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Análise

Fundamentalista
TAESA – 3T22

uffinvest.sites.uff.br
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SOBRE A LIGA

A UFFInvest é uma liga de mercado financeiro da Universidade Federal


Fluminense(UFF), localizada na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ.
Fundada em 2017 com o objetivo de fomentar o Mercado Financeiro dentro
da Universidade. Sendo uma organização sem fins lucrativos gerida por
alunos da universidade.

AUTOR:

Ana Beatriz Silveira


Membro de Ativos Financeiros

REVISOR:

Nathan
Diretor de Operações

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HISTÓRIA

A TAESA (Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.) é um dos


maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil.
Ela foi listada na bolsa em 2006 e seus papéis se dividem em TAEE3,
TAEE4 e TAEE11 (constituído por 1 ON e 2 PN).

Ao todo, a companhia está presente em 18 dos 26 estados brasileiros,


sendo eles: Pará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Sergipe, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas
Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Distrito Federal, totalizando mais de 13.000 km de linhas
instaladas.

Segundo informações disponibilizadas no site de Relação com


Investidores da companhia, sabemos que a “sua história teve início no ano
2000, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (“ANEEL”) realizou o
Leilão 002/2000-ANEEL, composto por instalações de transmissão de energia
elétrica divididas em três lotes (A, B e C)”.

“O consórcio decorrente do lote A foi vencido pelo Consórcio Novatrans


Energia, do qual faziam parte as empresas Civilia Engenharia S.A. e Camargo
Correa. Este Consórcio constituiu uma sociedade de propósito específico
denominada “Novatrans Energia S.A.” (“Novatrans”). Com o mesmo objetivo, o
Consórcio INEPAR/ENELPOWER, constituído pelas empresas EnelpowerS.p.A.
e Inepar Energia S.A, denominada “Transmissora Sudeste Nordeste S.A.”
venceram o Lote C”.

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Pouco tempo após o Leilão, a EnelpowerS.p.A, empresa italiana integrante


do Grupo Enel e uma das integrantes do Consórcio INEPAR/ENELPOWER,
adquiriu 100% do controle de TSN e Novatrans. Em 2003, o controle destas
duas concessionárias foi transferido para a Terna S.p.A, empresa italiana
renomada no setor de transmissão de energia elétrica.

Em 2006, a Terna S.p.A decidiu constituir uma holding no Brasil, para a


qual fora transferido o controle de TSN e Novatrans.

Até 2009, ano em que a holding passou a ser chamada de Transmissora


Aliança de Energia Elétrica S.A. (TAESA), foram realizadas 5 aquisições,
sendo 4 secundárias (que é concretizada mediante mediante a compra de
ações ou quotas anteriormente pertencentes a outros sócios) e 1 primária
(concretizada medianta a colocada de mais dinheiro na companhia que
está sendo adquirida).

Para o setor em que a TAESA está inserida, as aquisições são uma ótima
forma de se expandir, visto que, dessa forma, a companhia consegue
ganhar controle de transmissão de energia em novas localidades.

* Observação: os trechos acima que estão em itálico foram transcritos do site de


RI da TAESA. Além do mais, todas as informações presentes nesse tópico foram
retiradas desta mesma fonte.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA

I) COMPOSIÇÃO ACIONÁRIA

Apesar de ser uma empresa privada, o controle acionário da TAESA é


exercido pela Companhia Energética de Minas Gerais (“CEMIG”) e ISA
Investimentos e Participações do Brasil S.A. (“ISA Brasil”).

Segundo o último aditamento ao Acordo de Acionistas, 63,45% do capital


votante está disponível ao mercado (free float), 21,68% à CEMIG e 14,68%
à ISA Brasil e enfatiza que, caso a CEMIG passe a ter mais de 50% do
capital da companhia, o acordo rescindirá, o que é muito importante para
que os investidores fiquem tranquilos quanto à interferência estatal na
empresa.

