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Literatura comparada, Intertextualidade, Humanismo e Modernismo,

Texto teatral – Gênero dramático.


Gabriel Mendes de Lima

Ariano Suassuna é conhecido por sua obra teatral "Auto da Compadecida", que
retrata a cultura popular do Nordeste brasileiro. A peça é repleta de exemplos de
linguagem oral regional, como gírias, expressões idiomáticas e palavras típicas da
região. Um exemplo de linguagem oral regional presente na peça é a palavra
"compadecida", que é usada para se referir à penitência ou à compaixão. Em uma cena,
o personagem João Grilo diz: "Eu sou um compadecido, eu sou um arrependido." A
palavra "compadecido" tem um significado mais amplo na cultura popular nordestina,
onde é usada para se referir a alguém que se arrependeu de suas ações e busca a
redenção. A transcrição da cena em que a palavra "compadecido" aparece é:

João Grilo: Eu sou um compadecido, eu sou um arrependido.

Chicó: Arrependido? De quê?

João Grilo: De tudo. De ter nascido, de ter vivido, de ter feito o que fiz.

A linguagem oral regional presente na peça "Auto da Compadecida" é um elemento


importante para compreender e apreciar a cultura popular do Nordeste brasileiro. Além
disso, a utilização destas expressões e palavras regionais é fundamental para a
construção dos personagens e para a criação de um ambiente autêntico e realista na
peça. Os textos "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente e "Auto da Compadecida" de
Ariano Suassuna ambos retratam questões sociais e políticas, incluindo a corrupção, à
luz do conceito de intertextualidade. Em "Auto da Barca do Inferno", Gil Vicente critica
a corrupção da Igreja e dos líderes políticos de sua época. A peça apresenta a viagem
dos pecadores para o inferno, onde são julgados por seus pecados. Entre os pecadores,
há um bispo que é punido por sua ganância e corrupção. A transcrição da cena em que o
bispo é julgado é a seguinte:

Anjo: Bispo, que fizeste na terra?

Bispo: Fui bispo, e nada mais.

Anjo: E não fizeste bem?


Bispo: Eu fiz o que pude.

Anjo: E o que fizeste foi mal.

Bispo: Eu cobrei os dízimos, e os frutos, e as rendas,

Eu cobrei as ofertas, e as esmolas, e as primícias.

Eu cobrei tudo, mas não dei nada.

Eu não curei nenhum doente, não visitei nenhum prisioneiro,

Não confortei nenhum aflito, não enterrei nenhum morto.

Eu só cobrava, e nada mais.

De forma semelhante, "Auto da Compadecida" também retrata a corrupção,


neste caso, a corrupção política. A peça apresenta personagens como o Coronel José
Bezerra, que é retratado como um líder corrupto e ganancioso. A transcrição da cena em
que o Coronel é julgado é a seguinte:

Anjo: Coronel José Bezerra, que fizeste na terra?

Coronel José Bezerra: Fui coronel, e nada mais.

Anjo: E não fizeste bem?

Coronel José Bezerra: Eu fiz o que pude.

Anjo: E o que fizeste foi mal.

Coronel José Bezerra: Eu cobrei impostos, e taxas, e contribuições.

Eu cobrei tudo, mas não dei nada

Eu não construí nenhuma escola, não saneei nenhum rio,

Não asfaltai nenhuma estrada, não plantei nenhum pomar.

Eu só cobrava, e nada mais.

Em ambos os textos, a corrupção é retratada como uma das principais más ações
humanas e é criticada através do uso de personagens fictícios Identificar a literatura
como manifestação artística na sociedade no livro auto da compadecida e auto da barca
do inferno. A literatura pode ser considerada uma manifestação artística importante na
sociedade, e isso é evidente nos livros "Auto da Compadecida" e "Auto da Barca do
Inferno". No "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, é possível ver a literatura
como uma forma de expressão da cultura popular brasileira. O livro apresenta
personagens típicos da região Nordeste do Brasil, como João Grilo e Chicó, e retrata a
vida no sertão com humor e ironia. O livro é uma crítica social às desigualdades e
injustiças sociais, mas apresenta essa crítica de uma forma lúdica e divertida.

Já no "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, é possível ver a literatura


como uma forma de refletir sobre questões religiosas e morais da época. O livro
apresenta um grupo de personagens que embarcam em uma jornada pelo rio da vida,
acompanhados por um barqueiro, que os leva até o Inferno. A obra é uma crítica à
hipocrisia e aos pecados da sociedade da época, retratando a busca pelo perdão e pela
salvação. Em ambos os livros, a literatura é utilizada como uma forma de expressão da
cultura e da sociedade, refletindo sobre questões importantes e mostrando a visão dos
autores sobre o mundo e a humanidade. Além disso, a literatura é também uma forma de
entretenimento e divertimento, sendo uma manifestação artística fundamental na
sociedade. Na interpretação de textos literários no contexto escolar, "Auto da
Compadecida" e "Auto da Barca do Inferno" são obras interessantes para se estudar e
analisar. No caso de "Auto da Compadecida", o livro pode ser utilizado para estudar a
cultura popular brasileira, a região Nordeste do país e a forma como a literatura pode
retratar e criticar questões sociais. Além disso, o livro também pode ser utilizado para
estudar o humor e a ironia como formas de expressão.

Já em "Auto da Barca do Inferno", o livro pode ser utilizado para estudar a


literatura renascentista, a religiosidade da época e a forma como a literatura pode tratar
questões morais e espirituais. Além disso, o livro também pode ser utilizado para
estudar a teatralidade e a forma como a literatura pode ser utilizada como forma de
entretenimento. Em ambos os livros, é possível trabalhar conceitos como tema,
personagem, narrativa, linguagem e estilo, entre outros, permitindo aos estudantes uma
ampla compreensão e interpretação da literatura. Além disso, o estudo desses livros
pode contribuir para a formação de leitores críticos e reflexivos, capazes de
compreender e analisar diferentes tipos de textos literários.

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