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I - A pré-história ...............................................

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II - Os Heróis .................................................... 1
III - As criaturas e Tarok, o Dragão ............. 2
IV - Varkur, o Mago ....................................... 2
V - Reka, a bruxa ............................................ 3
VI - Os Trolls ................................................... 3
VII - O futuro ................................................ ... 3
VIII - Ken Dorr, Merrik e Gilda ................... 3
IX - A taverna do troll bêbado .................... 5
X - Vara, o espírito da água ....................... 5
XI - As duas ordens ..................................... 6
XII - A Maldição de Varatan ....................... 9
XIII - O presente do mago .......................... 11
XIV - O Castelo Invernal ............................ 15
XV - O Escudo Estrelar .............................. 16
XVI - O Escudo da Irmandade .................... 16
XVII - O Escudo Tempestade ...................... 16
XVIII - O último dos quatro escudos .......... 20
XIX - O segredo dos irmãos ...................... 20
XX – Tulgor .................................................. 21
XXI – Siantari ............................................... 22

I - A pré-história
Um pequeno grupo de escravos
foge de governantes cruéis para
uma terra desconhecida.

No caminho, eles têm que passar


pelas Montanhas Cinzentas e são
quase destruídos por um dragão.
Mas seu líder, Brandur, enfrenta o
dragão com tanta força de
vontade e determinação que o
dragão começa a temer por sua
vida imortal. Ele deixa a multidão
passar e desde então envia suas
criaturas para matar Brandur.

O jogo "As Lendas de Andor"


começa cerca de 80 anos depois. Brandur tornou-se o rei da pequena nação e seu país recebeu o nome de "Andor".
II - Os Heróis
Chada, a arqueira do Bosque da Vigília
Chada é uma das guardiãs da Árvore das Canções. Os guardiões viviam no Bosque da Vigília
e era seu dever preservar e guardar as crônicas de Andor na Arvore das Canções. Chada
nasceu num inverno terrivelmente frio. Seu povo passou fome por semanas e sua mãe
morreu somente poucos dias depois de seu nascimento. De alguma forma, Chada sobreviveu.
As sábias mulheres do vilarejo dizem que ela foi abençoada. No começo de sua vida, Chada
aprendeu a caçar usando um arco, mas logo teve que usar suas habilidades para lutar contra
as criaturas do mal que atacavam a Árvore das Canções.
Eara, a maga
Eara cresceu em Hadria, a terra da magia e dos feitiços. Habilidades mágicas não são
incomuns em Hadria, mas o poder de Eara era extraordinário mesmo em sua infância. Sua
mãe viu Eara mover uma pena pelo ar usando apenas sua força de vontade. Mas sua maior
habilidade foi de transferir seu poder a outras pessoas. Como todas as melhores magas, ela
teve que seguir numa jornada para provar seu poder. Seu maior desafio foi resistir à
tentação de usar seu poder para dominar os fracos e os desafortunados.

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Kram, o anão
Kram é o filho de Drack, um dos escravos que Brandur liderou pelas Montanhas Cinzas até
Andor. A mãe de Kram conheceu Drack quando passavam pela Torre Esquecida. Ela se
apaixonou por ele imediatamente. Ela deixou a caverna, a morada dos Anões do Escudo, e
acompanhou Drack. Quando eles chegaram em Andor, eles construíram uma grande família.
Kram foi o sétimo filho deles. Ele nunca foi uma pessoa de cabeça quente, como a maioria
dos outros anões, mas foi corajoso e destinado a se tornar um grande lutador.

Thorn, o guerreiro
Thorn nasceu como filho de um camponês e cresceu nos campos ao sul de Andor. Mesmo
quando jovem, ele tinha o desejo de competir com outros garotos, e seu pai precisou de
muita paciência para lhe ensinar o básico do trabalho no campo. Sua mãe conseguia ler e
escrever, o que era incomum para mulheres longe do Castelo Riet, e ela deu a Thorn o amor
pelos livros. Mas a coisa que Thorn mais amava era a emoção de uma luta de espadas. Ele
aprendeu esgrima com um colega do Rei Brandur que morou perto dos Thorns. Foi uma
benção, porque quando as guerras de trolls eclodiram, o garoto de 14 anos de idade, Thorn,
foi capaz de defender sua família.

III - As criaturas e Tarok, o Dragão


Krahal, o reino mágico, do qual os dragões derivam
seu poder, entrou em erupção há anos atrás. Somente
um dragão sobreviveu à catástrofe. Seu nome era
Tarok, um enorme dragão com asas negras.

Então, outras criaturas rastejaram das profundezas de


Krahal e se tornaram servas de Tarok.o último
dragão. Elas não tinham nome quando chegaram em
Andor, mas os guardiões da Árvore das Canções lhe
chamaram de "gors". Elas eram más, criaturas sem
espírito, temidas por homens e anões. Elas eram
baixas e desarmadas, mas possuíam poderosas mãos
que expunham grandes e temerosas garras.

Mas havia criaturas ainda piores:


skrals e wardraks. Srakls eram
grandes e musculosos com rabos de
dragão,armados com espadas e
armaduras. Eles eram muito mais
inteligentes que os gors, o que fazia
com que fossem difíceis de derrotar.
Os wardraks eram ainda maiores e
mais fortes que os skrals, e sua pele
preta os escondia durante a noite,
quando se moviam rapidamente em
direção ao Castelo Riet.

IV - Varkur, o Mago
"Varkur, por favor, me traga um pouco de água".
Varkur pegou uma bacia e correu para o poço. No meio do caminho ele parou,
concentrou-se sobre a bacia e cantou uma simples melodia. De repente, água
apareceu na bacia. Ele riu, e, enquanto ria, mais e mais água enchia a bacia, até que
logo ficou pesada demais para carregar. Ele a derrubou e ela quebrou, de forma
irrecuperável.
Habilidades mágicas não eram incomuns em Hadria. Mas quando Varkur anos
depois reconheceu quão extraordinário era seu poder, ele já estava bem distante
em uma terra chamada Andor.
Isso foi uma sorte para Hadria, porque Varkur descobriu logo cedo que suas habilidades mágicas permitiam que ele
dominasse essa terra.
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V - Reka, a bruxa
Um dia, Sabin encontrou uma criança dormindo no poço, envolvida por
cachecóis cinzas. Sabin a pegou e levou a criança para os Krahders. Sabin
era uma dos Ambacus, povo escravos de Krahd.

Radack era seu mestre e Lorde de Krahd, e ele decidiu que Sabin deveria
criar a criança como se fosse sua. Era uma menina e Sabin lhe deu o nome de Reka. Havia algo
especial sobre Reka. Sabin sofreu sob o cruel comando dos Krahders, como todos os escravos. E,
com uma criança, a vida dela foi ainda mais difícil.

