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RESUMO DA UNIDADE

Revela a doutrina que a Medicina Legal é uma ciência de largas proporções e tem a
sua importância na medida em que atende aos interesses da coletividade, das
necessidades da ordem pública com vistas ao equilíbrio legal. Observa-se que a
Medicina Legal não se preocupa apenas com o ser humano vivo, mas o abrange e o
envolve após sua morte. Assim, o laudo pericial, em muitos casos, é tudo como o
início de uma sentença, uma vez que demonstra a gravidade das questões trazidas
à baila. Ainda, a Medicina Legal tem uma maior abrangência envolvendo atividades
de perícia junto aos tribunais, contribuindo, inclusive, com a legislação, com a
doutrina, com a filosofia e a academia (enquanto universidade). Entende-se,
portanto, que é a ciência do Direito é aplicada à medicina, nos casos de
procedimento civil, administrativo e criminal, cooperando na elaboração, auxiliando
na interpretação e contribuindo com a execução dos dispositivos legais, na
administração judiciária e na consolidação da doutrina

Palavras-chave: Medicina Legal. Perícia. Prova.

MEDICINA LEGAL

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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SUMÁRIO
RESUMO DA UNIDADE.........................................................................................................1
SUMÁRIO .................................................................................................................................2
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................4
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL....................................................5
1.1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL .........................................5
1.1.1 Classificação ..............................................................................................................6
1.1.2 Importância do estudo da Medicina Legal ............................................................7
1.1.3 Medicina Legal, Direitos Humanos e legislação ..................................................9
1.2 PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS ............................................................................... 10
1.2.1 Importância da prova ............................................................................................. 12
1.2.2 Documentos médico-legais .................................................................................. 13
1.3 PERÍCIAS E PERITOS ......................................................................................... 13
1.3.1 Legislação de perícias ........................................................................................... 15
1.3.2 Peritos médico-legais ............................................................................................ 17
CAPÍTULO 2 - TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL ................................................ 19
2.1 INTRODUÇÃO À TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL ................................. 19
2.1.1 Energias de ordem mecânica............................................................................... 19
2.1.2 Energias de ordem química.................................................................................. 22
2.1.3 Energias de ordem físico-química ....................................................................... 23
2.1.4 Energia de ordem bioquímica .............................................................................. 23
2.1.5 Energia de ordem biodinâmica ............................................................................ 23
2.1.6 Energias de ordem mista ...................................................................................... 23
2.2 INTRODUÇÃO À SEXOLOGIA CRIMINAL ....................................................... 25
2.2.1 Perícia nos casos de agressão sexual ............................................................... 26
2.3 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL..................................................... 27
2.3.1 Estupro ..................................................................................................................... 27
2.3.2 Violência sexual mediante fraude........................................................................ 28
2.3.3 Assédio sexual........................................................................................................ 28
2.3.4 Estupro de vulnerável ............................................................................................ 29
2.3.5 Corrupção de menores.......................................................................................... 29
2.3.6 Himenologia ............................................................................................................ 29

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CAPÍTULO 3 - TANATOLOGIA ...................................................................................... 31
3.1 TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL ....................................................................... 31
3.1.1 Modalidades de morte ........................................................................................... 34
3.1.2 Tanatognose ........................................................................................................... 35
3.1.3 Cronotanatognose.................................................................................................. 37
3.2 DEONTOLOGIA MÉDICA..................................................................................... 41
3.3 DICEOLOGIA MÉDICA ......................................................................................... 43
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 45

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

Revela a doutrina que a Medicina Legal é uma ciência de largas proporções e


tem a sua importância na medida em que atende aos interesses da coletividade, das
necessidades da ordem pública com vistas ao equilíbrio legal.
Ainda pela doutrina, a definição da Medicina Legal se revela como ciência,
técnica e arte ao mesmo tempo; a primeira, porque sistematiza seus métodos para
um objetivo determinado, exclusivamente seu, sem formar uma consciência restrita
ou uma tendência especializada.
Explica a doutrina que a Medicina Legal se classifica pelos ângulos histórico,
profissional, doutrinário e didático. Para o Direito, tem-se: Medicina Legal Penal,
Medicina Legal Civil, Medicina Legal Canônica, Medicina Legal Trabalhista e
Medicina Legal Administrativa. Sendo assim, a matéria estuda a vida em sua
essência e a morte.
As perícias médicas são, atualmente, uma das principais fontes de
investigação utilizadas pela justiça e pelos policiais ao redor do mundo inteiro. As
investigações estão, geralmente, voltadas para a apuração de fatos e para a busca
da reconstrução de cenas que remontam crimes, na tentativa de solucioná-los e
punir adequadamente os envolvidos. Vale salientar que os métodos investigativos a
serem utilizados devem ser reconhecidos pela lei.
Desse modo, o presente visa contribuir com a academia, explicitando o
conceito e a evolução do Direito Médico, no Brasil e no Mundo, apresentando ao
aluno conceitos específicos sobre o tema, institutos, dicas e referências de livros e
documentários.
Esperamos que, a partir deste estudo, o aluno amplie seus conhecimentos
sobre a matéria, contribuindo, portanto, para o crescimento pessoal e profissional.

Bons estudos!

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL

1.1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL

Revela a doutrina que a Medicina Legal é uma ciência de largas proporções e


tem a sua importância na medida em que atende aos interesses da coletividade, das
necessidades da ordem pública com vistas ao equilíbrio legal.
Diz-se que é “ciência, técnica e arte ao mesmo tempo. É ciência porque
sistematiza seus métodos para um objetivo determinado, exclusivamente seu, sem
com isso formar uma consciência restrita nem uma tendência especializada”
(FRANÇA, 2019). Não é apenas um saber técnico, ela transcende o campo médico
e perpassa pelo Direito.
Ainda, à Medicina Legal aplica-se técnicas e métodos, muitas vezes, exatos e
sofisticados, onde se exige recursos para uma competente diagnose. “Como ciência
experimental ela é um saber dedutivo e não indutivo: tem uma conclusão empírica,
nunca completa, e, às vezes, suas conclusões são prováveis” (França, 2019).
Desse modo, observa-se que a Medicina Legal não se preocupa apenas com o
ser humano vivo, mas o abrange e o envolve após sua morte. Assim, o laudo
pericial, em muitos casos, é tudo como o início de uma sentença, uma vez que
demonstra a gravidade das questões trazidas à baila. França (2019, s/p) descreve:

Uma criança trocada em uma maternidade, um pai que nega a paternidade,


um casamento malsucedido por doença grave e incurável, um acidente de
trabalho ou uma doença profissional têm nesta ciência uma ajuda
indispensável. Do mesmo modo, uma marca de dentada, um fio de cabelo,
um dente cariado ou restaurado, uma impressão digital, uma mancha de
sangue ou pequenos fragmentos de pele sob as unhas de um suspeito, que
à primeira vista não mostram nenhuma importância, são subsídios por si só
capazes de ajudar a desvendar o mais misterioso e indecifrável crime.

Nesses moldes, entende-se que a ciência do Direito é aplicada à medicina, nos


casos de procedimento civil, administrativo e criminal, cooperando na elaboração,
auxiliando na interpretação e contribuindo com a execução dos dispositivos legais,
na administração judiciária e na consolidação da doutrina.
São várias as denominações para a matéria:

Medicina Legalis Forensis (A. Paré); Relationes Medicorum (F. Fidelis);


Questiones Medico Legalis (P. Zacchias); Medicina Crítica (Amman); Schola

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Juris Consultorum Medica (Reinesius); Corpus Juris Medica Legale


(Valentini); Jurisprudência Médica (Alberti); Antropologia Forensis
(Hebenstreit); Bioscopia Forensis (Meyer); Medicina Legal Judicial
(Prunelle); Medicina Política (Marc); Medicina Forense (Sydney Smith);
Medicina Judiciária (Lacassagne). (França, 2019, s/p).

Assim, a Medicina Legal tem uma maior abrangência envolvendo atividades de


perícia junto aos tribunais, contribuindo, inclusive, com a legislação, com a doutrina,
a filosofia e a academia (enquanto universidade). Desse modo, ao direito
constitucional, quando revela a proteção à infância, à maternidade, à dissolubilidade
do matrimônio. Ao direito penal, a matéria colabora nos conflitos relacionados com
lesões corporais, aborto criminoso, homicídio, aborto legal, crimes contra a liberdade
sexual, infanticídio e entre outros. No Direito Civil, temos a sua contribuição para a
paternidade, testamento, direito do nascituro e entre outros. Para o direito
administrativo, avalia-se as condições dos servidores no ingresso, no afastamento,
nas aposentadorias, nas licenças e na invalidez.
Temos, ainda, a sua cooperação com o direito penitenciário, por meio da
psicologia e dos conflitos de sexualidade nas prisões; direito ambiental, quanto as
condições de vida em ambiente saudável; direito trabalhista, no tocante às doenças
de trabalho, a acidente de trabalho, às doenças profissionais, a higiene do trabalho
etc. De mais a mais, a Medicina Legal tem sua ligação, também, com a química,
física, toxicologia, datiloscopia, balística.
Finalmente, tem-se: “Medicina Legal é ciência e arte extrajurídica auxiliar
alicerçada em um conjunto de conhecimentos médicos, paramédicos e biológicos
destinados a defender os direitos e os interesses dos homens e da sociedade”
(Croce e Croce Júnior, 2012, p. 29).
Quanto aos conhecimentos médicos, é necessário que saiba Traumatologia,
Fisiologia, Radiologia, Psiquiatria, Patologia, Anatomia Patológica, Tocoginecologia
e entre outros, além do próprio Direito.

