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CURSO DE FUNDAMENTOS PARA O SACERDÓCIO

Módulo 01 - Introdução
01. O que esperar do curso
Seja bem-vindo com muita alegria!
Se já fez algum curso na plataforma Umband’Boa EAD, é um grande prazer ter você novamente
conosco.
Se é a primeira vez, é também com satisfação que te recebemos. Você vai conhecer um novo
jeito de aprender sobre a religião de Umbanda. Um jeito simples e direto, acessível para
qualquer um, onde você terá contato direto com o professor durante todo o curso, seja
fazendo perguntas pela plataforma ou pelo WhatsApp.
Mas o que esperar deste curso?
Este curso foi projetado e desenvolvido para fornecer toda a informação e recurso necessário
para que o aluno se torne Sacerdote na religião de Umbanda.
Aqui você receberá toda a orientação necessária para fazer suas obrigações, abrir seu terreiro
e legaliza-lo, entender como funciona a força do sacerdote e a energia de uma casa
umbandista, vai conhecer todos os deveres de um sacerdote e ainda vai aprender a se
relacionar e gerenciar pessoas. É o curso de Fundamentos para o Sacerdócio mais abrangente
da atualidade.
Originalmente o curso foi desenvolvido para que todos aqueles que não dispunham deste
estudo em seus lugares de residência, pudessem também usufruir de todo este conhecimento
e assim se tornar um sacerdote devidamente preparado para as dificuldades deste posto.
Se você leu o conteúdo do curso, verificou que são muitos assuntos que serão abordados. Por
este motivo não teremos tempo para debater temas básicos, então recomendamos que o
aluno tenha feito o curso de Teologia da Umbanda.
Desde já peço que se sintam à vontade para fazer perguntas ao professor, que tenham relação
ao curso ou que tenham impacto direto na sua jornada de sacerdócio, mas também peço que
sigam à risca todas as orientações do curso, principalmente no tocante às obrigações, para que
todos os objetivos sejam alcançados.
Gostaria também de avisar, de antemão, que é um curso longo e que muitas vezes vocês serão
exigidos ao limite, por isso para aqueles que tenham alguma dúvida, recomendo que
conversem com a gente, seja comigo ou com o Nilton.
A dúvida é a ferrugem da fé, como sempre digo, e toda a nossa vivência durante o curso deve
ser pautada na fé e na determinação para que, ao final do curso, você não somente tenha um
certificado, mas que sinta dentro do seu coração a chama do fogo da Umbanda, para que possa
iluminar a todos aqueles que chegarem até você. Enfim, para que você não seja sacerdote
apenas no papel, mas também no seu espírito e no seu coração.
Se você entendeu tudo, aperte o cinto para o início em uma maravilhosa viagem pelo
Sacerdócio de Umbanda.
Que Oxalá nos abençoe e ilumine por todo o tempo em que estivermos juntos!
Axé!!!
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02. Plantando uma semente

O que começamos hoje é equivalente a plantar uma semente. E ninguém planta uma semente
por plantar, quem faz isso normalmente aguarda o momento de colher os frutos que serão
dados pela árvore que surgirá desta semente.

Como qualquer semeadura, é importante verificar se a terra está própria para o planto, é
preciso remover as pedras, arar e adubar o terreno antecipadamente.

Nosso objetivo é plantar uma semente de luz para que a árvore da Umbanda possa nascer no
seu coração. Para isso é necessário que você tenha conhecimento de algumas coisas.

1- A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade;


2- Foi trazida à Terra pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio
Fernandino de Moraes, em 15 de novembro de 1908;
3- Umbanda não cobra por trabalhos espirituais de nenhuma espécie;
4- Umbanda não faz o mal e não interfere no livre arbítrio de absolutamente ninguém;
5- A Umbanda não tem preconceitos de nenhum tipo e está disponível para todos;
6- Exu não é o diabo e Pombagira não é prostitua;
7- Umbanda ajuda a todos os espíritos, sejam encarnados ou desencarnados;
8- A Umbanda não pode ser utilizada como meio para interesses materiais, nem para
vingança, e muito menos para atender desejos impuros de quem quer que seja;
9- A Umbanda está comprometida apenas com a melhoria da qualidade de vida das
pessoas, através da atuação dos espíritos benevolentes, do entendimento das leis
espirituais, do axé e do culto aos Sagrados Orixás, e da evolução espiritual.
Se você compreende profundamente tudo o que acabamos de listar, significa que você está
preparado para iniciar seu trabalho de preparação para o Sacerdócio de Umbanda.
Se você tem alguma crítica com relação ao exposto, isso pode significar que você ainda não
tenha a maturidade necessária para o ato.
Nós apenas plantaremos a semente e daremos a orientação, mas quem vai cultivá-la é você.