Mas Reka tinha um talento incomum de sempre ver alguma luz na escuridão que os cercava. Ela
deu a Sabin e a muitos outros dos Ambacus poder e sua liberdade. Então não foi grande surpresa
que ela apoiou Brandur e seus amigos quando tentaram escapar de Krahd. E, muitos anos depois,
ela se tornou uma ótima aliada para os heróis de Andor.

VI - Os Trolls
Trolls vivem em Andor desde tempos
imemoriais. Eles eram imensos e
tinham enorme força. Eles matavam
sem pestanejar e torturavam homens
e animais.

Bem antes de Brandur e seus amigos


chegarem em Andor, os guardiões da
Arvore das Canções lutaram grandes
batalhas contra os trolls, que usavam
quaisquer armas que coubessem em
suas enormes patas. Vinte anos antes de As Lendas de Andor começar, a última grande
batalha foi lutada na Rocha do Verão. Rei Brandur, em uma aliança com os guardiões,
venceu. Essa batalha terminou as guerras de trolls.

Por muitos anos, o povo de Andor pensou que nenhum troll tivesse sobrevivido. Eles estavam errados.

VII - O futuro
Quando Tarok, o dragão, foi derrotado,
tempos turbulentos se seguiram. Isso foi
chamado de “A Herança do Dragão”.

Agora que o dragão foi derrotado, gors,


skrals e wardraks ficaram insanos e
muitos deles foram para a terra de Andor.

De novo, o mago das trevas Varkur apareceu. Sua metamorfose foi dramática. Ele se tornou
o pior e mais poderoso inimigo dos heróis.

Mas esses dias não tinham destruído toda esperança. As relações de comércio com Hadria
cresceram, a requintada arte da cartografia começou a crescer, e os construtores tiveram
muito trabalho para fazer.
Muitos anos se passaram até que os heróis seguiram um chamado de socorro de Hadria e embarcaram em sua
perigosa jornada para o norte. Uma outra aventura os aguardava, da qual nem todos heróis retornariam.

VIII - Ken Dorr, Merrik e Gilda


Ken Dorr, o ladrão

Ken Dorr era descendente dos primeiros andorenses, que escaparam de Krahd junto com Brandur. Nas guerras dos
Trolls, a fazenda de seus pais foi completamente destruída e sua família ficou sem nada. Para sobreviver, confiaram
na caridade dos outros. Para Ken Dorr, isso foi um golpe sério, porque ele era um garoto orgulhoso e desprezava ter

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que viver da esmola alheia. Então ele começou a roubar para cuidar de sua família. Mais tarde, ele foi recebido como
soldado a serviço do rei Brandur e provou ser um espadachim habilidoso. Sua preferência por roubar, no entanto, ele
não deixou de lado.

Depois de passar algum tempo no castelo, ele foi descoberto roubando e foi banido
do castelo. Naquela época, o exílio do castelo era uma sentença de morte. Antes de
deixar o castelo, ele ainda pegou o que precisava para sobreviver. Através de suas
habilidades de luta, Ken Dorr chegou à costa de Andor. Lá, ele se contrabandeava a
bordo de um navio mercante para deixar Andor e começar uma nova vida. A partir
de então, pouco se sabe sobre sua vida, mas quando correu o rumor de que o terror
de Andor, o dragão Tarok, foi finalmente derrotado, Ken Dorr retornou a Andor e
novamente trouxe prejuízos.

Merrik, o cartógrafo

Nascido nas Florestas, Merrik estudou a arte da caligrafia e arquivamento desde a


infância. Ele provou ser um habilidoso encadernador e decorou seus pergaminhos
com desenhos finos. Mas ele estava cheio de uma inquietação constante. Ele não foi
feito para anotar as aventuras e lendas dos outros - ele queria experimentá-las
sozinho. Como um menino de 12 anos, ele foi autorizado a acompanhar Melkart, o
supremo guardião e alguns outros guardiões em uma viagem ao Castelo Riet, ficando fascinado pelas grandes
defesas. Quando eles foram emboscados no caminho de volta, ele mal sobreviveu porque ele era franzino e mal
conseguia carregar um escudo de madeira. Mas mesmo que ele não fosse um lutador ou arqueiro, seu amor pela
aventura era ininterrupto. Logo ele começou a traçar o caminho entre o castelo e a floresta e tentou aprender com
registros escritos mais sobre a geografia do país Andor.

A jornada de Merrik não foi concluída e, finalmente, aos 16


anos, ele foi autorizado a andar. Ele visitou o Castelo Riet
novamente, mudou-se para o sul através das terras de Riet e
explorou a Floresta do Sul. Quando ele retornou à Árvore das
Canções cerca de um ano depois, parecia muito mais velho. Em
sua bagagem, ele tinha o mapa mais detalhado que você já viu.
O valor desses mapas não era alto o suficiente para estimar,
porque muitos caminhos marcados eram apenas os menos
conhecidos.

Merrik passou muitos anos na cartografia de Andor e dizem


que até mapeou as colinas do sul das Montanhas Cinzentas. Ele foi a primeira pessoa em anos a ver a terra dos
Krahders com seus próprios olhos. Ele sempre esteve em situações perigosas durante todos os seus passeios. Por ele
não ser um bom lutador, ele logo concluiu um acordo com um jovem guerreiro lobo chamado Orfen. Ele o
acompanhava frequentemente e mantinha-o salvo de todos os tipos de criaturas malignas. Nos últimos anos, Merrik
fez grande o seu nome com suas cartas náuticas do Mar de Hadria.

Gilda, a taverneira

O pai de Gilda era um guardião da floresta vigilante. Seu


nome era Kallun e ele estava em uma tarefa importante
para o Castelo Riet. A pedido do rei Brandur, Kallun deve
ensiná-lo a ler e a escrever. Embora o rei fosse uma mente
inteligente, ele não recebera educação alguma, pois era
escravo em Krahd. A mãe de Gilda era Bertha e conheceu
Kallun na taverna de Andor. Bertha instantaneamente se
apaixonou por ele. Quando Kallun conversou com os
outros convidados da taverna, ficou surpreso com quantas
histórias e lendas os homens e mulheres de outrora
conheciam e ele escutou ansiosamente.

No começo, ele mal notou Bertha até que ela mesma contou uma balada particularmente rude e engraçada sobre o
"Troll bêbado". Bertha estava animada e engraçada e a balada terminou em muitos aplausos. Um monte de hidromel
encheu os jarros antes que amanhecesse a manhã seguinte. Kallun prometeu voltar ao sair. Ele nunca voltou e, nove

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meses depois, Gilda nasceu. Ela passou sua infância na taverna e herdou a mente serena de sua mãe. Gilda tem uma
voz bonita e os convidados vinham de longe apenas para ouvi-la cantar.

Nos últimos anos, ela preferiu ouvir os convidados em vez de cantar, pois havia muita coisa acontecendo na terra de
Andor, e muitas lendas foram atribuídas a ela. De certo modo, ela também, como seu pai Kallun, se tornara uma
Guardiã, embora nunca escrevesse as lendas, mas sempre as mantinha em sua cabeça. Anos depois, quando os heróis
de Andor procuravam o Escudo Estelar, havia aqueles que acreditavam ter sido Gilda quem lhes dera a pista crucial
para encontrar o artefato.