1.1.1 Classificação
Explica a doutrina que a Medicina Legal se classifica pelos ângulos histórico,
profissional, doutrinário e didático. Para o Direito, tem-se: Medicina Legal Penal,
Medicina Legal Civil, Medicina Legal Canônica, Medicina Legal Trabalhista e
Medicina Legal Administrativa. Desse modo, a Medicina Legal disciplina-se:

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Quadro 1: Medicina Legal Especial


Antropologia Estuda a identidade e a identificação médico-legal e judiciária.
médico-legal
Traumatologia Trata das lesões corporais sob o ponto de vista jurídico e das
médico-legal energias causadoras do dano.
Sexologia médico- Vê a sexualidade do ponto de vista normal, anormal e criminoso.
legal
Tanatologia médico- Cuida da morte e do morto. Ainda, analisa a causa jurídica de morte
legal e as lesões in vita e post-mortem.
Toxicologia médico- Estuda os cáusticos e os venenos e os procedimentos periciais nos
legal casos de envenenamento.
Asfixiologia médico- Detalha os aspectos das asfixias de origem violenta, como
legal esganadura, enforcamento, afogamento, estrangulamento,
soterramento, sufocação direta e indireta e as asfixias produzidas
por gases irrespiráveis.
Psicologia médico- Analisa o psiquismo normal e as causas que podem deformar a
legal capacidade de entendimento da testemunha, da confissão, do
delinquente e da própria vítima.
Psiquiatria médico- Estuda os transtornos mentais e da conduta, os problemas da
legal capacidade civil e da responsabilidade penal sob o ponto de vista
médico-forense.
Medicina Legal Justificada, não só pela importância econômica, social e cultural,
Desportiva mas também pelo que os esportes de competição apresentam nos
dias atuais.
Criminalística Investiga tecnicamente os indícios materiais do crime, seu valor e
sua interpretação nos elementos constitutivos do corpo de delito.
Estuda a criminodinâmica.
Infortunística Estuda os acidentes e as doenças de trabalho e as doenças
profissionais, não apenas no que se refere à perícia, mas também à
higiene e à insalubridade laborativas.
Genética médico- Especifica as questões voltadas ao vínculo genético da paternidade
legal e maternidade, assim como outros assuntos ligados à herança.
Vitimologia Trata da vítima como elemento inseparável na eclosão e justificação
dos delitos.
Fonte: A autora, 2020, baseado em França, 2019

1.1.2 Importância do estudo da Medicina Legal


É a Medicina Legal a ciência que colabora, tanto da forma médica, como
técnica e biológica para as questões e conflitos levantados pelo Direito, pela ordem
pública ou privada para a administração judiciária. Croce e Croce Júnior, 2012, p. 32
explicam:
Aos juristas, autoridades policiais e advogados importa à Medicina Legal
orientar com minudência, concisão e clareza sobre a realidade de um fato
de natureza específica e caráter permanente que interesse à Justiça, e
como pedir, o que pedir e o modo de interpretar os laudos periciais [...]

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Sendo assim, a matéria estuda a vida em sua essência e a morte. “O Direito


moderno não pode deixar de aceitar a contribuição cada vez mais íntima da ciência
e o operador jurídico não deve desprezar o conhecimento dos técnicos, pois só
assim é possível a aproximação da verdade que se quer apurar” (França, 2019, s/p).

FIQUE ATENTO
A doutrina majoritária sobre o tema explica que a autoridade judiciária de elementos
de convicção, quando apreciar a prova atendendo à culpabilidade, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecendo, conforme seja necessário e suficiente, a reprovação e prevenção do
crime.
Para saber mais sobre esse assunto, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=mn4JhcBcS7I. Acesso em: 09 de nov. 2020.

Nesse sentido, é preciso ressaltar que o objeto de estudo da Medicina Legal é


o ser humano, seja ele vivo ou morto. Ainda mais, discute-se que a Medicina Legal
possui três correntes: a restritiva, a ampliativa e a intermediária ou mista. Vejamos
esta divisão:
Figura 1: Correntes da Medicina Legal

Não é uma ciência autônoma, seu


Restritiva conteúdo é utilizado de acordo
com a necessidade.

Autonomia É uma ciência autônoma, já que


Ampliativa
possui método, objeto e objetivos
próprios.

Intermediária ou É uma ciência auxiliar ao Direito,


Mista não pode se dizer que é
autônoma, mas também não é
usada apenas para casos
pontuais.

Fonte: A autora, 2020, baseado em Bilynskyj, 2018

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Assim, a corrente utilizada pelo Direito Brasileiro é a intermediária ou mista


uma vez que a Medicina Legal é uma ciência social que fundamenta a verdade na
Justiça, esclarecendo um fato de seu interesse.

1.1.3 Medicina Legal, Direitos Humanos e legislação


Revela a doutrina que a prática da Medicina Legal é de grande importância
para os direitos humanos. Tem-se em mente que, ao assumir a posição como
médico-legal, na atividade pericial, busca-se a verdade real e a cidadania. O
professor Genival Veloso França, em seus estudos, reflete sobre três pontos: a vida
como valor ético; a vida humana como valor jurídico, e a defesa da pessoa e da vida
e os direitos humanos. Destacamos:

A Medicina Legal é um instrumento capaz de contribuir de maneira


significativa, a partir do momento em que ela possa denunciar, por meio de
suas práticas periciais, todas as modalidades de agressões que se verificam
neste universo delinquencial que se observa, cada vez mais frequente, nos
dias de hoje. (França, 2019, s/p)

Nesse caminho, a Declaração Universal dos Direitos Humanos muito


contribuiu para a humanidade, representando um marco legal para a valorização da
pessoa e o reconhecimento irrecusável dos direitos humanos, banalizando os atos
ilícitos.
Ademais, é preciso salientar que a Medicina Legal tem a sua importância na
elaboração das leis, na medida em que uma norma é criada para proteger um bem
jurídico específico, voltado ao ser humano, senão vejamos o art. 129, §1º, III do
Código Penal Brasileiro:

Proteção do bem jurídico “Integridade Física”


Art. 129, §1º, III, do Código Penal
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§1º Se resulta:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função”

Sendo assim, observamos a gravidade para cada lesão e a sua tipificação no


ordenamento jurídico e que será devidamente fundamentada por meio da realização
do corpo de delito. Nesses moldes, no processo de formação, temos que:

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Figura 2: Normas

Criação da
norma

Proteção Lei

Aplicação da
norma
Fonte: A autora, 2020, baseado em Bilynskyj, 2018

Assim, a legislação brasileira traz, em seus códigos, a previsão para


aplicação dos conflitos que envolvem as questões de medicina legal. Cabe ao perito,
profissional habilitado, constatar o que de fato houve.

1.2 PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS

A doutrina define que a perícia médico-legal é “um conjunto de procedimentos


médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de
interesse da Justiça. Ou como um ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por
meio de técnicos e científicos, a existência ou não de certos acontecimentos”
(França, 2019).
Sendo assim, a perícia pode ser sobre um fato a ser analisado ou sobre uma
perícia já realizada. Croce e Croce Jr (2012, p. 39) explicam:
Todo procedimento médico (exames clínicos, laboratoriais, necroscopia,
exumação) promovido por autoridade policial ou judiciária, praticado por profissional
de medicina visando prestar esclarecimentos à Justiça, denomina-se perícia ou
diligência médico-legal. Dispõe sobre as perícias oficiais a Lei nº. 12,030, de 17 de
setembro de 2009.
Nesses moldes, a perícia sobre fato a analisar é aquela em que o profissional
médico-legal confere, de forma técnica e científica o fato sob um olhar quantitativo e
qualitativo. Já na perícia realizada, o profissional analisará o evento pretérito para o
eventual caso de contestação ou discordância entre as partes e o julgador.

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IMPORTANTE
A finalidade da perícia é produzir a prova, e a prova não é outra coisa senão o
elemento demonstrativo do fato. Assim, tem ela a faculdade de contribuir com a
revelação da existência ou da não existência de um fato contrário ao direito, dando
ao magistrado a oportunidade de se aperceber a verdade e de formar sua
convicção. (FRANÇA, 2019).