03. Requisitos básicos para o sacerdócio de Umbanda


Todos aqueles que seguiram ou desejam seguir pelo caminho do sacerdócio, tiveram em algum
momento de suas vidas uma revelação, uma faísca que acendeu uma luz para esta jornada.
Como em qualquer longa viagem, é necessário planejar e se preparar para não sucumbir aos
problemas, principalmente por situações que poderiam ser evitadas se você as tivesse
previsto.
Então devemos aprender a preparar nossa “mala” para encarar esta longa caminhada. E o que
devemos colocar na mala então?
Trabalhar com religião é atuar com o invisível. Na Umbanda esta verdade é ainda maior, pois
tratamos diretamente com a espiritualidade superior.
Desta forma, devemos colocar na mala tudo o que não se pode tocar, mas que pode ser
sentido. Os requisitos básicos para um sacerdote são virtudes que já deverão estar dentro da

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sua mente e coração, ou que deverão ser desenvolvidos da forma melhor e mais rápida
possível.
O curso tratará de algumas destas virtudes, mas as básicas deverão ser buscadas avidamente
por você.
Vejamos quais são elas:
1- Fé
Para muitos pode ser desnecessário falar sobre este tema, mas infelizmente não é. Não
é incomum encontrarmos sacerdotes descrentes e desanimados. Isso inclusive leva
muitos a abandonarem sua missão.

A fé é um sentimento de crença total em algo ou alguém. Para nós umbandistas, é a


crença plena no Deus único Olorun, nos Orixás e em toda a espiritualidade superior e
benevolente. É a confiança que eles atuam por nós e através de nós, auxiliando,
protegendo e orientando nossos passos no cumprimento da missão espiritual e mesmo
na vida encarnada.

Todos os umbandistas devem ter a fé plena, mas sacerdotes devem ter a fé como a
mais preciosa virtude, pois nas horas difíceis, e nos momentos duros do caminho, é a
única coisa que o manterá em pé.

Quem tem fé não tem medo e não tem dúvida.


Quem tem fé tem tudo e quem não tem fé não tem nada.

2- Coragem
Para muitas pessoas a coragem é a ausência do medo. Muito pelo contrário, o oposto
de coragem é covardia.
Coragem é a capacidade de agir mesmo na presença do medo.
Um sacerdote de Umbanda convive corriqueiramente com situações que exigem
coragem. Coragem para abrir um terreiro, coragem para ser o guia espiritual das
pessoas, coragem para enfrentar a espiritualidade negativa, coragem para se firmar
ante pessoas que duvidarão do seu trabalho.
São muitas as ocasiões que exigirão esta virtude no caminho sacerdotal, mas acima de
tudo, a coragem se fará necessária quando o sacerdote compreender que andará
sozinho, ou acompanhado de pouquíssimas pessoas, para enfrentar seus desafios.

3- Respeito ao Sagrado
Quem adota o caminho do sacerdócio, assume para si a responsabilidade de dar e ser
o exemplo como a autoridade máxima dentro de um terreiro.

Quem não tem respeito ao Sagrado, não exige isso de seus filhos de fé ou, mesmo que
não queira, coloca-se em situação frágil.

Ter respeito às coisas Sagradas é fundamento mínimo para qualquer pessoa em


qualquer religião, e é este fundamento que favorecerá a atuação das linhas espirituais

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de Umbanda dentro de um terreiro. Aquele que respeita o Sagrado e dá exemplo para
seus filhos torna-se digno e merecedor das forças espirituais.

E lembre-se: quem oferece respeito, recebe respeito, tanto das pessoas quanto da
espiritualidade.

4- Confiança
Em muitos casos e para muitas pessoas a confiança se confunde com a fé. Mas o
aspecto que desejamos apresentar é a confiança sentida pelas pessoas que te rodeiam
e participam do seu mundo. No caso de um pai ou mãe-de-santo, é a confiança que as
pessoas do terreiro depositam em você.

E a confiança, acima de tudo, está ligada à expectativa das pessoas, que esperam de
um sacerdote coisas como acolhimento, caridade, benevolência, correção, lealdade e
conhecimento das coisas espirituais.

Todos desejam ser guiados e sem esta confiança, a caminhada se torna impossível.

5- Sabedoria
É a virtude daqueles que detém o conhecimento e que inspiram as pessoas. Este
conhecimento pode ser de ordem geral ou específica, mas, para nosso uso, utilizaremos
a sabedoria como virtude daquele que detém grande conhecimento espiritual e sabe
utilizá-lo em sua própria vida, e também no aconselhamento de outras pessoas, sempre
com juízo e bom senso.