IX - A taverna do troll bêbado


Não muito tempo atrás, a proprietária Gilda contou a seguinte história de seu
avô:

Naquela época, o avô Erloth tinha um carrinho de madeira com o qual ele
vendia hidromel e vinho para as fazendas vizinhas. Com uma carga
particularmente grande, ele rumava em direção à Ponte do Mercado para
deleitar os anões com suas mercadorias. Mas no seu caminho o inacreditável
aconteceu: ele foi atacado por um Troll gigante! Felizmente, o avô conseguiu
escapar sem ser visto no alto capim dos recifes. Mas o Troll destruiu seu carro
e fez o seu caminho sobre os barris. Parecia bom, porque quando Erloth
voltou para ver se restava alguma coisa para salvar, viu uma figura enorme
cambalear, o que não era surpreendente, pois ele quase drenara toda a provisão de hidromel e vinho. Isto foi seguido
por alguns divertidos incidentes com os camponeses de Andor! Em vez de persegui-los e comê-los, o Troll passou
por eles cantando ou dormindo em seus estábulos.

No entanto, a carroça foi destruída e, por isso, o avô decidiu construir um pequeno estande para fora das partes
rompidas e vender os restos de hidromel e vinho do local do ataque. O estande logo se tornou uma pequena cabana.
Muitos viajantes vieram e contaram o que aconteceu aqui e ali no país. E assim, dos restos da velha carroça, a taverna
tornou-se a taverna do Troll bêbado e eu, Gilda, a neta de Erloth, me tornei depois de minha mãe, a proprietária.

X - Vara, o espírito da água


Kheela, a guardiã das Terras do Rio, e Janis, seu filho estavam na margem do Narne.
Tinha anoitecido e estava ficando frio. Janis apontou o dedo para a outra margem,
onde aparecia a silhueta de uma mulher e perguntou: "Mãe, o que ela é realmente?"
Kheela olhou para cima e disse: "Essa é uma longa história, e quando você tiver idade
suficiente, eu lhe direi."
"Mãe, por favor, eu já tenho oito anos." Kheela sorriu para o filho. "Você pode estar
certo. Eu tinha sete anos quando meu pai falou sobre ela pela primeira vez. Tudo bem,
sente-se e ouça atentamente."
"O nome dela é Vara. Há vários séculos, ela viveu, como todos os espíritos da água, aqui
no rio".

Os olhos de Janis se arregalaram: "Ela é tão velha assim?"


"Sim, ela é muito velha e fez muito pelas pessoas daqui."
"Há mais alguém quem seja como ela?"
"Sim, mas eles vivem nesta água. Eles são a alma do rio e a mantêm viva. Vara não está aqui voluntariamente. Ela foi
banida por seu povo." Kheela respirou fundo e continuou: "Seu tataravô era um simples fazendeiro chamado Etore. Ele
cuidou dos campos e de seus pais e irmãos. Mas isso não era tudo, ele também se importava com aqueles que precisavam
de ajuda. Ele era jovem e forte e quem quer que esteja em apuros ele vinha e oferecia sua ajuda.

Um dia algo terrível aconteceu. Um grande incêndio havia começado na aldeia. As pessoas tentaram por todos os meios
extinguir as chamas. Com grandes baldes arrastaram a água do rio para a aldeia. Etore estava entre eles.
Os espíritos da água observavam os acontecimentos do povo e Vara o viu pela primeira vez. Ele sofreu graves
queimaduras, mas continuou correndo para a aldeia com um balde cheio, ignorando sua dor. Muitas pessoas morreram
naquela noite e a aldeia se incendiou completamente.

De agora em diante, Vara observou o corajoso Etore e se apaixonou por ele. Foi um amor tolo, mas às vezes o amor é
tolo. Vara fez algo inédito. Ela saiu de seu elemento e seguiu seu amor. Etore ficou surpreso ao vê-la, pois ela era uma
figura de água sem contornos firmes. Ela era linda, mas também assustadora. Vara ficou com ele por um tempo,

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ajudando onde podia. Mas logo ela percebeu que seu amor seria para sempre não correspondido, porque Etore se casou
com uma mulher. Vara deixou Etore e quis voltar para o rio, esquecendo sua dor e suas irmãs e irmãos. Os espíritos da
água, no entanto, negaram-lhe esse desejo e castigaram-na por sua obstinação. Ela nunca poderia voltar para casa e foi
banida.
Levou algum tempo para Vara ir para Etore novamente. Sua tristeza surpreendeu os camponeses e, com compaixão,
Etore ofereceu-se para continuar cuidando do bem-estar das pessoas à beira do rio. Vara aceitou sua oferta e desde hoje
ela está aqui e cumpre essa tarefa. Etore tornou-se o primeiro guardião das Terras do Rio, e até hoje a tarefa é passada
para a primeira prole de sua linhagem".
Kheela olhou para o filho.
Vara olhou para o espírito da água.
"E ela nunca pode voltar?"
"Não, ela não pode fazer isso. O amor que ela sentiu uma vez por Etore se transformou em grande pesar. Ela é solitária,
muito solitária e, ainda assim, há séculos ela apoia o guardião do rio e por isso sou muito grata a ela. Um dia você
assumirá essa tarefa e a terá como fiel companheira ao seu lado. Ela vai continuar o legado de Etore, o simples
fazendeiro".
O espírito da água veio até eles e gentilmente roçou a mão do menino. Uma leve sugestão de orvalho de verão se
formou onde ela o tocou e desapareceu.

XI - As duas ordens
Ao norte do mar de Hadrischen ficava a ilha Hadria. Uma ilha inóspita cercada por
mares revoltos, cujas escarpas íngremes e escuras se projetavam para o mar. As forças
do mar traziam tempestades que congelavam as rochas, neve que cobria a terra e
ventos cuja força rasgava tudo com eles. Mais ao sul ficavam as Ilhas Enevoadas e
Penhascos, um castelo construído em uma única pedra grande. Varatan, o rei do mar,
morava lá.
A vida em Hadria era árdua, o inverno insuportável e as pessoas frequentemente
sofriam de fome. Em alguns anos, quando o tempo estava um pouco mais ameno, a
cevada e o trigo podiam ser cultivados, mas muitas vezes a estação fria chegava cedo e a chuva e a geada destruíam
as plantas. Estes tempos só podiam ser superados pelo gado, porque os animais davam leite e ovos, mas muitas vezes
tinham que ser abatidos em tempos difíceis.

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Nesta ilha viviam os magos das festas de Yra. Eles eram
frades dedicados a tornar a vida mais suportável para o povo
de Hadria. Eles eram estudiosos e transmitiam seus
conhecimentos por gerações. Mas cada um deles sabia que a
ajuda que podiam dar era suficiente apenas até o inverno
voltar.