Para que o conflito ou caso seja esclarecido, será utilizado, durante a


diligência, um conjunto de perguntas, essencialmente na área da medicina, em
pessoas, em animais, cadáveres e em coisas.
Quadro 2: Tipos de perícias
Pessoas Cadáveres Coisas
Perícias
Visam determinar a Visam diagnosticar a Tem a finalidade de
identidade, a idade, a realidade, a causa pesquisar pelos,
raça, o sexo, a altura; jurídica, o tempo da levantamento de
diagnosticar prenhez, morte, a identificação impressões digitais,
parto e puerpério, lesão do morto; diferenciar as exames de arma e projéteis
corporal, sociopatias, lesões intra vitam e post e caracterização de
estupro e doenças mortem; realizar agentes vulnerantes e de
venéreas; determinar exames toxicológicos manchas de saliva,
exclusão da das vísceras do morto; colostro, esperma, sangue,
paternidade, doença e proceder a exumação; líquido amniótico e urina
retardamento mental, extrair projéteis. nos panos móveis e
simulação de loucura; utensílios.
investigar, ainda,
envenenamento e
intoxicações, doenças
profissionais e
acidentes de trabalho.
Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior (2012, p. 40)

Assim, no processo penal, é realizada a perícia médico-legal na fase policial,


no momento de conhecimento do crime ou até a conclusão do inquérito. “Salvo um
crime que deixou vestígios, ou quando houver dúvida no que concerne ao estado
mental do acusado ou quando for admissível e tempestivamente requerida, não se
obriga ao juiz determinar a realização do exame pericial” (Croce e Croce Jr., 2012, p.
40). De mais a mais, o parecer da perícia não é um documento sigiloso. É público,
assim como o boletim de ocorrência e o inquérito policial.

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É sobremaneira importante salientar que o atestado médico fornecido por


particular não substitui o laudo, a não ser para atender ao disposto no artigo 77 da
Lei nº. 9.099/1995, que diz: “Tratando-se de infração que deixa vestígios, torna-se
imprestável o laudo de exame de corpo de delito realizado com base em ficha de
atendimento hospitalar, máxime se não havia qualquer impedimento para que a
vítima se submetesse à inspeção direta do médico legista, uma vez que fora
atendida no mesmo dia da confecção do laudo”.
Ainda, revela a doutrina que, quanto à legitimidade de requerer a perícia, temos
a autoridade judiciária investida da sua função, tem competência de determinar os
devidos exames periciais. Por outro lado, cabe ao Ministério Público a
recomendação da solicitação a quem de direito.

1.2.1 Importância da prova


A prova é o documento, eivado de autenticidade, que demonstra a veracidade
de um fato. “O objeto da sua apreciação são todos os fatos, principais ou
secundários, que demandam uma elucidação e uma avaliação judicial” (França,
2019). Nesse interim, salienta-se que existe a prova proibida, que é obtida por meios
contrários à norma. Há dois tipos: a ilícita, que é quando atinge uma regra de direito
material, e a ilegítima, que é quando afronta princípios da lei processual.
Um exemplo de importância da prova, no ordenamento jurídico, é o que aduz
o art. 157 do Código de Processo Penal, que diz que o juiz formará a sua convicção
pela livre apreciação da prova. Sobre isso, França (2019, s/p) explica:

A avaliação da prova deve ter o mesmo sentido que tem a decisão judicial:
sem motivação ideológica ou emocional, mas tão só baseada na
racionalidade e na lei. Assim, ao julgador não se pede uma certeza
absoluta, senão que ele encontre a solução mais racional e a juridicamente
mais correta para a lide. Não pode ele operar com meras probabilidades ou
conjecturas.

Assim, a prova tem como finalidade a busca pela verdade real dos fatos, ou
melhor, a verdade material, tendo em vista a necessidade que tem o julgador de
fundamentar a sua convicção, a sua sentença.

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1.2.2 Documentos médico-legais


Nestes moldes, pelo exposto, é possível aduzir que os documentos médico-
legais são os laudos que expõem, verbalmente, o conflito com o objetivo de clarificar
ao juiz o ocorrido e servir como meio de prova do ato.
Diz-se que os documentos médico-legais são: as notificações, os atestados,
os relatórios, os pareceres e depoimentos orais. Vejamos:
- Notificações: são comunicações às autoridades “competentes de um fato
médico sobre moléstias infectocontagiosas e doenças do trabalho” (Croce e Croce
Jr, 2012, p. 55).
- Atestados ou certificados médicos: são os documentos pelo qual se afirma
um fato médico e suas possíveis consequências. São classificados em: oficiosos,
administrativos e judiciários.
- Relatórios: é o registro escriturado de todos os fatos específicos e de caráter
permanente no tocante a uma perícia médica. “Se o relatório é ditado ao escrivão,
na presença de testemunhas, chamar-se-á auto, e, se redigido posteriormente pelos
peritos, ou seja, após suas investigações e consultar ou não a tratados
especializados, recebe o nome de laudo. A parte objetiva do auto de exame
cadavérico (necroscopia) é chamada protocolo” (Croce e Croce Jr., 2012, p. 59).
- Pareceres: o parecer é um documento particular e possui valor de simples
prova técnica, a ser estimada de forma relativa pelo juiz, que poderá dar a esse
documento a importância que entender (art. 182 do CPP). Por outro lado, nada
obsta do juiz levá-lo em consideração em sua sentença.
- Depoimentos orais: é quando o perito é chamado a depor nos tribunais e
nas audiências de instrução e julgamento, como parte técnica e nunca como
testemunha.

1.3 PERÍCIAS E PERITOS

As perícias médicas são, atualmente, uma das principais fontes de


investigação utilizadas pela justiça e pelos policiais ao redor do mundo inteiro. As
investigações estão, geralmente, voltadas para a apuração de fatos e para a busca
da reconstrução de cenas que remontam crimes, na tentativa de solucioná-los e

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punir adequadamente os envolvidos. Vale salientar que os métodos investigativos a


serem utilizados devem ser reconhecidos pela lei.
No caso das perícias médicas, podem ser vistas, segundo o professor Genival
França (2015, p.46), como “o conjunto de procedimentos médicos e técnicos que
tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça”: a partir
dessas perícias, são recolhidos elementos materiais que venham a corroborar com
as investigações e com o processo jurídico, sendo uma das principais formas de
obter provas materiais do fato ocorrido.

FIQUE LIGADO
É preciso chamar atenção para o fato de que a materialização da perícia deve ser
realizada através de laudos escritos da perícia médico-legal, que não são
considerados como documentos sigilosos.

França (2015) também vai diferenciar a perícia entre peritia percipiendi – a qual
é realizada para analisar algo ou alguém específico, realizada sobre fatos para a
constatação de perturbações e doenças mentais potencialmente geradoras de
danos. Nesse tipo de perícia, um perito oficial é chamado para apurar os fatos de
maneira técnico-científica, e peritia deducendi – necessitada para a constituição de
pareceres técnicos, realizada a partir de fatos passados com o objetivo de contestar
ou apurar possíveis discordâncias das partes ou da justiça. O perito é convocado
para reavaliar uma perícia já feita. Com isso, a perícia deve ser voltada para algum
objeto, como dito anteriormente, sobre algo ou alguém. Dessa maneira, os objetos
da perícia podem ser divididos em dois: objecti e subjecti, vejamos os significados e
divisões:

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperaç ão de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura n° 3: Objetos da perícia

Objecti (parte objetiva)


• Alterações/pertubações encontradas nas lesões durante a perícia;
• Baseadas em elementos reais e passíveis de serem medidos;
• Fatos persepitíveis a todos e imutáveis.

Subjecti (parte subjetiva)


• Parte valorativa dada sobre os fatos da parte objetiva;
• Pode ser alvo de divergências e contradições;
• Pode originar conceitos ou teorias diversas.

Fonte: Adaptado de França (2015, p.43)

As perícias podem ser em pessoas vivas ou mortas – não apenas em


cadáveres, mas também esqueletos – além de ser realizada em animais e até em
objetos. Esse tipo de investigação médico-legal pode ser realizado para diagnosticar
lesões, causas que levaram à morte de alguém, tempo da morte, identificar um
cadáver, identificar sexo, idade e é válido no exame de armas, projéteis e ambientes
inteiros na busca de impressões digitais, sangue, DNA, fluídos corporais etc.
Um dos mais comuns exames utilizados dentro da perícia médico-legal é o
exame de corpo de delito, sendo ele obrigatório nos casos em que o crime em
questão deixa vestígios (art.158 do CPP), devendo ser realizado até nos casos em
que há a confissão do réu.

1.3.1 Legislação de perícias


Quando o tema são as perícias médico-legais, é importante destacar que a
legislação referente ao tema pode ser encontrada dentro do Código de Processo
Penal, Código de Processo Civil e na Lei n°12.030/09, que trata especificamente das
perícias criminais.

1.3.1.1 Código de Processo Penal:


No Código de Processo Penal, encontramos a legislação relativas às perícias
dentro do capítulo II, título VII, que versa sobre as provas. Sobre esse dispositivo, é

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importante destacar que o art. 158 fala sobre o exame de delito, que pode ser feito
de maneira direta e indireta, não podendo ser substituído pela confissão do culpado
pelo crime.

FIQUE LIGADO
Os exames diretos são feitos diretamente nos vestígios da prática do crime, ou seja,
no corpo da vítima, no local do crime ou em objetos, documentos e instrumentos
suspeitos envolvidos no caso. Já nos exames indiretos, temos aqueles realizados
através de fotos, relatórios, depoimentos das vítimas ou testemunhas, filmagens e
elementos indiretos ao crime.

