auditoria, e do controle
externo, entre outros.
3. Contratualização dos Pontos de Atenção: estabelecimento de metas quantitativas e qualitativas do
processo de atenção à saúde, com os pontos de atenção à saúde da Rede Cegonha sob sua gestão, que serão
objeto de monitoramento e avaliação periódica pelo Grupo Condutor Municipal e Estadual da Rede
Cegonha. O Ministério da Saúde avaliará os resultados alcançados semestralmente para a manutenção do
repasse nanceiro ou repactuação das ações e metas.
4. Quali cação dos componentes: realização das ações de atenção à saúde de nidas para cada componente
da Rede, bem como o cumprimento das metas relacionadas às ações de atenção à saúde que serão
acompanhadas de acordo com os indicadores do Plano de Ação Regional e dos Planos de Ação Municipais.
5. Certi cação: conferência do cumprimento das ações de atenção à saúde de nidas para cada componente
da Rede.
- Após a certi cação, o Município fará jus ao incentivo anual por gestantes captadas no ano, de acordo com
o SisPreNatal, mediante repasse fundo a fundo.
Pontos de Atenção

Linha de Cuidado
1. Atenção Primária de Qualidade: resolutiva e ordenadora do cuidado, com ações do pré-natal e
puerpério, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças em especial até seu
segundo ano de vida (UBS).
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2. Atenção Secundária: com o acompanhamento das gestantes e crianças de risco em ambulatórios
especializados com equipe multipro ssional.
- Hospital Referência para Gestação e Partos de Baixo Risco e pela Unidade de Internação Pediátrica.
3. Atenção Terciária: com a disponibilidade de leitos de UTI adulto e neonatal, a garantia da vinculação
das gestantes conforme seu risco nos hospitais, para a atenção de qualidade às intercorrências e ao parto.
- Hospital Referência para Gestação e Partos de Alto Risco, Casa da Gestante Bebê e Puérpera, Unidade de
Cuidado Intensivo Neonatal e Pediátrica.
4. Sistemas Logísticos: cartão SUS, E-SUS, SISPRENATAL, Caderneta de Saúde da Criança e da
Gestante, transporte sanitário eletivo e de urgência, regulação.
5. Sistema de Governança da Rede: por meio das Comissões Intergestoras Regionais (CIR) e da
Comissão Intergestores Bipartite (CIB).

Implementação e Indicadores
Para a implantação da Rede Cegonha há a necessidade da análise e apresentação dos indicadores loco-
regionais de morbimortalidade materno-infantil. Assim a matriz diagnóstica é composta por quatro grupos
de indicadores:
A análise desses indicadores pode aumentar a efetividade da Rede
Cegonha em cada região, pois o Brasil apresenta alto grau de
heterogeneidade regional devido às expressivas diferenças
socioeconômicas e culturais, além das
arbitrariedades de acesso aos serviços de
saúde, sendo de suma importância a
investigação de fatores de risco locais.
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A análise dos dados relativos ao número de óbitos maternos no Brasil, de 1996 a 2011, bem como daqueles
ocorridos entre 2012 a 2019, mostrou a manutenção de uma tendência de queda na ocorrência destes
desfechos desfavoráveis, que já estava ocorrendo no período pré-implantação da RC. Não se observou
diferença signi cativa quando se comparou o número médio de casos no País antes e após a implantação da
Rede Cegonha.
Principais causas da mortalidade infantil:
✤ Prematuridade
✤ As xia perinatal e intraparto
✤ Infecções perinatais
✤ Malformação congênita
✤ Fatores maternos
Sendo os três primeiros destaques mundiais nesse quesito. É válido ressaltar uma proporção considerável de
mortes preveníveis decorrente de ações dos serviços de saúde.
📌 Segundo o Relatório da UNICEF (2015), algumas ações foram fundamentais para a redução da TMI
obtida pelo Brasil no período, como:
✤ Foco na atenção primária em saúde

✤ Melhoria no atendimento materno e ao recém-nascido

✤ Promoção do aleitamento materno

✤ Expansão da imunização

✤ Criação de incentivos de proteção social, como os programas de transferência de renda.