Um dia, o mais curioso deles deixou o caminho da feitiçaria,


que dirige e intensifica o poder interior de cada coisa e ser
vivo. Eles começaram a impor sua vontade sobre as coisas, transformá-las e criá-las de novo. Eles alienaram seu
verdadeiro significado e propósito. Eles descobriram a magia negra.

Entre eles estava Orweyn, o mais poderoso de todos os feiticeiros. Ele foi
inspirado pela ideia de libertar o país do inverno e domar os poderes do mar:
Arcturus, o Senhor das Tempestades, Kenvilar, o Traiçoeiro, e Octohan, o Mestre
das Profundezas, deveriam se curvar à sua vontade!

Ele estava reunindo pessoas de mentalidade semelhante e passando muitos anos


explorando a magia negra. Nas noites em que Orweyn se desbruçou sobre os
escritos, ele elaborou um plano.

Armas mágicas devem ser forjadas para permitir que uma pessoa se revolte
contra as forças do mar e as derrote. Mas quem ousaria fazer algo tão ousado? O
próprio Orweyn estava ansioso para aprender, mas ele não era um guerreiro
marcial.
Mas um dia o destino deve trazer este guerreiro. Um grande navio
chegou à costa de Hadria. Era o navio Tambur e seu capitão era o
orgulhoso Rei do Mar, Varatan. Sua vinda provocou um tumulto
quando ele trouxe trigo, centeio e outros alimentos. Barris de vinho e
queijo de cabra do Vale da Tempestade, e até mesmo nozes de maçã e
cogumelos da distante Terra do Dragão, mais tarde conhecida como a
terra de Andor.

Quando Orweyn ouviu falar de sua chegada, ele acreditou em uma feliz
coincidência.

Esse Rei do Mar, cujo nome significava filho do fogo, parecia a pessoa
certa para seus planos. Ele o convidou e logo ficou claro como Orweyn estava certo. Varatan contou sobre sua viagem
pelo Mar de Hadria, os perigos que ele havia desafiado e o quanto desejava que o inverno finalmente acabasse.
Depois de comer e beber hidromel quente, Orweyn começou a contar seu plano para derrotar as forças do mar e
banir o inverno para sempre. Os olhos de Varatan se iluminaram ao ouvir as armas mágicas que Orweyn queria
forjar.

Aquela noite deveria ser o destino de Hadria.

E assim os frades do ferreiro iniciaram seu trabalho sombrio. Enquanto trabalhavam, a névoa cinza
pairava sobre o fogo, ameaçando o mal.

Eles criaram Varlion, a Espada Flamejante, uma pesada


espada de duas mãos. As chamas ardentes da lâmina só
se extinguiam quando a espada era colocada na bainha.
Criaram o martelo de Orweyn, que ele segurava em seu
próprio bolso e que fortalecia cada vez mais seu o dono
a cada luta. E, finalmente, criaram o capacete de
Varatan, projetado para proteger o rei das forças do
mar.

Depois que terminaram, uma mensagem foi enviada ao


Rei dos Mares. Ele havia retornado à Klippenwacht e,
‘ enquanto isso, iniciou uma frota com a construção e os
tripulou com bons marinheiros de Klippenwacht e outras ilhas de neblina.

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Quando ele alcançou Hadria, Orweyn entregou com orgulho as armas mágicas e ficou com o coração abatido quando
Varatan partiu de Hadria.

Por muito tempo, o mago permaneceu incerto sobre o paradeiro do Rei dos Mares. Ao fazer isso, ele se envolveu
mais com a Magia Negra. Quanto mais ele entendia Magia Negra, mais suas dúvidas existiam. Ele sentiu que a magia
estava cobrando seu preço.
Depois de muitos meses, uma terrível tempestade varreu Hadria. E naquela
tempestade estrondosa, Varatan apareceu de repente. Sua frota foi destruída. Ele
os havia perdido na luta contra os poderes do mar e, para puni-lo por sua
presunção, eles também destruíram o grande castelo Klippenwacht. Agora eles se
aproximaram de Hadria.

Cobrado, o Rei do Mar pediu aos frades que revidassem. Arkteron, Kenvilar e
Oktohan seriam eliminados, mas Orweyn recusou. Ele finalmente entendeu
completamente o que a magia negra estava fazendo. Ela sempre exigiu mais do que
deu e isso teve que terminar.

Em vez disso, ele ordenou a construção da Torre de Ferro, devendo as armas


mágicas e o conhecimento adquirido sobre a magia ficarem trancados na torre.

Depois que a torre foi concluída, Orweyn pediu aos frades que o seguissem até ela,
pois o conhecimento deles deveria ser trancado para proteger as pessoas em
Hadria. Só então os poderes do mar poderiam ser acalmados.

Ele ordenou que os mais jovens feiticeiros o trancassem e seus irmãos na torre.
Orweyn prevaleceu contra os protestos do rei Varatan e seus frades. Ele matou
alguns deles à mão para apagar seu conhecimento do mundo. O medo dos poderes do mar havia atordoado a sua
mente. Ele falou confuso e, antes que ele fosse o último a entrar na torre, profetizou o fim de Hadria se os magos
discordassem e conjurassem para mantê-los unidos. Então, ele entrou na Torre de Ferro e o portão foi fechado com
ele e todo o conhecimento mágico. Orweyn e seus irmãos nunca mais foram vistos.

Mas sua vítima não perdeu seu efeito. A tempestade diminuiu, os poderes do mar se
reconciliaram e voltaram às profundezas. Só o frio e o inverno ficaram... e não devem
mais ceder.

Os jovens e menos habilidosos magos ficaram para trás. A partir de então eles se
chamaram os magos da Torre de Ferro.

O rei do mar ficou em Hadria. Ele se juntou aos magos remanescentes de Hadria e
aprendeu o que eles poderiam ensinar. Aparentemente Varatan desistiu de toda a
realeza e tornou-se um deles, mas ele questionou a decisão de Orweyn em se entregar
aos poderes do mar e deixar Hadria e o mar no Inverno Eterno.

Ele se mudou para Nordgard, a capital de Hadria. Lá,


segundo a lenda, ele estava importunando outros magos
insatisfeitos. Muitos deles mantiveram algum conhecimento
mágico, mas Orweyn não percebeu isso e eles não foram
trancados na Torre de Ferro.

Varatan encontrou uma esposa em Hadria e ela logo deu a


ele um filho, Varkmar, que significava tanto quanto um mar
de chamas.

Ele cresceu com um desejo de poder e do conhecimento


oculto na Torre de Ferro.

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Nos últimos anos, depois que Varkmar aprendeu tudo o que restava de
conhecimento mágico, seu pai morreu. No entanto, sua sede de
conhecimento permaneceu e ele fundou uma nova Ordem dos Magos: Os
Magos do Fogo. Aqueles magos não queriam aguentar o Inverno Eterno e
ao longo dos anos exigiam cada vez mais a abertura da Torre de Ferro para
liberar a magia.