Abaixo podemos ver um discriminativo da composição acionária:

Fonte: TAESA RI

Fonte: TAESA RI
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II) ESTRUTURA SOCIETÁRIA

Atualmente a TAESA detém 41 concessões de transmissão, sendo elas:

- 10 concessões que compõem a empresa holding (TSN, Novatrans, ETEO,


GTESA, PATESA, Munirah, NTE, STE, ATE e ATE II);

- 12 investidas integrais (Brasnorte, ATE III, São Gotardo, Mariana,


Miracema, Janaúba, Sant’Ana, São João, São Pedro, Lagoa Nova, Ananaí
e Pitiguarí);_____________________________________________________
- 19 participações (ETAU, Transmineiras e os grupos TBE e AIE). O grupo
TBE contempla diversas participações em uma parceria com a Alupar.

III) ATIVIDADES DA EMPRESA

Como dito anteriormente, a TAESA atua no setor de energia elétrica. Sua


atividade é exclusivamente dedicada à construção, operação e
manutenção de ativos de transmissão, tendo 12.122 km de linhas em
operação e 1.892 km em construção, totalizando 14.014 km de extensão e
104 subestações.

Nesse cenário, muito se diz que o fato da TAESA ser uma empresa de
transmissão é benéfico para a companhia, uma vez que faz com que a
remuneração via RAP (Receita Anual Permitida) dependa apenas da
disponibilidade de linhas e não do volume transmitido. Dessa forma, a
companhia possui estabilidade e recorrência de suas receitas.

Os principais fatores que levam a TAESA à tais características, são: o


prazo médio dos seus contratos é de 30 anos; há baixo risco operacional

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em suas atividas e obras; e grande barreira de entrada, devido ao grande


investimento necessário para entrar e se sobressair nesse setor.

É válido salientar que o setor de transmissão é dividido em 3 categorias:

I – Ativos outorgados antes de 1999

II – Ativos leiolados entre 1999 e novembro de 2006

III – Ativos leiloados a partir de novembro de 2006

Atualmente, 67% das concessões da TAESA são da categoria II, havendo


também uma pequena porcentagem na III e nenhuma na I. Desse modo, a
maior parte dos contratos da TAESA duram 30 anos e podem ser
prorrogados pelo mesmo período, além de terem uma remuneração por
RAP em Degrau (redução de receita a partir do 16º ano da entrada em
operação comercial do empreendimento) e serem corrigidos anualmente
pelo IGP-M, o que proporciona à empresa uma proteção “natural” contra
a inflação.

IV) FATORES DE RISCO

- Como a atividade da empresa é constituída por concessões e


participações, a situação financeira e os resultados operacionais das
coligadas podem afetar os resultados da TAESA;

- Apesar da companhia apresentar um bom EBTIDA, uma vez que seu


negócio não depende de um alto gasto contínuo após a construção das
linhas e, portanto, ter certa liberdade para pegar empréstimos e

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financiamentos, o fato é que seu endividamento é significativamente alto;

- Por estar inserida em um setor exposto à regulamentação


governamental, a TAESA é vulnerável quanto às mudanças político-
econômicas, como incremento das tarifas, possível privatização,
indisponibilidade de bens para liquidação ou objeto de penhora em caso
de falência etc;

- O financeiro da companhia é muito influenciado pelas variações do IGP-


M, visto que esse índice ajusta o valor dos seus contratos. Dessa forma,
é de se esperar que, com a alta deste, o lucro líquido tenda a subir e com
a baixa, tenda a cair;

- O rebaixamento na classificação de crédito do Brasil pode afetar


negativamente o custo de futuras emissões de dívida e o preço de
negociação das units da companhia;

- A companhia, assim como suas controladas, depende de poucos


fornecedores para equipamentos importantes, estando sujeita aos
prejuízos acarretados pela rescisão ou modificação dos acordos com
esses.

Observação: os fatores pontuados acima foram retirados diretamente do site de RI da


TAESA, passando por apenas algumas abreviações a fim de focar nos pontos mais
importantes.

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HISTÓRICO DE RESULTADOS

I) Lucro Líquido IFRS

Fonte: TAESA RI

Conforme demonstrado no gráfico acima, a companhia apresentou


queda de 20,3% no seu Lucro Líquido IFRS (utilizado pra determinar os
dividendos e JCP que serão distribuídos) em relação ao mesmo período
do ano anterior. A TAESA explica tal queda como consequência,
principalmente, do declínio dos índices IGP-M e IPCA, uma vez que esses
são utilizados na correção mensal que a companhia faz dos seus
contratos de concessões.