Em um estudo que avalia o impacto da Rede Cegonha no Coe ciente de mortalidade neonatal (CMN)
evitável, foi observado que houve redução acentuada destes coe cientes, particularmente, o Coe ciente de
Mortalidade Neonatal Precoce (CMNP). Houve também uma redução expressiva do CMN após a
implantação da RC. Sendo assim, a análise mostrou que os CMN evitáveis apresentaram acentuada
tendência de queda no Estado de Pernambuco. Sendo um importante indicador relacionado à atenção em
saúde durante o parto e puerpério.
Avanços e Desa os
Nas últimas três décadas ocorreu um grande avanço na melhoria dos cuidados ao parto e ao nascimento, com
redução da morbimortalidade materna e infantil.
O resultado ainda não é satisfatório quando comparado com os níveis de outros países com semelhantes
índices de desenvolvimento econômico.
A morbimortalidade, por contemplar fatores diversos e complexos que di cultam sua redução, constitui um
grande desa o.
O Brasil necessita melhorar a qualidade do pré-natal e das ações de educação em saúde, permitir o acesso,
no pré-natal, aos exames necessários, favorecer o conhecimento prévio da gestante do local do parto,
fortalecer o atendimento à mulher e à criança no puerpério e o acompanhamento do desenvolvimento da
criança.
A melhoria da prestação dos serviços de saúde constitui um grande desa o, uma vez que ainda existem
falhas quanto à cobertura, qualidade e continuidade da atenção; na disponibilidade de insumos e no acesso
igualitário a serviços de saúde sensíveis às especi cidades culturais, independentemente de onde a mulher
vive ou de sua situação socioeconômica.
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Rede de Atenção Materno-Infantil (RAMI)
Atualização da proposta da Rede Cegonha, ambas com objetivo de reduzir a Mortalidade Materna e Infantil
no país.
Instituída pela Portaria nº 715 de 04 de abril de 2022.
→ Considera o aumento de recursos para 1,6 bilhões em repasses.
→ Promove em seu texto legal uma rede de assistência focada em serviços de alta complexidade,
considerando a gestação de alto risco, perda gestacional e planejamento familiar de acordo com critérios
epidemiológicos de cada região. Cria-se uma nova caderneta da gestante.
Observa-se na RAMI alguns lapsos na Portaria, onde tais atitudes impactam diretamente na violação dos
direitos humanos, das mulher e gestantes, bem como a violência obstétrica e normas legais previstas na lei
n°8.080/90 e na CF/88. Podemos citar:
✤ Inobservância da negociação das comissões bipartites e tripartites previstas na lei n°8.080/90 e na CF/
88.
✤ Fere a estrutura básica do SUS.
✤ Utiliza de novos indicadores de saúde, técnicos, e retirada de indicadores de saúde referentes à
qualidade assistencial (indicadores que revelam índices de violência obstétrica como número de
episiotomias e lacerações), entre outros…
✤ Fere múltiplos direitos das mulheres, a retirada de indicadores de qualidade assistencial con ita
diretamente com parâmetros bioéticos e com a segurança do paciente previstos.
✤ Retirada do direito de autonomia da gestante, prevendo a indicação médica-técnica como padrão no
que se refere à decisões oportunas de pré-parto, parto e pós-parto.
✤ Nova caderneta pouco didática, com poucas ilustrações e explicações objetivas às gestantes, o que fere
diretamente o direito à informação da gestante.
✤ Ausência de informações sobre doulas.
- Na antiga portaria que institui a RC, havia menção sobre a atuação de doulas nas parturientes, já na
RAMI, as doulas não são citadas, novamente atacando diretamente o direito à informação.
Por meio de nota conjunta a CONASS e CONASEM se manifestaram: “lamentamos o desrespeito ao
comando legal do SUS com a publicação de uma normativa de forma descolada da realidade dos territórios,
desatrelada dos processos de trabalho e das necessidades locais, tornando inalcançáveis as mudanças
desejadas: quali cação da assistência à saúde das mulheres, gestantes e crianças do País.”
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