É verdade que a sabedoria vem através da idade, do estudo e das experiências vividas
pela pessoa. Mas mesmo sendo novo e mesmo sem ser sábio, cabe ao sacerdote
demonstrar sua busca interna por sabedoria para seus filhos de terreiro.

Um cego não guia outro cego.


Um sacerdote sem sabedoria não mostra o caminho espiritual para outras pessoas.

6- Humildade
Humildade é a qualidade de quem age com simplicidade, uma característica das
pessoas que sabem assumir as suas responsabilidades, sem arrogância, prepotência ou
soberba.

É um sentimento de extrema importância, porque faz a pessoa reconhecer suas


próprias limitações, com modéstia e ausência de orgulho.

Um dirigente espiritual deve reconhecer suas responsabilidades, agir com simplicidade


e reconhecer suas limitações. Ninguém espera um sacerdote que saiba tudo ou que
possa tudo, mas as pessoas admiram aquele que busca aprender e melhorar
constantemente, e que se disponha a fazer tudo com o melhor que possui.

Líderes arrogantes e prepotentes são constantemente questionados e repudiados, mas


aqueles que demonstram humildade com sabedoria normalmente são admirados por
seus seguidores.

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7- Amor
Como diria Paulo em sua 1ª Carta aos Coríntios, no capítulo 13, versículo 2:

“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse
amor, nada seria.”

Da mesma forma um sacerdote pode reunir todas as virtudes possíveis, mas se não
demonstrar amor pelas coisas Sagradas, amor por seu ofício e amor pelas pessoas; se
não colocar amor em tudo que fizer em seu caminho, de nada adiantará.

E este amor deverá não apresentar distinção e nem preconceito, e deverá atuar da
forma que melhor puder auxiliar, seja como acolhimento, como exemplo, como
advertência, como tolerância ou como orientação, e deverá chegar tanto à pessoas que
te agradam como para aquelas que te desagradam.

Ter amor para com as pessoas não é ser bobo ou ser ingênuo. É agir de forma que
propicie à pessoa evoluir.

8- Maturidade mediúnica
Maturidade mediúnica significa se entregar e confiar cegamente na espiritualidade que
te orienta, ou seja, em seus próprios guias e protetores.

Não existe nada mais triste em um dirigente espiritual que tem dúvida de sua própria
mediunidade, que vacila ou interfere no trabalho de seu guia incorporado. Também
existem casos de sacerdotes que se deixam influenciar pela opinião de outras pessoas
mal-intencionadas, muitas vezes transmitindo informações equivocadas pela “boca” de
suas entidades.

Um sacerdote bem preparado deve saber se comunicar com seus guias e respeitar e
aplicar as orientações deles, sem distorção ou misticismo.

É de obrigação do sacerdote, também, desenvolver a mediunidade de seus filhos de fé,


mas se ele não consegue ajudar a si mesmo, como haverá de ajudar os outros?

Mais uma vez, um cego não guia outro cego.

9- Ter conhecimentos sólidos da religião de Umbanda


Como acabamos de citar no item anterior um sacerdote pode e deve deixar-se orientar
pela espiritualidade que lhe guia, mas também haverá de estudar muito, conhecendo
a história e a origem dos fundamentos de Umbanda, bem como de todo o mundo
espiritual.

Isso evita constrangimentos como não saber responder a perguntas simples, e também
impede que muitas bobagens sejam ditas ou feitas.

É óbvio que, por mais que passemos a vida estudando, saberemos muito pouco sobre
estes temas, mas o aperfeiçoamento contínuo traz firmeza ao dirigente e desperta a
simpatia de seus filhos de fé.
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10- Desejo legítimo em servir
Infelizmente não são poucos os casos onde o sacerdote deseja ser servido, despejando
ordens para seus filhos de fé como se fosse um rei, ou, em muitos casos, como se fosse
uma criança mimada.
Todo sacerdote é um servo da espiritualidade e da coletividade. Ele tem direitos sim,
mas acima de tudo tem deveres. Ele é o emissário dos Orixás e da espiritualidade
superior na Terra, e deverá distribuir todo a benção e todo o axé a seus filhos de fé,
assim como a todos que vierem buscar conforto em sua casa espiritual.
Para isso ele deverá ter tempo e paciência para se dedicar à estrutura espiritual de seu
templo, bem como ser disponível para ouvir o problema das pessoas e aconselha-las. E
isso é fácil de se entender em teoria, mas muito difícil de se aplicar na prática.

Se você já possui estes atributos e virtudes, ótimo! Basta trabalhar para fortalece-los ainda
mais. Mas se você não se enxergou em alguns deles, é melhor começar a trabalhar o seu
interior para desenvolvê-los o mais rápido possível.

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