Nos longos e frios anos, os Magos da Torre e os Magos do Fogo


continuavam a se separar. A magia negra estava entre eles e Varkmar
agitou seu ódio.

Mas quando ele alcançou o ápice de seu poder, ele sentiu que nunca teria o
poder de tomar a Torre de Ferro para liberar a magia. Durante esse tempo,
sua esposa deu à luz um filho. Na noite de seu nascimento, os fogos eternos
brilhavam intensamente, mas sobre a ilha de Hadria uma enorme
tempestade assolou-se. Cheio de orgulho, Varkmar olhou para o filho
poderoso, em cujos olhos ardia um fogo mágico ao nascer. Ele esperava que seu filho cumprisse o legado de Varatan
e conseguisse o que nunca havia feito: liberar a magia, destruir e queimar os odiados Magos da Torre de Ferro. E
então ele deu ao filho o nome de Varkur: a Chama.

Mas sua história é contada em outra lenda...

XII - A Maldição de Varatan


"Ah, história de marinheiro!", O rei Varatan sempre dizia quando
alguém lhe contava sobre os três poderes do mar. Ele disse isso até o
dia em que se deparou com o mais perigoso deles: Kenvilar, o
traiçoeiro.

Embora o poderoso Octohan pudesse carregar um navio com seus


tentáculos e destroçá-lo e Arcteron pudesse trazer terríveis
tempestades, Kenvilar era o mais fatal deles. O problema deles estava
associado à sabedoria cruel.

Um dia, enquanto ela aguardava o navio do rei e


arrastava vários marinheiros para as profundezas, ela
notou um varataniano no leme dos dois-mestres. Ele
permaneceu alto e forte. A tripulação tentou dominar o
perigo com arpões e espadas de mar, mas Kenvilar mal
os notou.

Ela pegou o olho do jovem timoneiro, olhou para o


futuro dele, viu seu potencial e a malícia do sono nele.
Kenvilar sentiu que poderia causar muito mais dano
com um pouco de paciência. E então ela se retirou.

O rei celebrou sua suposta vitória sobre um dos três


poderes do mar com tudo que ele tinha. Os sobreviventes foram honrados e os mortos foram homenageados. Muito
vinho e comida foram servidos. O festival foi lembrado por muito tempo.

Os anos se passaram antes que os caminhos do timoneiro e Kenvilar se cruzassem novamente. O nome do homem
era Callem. Nesse meio tempo, ele recebera o comando de seu próprio navio e navegava entre Varatania ou Werft,
como era mais tarde chamado, e Klippenwacht, a fortaleza marítima do rei Varatan.

Em uma dessas viagens, ele deixou sua rota sem motivo aparente e logo se viu em águas
tempestuosas novamente. Kenvilar apareceu lá e o ex-timoneiro caiu sob seu feitiço...

O navio e sua tripulação logo foram perdidos e lamentados com todas as honras imagináveis. Callem,
seu capitão, era um conhecido guerreiro naval e sua morte significou uma grande perda para o rei.

Foi a época em que Varatan começou a ponderar como dominar os poderes do mar. Um pouco mais

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tarde, seu caminho o levaria para o norte, para Hadria, terra da feitiçaria, onde ele desenvolveria armas mágicas com
Orweyn, o mais poderoso feiticeiro.

Mas antes de tudo isso acontecer, começaram os rumores sobre um Navio


Negro. Ele surgiu do nada e desapareceu da mesma maneira! Navios
mercantes foram atacados e roubados de seus bens. Aqui e ali o Navio Negro
foi visto e sua tripulação... foi a coisa mais estranha, porque a bordo não
eram apenas simples marinheiros e guerreiros marítimos ateus. Entre eles
estavam feiticeiros e magos, druidas e outros seres poderosos. Portanto, não
foi possível por um longo tempo chegar ao Navio Negro, pois ele agora era
visto em toda parte.

Depois de sua suposta morte, Callem havia destruído seu navio, porque
Kenvilar lhe dera um muito maior e mais forte de presente. Ele matou a
maior parte de sua equipe com suas próprias mãos. Foi um banho de
sangue. Roa, a enorme ave de rapina, com garras pontiagudas e afiadas
como uma espada, com sua plumagem vermelha brilhante, ajudou-o. Apenas
Pero, seu primeiro, Mart e Krumm, um homem velho que eles deveriam
levar para Varatania, permaneceram vivos.

O velho bandido alegou ser um feiticeiro e preparou uma poção para provar
que mergulhava o navio em uma névoa espessa. Callem achou isso útil. Em
sua cabine, o capitão do navio encontrou uma garota de pele verde com
olhos tortuosos. Outro presente de Kenvilar, porque era Kentar, sua filha. O navio seria seu novo lar.
E assim eles partiram e com quase todos os seus ataques a tripulação cresceu. Durante um ataque perto de Stormtal,
Thogger, um druida dos Tars, se juntou a eles. As poções do druida deram a todos os tripulantes grandes poderes e a
capacidade de respirar embaixo d'água.

Em outro ataque, foi capturada Ean Quella, uma aluna de Hadria que queria completar seu treinamento como
feiticeira enquanto viajava. Por muito tempo ela resistiu à influência de Callem. Eventualmente, Kentar, a filha de
Kenvilar, conseguiu envenenar sua mente. E assim ela colocou suas habilidades a serviço do capitão.

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Callem buscou a coroa dos mares do norte e seu poder cresceu
constantemente. Eventualmente, a ameaça do navio negro foi tão grande
que o rei Varatan parou a sua luta contra as forças do mar e partiu em
busca do Navio Negro.
Encontrar o odiado navio e encurralá-lo exigia toda a frota naval do rei.
A uma velocidade tremenda, que não podia ser atribuída unicamente ao
vento, o Navio Negro fugiu para o oeste. Esperando alcançá-los, o rei
Varatan e sua frota perseguiram o navio, quando, do nada, apareceu a
costa de uma terra desconhecida. Era uma ilha da névoa cuja existência
era desconhecida do rei até então. Este deve ter sido o esconderijo
secreto de onde o Navio Negro havia iniciado seus ataques.
A vela cinzenta do Navio Negro estava atracada e deixava os barcos entrarem na água na velocidade da luz. A
tripulação fugiu para a ilha da névoa. O rei não pensou muito e continuou a perseguição. Quando chegaram à ilha, os
guerreiros do mar invadiram os Varatans, matando qualquer um que pudessem se apossar.

Cadeias de montanhas íngremes se elevavam diante deles. Quando o rei alcançou o


primeiro pico, sua respiração ficou presa. Atrás das montanhas havia uma floresta
escura e doente. Seu cheiro de decadência o atingiu de longe. De repente, ele
reconheceu criaturas sinistras parecidas com lagartos, saindo de afloramentos
rochosos. Eles eram Gors ou talvez pior. Esta terra era um lugar ruim e uma
armadilha mortal. Uma armadilha que ele não tinha permissão para tocar. Em sua
mente, ele batizou a ilha com o nome de Narkon, pois era assim que os varatanos
chamavam de armadilha ou emboscada, e ordenou que seus guerreiros navais se
retirassem. Alguns não ouviram seu chamado e continuaram a perseguição. Entre
aqueles que lutaram mais ansiosamente por trás dos refugiados estava também seu
velho Kaufad Ruuf. Um bom homem. "Seja como for", pensou o rei, "eu também não posso ajudá-lo".