A lei também dá prioridade ao exame de corpo delito a ser realizado nos casos
de violência doméstica e familiar contra a mulher e nos casos de violência contra
crianças, adolescentes, idosos ou pessoas com deficiências físicas.
Já o artigo 167 do CPP determina que, nos casos em que o exame não for
possível – onde há o desaparecimento de provas e vestígios –, a prova testemunhal
será de extrema importância para suprir essa lacuna do corpo de delito. Deve
chamar atenção para o fato de que as provas testemunhais são consideradas como
supletivas ao processo.
Nos artigos 161 e seguintes, são designadas algumas observadas, por
exemplo, o fato de que o corpo de delito pode ser realizado a qualquer dia ou hora,
já as autópsias devem ser feitas, pelo menos, em seis horas depois do óbito
(podendo ser realizadas antes dependendo do caso). Nas exumações, as
autoridades devem marcar dia e hora para a realização das diligências.
Também é importante destacar que a ausência de exames de corpo de delito
pode acarretar nulidade do processo, com base no art.564 do CPP.

1.3.1.2 Código de Processo Civil


Dentro do CPC também podem ser encontradas disposições acerca da perícia
no seu capítulo II, título VII, a partir do artigo 158. Nos casos da perícia cível, é
necessário que seja exposto o objeto da perícia, qual foi a análise feita no objeto,

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seja ela técnica ou científica, além das indicações dos métodos utilizados como
forma de esclarecê-los.

1.3.1.3 Lei n°12.030/09


Esta é a lei que estabelece as principais normas que vão reger os institutos das
perícias médicas vinculadas aos casos de natureza criminal, principalmente no que
tange ao assunto dos profissionais aptos para executarem as perícias oficiais,
assunto que iremos abordar no próximo tópico.

1.3.2 Peritos médico-legais


Os peritos são os profissionais específicos que possuem os conhecimentos
necessários para realizar as perícias médico-legais. O perito será o responsável por
encontrar a respostas para solucionar determinados casos após aplicar sua técnica
e conhecimentos científicos, sempre devendo agir de maneira imparcial e objetiva.
Os profissionais que vão atuar dentro das perícias jurídicas podem ser oficiais
– que é funcionário que possui nível superior aprovado em concurso público – ou
não oficiais (ad hoc) – necessários para as causas mais complexas ou que exijam
análises mais especificas. Assumem sua função através de um termo de
compromisso formal. Assim, podemos dividir os peritos entre os criminais e aqueles
que são médicos-legistas ou odontolegistas, segundo a classificação de França
(2015, s/p).
Figura n° 4: Classificação dos Peritos

PERITOS CRIMINAIS

• Responsáveis por examinar os locais onde ocorreram


crimes, incluindo objetos, documentos etc.
• Examinam provas ligadas indiretamente ao fato.

PERITOS MÉDICO-LEGITAS
OU ODONTOLEGISTAS

• Responsáveis pelos exames médicos-legais realizados em


vestígios diretamente ligados ao fato;
• Podem ser de áreas específicas a depender do caso em
questão (engenheiros, biólogos, bioquímicos...).

Fonte: Adaptado de França (2015, p.51)

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As previsões para este tópico estão muito presentes no Código de Processo


Penal, por exemplo, no art.159 que define que “o exame de corpo de delito e outras
perícias são realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior”.
Além disso, é preciso dar ênfase à já citada Lei n°12.030/2009 que possui
poucos artigos, mas que são extremamente relevantes para determinarem detalhes
acerca dos peritos oficiais e as normas que regem suas atuações. Dentre tais
normas, cabe aqui destacar o art. 2° que confere autonomia ao perito no exercício
de suas funções.

Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é


assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso
público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo
de perito oficial.

Garantindo a autonomia do perito, a lei acaba por também garantir que seja
firmado um ambiente de parceria e imparcialidade do profissional no exercício de
sua atividade, além de assegurar, por meio do mesmo artigo, que a função do perito
somente será exercida por profissional devidamente certificado e que tenha domínio
e conhecimento das funções que exerce.
A já citada classificação dos peritos, explorada na Figura n° 4, também está
prevista dentro da citada legislação. Em seu artigo 5°, a lei especifica que os peritos
médicos-legistas, odontolegistas e os peritos criminais estão vinculados à lei
específica do ente ao qual se encontram vinculados, devendo esses possuírem
formação específica detalhada dentro do regulamento interno de tal ente e de
acordo com as necessidades de cada órgão.
Os peritos oficiais são aprovados para os seus devidos cargos através de
concurso público e, por isso, estão sujeitos a um regime especial de trabalho, como
previsto no artigo 3° da Lei n°12.030/2009. Cabe a cada órgão responsável prever
em sua legislação específica quais serão os elementos a serem observados para o
exercício do trabalho dos peritos a este vinculados.

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CAPÍTULO 2 - TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL

2.1 INTRODUÇÃO À TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL

A Traumatologia Médico-legal também é comumente conhecida como


Lesonologia, ou seja, de acordo com França (2015), é o campo da Medicina Legal
responsável pelo estudo das lesões e dos traumas patológicos produzidos
violentamente no corpo humano, podendo esses serem traumas imediatos ou
tardios. Esse ramo dos estudos forenses também implica nos impactos legais e
socioeconômicos das lesões encontradas durante uma perícia, não excluindo o
estudo das energias que podem ter sido causadoras dos danos em questão.
Em outras palavras, a traumatologia forense está relacionada às ofensas
contra a integridade física ou contra a saúde de um indivíduo, sendo tais ofensas
originadas pelas chamadas energias. Assim, a doutrina classifica essas energias em
sete espécies: energias de ordem mecânica, física, química, físico-química,
bioquímica, biodinâmica e mista.

2.1.1 Energias de ordem mecânica


As lesões ocasionadas por este tipo de energia podem ser avaliadas de
maneira interna ou externa, sendo ocasionadas pelo choque entre um determinado
objeto e o corpo de um ser humano. Tais danos podem ser feitos por armas de fogo
ou armas brancas, armas eventuais (facas, machado, navalha...), armas naturais
(punhos, dentes, unhas...) e quaisquer outros meios (máquinas, veículos,
explosões...).
Tais meios podem atuar contra o corpo em ações elencadas por França (2015,
p.220), como “pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão,
explosão, deslizamento e contrachoque”.

Quadro 3: Agentes mecânicos


Armas propriamente ditas: punhais, revólveres, soqueiras;
Armas eventuais: faca, navalha, foice, facão, machado;
Armas naturais: punhos, pés, dentes;
Diversos meios imagináveis: máquinas, animais, veículos, quedas, explosões,
precipitações.
Fonte: Sanarmed, 2019

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperaç ão de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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França (2015) ainda apresenta uma segunda classificação das lesões


ocasionadas pelos meios mecânicos, baseados na forma como elas são realizadas
contra o corpo humano.

Quadro 4: Classificação das lesões por meios mecânicos


Tipo de Lesão Características Exemplos
- Causadas por instrumentos de
aspecto pontiagudo, alongado
e fino e de diâmetro reduzido;
- Atuam por percussão ou
pressão; Agulhas, estilete,
PERFURANTES - Lesões chamadas de furador de gelo...
punctiformes ou punctórias;
- Na maioria dos casos, é
homicida, raramente suicida ou
acidental.
- Causadas por gumes afiados
e possuem sentido linear; Navalhas, lâminas
- Causam feridas cortantes; de barbear,
CORTANTES - Possui bordas regulares e bisturi...
cauda de escoriações;
- Causada por armas brancas
ou negras.
- Causam maiores danos; Qualquer objeto
- Manifestam-se externamente que haja por
em sua maioria, podendo pressão, explosão,
também serem profundas; deslizamento,
CONTUNDENTES - Geralmente ocasionadas por percussão,
meios sólidos; compressão,
- Gera uma contusão e descompressão,
escoriações. distensão, entre
outros.
- Realizadas por instrumentos Objetos de um
PERFUROCORTANTES de ponta e gume, por gume: canivete,
mecanismo misto; espada;
- Penetram perfurando e cortam
com bordas afiadas; Dois gumes:
- Agem por pressão e secção; punhal, facas;
- Resulta em lesões perfurantes três gumes: lima.
e graves.
- Causadas por mecanismos
que perfuram e contundem o
PERFUROCONTUNDENTES local;
- Geralmente realizados à
distância e por instrumento de Projéteis de armas
formato cilíndrico; de fogo
- Possui ferimento de entrada e
de saída na maioria dos casos;
- Causados por instrumentos

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de gume, mas que agem em


ação contundente; Foice, facão,
- Provocam lesões machado, enxada,
CORTOCONTUNDENTES cortocontusas, graves e dentes...
geralmente profundas;
- Podem ser causadas por
mordedura ou dentada de
animais.
Fonte: Autora (2020, baseado em França (2015)

2.1.1.1 Energias de ordem física


Nas lesões ocasionadas pela ordem física, são consideradas aquelas capazes
de alterar o estado físico dos corpos, causando danos à saúde e podendo levar à
morte. Para esse tipo de lesão, França (2015, p.299) destaca que as mais
frequentes são aquelas ocasionadas por “temperatura, pressão atmosférica,
eletricidade, radioatividade, luz e som”.