Além da questão deflacionária, o período de finalização e de entregas de


alguns projetos nesse trimestre também contribuiu para a queda do
Lucro Líquido IFRS.

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Segundo a companhia, os resultados positivos na Receita de O&M e na


de Remuneração do Ativo Contábil foram decorrentes, especificamente,
da conclusão do processo de construção e início de operação dos
projetos de Santana e Janaúba.

II) Lucro Líquido Regulatório

Fonte: TAESA RI

Em contrapartida ao Lucro Líquido IFRS, o Regulatório (capacidade da


empresa de continuar gerando caixa) apresentou um forte crescimento
tanto no comparativo trimestral, quanto no anual, como vemos no gráfico
acima.
Segundo a companhia, isso é “resultado da entrada em operação dos
projetos de Janaúba Janaúba, Sant’Ana (parcial), ESTE, Aimorés e Paraguaçu,
do reajuste inflacionário do novo ciclo da RAP e da melhora do resultado
financeiro aumento do seu EBITDA e do início das operações de seus projetos,
conforme falei anteriormente”.
O gráfico a seguir demonstra a evolução do Lucro Líquido Regulatório da
TAESA nos últimos anos.

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R$400,00 R$373,70

R$350,00
Lucro Líquido Regulatório (em MM)

R$300,00

R$250,00
R$212,60
R$192,10
R$200,00
R$165,50

R$150,00

R$100,00

R$50,00

R$0,00
3T19 3T20 3T21 3T22

Fonte: TAESA RI | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

A queda de 21,6% entre o 3T19 e 3T20 foi decorrente, principalmente, do


resultado financeiro negativo da empresa, acarretado, segundo a
companhia, pelo aumento da despesa financeira líquida IFRS, que
totalizou R$ 119,3 MM no 3T20, 144,4% maior que o registrado no 3T19.
“A queda do CDI, o menor volume médio de caixa aplicado decorrente dos
pagamentos de juros e amortizações (4ª e 5ª emissões de debêntures da
Taesa), os maiores investimentos nos projetos em construção e a menor
rentabilidade alcançada nas aplicações nesse intervalo de tempo” foram os
fatores que, segundo a companhia, culminaram o aumento da despesa
financeira líquida IFRS entre o 3T19 e 3T20.
Apesar de ter sido um resultado negativo, as razões para tal não são
surpreendentes, uma vez que todos esses “estão de acordo” com os
fatores de risco da empresa. Pontualmente, a TAESA terá outros períodos
negativamente influenciados pelo maior despêndio de dinheiro com
obras, o que será compensado com a entrega e início de operação dessas,
como ocorreu no 3T22, trimestre esse que contou com um Lucro Líquido

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Regulatório de R$ 373,70 MM, 94,6% a mais que no 3T21.

III) Dívida Líquida

Fonte: TAESA RI

Devido ao caixa da TAESA ter registrado uma queda de 15,1% em relação


ao trimestre anterior, a sua Dívida Líquida foi de R$ 6.925,3 MM, 4,0%
maior que o 2T22 e 18,0% maior que o 3T21.

O gráfico abaixo demonstra o Perfil de Amortização da Dívida da


companhia:

Fonte: TAESA RI
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A previsibilidade de seus resultados contribui para que a TAESA tenha a


melhor classificação de risco tanto na Moody’s quanto na Fitch.

IV) Dividendos

Um dos pontos mais impactantes dos resultados do 3T22 foi a aprovação


do Conselho de Administração da TAESA para a distribuição de R$ 365,4
MM [equivalentes a R$ 1,06 / Unit (TAEE11)] em JCP e dividendos, sendo,
respectivamente, divididos em R$ 206,8 MM e R$ 158,6 MM com
pagamento previsto para 05 de dezembro de 2022. Segundo o diretor
financeiro na apresentação de resultados do 3T22, não é provável que
ocorra outra distribuição além dessa por esse ano.