Havia mais em jogo aqui do que a vida de alguns. E assim o rei Varatan, soberano do Mar do Norte, abriu os braços e
jurou uma maldição sobre a terra ao norte da montanha. Deixe que as criaturas e os ateus nunca deixem esta ilha
novamente e passem fome para sempre em sofrimento e miséria. Ele amaldiçoou a terra de Narkon e se retirou.

Callem, no entanto, que havia escondido ao alcance da voz do rei, imediatamente sentiu uma mudança na mente e no
corpo. Medo e raiva fluíram através dele. Então ele de repente viu uma figura fantasmagórica de luz colocar uma mão
brilhante em seu ombro. De repente, esqueceu o mar e os navios e, em todas as lembranças que ficavam longe
daquela ilha, a sombra negra do esquecimento jazia. Todo pensamento de fuga requer uma percepção de outro lugar,
ou pelo menos a esperança da existência de um lugar diferente do aqui. Mas todos aqueles que sucumbiram à
maldição foram sempre roubados dessa idéia.

Mais de cem anos se passaram. Anos em que as armas mágicas em Hadria foram forjadas e fechadas novamente,
porque seu poder era muito grande e muito perigoso. Anos em que Varatan morreu e um jovem bruxo chamado
Varkur, que veio da linhagem de Varatan, viu a luz do dia para causar um grande mal. Anos quando um escravo do
sul de Krahd fugiu para a terra do dragão, derrotou-o e depois fundou a terra chamada Andor. Anos em que um
pequeno grupo de heróis tornou-se lendário e dois deles ficaram encalhados na ilha amaldiçoada de Narkon.

“As Lendas de Andor - Chada e Thorn”. Você vai conhecer Callem e a amaldiçoada equipe do Navio Negro? Eles
sucumbirão à maldição de Varatan e nunca sairão da ilha?

XIII - O presente do mago


Essa história aconteceu na mesma época em que os Heróis de Andor
recusaram a Batalha da Caverna. Prevê-se que este ataque das
criaturas no reino dos Anões do Escudo não foi coincidência, mas o
primeiro passo de um grande plano...

A seguir, acontecimento de “As Lendas de Andor, parte II – A Jornada


para o Norte”.

O príncipe Undavahr olhou para o céu da noite. Escuro e coberto de


nuvens, ele se debruçou sobre Borghorn, o grande festival dos
Krahders. Undavahr sentiu o vazio onipresente. Seu maciço corpo cinza estava em um bloco de pedra no meio da sala
da torre. O fedor de sujeira e comida apodrecida estava pesado no ar.

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De repente, Undavahr ouviu várias vozes gritando. Sua mente esfarrapada demorou um pouco para perceber que na
verdade havia mesmo gritos no pátio. Fazia tanto tempo sem qualquer agito que ele nem sabia como se sentia. Seu
coração começou a bombear com mais vigor e ele levantou-se desajeitadamente. Então lhe ocorreu num piscar de
olhos que talvez houvesse uma tentativa de fuga. Era muito raro, mas de vez em quando um dos escravos acreditava
que ele poderia escapar do festival. Era, claro, pura superstição. Apenas alguns tentaram, mas ninguém conseguiu.
Bem, quase ninguém. Anos atrás, um pequeno grupo tinha conseguido. Esta picada ainda estava profunda na carne
de sua casa. Nunca mais permitiriam que escravos escapassem!

O príncipe desceu os degraus de pedra talhados de sua torre. As


vozes, agora mais gritantes, vieram da ala oeste e ele acelerou o
ritmo. No caminho, alguns guardas esqueletos o alcançaram.
"Droga", ele pensou agora completamente acordado, "eu sou
gordo e manco. Os esqueletos ainda levarão toda a diversão!” Mas
assim que ele pensou nisso e encheu seus pulmões para chamar
de volta seus servos, havia uma luz ofuscante em seus olhos. Logo
depois disso, ele caiu e uma confusão de ossos e lanças zumbiu
no ar. Undavahr parou em alarme. O que estava acontecendo aqui? Um surto? Uma revolta? De repente, percebeu
que nem se dava ao trabalho de levar sua espada ou sua armadura com ele. Ele teria estrangulado um escravo em
fuga com as próprias mãos, mas o que era isso...? Uma nuvem de poeira estava no ar e Undavahr não conseguia ver
nada específico.

Um aperto de ferro agarrou seu ombro e ele se virou. Foi um dos guerreiros
Krahder que serviu seu pai. "Você deveria ir para a segurança, meu príncipe",
gritou para ele. Então continuou em seu caminho e desapareceu quase
inteiramente na nuvem de poeira. Undavahr pensou que ele reconheceu a
silhueta de uma pequena figura. Ele ouviu a voz do guerreiro, que logo ficou
mais alto. "Nem um passo adiante", disse Undavahr, e então viu seu
companheiro balançando sua espada. Undavahr parecia animado quando a
lâmina caiu sobre a pequena figura. No último momento, ela levantou um tipo
de bastão e defendeu o golpe. E agora, um momento depois, parecia que o
atirador havia largado a espada, cruzado os braços atrás das costas e se curvado. Isso poderia estar acontecendo?
Undavahr não podia ver em toda a poeira... era pó em absoluto. Uma espécie de espessa neblina negra se espalhara e
serpenteava ao redor do corpo do guerreiro. Como cordas negras, a névoa ao redor do Krahder
começou a gritar. Com uma rachadura seca, como quebrar um galho, o guerreiro desmoronou. A
névoa liberou o Krahder morto e envolveu-se em torno da figura, que, vestida de capa e capuz,
moveu-se lentamente em direção a Undavahr. Os olhos de Undavahr se arregalaram, incapazes de
lutar, gritar ou fugir.

"Isso, meu amigo", sussurrou o estranho quando se aproximou de Undavahr, "o que você está sentindo
agora é chamado medo. Você não sente medo por muito tempo, eu acho. Eu posso mudar isso".
Undavahr gaguejou alguma coisa, ele não sabia o quê. "Leve-me ao seu mestre. Leva-me ao rei dos
escravos. Eu tenho um presente para ele".

Mesmo que Undavahr nunca pudesse lembrar o que aconteceu


depois, deve ter sido que ele levou o estranho para a sala do trono
do rei Gonhar, seu pai. Sua memória não se repetiu até que ele viu as
centenas de soldados esqueletos com suas espadas e lanças, todos
em pé num grande semicírculo ao redor dele e o homem de capa
cinza. Ele também reconheceu alguns de sua família. Ennevahr, sua
irmã. Corion, a quem todos chamavam de chicote, Tuavahr, o mestre
dos mortos, e Cuhor, o feiticeiro.