Quadro 5: Agentes físicos


Meio Mecanismo Lesão Exemplos
Temperatura Frio Sem lesões Refrigeradores,
características. lugares muito
gelados.
Calor Queimaduras (1º, 2º, Irradiação solar,
3º e 4º grau). chamas, gases
superaquecidos.
Pressão atmosférica Aumento da pressão Embolia gasosa. Mal dos
mergulhadores.
Diminuição da Hipóxia, diminuição Mal das montanhas
pressão concentração dos ou dos aviadores.
gases dissolvidos no
sangue.
Eletricidade Contato com altas Paralisia respiratória Raio, tomadas,
voltagens de e asfixia, aparelhos
eletricidade (natural queimaduras, eletrônicos, postes
ou artificial) hemorragias de luz.
musculares, ruptura
de vasos calibrosos.
Radioatividade Radiação Descarregamento Explosões de usinas
cutâneo, hidrelétricas,
hemorragias materiais radioativos
viscerais, projeção à (Césio 137).
distância com
traumatismo indireto.
Fonte: Sanarmed, 2019

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No caso da temperatura, destacam-se as oscilações dessa, além do frio ou


calor em excesso sobre os corpos. A alteração de pressão atmosférica também
pode agir de forma a causar danos sérios ao corpo humano visto que, com a sua
diminuição, há também a redução de oxigênio no ambiente, prejudicando a
respiração e causando fenômenos diversos nas vítimas. Por outro lado, o seu
aumento é bastante visto em profissionais que trabalham em baixo d’água ou sob a
terra, causando compressão extrema e intoxicação por gases.
Nos casos de lesões ocasionadas por eletricidade, estas podem ter origens
diversas, segundo França (2015, p.307), como a “[...] natural ou cósmica e a
eletricidade artificial ou industrial”. Essas lesões irão variar de acordo com a tensão
elétrica envolvida no acidente, o tempo de exposição entre a vítima e a corrente, o
trajeto dessa, entre outras coisas.
A radioatividade também é um fator capaz de gerar danos ao corpo que entrar
em contato com ela. As lesões mais frequentes são as causadas por Raios X de
maneira mais geral, sendo conhecidas como radiodermites quando incidem de
maneira mais profunda.
No caso da influência do som e da luz, é necessário ressaltar que esses são
responsáveis por comprometer alguns órgãos dos sentidos, produzindo lesões ou
perturbações funcionais nos seres humanos, levando a óbito apenas em alguns
raros casos, sendo mais comum ensejar leões graves, como cegueira e surdez, por
exemplo.

2.1.2 Energias de ordem química


Nestes casos, as lesões provocadas por este tipo de energia são abordadas
substâncias que, ao entrarem em contato com tecidos do corpo humano, podem
causar sérios danos, podendo até levar à morte. Tais substâncias agem de maneira
física, química ou biológica e de duas formas, sendo elas internas – como é o caso
dos venenos, por exemplo – ou de maneira externa – que é o caso dos elementos
cáusticos.

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2.1.3 Energias de ordem físico-química


Para as energias físico-químicas, são estudados os casos em que as lesões
acabam, de alguma forma, gerando um impedimento na passagem de oxigênio das
vias respiratórias de um indivíduo, o que acaba por provocar mudanças na
composição do sangue e podendo gerar asfixia no indivíduo. Podemos citar como
exemplos os casos de engasgo, asfixia mecânica, estrangulamento, afogamento,
soterramento etc.

2.1.4 Energia de ordem bioquímica


No estudo das energias de ordem bioquímica, são analisados os meios que se
manifestam através da combinação entre energias químicas e biológicas e atua de
maneira lesiva seja ela negativa – carencial – ou de forma positiva – ocorrendo de
maneira tóxica ou infecciosa. Para França (2015, p.373), podemos citar as atuações
dessa energia como vistas através dos casos de “perturbações alimentares,
autointoxicações, infecções e castração química”.

2.1.5 Energia de ordem biodinâmica


Nestes casos, as energias são aquelas que acabam por resultar de fatores
multifatoriais, destacadas por França (2015, p.382) com os estudos voltados para as
síndromes de choques, falência múltipla dos órgãos ou a chamada coagulação
intravascular disseminada.

2.1.6 Energias de ordem mista


Por fim, precisamos destacar que existem as energias de ordem mista, que irão
resultar na junção das energias bioquímicas e biodinâmicas, abrangendo casos de
lesões corporais e casos que acabaram resultar na morte dos indivíduos. Para esses
tipos de energia, podem-se ressaltar, principalmente, doenças resultantes de
práticas profissionais danosas (como fadiga) e acidentes de trabalho no geral.

IMPORTANTE
Nas energias mistas, podemos salientar que essas compreendem também os casos
de maus-tratos contra crianças, alienação parental e abandono familiar.

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Figura 5: Traumatologia Forense

Coagulante

Radiação

Liquefaciante Eletricidade

Cáustico P. Atmosférica
Veneno

Frio e calor

QUÍMICOS Temperatura

FÍSICOS
Sofrem ação
das linhas de Lesão contusa
tração da
pele
MECÂNICOS
Pele íntegra e
Lesão lesão
punctória profunda
Choque
Escoriações
Pressão
Pressão e
deslizamento Hematomas
Modos de ação
podem se associar Rompimento de órgãos
Pérfuro-contusa Lesão incisa

Pérfuro-incisa Fratura

Por arma de
fogo Regularidades
das margens e
Corto-contusa hemorragia

Fonte: Sanarmed, 2019

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2.2 INTRODUÇÃO À SEXOLOGIA CRIMINAL

A sexologia criminal ou sexologia forense integra um âmbito da Medicina Legal


responsável pelo estudo e perícias relacionadas com crimes cometidos contra a
dignidade ou a liberdade sexual. Para esses casos, levam-se em conta os crimes de
violência sexual, sendo considerada uma grave violação à cidadania.
Dentro da Legislação Brasileira, é necessário destacar algumas leis bastante
importantes sobre o assunto. Primeiramente, cabe destacar o Art.111 na Parte Geral
do Código Penal. Já na Parte Especial do CP, é possível encontrar todo um título
sobre os Crimes Contra a Dignidade Sexual, que incluem os Crimes Contra a
Liberdade Sexual – como estupro (art.213-214), violação sexual mediante fraude
(art.215-216) e assédio sexual (art.216-A) – Crimes Sexuais Contra Vulnerável –
incluindo estupro de vulnerável (art.217-A), corrupção de menores (art.218),
satisfação lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art.218-A) e
favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável
(art.218-B) – lenocínio e o tráfico de pessoa para fins de prostituição ou outras
formas de exploração sexual – incluindo favorecimento da prostituição ou outra
forma de exploração sexual (art.228) e casas de prostituição (art.229).
É preciso ressaltar que a violência sexual não é somente uma agressão ao
corpo, mas também à sexualidade, à liberdade do homem ou da mulher, à própria
cidadania do agredido. A OMS definiu que a violência sexual é “o uso intencional na
força ou o poder físico, de fato ou como ameaça, contra uma pessoa ou um grupo
ou comunidade que cause ou tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos
psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações”.
Nesses moldes, a lei nº. 10.224/2001 alterou o Código Penal vigente à época
para dispor sobre assédio sexual e previu: “Art. 216-A – constranger alguém com o
intuito de obter vantagem ao favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do
emprego, cargo ou função”.
O professor França (2019, s/p) explica:

[...] fica evidente que o delito assédio sexual se caracteriza pela prática
física ou verbal de alguém, homem ou mulher, que se aproveita da condição

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de superior hierárquico e de forma insistente ou reiterada, tendo em conta


sua posição funcional, para obter satisfação de ordem sexual.

Além do “assédio sexual”, a doutrina aduz sobre o “assédio por intimidação”


para que seja rescindido o contrato de trabalho e reparação por dano moral.

FIQUE LIGADO
Vale ressaltar que a Lei n°11.106/05 foi responsável por alterar e revogar alguns
artigos importantes do Código Penal, extinguindo, por exemplo, crimes de adultério,
sedução e de rapto consensual, por não condizerem mais com o estilo de vida
adotado pela nossa sociedade após a virada do milênio. Além disso, foi extinto o
perdão aos culpados por crimes de estupro, sedução ou assédio quando a vítima de
um desses se casar com terceiro.

É preciso ressaltar que a violência sexual não é somente uma agressão ao


corpo, mas também à sexualidade, à liberdade do homem ou da mulher, à própria
cidadania do agredido. A OMS definiu que a violência sexual é “o uso intencional na
força ou o poder físico, de fato ou como ameaça, contra uma pessoa ou um grupo
ou comunidade que cause ou tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos
psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações”.
Em suma, a Medicina Legal voltada para a sexologia forense é aquela definida
como responsável por analisar os crimes que relacionados ao comportamento
sexual do ser humano, então, é uma área diretamente ligada ao ramo jurídico.