O gráfico a seguir demonstra a relação entre os pagamentos de


dividendos e JCP com o lucro líquido da companhia e o abaixo especifica
de forma mais clara a evolução desses ao longo dos
anos.___________________________

Observação: valores em milhões de reais

Fonte: TAESA RI
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Como pode-se notar, um dos fortes da companhia é a distruibuição de


dividendos e JCP para seus acionistas, comprovado também pelo seu
histórico de Dividend Yield:

Fonte: TAESA RI

* Observação: O Dividend Yield é calculado a partir do dividendo pago por ação dividido
pelo preço da ação, que no caso dessa tabela, considera o valor da ação de 31 de
dezembro do ano corrente do pagamento de dividendos.

Enquanto em 2021 o payout da TAESA estava em 80,9%, esse indicador


se rebaixou para os 61,14% até o 3T22. Esse movimento tem o objetivo de
aumentar o controle da companhia sobre seu endividamento, que
aumentou no trimestre em questão.

Para fins comparativos, vejamos a seguir a evolução dos proventos de


uma das principais concorrentes da TAESA, a ENGIE:

Observação: valores em milhões de reais

Fonte: ENGIE RI

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Um ponto interessante é que, diferentemente da TAESA, a ENGIE vem


mantendo seu payout na margem dos 100%, o que significa que ela
distribui todo o lucro líquido aos seus acionistas, não reinvestindo no
próprio negócio.

Abaixo temos um comparativo da média dos dividendos distribuídos


nos últimos 5 anos das empresas do setor elétrico:

Fonte: Infomoney e Economatica Brasil

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V) Patrimônio Líquido

Fonte: TAESA RI | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

O gráfico acima trás a evolução do patrimônio líquido da TAESA ao


decorrer dos anos. Como podemos ver, ele apresenta um crescimento
consistente.

Para fins de comparação, vejamos abaixo os resultados do Patrimônio


Líquido da ENGIE nos mesmos períodos:

Fonte: TAESA RI | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

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A companhia apresenta constância em seus resultados, assim como a


TAESA, uma vez que isso é característica do setor de energia elétrica,
todavia, seus números são maiores.

VI) ROE (Return on Equity)

Como já esperado, devido à baixa lucratividade no trimestre (3T22) e o


aumento do seu endividamento, o ROE da TAESA apresentou uma queda
de 6,51% de 2021 até então. Em contrapartida, ao analisar o histórico do
ROE da companhia disponibilizado no gráfico a seguir, temos que sua
rentabilidade é consistente ao longo dos anos, o que, apesar de garantir
segurança ao acionista, não traz expectativa de grande crescimento à
companhia.
ROE TAEE11
40,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 3T22
Série 1 15,87 17,09 21,99 14,38 20,74 21,42 20,78 20,01 14,91 23,43 20,33 37,55 33,12 26,61

Fonte: Status Invest | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

Vemos abaixo que, ainda que o histórico da ENGIE seja similar ao da


TAESA em relação a constância dos resultados, os seus ROE’s
apresentados ao longo do tempo são consideravelmente maiores,
especialmente entre 2018 e 2020, o que indica que, mesmo que a

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companhia não reinvista parte do seu lucro como a TAESA, ela vem
apresentando um maior crescimento e lucratividade.

Por outro lado, a COPEL, como poderemos ver no gráfico a seguir,


apresenta, ao longo de todo o período analisado, ROE’s muito
inferiores que a TAESA e a ENGIE, o que pode indicar que a companhia
possui um lucro líquido inferior às suas concorrentes.
40,00%

35,00%

30,00%

25,00%

20,00%

15,00%

10,00%

5,00%

0,00%
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 3T22
TAEE11 15,87% 17,09% 21,99% 14,38% 20,74% 21,42% 20,78% 20,01% 14,91% 23,43% 20,33% 37,55% 33,12% 26,61%
EGIE3 24,52% 23,89% 26,57% 27,09% 26,77% 24,45% 22,59% 23,40% 29,33% 36,64% 33,03% 36,14% 19,72% 23%
CPLE6 7,69% 8,96% 9,78% 5,73% 8,30% 8,81% 8,36% 5,91% 6,80% 8,78% 11,53% 19,56% 22,68% 4,19%

Fonte: Status Invest | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

VII) P/L (Preço da Ação / Lucro por Ação)

O P/L da TAEE11 hoje (12/11/2022) está em 7,36.

Ao analisar o gráfico abaixo, temos que a média do P/L de tal ativo nos
últimos 10 anos é 7,98, valor esse que não é muito distante do P/L nos
dias de hoje.