A sala tremeu de tensão e Undavahr, gradualmente retornando a si


de novo, sacudiu-se e apertou-se entre os outros Krahders. Todos
olhavam ansiosamente para o estranho e o rei. Gonhar era
incrivelmente alto para um krahder e seu trono era uma enorme rocha cinzenta, polida pelos muitos anos que
Gonhar e seus ancestrais haviam gasto nele.

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"Agora, estranho, quais são suas últimas palavras?” A voz de Gonhar
explodiu. "O que você quer dizer antes de pegarmos você e deixá-lo morrer
lentamente no fogo?"
O estranho ficou em silêncio, como se contemplasse suas últimas palavras.
Mas, em vez do estranho, irrompeu de Undavahr: "Ele tem um presente, ó
rei". Droga! Undavahr não queria dizer isso. O que essa pessoa fez com ele?
Gonhar levantou uma sobrancelha e depois o estranho falou. Undavahr
ouviu suas palavras com muita clareza, embora tenha dado pouco mais
que um sussurro.

"Eu sei quem você é. Eu conheço sua história, Gonhar. Longe ao norte há
uma árvore. Uma árvore onde as pessoas guardam tempo, história. Eles
preservam os eventos, seus conhecimentos e suas lendas. Você também pode
ser encontrado lá, enrolado em folhas de pergaminho frágeis ao lado de um
texto sobre cogumelos da floresta e ervas de potência duvidosa. Por muito
tempo estudei lá, sem ser visto, sem ser detectado em segredo. Eu estava
procurando por você nestas prateleiras empoeiradas e livros de couro e eu
encontrei você." Muito Lentamente, ele levantou a cabeça e Undavahr
esticou o pescoço para ver melhor. Finalmente, ele poderia sob o capuz
reconhecer um rosto tipo lagarto com uma espessa barba negra. "Seus
piores ultrajes estão registrados em belos manuscritos. Mas não se preocupe.
Eu gosto de más ações!" Um grande sorriso apareceu em seu rosto.

"Meu nome é Varkur e eu realmente tenho um presente para você. Chama-se Andor.”

Gonhar esvaziou o corredor. Só ele. Seu filho Undavahr e o estranho ficaram para trás. Ele passou a contar sobre a
terra de Andor e as pessoas que viviam lá, que eram escravos de Gonhar. Ele revelou que eles eram governados por
um rei chamado Thorald, que era apenas uma sombra pálida de seu pai. E, claro, ele falou sobre os heróis e os Anões
do Escudo que ele tinha recentemente se engajado em uma grande batalha, pois as criaturas haviam invadido a
Caverna ao seu comando para enfraquecer os anões e dar-lhe a oportunidade de vir aqui sem ser notado. Após os
comentários de Varkur, houve silêncio no salão e Undavahr não pôde prever como seu pai reagiria.

"Esta terra, Andor, como você chama, sempre foi habitada por um dragão", disse o rei lentamente.
"Ele foi derrotado pelo mesmo herói que eu te falei, Rei Supremo", Varkur respondeu.
"Devemos chegar a uma terra onde existem heróis que podem matar um dragão? Por que deveríamos fazer isso se eles
tivessem tal poder?”
"Papai está confuso", pensou Undavahr. "Quase tão inteligente quanto um covarde."
“Por duas razões, você deve tomar esta terra, sendo a primeira muito mais importante, Sua Alteza” - disse Varkur
solenemente, depois se virou para Undavahr. "Eu vejo que seu filho herdou a aparência nobre de seu pai. Se não me
engano, já vi um rosto assim antes. Ele era um imponente Krahder e um bravo guerreiro".
"Quem você chama de magos", disse Undavahr.
"Do segundo filho do seu pai. Do seu irmão. Se bem me lembro, Ferntahr era o nome dele, certo?”

Ferntahr, o irmão de Undavahr, estava em viagem há alguns anos atrás. O mesmo vazio atormentava Undavahr, mas
como um segundo filho ele não poderia sequer esperar tornar-se rei algum dia. Por fim, o Unrast ganhou vantagem e
Ferntahr partiu para explorar as Montanhas Cinzentas. Ele queria encontrar novos escravos ou tesouros, disse ele
em sua partida.

"O que você sabe sobre Ferntahr?", Exclamou


Undavahr.
"Oh, me dói te trazer as más notícias. Mas ele também
foi vítima dos heróis de Andor. Aconteceu na época do
Escudo Estelar, onde eles também lutaram comigo. No
final, eles atraíram seu irmão para uma armadilha,
assim que ele pisasse em suas terras".
Undavahr gritou e derrubou uma mesa próxima que
voou vários metros pelo corredor. Imediatamente
alguns Krahders e cinquenta ou mais esqueletos invadiram o salão. Mas Gonhar terminou o tumulto e logo o silêncio
voltou. Então ele se virou para Varkur.

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"Bem, mago, você agora tem toda a minha atenção, mas saiba: não me deixarei transformar em um peão em suas mãos.
Você chama isso de presente? Este presente está envenenado. Magos, Anões do Escudo, guerreiros e arqueiros. Meu filho
Ferntahr foi preso, mas eu não vou cometer o mesmo erro. Agora, digamos, qual é a segunda razão pela qual eu deveria
deixar a minha festa e me colocar em perigo?"
"Eu quero te dizer. Assim que eu voltar, cuidarei para que esses heróis deixem o país indefeso. Eu mesmo os atrairei para
o norte e para a morte certa."
Os olhos de Gonhar se estreitaram. "E se você falhar? Se eles te derrotam novamente e voltarem?"
"Eles não vão. E se acontecer, bem, é por isso que estou aqui... Varkur chorou solenemente.
"Abandone sua terra natal e traga de volta seus escravos. Encha suas masmorras e minas com sangue fresco! Destrua
Andor! Então eu vou prevalecer na derrota!"
O rei Gonhar franziu a testa enquanto as palavras de Varkur ecoavam no grande salão.

Quando Varkur deixou Borghorn no dia


seguinte, o Príncipe Undavar acompanhou-
o até o grande portão.
"Seu pai é um idiota covarde!", Sussurrou
Varkur. "Ele ainda não tem certeza se
deveria aceitar meu presente. Mas você é
esculpido em madeira diferente, meu
príncipe. Não deixe sua preguiça e covardia
parar seu ataque. Pense no seu bravo irmão.
Vingue-o e recupere o que é seu."
Undavahr assentiu devagar.

"Mais uma coisa", disse Varkur enquanto


caminhava. "Caso eu falhe no extremo norte
e os heróis retornem, tenho que avisá-lo.
Entre eles está uma que você realmente deve
temer. Espero poder dar-lhe um final muito
doloroso. Mas se eu não conseguir, talvez um
dia seja sua responsabilidade matá-la. Seu
nome é Chada. Você não deve subestimá-la.
Sua vontade pode destruir montanhas".