2.2.1 Perícia nos casos de agressão sexual


Nem sempre os casos que envolvem agressões sexuais resultam na morte da
vítima, no entanto é de extrema necessidade que essa busque a perícia médico-
legal a fim de levar para os meios jurídicos o crime cometido e buscar justiça pelo
que sofreu. Para isso, é necessário que as perícias sigam um protocolo especial que
abordam desde exames específicos no local onde ocorreu o crime até o exame da
vítima e do próprio autor do crime.
Cabe à policial solicitar que o exame pericial seja realizado de maneira
obrigatória para apurar detalhes e informações específicas sobre o crime realizado.

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É nessa fase que se cabe encontrar vestígios do crime e de seu autor, além de
procurar preservar os vestígios deixados pelo crime, de forma a comprová-lo de
maneira definitiva.
Dentro da Lei n°12.015/09, foram propostos alguns modelos de laudos de
perícia para crimes sexuais a fim de que ficassem de forma mais uniforme, simples e
direta. Dessa forma, a lei estabelece alguns termos para consideração da
consumação do ato libidinoso, como destaca França (2015, p.613):

1° – Se há vestígios de ato libidinoso (em caso positivo especificar);


2° – Se há vestígios de violência, e, no caso afirmativo, qual o meio
empregado;
3° – Se da violência resultou para a vítima incapacidade para as ocupações
habituais por mais de 30 (trinta) dias, ou perigo de vida, ou debilidade
permanente de membro, sentido ou função, ou aceleração de parto, ou
incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou
perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade
permanente e/ou aborto (em caso positivo especificar);
4° – Se a vítima é alienada ou débil mental;
5° – Se houve outro meio que tenha impedido ou dificultado a livre
manifestação de vontade da vítima (em caso positivo especificar).
Tendo como exemplo as sugestões do Grupo de Trabalho “Tortura e Perícia
Forense” criado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República, podemos concordar com a inclusão dos seus
quesitos nos exames de casos em que há suspeitas de ato libidinoso:
1. Há achados médico-legais que caracterizem a prática de ato libidinoso?
2. Há evidências médico-legais que sejam indicadoras ou sugestivas de
ocorrência de ato libidinoso contra o examinado que, no entanto, poderiam
excepcionalmente ser produzidas por outra causa?

2.3 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

2.3.1 Estupro
De acordo com o Código Penal, em seu artigo 213, é considerado como
estupro o ato de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso”.
Para a melhor interpretação desse artigo, é necessário salientar que por
“violência” se compreende o uso da força como forma de privar ou perturbar uma
vítima, tornando difícil que essa possa se defender ou reagir contra o ato, ou seja,
para isso, é necessário que o autor do crime aja de uma maneira que anule ou
enfraqueça a vítima da agressão. Por outro lado, a grave ameaça pode se entender

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como um ato de violência moral que pode impor na vítima sentimentos que a
impeçam de reagir, como medo.
Com relação ao termo “conjunção carnal”, esse é usado como um sinônimo
para “cópula vaginal”. Esse tipo de crime pode ser confirmado através de exames de
presença de espermatozoides, sinais de que houve violência, lesões na região
perineal e verificação do rompimento do hímen.
Para “ato libidinoso”, são compreendidos todos os atos que podem ser
entendidos como obscenos ou ofensivos para o pudor público, que deve ser
verificado a depender da sociedade e da época na qual o ato foi cometido. Assim,
consideram-se atos relacionados ao contato com os órgãos genitais (como pênis,
vagina, seios ou ânus).
Cabe destacar também que o código prevê o chamado estupro qualificado,
que são verificados nos casos que resultam em lesão corporal e, principalmente,
quando essa é praticada contra menores de 18 anos de idade. Nesses casos, a
pena para o estupro é agravada, principalmente, se resultar em morte.

2.3.2 Violência sexual mediante fraude


Segundo o artigo 215 do CP, é considerada violência sexual mediante fraude o
ato de “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima”. Verificado nos momentos em que o agressor aja de alguma forma que
reduza a inibição ou enfraquecem as faculdades mentais da vítima para que essa se
torne mais vulnerável.

2.3.3 Assédio sexual


Para o artigo 215 do Código Penal, é visto como assédio sexual o ato de
“constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. Nesses casos, esses crimes
são verificados dentro de ambientes de trabalho.

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2.3.4 Estupro de vulnerável


Além do crime de estupro previsto no artigo 213, o Código Penal tipifica o ato
de “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos”. Nesse caso, também se consideram como vulneráveis aqueles acometidos
por enfermidade ou deficiência mental, não possuindo o discernimento necessário
para que tal ato pudesse ser praticado e, consequentemente, não tendo meios
viáveis para oferecer resistência ao ato.

2.3.5 Corrupção de menores


Este crime, que pode ser encontrado no artigo 218 do CP, caracteriza-se pela
indução de menores de 14 anos de idade a satisfazer outra pessoa de maneira
lasciva.

2.3.6 Himenologia
Cabe finalizar este capítulo citando um dos principais exames a ser realizado
para averiguar a existência de crime contra a liberdade sexual. A himenologia é o
conjunto de estudos e exames a serem realizados no hímen, como é conhecida a
mucosa presente no órgão sexual feminino, responsável pela separação entre a
vulva e a vagina.
Nos exames a serem realizados no hímen, é necessário se verificar se esse
permanece íntegro ou se está caracterizado pela ruptura, podendo ser ela completa
ou incompleta. Ao ser verificada a rotura himenal, essa pode ser dividida em duas
fases, sendo ela recente ou antiga.

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Figura 6: Verificação da Rotura Himenal

RECENTE ANTIGA

• Verificada como tendo ocorrido • Possui data de ocorrência


há no máximo 20 dias;
• Sendo ela muito recente, é
verificada a existência de
sangramentos, orvalhamento nas superior há 20 dias;
bordas sero-hemáticas e até
equimose; • Suas bordas apresentam total
• Sendo recente, é percebida uma cicatrização.
borda recoberta, tecido granuloso
ou uma cicatrização recente.

FONTE: Autora, baseado em França (2015)

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CAPÍTULO 3 - TANATOLOGIA

3.1 TANATOLOGIA MÉDICO-LEGAL

A tanatologia médico-legal é o conteúdo da Medicina Legal que estuda a


morte e o morto, além das suas consequências na esfera jurídico-legal. A disciplina
trata da distinção entre morte de causa suspeita, morte natural e morte violenta e as
suas implicações nas esferas cíveis e penais. Professor França (2019, s/p) explica
que:
Hoje, por meio dos critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de
Medicina (Resolução CFM nº. 1.480/97), a morte, para fins de remoção de
órgãos e tecidos para transplantes, está definida pelo que se chama de
morte encefálica. Por sua vez, a Resolução CFM nº. 1.826/2007 dispõe
sobre a legalidade e o caráter ético da suspensão dos procedimentos de
suportes terapêuticos quando da determinação de morte encefálica de
indivíduo não doador, em conformidade com a Lei nº. 9.434/1997.

Assim, o conceito tradicional de morte é aquele em que o corpo cessava


permanentemente as funções vitais, sem detalhar a causa. Com o processo de
transplantação de órgãos e tecidos, as denominações passaram a ser revistas,
assim como o momento de considerar alguém morto. “Atualmente, a tendência é
dar-se privilégio à avaliação da atividade cerebral e ao estado de descerebração
ultrapassada como indicativo de morte real” (França, 2019, s/p).
Diz-se que o critério de morte cerebral se baseia na cessação da atividade
elétrica do cérebro, tanto do córtex como das estruturas mais profundas. No entanto,
devido a várias controvérsias, “Werheimer e Jouvet (Press Medical, 1969, 67, 87)
foram os primeiros a propor uma nova definição, a de morte encefálica, baseada em
critérios clínicos e eletroencefalográficos” (França, 2019, s/p).

PARA SABER MAIS


A Sociedade Alemã de Cirurgia pediu ao seu comitê de reanimação e transplante
de órgãos uma definição de morte. O comitê, ao apreciar em Der Chirurg (abril de
1968, 38, 196) e em outras revistas alemãs, informou que existem três condições
para precisar a morte:
I. O cérebro está morto quando: a) observam-se os sinais clássicos de morte ou b)

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a depressão circulatória tenha provocado uma parada respiratória ou cardíaca que


não responde ao tratamento no final da doença incurável e progressiva ou no curso
de uma perda gradual das funções vitais;
II. A morte cerebral pode produzir-se antes que cessem os batimentos cardíacos
(traumatismos cerebrais); considerar-se-á que o cérebro está morto depois de 12h
de inconsciência com falta de respiração espontânea, midríase bilateral e EEG
isoelétrico ou quando o angiograma revela cessação da circulação intracraniana
durante 30min;
III. Pode ocorrer que o coração pare e o sistema nervoso central esteja intacto ou
com possibilidades de se recuperar. Convém, então, iniciar a reanimação: se os
batimentos cardíacos não reaparecerem, pode-se dar como morto o paciente,
porém, se reaparecerem, inclusive sem se restabelecer a consciência ou respiração
espontânea, deve-se seguir aplicando-se as normas usuais de assistência intensiva
até que fique demonstrada a morte encefálica.
Fonte: Genival Veloso França, 2019, s/p.