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Fonte: Status Invest

Ao ser comparada com algumas companhias concorrentes, vemos


que a TAESA é a empresa mais descontada em relação ao seu P/L.

Fonte: TAESA RI | Elaboração: Ana Beatriz Silveira

VIII) CONCESSÕES E MÉTRICAS

Segundo o Release de Resultados da companhia sobre o 3T22, “as


concessões ajustadas pelo IGP-M (Categoria II) sofreram um reajuste
inflacionário de 10,72% e as concessões ajustadas pelo IPCA (Categoria III)
sofreram um reajuste inflacionário de 11,73%”. Assim, “a RAP (Receita
Anual Permitida, que é a remuneração que as transmissoras recebem

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pela prestação do serviço público de transmissão aos usuários) das 41


concessionárias do grupo Taesa no novo ciclo 2022-2023 totalizou R$ 3,8
bilhões, 7,7% maior que a RAP total do ciclo anterior, já contemplando a
redução de 50% da RAP das concessões de categoria II que sofrem esse
efeito no novo ciclo”.

Nesse intervalo de tempo, a ANEEL publicou a Resolução


Homologatória 3.067/2022, que começou a valer em julho/2022 e será
contemplada até 30 de junho de 2023, ou seja, impactará os futuros
resultados da TAESA a partir do 3T22, logo, será um ponto importante
a ser analisado posteriormente.

A RAP total (operacional e em construção) da TAESA para o ciclo


2022-2023 é de R$ 3.834,5 MM, enquanto a RAP operacional ficou em
R$ 3.528,9 MM.

A companhia prevê uma redução de 50% da RAP no próximo período


devido a chegada ao 16º ano de 21 concessões de categoria II até o
ciclo futuro de 2022-2023, que é quando se verá o efeito completo de
tal ocorrido.

Além do exposto, é importante pontuar que a entrega do projeto de


Ivaí, que está em construção, deveria ter sido entregue em
agosto/2022. Esse atraso influenciou negativamente os resultados da
companhia no 3T22, uma vez que tal projeto possui uma RAP de R$
199 MM.

Como a maior parte das concessões da TAESA são indexadas ao IGP-


M (LINHA azul), faz-se necessário ter uma atenção a mais à sua
variação.

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Fonte: IBGE/FGV

Como vemos acima, a tendência para o IGP-M é que ele continue caindo
por um período, o que pode afetar negativamente a receita da companhia.
Todavia, essa situação é alarmante, pois apesar do valor recebido pelos
contratos ser menor, o preço dos materiais, por exemplo, também será
inferior, o que pode equilibrar o balanço financeiro da companhia.

* Observação: alguns dos trechos acima foram transcritos do site de RI da TAESA.

IX) RESULTADOS RECENTES

Fonte: TAESA RI
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Houve um aumento de 18,3% no resultado consolidado do EBITIDA


Regulatório da companhia no 3T22 e com as participações esse
indicador aumentou 25,9%, totalizando R$ 679,3 milhões no período
em questão.

Enquanto a Dívida Líquida em si aumentou 17,9%, a Dívida


Líquida/EBITDA reduziu 0,6 pp devido à capacidade de pagamento da
empresa ter aumentado mais que a dívida.

Como comentado anteriormente, a TAESA lucra com base na


disponibilidade de suas linhas de transmissão, por isso, é importante
observarmos o gráfico a seguir:

Fonte: TAESA RI

A companhia vem apresentando uma disponibilidade consistente ao


longo de 10 anos, sempre chegando bem próximo à casa dos 100%.

Como demonstrado na tabela abaixo, os custos da empresa tiveram


uma redução de 21,5% entre o 3T21 e o 3T22. Isso se deu pela redução
dos gastos com materiais e serviços de terceiros com algumas obras
que a companhia estava realizando anteriormente.

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Fonte: TAESA RI

CONCLUSÃO

A TAESA entregou um resultado já esperado por grande parte dos


analistas, trazendo um EBTIDA maior que sua receita que, mesmo com a
diminuição de 50% de algumas concessões, apresentou forte alta e um
aumento de endividamento.
A companhia está inserida em um contexto de bastante segurança
devido a:
I) Perenidade do setor de energia
II) Segurança que o nicho de transmissão trás, devido à sua receita ser
atrelada apenas à disponibilidade de linhas
III) Contratos de longo prazo, o que trás maior previsibilidade de suas
receitas futuras
Os resultados da TAESA são diretamente influenciados pelo IGP-M,
portanto, apesar de estarem sujeitos a variações positivas e negativas, o
fato desse índice ser corrigo periodicamente, diminui parte do peso da
sua influência no balanço financeiro da companhia no longo prazo.
A recorrência nas receitas da companhia possibilita que a companhia
possua um fluxo de caixa positivo e, consequentemente, um bom rating

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de crédito, o que a permite tomar dinheiro de forma mais barata.


Apesar do cenário positivo exposto acima, ao cogitar investir na
companhia, é necessário se atentar ao vencimento de seus contratos de
concessão e também à RAP que, como vimos ao decorrer do relatório,
cai 50% quando as concessões chegam ao seu 16º ano, o que impacta
diretamente a receita da TAESA.
A fama da companhia ser uma ótima distribuidora de dividendos é uma
faca de 2 gumes quando se trata do destino do preço dos seus papéis e
da sua saúde financeira. Digo isso pelo seguinte fato: a grande parte dos
investidores buscam os tickers da TAESA devido ao pagamento de
dividendos e os mesmos cobram incessantemente por isso, como
pudemos ver, principalmente, na reunião de divulgação de resultados do
3T22.
Com isso, a empresa fica pressionada a não poder reduzir muito seu
payout, o que a dificulta ter mais recursos para arcar com suas
despesas.
Empresas já consolidadas e com fluxos de caixa recorrentes, como a
TAESA, tendem a ser negociadas acima do seu valor. Para encontrar o
preço justo da ação, utilizei o Modelo de Gordon (P = D / K - G) e, para o
cálculo, considerei D = 4,5, que é o valor de dividendos distribuídos pelo
ticker TAEE11 em 2021, segundo a Status Invest; K = 14,92, que é a taxa
do Tesouro Prefixado 2029 (13,56%) * 1,1, considerando que quero um
retorno 10% maior; G = 1,77% que é a média da variação porcentual dos
dividendos distribuídos entre 2012 e 2022.
Dessa forma, cheguei ao valor justo de R$ 30,15 para o ativo TAEE11.
Estando o ticker hoje no valor de R$ 37,13%, temos que ele está sendo
negociado 23,15%.

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É importante ressaltar o fato de que, foi utilizada a taxa do Tesouro


Prefixado 2029 como sendo a Taxa Livre de Risco (TLR) e a essa foi
acrescida 10% para formar o K da fórmula, uma vez que, como a SELIC
está alta, para correr o risco de investir no mercado acionário, o
investidor tende a exigir um retorno acima do que o Tesouro Direto pode
oferecer, o que impacta diretamente o cálculo de valuation pelo Modelo
de Gordon.
Dado o exposto, acredito, como estudiosa do assunto (e não como
analista CNPI), que, caso o investidor já possua TAEE11 em sua
carteira, seja válido manter. Todavia, dado seu preço de mercado, talvez
seja melhor aguardar o reajuste desse para realizar novos aportes,
considerando que existem outras empresas do mesmo perfil mais
descontadas no momento.

REFERÊNCIAS

https://ri.taesa.com.br/divulgacao-ao-mercado/central-de-resultados/?ano=2022

https://ri.taesa.com.br/informacoes-financeiras/dividendos/

https://investidor.suno.com.br/acoes/taee11

https://statusinvest.com.br/acoes/taee11

https://www.engie.com.br/investidores/informacoes-financeiras/releases-e-apresentacoes-de-

resultados/

https://statusinvest.com.br/acoes/cple6

https://statusinvest.com.br/acoes/egie3

https://www.infomoney.com.br/cotacoes/b3/acao/taesa-taee11/proventos/

https://br.financas.yahoo.com/quote/TAEE11.SA/

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https://portal.fgv.br/noticias/igpm-outubro-2022?utm_source=portal-

fgv&utm_medium=fgvnoticias&utm_id=fgvnoticias-2022-10-28

https://investidor.suno.com.br/relatorios/reader/suno-dividendos-edicao-especial-46

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