Hoje, por meio do progresso da ciência, o cadáver tem um estatuto que lhe é
próprio, acrescentando, ainda, os valores afetivos no que se refere ao direito sobre o
cadáver. “Pertence, em sentido estrito, à família, cabendo a posse ao Estado para o
cumprimento de normas específicas e, definitivamente, aos parentes, embora em
qualquer tempo tenha o Poder Público direitos sobre essa posse” (Veloso, 2019,
s/p).
Pouco a pouco, o conceito foi evoluindo, perpassando por importantes
comitês, como o da Escola de Medicina de Harvard, que, dentre outros, elaborou
como critérios a ausência de resposta a estímulos externos; ausência de reflexos;
ausência de respiração espontânea etc. Ainda mais, o Cornell Center Medical
estabeleceu padrões para o diagnóstico de morte encefálica, senão vejamos:

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Figura 7: Padrões para diagnóstico de morte encefálica .

1. Natureza e duração do coma

- Doenças estruturais ou causa - Nenhuma chance de intoxicação por


metabólica irreversível e conhecidas; drogas ou hiportemia;

- Seis horas de observação de


ausência da função cerebral são
suficientes em casos de causa
estrutural conhecida em que não há
álcool ou droga alguma envolvida na
causa ou no tratamento.

2. Ausência de função do cérebro e


tronco cerebral.

- Ausência de respostas
- Ausência de resposta
reflexa ou comportamental a
- Pupilas fixas; oculovestibular a calorias de
estímulos noviços acima do
50ml de água gelada;
nível do forame Magnum;

- Apneia durante a - Circulação do sistema


oxigenação de 10min; nervoso pode estar intacta.

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3. Critérios suplementares
(opcionais)

- Ausência de circulação
- EEG isoelétrico por 30min
cerebral ao exame
ao ganho máximo;
angiográfico

Fonte: A autora, 2020, baseado em França, 2019, s/p

Nesses moldes, com a finalidade de melhor conceituar “morte encefálica”, o


Conselho Federal de Medicina aprovou a Resolução CFM nº. 1.480/1997, que
estabelece novos critérios para a avaliação da morte, bem como cria um termo de
declaração de morte a ser preenchido no hospital, entre outros.
Ainda, a lei 9.434/1997 dispõe sobre remoção de órgãos, tecidos e partes do
corpo humano para fins de transplante. Recria, ainda, o Sistema Nacional de
Transplante (SNT), legalizando a retirada de órgãos, tecidos células e partes do
corpo humano.

3.1.1 Modalidades de morte


Temos a morte anatômica, que é o cessamento de todas as grandes funções
do organismo; a morte histológica, onde os tecidos e as células dos órgãos e tecidos
vão, pouco a pouco, morrendo; e a morte aparente, aqui, é possível a recuperação
por meio do emprego de socorro médico. Há, ainda, a morte relativa, que ocorre em
uma parada cardíaca o cessamento súbito das atividades do coração; a morte real,
é o momento em que o corpo cessa e se inicia a fase de decomposição do cadáver
até o limite natural dos componentes minerais do corpo. Determina, ainda, a norma
que, salvo contraindicação de médico-assistente, o óbito deverá ter o decurso de 24
horas antes da inumação.

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3.1.2 Tanatognose
Sobre este complexo assunto, os professores Croce e Croce Júnior (2012, p.
465) explicam:
É a parte da Tanatologia Forense que estuda o diagnóstico da realidade da
morte. Esse diagnóstico será tanto mais difícil quanto mais próximo o
momento da morte. Antes do surgimento dos fenômenos transformativos do
cadáver, não existe sinal patognomônico de morte. Então, o perito
observará dois tipos de fenômenos cadavéricos: os abióticos, avitais ou
vitais negativos, imediatos e consecutivos, e os transformativos, destrutivos
ou conservadores.

Assim, para se observar a tanatognose, temos, entre outros: a perda da


consciência; perda da sensibilidade; ausência de pulso; cessação da respiração;
pálpebras parcialmente cerradas.
Há, também, os fenômenos abióticos consecutivos, que são: a rigidez
cadavérica; o espasmo cadavérico; as manchas de hipóstase e livores cadavéricos;
o dessecamento; o resfriamento paulatino do corpo.
Figura 8: Fenômenos abióticos consecutivos. Conceitos

Resfriamento paulatino tem a Rigidez cadavérica é fenômeno


sua evolução por fatores constante no cadáver, originado por
ambientais, idade, panículo uma reação química de acidificação
adiposo, agasalhos; num estado de contratura muscular
que desaparecer quando se inicia a
putrefação;

Espasmo cadavérico, também


denominado rigidez cataléptica,
estatuária ou plástica, é uma forma
particular de rigidez cadavérica
instantânea, sem o relaxamento Hipóstases viscerais são originadas
muscular que precede a rigidez pela deposição do sangue nas
comum e com a qual não se confunde; partes declivosas do cadáver, em
torno de 2 a 3 horas após a morte,
em forma de estrias, ou
arredondadas, que se agrupam
posteriormente, em placas, em
extensas áreas corporais;

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A desidratação determina progressiva


A córnea, algum tempo decorrido perda da tensão do globo ocular,
após a morte ou nos estados guardando uma relação constante com
agônicos prolongados, opacifica- o tempo decorrido após a morte e
se tornando o órgão mole e depressível.

Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior, págs 469-470

Os fenômenos transformativos, que são os destrutivos e os conservadores, são


consequências de alterações tardias. No destrutivo, temos a autólise, que é o cessar
das trocas nutritivas intracelulares. Esse fenômeno ocorre em cadáveres de recém-
nascidos e aqueles em que ainda não foram putrefeitos. A medicina define os sinais
para a apuração da realidade da morte: o Sinal de Labord; o Sinal de Brissemoret e
Ambard; O Sinal de Lecha-Marzo; o Sinal de De-Deminicis; Sinal de Silvio Rebelo;
Sinais de forcipressão de Icard.

Quadro 6: Sinais de apuração da realidade da morte


Sinal de Labord Introdução de agulha de aço bem polida no
tecido, onde permanecerá cerca de 30
minutos; retirada, se permanecer seu brilho
metálico, afirma-se diagnóstico de morte
real;
Sinal de Brissemoret e Ambard Consiste na punctura com trocarte do
fígado ou do baço e análise dos fragmentos
obtidos pelo papel de tornassol. No morto,
a reação é ácida;
Sinal de Lecha-Marzo Consistem em colocar entre o globo ocular
e a pálpebra superior papel de tornassol,
que se tornará vermelho pela acidez,
indicando morte, ou o azul, se o meio for
alcalino, afirmando vida;
Sinal de De-Deminicis Emprega-se também o papel de tornassol
apenas em área escarificada no abdome,
onde a acidez, se houver, é mais precoce;
Sinal de Silvio Rebelo Consiste na introdução de um fio-
testemunha e de um fio corado pelo azul de
bromo-timol, por agulha montada, numa
dobra da pele, deixando as suas

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extremidades exteriorizadas;
Sinais de forcipressão de Icard Há a forcipressão física; a forcipressão
química e a reação sulfrídica.
Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior (p. 472)

Há, ainda, a putrefação que tem o seu início assim que cessa a vida. É
fenômeno destrutivo e se inicia após a autólise, por meio da ação de micróbios em
meio ao corpo, determinando, inicialmente, a mancha verde abdominal. Nos fetos e
recém-nascidos, a putrefação invade todo o cadáver, especialmente nas vias
respiratórias. Mostra a doutrina uma cronologia rigorosa, tendo quatro períodos
transformativos:
Quadro 7: Períodos da putrefação
Período de coloração Tonalidade verde-enegrecida dos tegumentos;
Período gasoso Gases internos da putrefação migram para a
periferia provocando o aparecimento na superfície
corporal de flictenas contendo líquido leucocitário
hemoglobínico com menor teor de albuminas em
relação às do sinal de Chambert, dura em média
duas semanas;
Período coliquativo Coliquação é a dissolução pútrida das partes
moles do cadáver pela ação conjunto das bactérias
e da fauna necrófaga;
Período de A ação do meio ambiente e da fauna cadavérica
esqueletização destrói os resíduos tissulares, inclusive os
ligamentos articulares, expondo os ossos e
deixando-os completamente livres de seus
próprios ligamentos.
Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior (p. 473)

Há, ainda, os conservadores. Nele, temos a mumificação que é a dessecação


do cadáver, seja de forma natural ou artificial; a saponificação, que é um processo
de conservação que aparece após um estágio de putrefação.

3.1.3 Cronotanatognose
Esse instituto estuda a data aproximada da morte. É de importância para o
perito cível e o criminal, uma vez que se apura a responsabilidade, o tempo de
sobrevivência e o interesse sucessório. É possível, ainda, determinar o tempo de
morte pelo aspecto ósseo do cadáver.

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Quadro 8: Tempo de morte


OBSERVAÇÕES AUTOR TEMPO DE MORTE

Ossos recobertos de B. Mueller 2 a 4 anos


mofo
Canal medular revestido Maestre e Piga 6 a 8 anos
por uma camada
enegrecida
Desaparecimento dos B. Mueller Mais de 5 anos
ligamentos e cartilagens
Desaparecimento das B. Mueller 5 a 10 anos
graxas dos ossos
Canal medular tão Maestre e Piga Mais de 10 anos
branco quanto a
superfície
Persistência de restos Piga Até 14 anos
de polpa dentária
Desaparecimento Piga 16 a 20 anos
completo da polpa
dentária
Desaparecimento dos Maestre, Piga e Aznar Mais de 20 anos
canais de Havers
Osso quebradiço, frágil B. Mueller Mais de 50 anos
e superfície porosa
Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior (p. 481)

Estuda, por conseguinte, os fenômenos: resfriamento do corpo (0,5ºC nas três


primeiras horas); rigidez cadavérica (pode ser precoce ou tardiamente); livores e
hipóstase (pode aparecer nos 30 minutos após a morte); mancha verde abdominal
(surge entre 18 a 24 horas); gases de putrefação (surge entre 9 a 12 horas após o
óbito); decréscimo de peso (pode sofrer variações determinadas pelo próprio corpo
ou pelo meio ambiente).

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PARA SABER MAIS


VEJA como se dá o calendário tanatológico:

Da face, nuca e mandíbula – 1 a


2 horas
Corpo quente, flácido e sem
Dos músculos tóraco-abdominais
livores – menos de 2 horas
– 2 a 4 horas
Dos membros superiores – 4 a 6
horas
Rigidez
Generalizada mais de 8 e menos
de 36 horas

Início – 2 a 3 horas
Manchas de Fixação macroscópica – 8 a 12
hipóstase horas

Mancha verde abdominal – entre 18 e 24 horas

Extensão da mancha verde abdominal – 3 a 5 dias

Flacidez Início – cerca de 36 horas


Generalizada – mais de 48 horas

Mancha verde abdominal e flacidez generalizada – mais


de 48 horas

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Gases de putrefação – entre 1ª legião – 8 a 15 dias


9 e 12 horas
2ª legião – 15 a 20 dias
Fauna cadavérica 4ª legião – 10 meses
5ª legião – 10 meses
6ª legião – 10 a 12 meses
7ª legião – 12 a 24 meses
8ª legião – mais de 36 meses

Esqueletização – mais de
36 meses

Fonte: A autora, 2020, baseado em Croce e Croce Júnior (p. 480)

Há, ainda, a inumação, que consiste no sepultamento do cadáver. A


exumação, que o desenterramento do cadáver para investigação. A cremação, que
é a incineração do cadáver. O embalsamento, que objetiva impedir a putrefação.

Quadro 9: Diferenças entre Deontologia e Diceologia


Deontologia Diceologia
Ramo da ética que trata dos deveres Ramo da ética que cuida dos direitos.
(ex.: Códigos de Ética) Ex.: Estudo dos deveres dos
Obrigações e deveres profissionais da medicina.
Direito Médico, segredos médicos,
honorários, ética médica,
representação e tratamento
protocolar.
Fonte: A autora, 2020

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3.2 DEONTOLOGIA MÉDICA

É um conjunto de deveres e obrigações que conduzem os médicos, moral e


juridicamente, na condução das relações com os doentes e familiares, bem como os
seus colegas e a sociedade.

FIQUE LIGADO
O Código de Ética Médica dos Conselhos de Medicina do Brasil em vigor tem força
legal e foi elaborado pelo Conselho Federal, nos termos do artigo 30 da Lei nº.
3.268 de 30 de setembro de 1957, regulamentado pelo Decreto nº. 44.045 de 19 de
julho de 1959, ouvidos os Conselhos Regionais, aprovados pela Resolução CFM nº.
1.931/2009. Fonte: França, 2019, s/p

Assim como o Direito, que tem o seu código de ética, a Medicina se pauta em
princípios para que as suas finalidades sejam seguidas. Essa determinação é
imposta pela Ética. “Alguns médicos acham que não precisam, para sua adequada
atuação, de normas acessórias. Dizem saber o que é correto e o que não é. Não
esporadicamente, todavia, as situações assumem tanta delicadeza que os preceitos
da moral, por mais conhecidos que sejam, tornam-se insuficientes” (Veloso, 2019,
s/p).
Temos regras, por exemplo, o consentimento do paciente ou de o indivíduo
ser o autor do seu próprio destino e de optar pelo que deseja, por exemplo, a
doação de seus órgãos após a morte. Exige-se que o consentimento não seja puro e
simples, mas, sim, o consentimento livre e esclarecido. Tem-se como regra o
princípio da informação adequada. Não pode ser estritamente técnico, mas com
linguagem em que o leigo consiga entender, para que não se tenha interpretações
duvidosas e temerárias.
Além desse princípio, temos o princípio da revogabilidade, que diz que o
consentimento não é um ato irretratável; o princípio da beneficência, que diz que o
ato médico é a sua indiscutível necessidade e não a simples permissão. Há o
princípio da não maleficência, que tem por finalidade a proteção para não causar
danos ou prejuízos desnecessários ao paciente.

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Há, ainda, a deontologia dos peritos. A doutrina define que, para um bom
profissional, é preciso três qualidades essenciais, sendo elas a ciência, a
consciência e a técnica.
O professor Genival Veloso, em suas considerações, reflete: “Deve o Direito
inclinar-se ante a Medicina ou deve-se admitir o contrário? A independência
tradicional da ciência médica, amparada pelo seu Código de Ética, choca-se,
algumas vezes, com os imperativos legais” (Veloso, 2019, s/p). Observa-se, por
vezes, choques de ideias e concepções entre o Direito e a Medicina, de modo que o
médico é o profissional capaz de resolver o conflito.

PARA SABER MAIS


É preciso defender os direitos dos pacientes. Com isso, a Associação de Hospitais
Americanos (AHA) divulgou a Carta de Direitos dos Pacientes, sendo eles:
- Informação detalhada sobre o problema do doente;
- Direito de recursar tratamento dentro do limite da lei;
- Detalhes completos para facilitar certas tomadas de posição;
- Discrição absoluta sobre seu tratamento;
- Sigilo ou omissão dos registros médicos de sua doença, quando isso puder
comprometer seus interesses mais diretos;
- Não aceitação da continuidade terapêutica nos casos considerados incuráveis e
de penoso sofrimento;
- Informações completas à família, nos casos mais dramáticos, em termos que
possibilitem a compreensão etc.
Fonte: França, 2019, s/p

O certo, portanto, é o direito de saber a verdade. Fato recorrente, também


como direito do paciente, é a “judicialização da saúde”, prerrogativa que tem como
forma garantir o acesso à assistência médica.

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3.3 DICEOLOGIA MÉDICA

O art. 5º, inciso XIII da Constituição Federal, assegura o livre exercício da


profissão. Na Medicina, o seu exercício está regulado pelo Decreto 20.931/1932,
que exige habilitação profissional ou intelectual e habilitação legal.
Ainda, o Código de Ética Médica tem a sua norma dada pela Resolução CFM
nº. 1.931/2009 e diz que é Direito dos médicos:

I – Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, etnia,


sexo, nacionalidade, cor, orientação sexual, idade, condição social, opinião
política ou de qualquer outra natureza;
II – Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas
cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente;
III – Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições
em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou
prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se,
nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à Comissão de
Ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição;
[...]

Tem-se, ainda, o direito aos honorários. A relação médico-paciente tem como


características a independência técnica, a ausência de subordinação hierárquica,
falta de elementos que colocam na situação de empregado e empregadores. É um
acordo bilateral, privado, oneroso e com possíveis ajustes.

PARA SABER MAIS


As cobranças de honorários médicos têm prioridade no produto de bens do
devedor. O Código Civil brasileiro assegura, no art. 965, que “Gozam de privilégio
geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor: (...); IV – o crédito por
despesas com a doença, de que faleceu o devedor, no semestre anterior à sua
morte”.
Fonte: Veloso, 2019, s/p

Entre outros direitos, é assegurado ao médico: o direito ao tratamento


arbitrário, ou seja, tratar arbitrariamente o seu paciente quando o único recurso é
salvar a vida; direito à quebra do sigilo; o direito à guarda do prontuário, mesmo que
o Poder Judiciário, por vezes, reclame a ficha do paciente; o direito à publicidade,
como forma de divulgar seus serviços médicos; o direito de prestar informações, dar

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entrevistas, publicar artigos; o direito de atendimento a parentes, uma vez que não
há impedimento expresso; direito às comendas, por seus méritos profissionais.

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REFERÊNCIAS

BOTTEON, Victor. Introdução à Medicina Legal. Disponível em: https://free-


content.direcaoconcursos.com.br/demo/curso-7639.pdf. Acesso em 25 de setembro
de 2020

CROCE, Delton. CROCE JÚNIOR, Delton. Manual de Medicina Legal. 8. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2012FRANÇA, Genival Veloso. Medicina legal. 11. Ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

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