Undavahr olhou para o céu da noite, nublado, cinza como chumbo. Mas em vez de um vazio, ele sentiu uma grande
excitação. Com ou sem a permissão de seu pai, ele logo iria armar seu exército e, em seguida, fazer o seu caminho por
meio das Montanhas Cinzentas, liderando muitas centenas de soldados esqueleto. Ele sairia e receberia o presente
do mago.

XIV - O Castelo Invernal


Nossos heróis tinham retornado à devastada Andor e decidiram perseguir os
Krahders. Eles não deixariam os andorenses sequestrados sob a tortura da
escravidão. O caminho os conduziu às Montanhas Cinzentas: um lugar onde viveram
príncipes anões, gigantes e Dragões. Nesse lugar houve muitas guerras. Há também a
histórica terra-de-ninguém, local no qual se obtem poucas informações, até mesmo na
Árvore de Canções. A história do Castelo Invernal é mantida lá. Mesmo que nenhum
dos nossos heróis que tenha lido essa história, agora você deveria ouvi-la...

Quando ainda havia grandes impérios dos anões nas Montanhas Cinzentas, eles não
construíram apenas túneis subterrâneos e salões. Aqui e ali eles construíram torres
sobrenaturais e fortalezas a partir do Rock. Eles estavam sempre em harmonia com
as formações rochosas naturais, como ecos de pedra da natureza. Eles criaram
estátuas de poderosos Dragões e anões como guardiões silenciosos a sair da névoa.

A maior e mais bela fortaleza foi o Castelo Karulzar, construído sobre uma rocha à
beira do mar, num cume tão alto que frequentemente há neve em suas torres durante grande parte do verão.

Em sua longa história, ele teve muitos donos. Primeiro, os anões estavam lá, claro. Mas como as guerras contra os
Dragões e gigantes, os anões deixaram suas fortalezas sobrenaturais e fugiram para os salões subterrâneos.

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Dragões logo se instalaram nas torres e corredores espaçosos. No entanto,
apenas por um curto período de tempo, porque os gigantes também tinham
interesse na fortaleza. Ela era linda e forte. Os Gigantes apreciavam o
artesanato dos anões e a qualidade de seus produtos.

Mas a verdadeira razão do interesse no Castelo Invernal era que ela estava
muito perto das fronteiras de seu próprio país, sendo muito ruim deixá-la nas
mãos de um inimigo como os Dragões, que eram sábios, poderosos e muito
superiores aos gigantes. Um vizinho perigoso, portanto.

Mas havia alguém entre os gigantes que até os Dragões temiam, pois ele era
um feiticeiro. Nomion era seu nome. Ele foi o primeiro gigante a explorar a
feitiçaria e descobrir seu poder sobre os outros. Suas habilidades
aumentaram rapidamente e logo ele foi capaz de preparar poções para os
Guerreiros Gigantes, que fortaleceram sua vontade. Ele desenvolveu o dom de impor a sua vontade a outros seres e
de controlá-los. E quando ele conseguiu ressuscitar os ossos mortos dos gigantes caídos, sua feitiçaria havia mudado
completamente a vida de seu povo. A partir de então eles se chamaram Krahders, os imortais. Isso foi obviamente
um absurdo, porque eles morreram como todos os outros seres quando chegou a hora. E o que ressuscitou os mortos
foi o poder de Nomion. E ainda assim foi a feitiçaria que os tornaram diferentes de outros gigantes e os tornaram os
Krahders.

Nomion transmitiu o seu conhecimento e seus discípulos construíram templos


e plantaram a Árvore Negra para nutrir e tornar onipresente a feitiçaria
maligna, como o ar a respirar.

Mas Nomion estava procurando por mais. Ele procurou uma torre anã deserta
nas Montanhas Cinzentas e passou muito tempo procurando a criatura mais
poderosa de todo o mundo do sul. E quando ele encontrou, ele escravizou o
espírito dela.

Logo ele deixou a criatura atacar o Castelo Invernal. Muitos jovens Dragões
foram mortos neste terrível ataque e as orgulhosas festas do passado
explodiram sob os golpes da incrível criatura.

Mas Nomion também teve seu fim naquele dia. O mais forte e mais esperto de todos os Dragões, Tarok, encontrou o
feiticeiro que comandou a criatura em segredo, não muito longe dela. Nomion não era um grande lutador e seu
poderoso servo estava envolvido na luta contra os Dragões no Castelo Invernal. Tarok não teve nenhum problema
em destruir Nomion, deixando apenas uma pilha de cinzas do feiticeiro.

A criatura, mais tarde chamada de Urtroll, logo abandonou o Castelo Invernal e caiu num sono pesado. Dificilmente
um dragão sobreviveu ao ataque e o festival foi destruído.

Os poucos Dragões sobreviventes deixaram o Castelo Invernal, que agora não oferecia mais proteção do que
qualquer outra rocha. Mas as ruínas não devem permanecer inabitadas por muito tempo. Algo se mexeu nas cinzas
que um dia haviam sido Nomion. Houve um brilho azulado quando uma figura pálida se levantou. Durante muito
tempo, isso foi para assombrar as fortalezas e torres abandonadas das Montanhas Cinzentas. Isso era o espírito de
Nomion.

Seu espírito ainda estará lá quando você for para as Montanhas Cinzentas no outono...?

XV - O Escudo Estrelar
O Escudo Estelar data de uma época na qual não havia hostilidade entre os
Anões do Escudo e os Dragões. Era uma vez, antes de existir Krahall, o lugar
que deu a vida aos Dragões foi sacudido. Houve uma aliança entre Dragões e
Anões. Estes cavaram túneis subterrâneos profundos e enormes salões, que
serviam aos Dragões como lar. Em troca, os Dragões deram aos anões os
segredos do fogo, permitindo que eles afastassem a escuridão eterna sob as
montanhas. Mas um dia os anões começaram a arrancar novas maravilhas do
fogo. Primeiro, eles começaram a forjar belos vasos e lâmpadas. Depois,
correntes e anéis, como se fossem bordas das gemas das profundezas. Então

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eles colocaram portões de aço nos seus tesouros e a ira inflou os Dragões. Quando os anões forjaram armas afiadas
como garras de dragão e armaduras duras como as escamas deles, a fúria dos Dragões rugiu e a aliança se quebrou.
Uma guerra subterrânea irrompeu.

Segundo a lenda, houve um tempo especial antes que a raiva se infiltrasse na aliança. Foi curto, mas mudou muito.
Kreatok era um anão ferreiro talentoso e com muita sede de conhecimento. Ele foi auxiliado por Nehal, um jovem
dragão, espirituoso e forte, mas também disposto a criar algo novo. A habilidade do anão e o fogo do dragão criaram
quatro poderosos escudos.

Um desses escudos foi o Escudo Estelar, que deu esperança ao seu usuário, mesmo que a situação parecesse difícil.

XVI - O Escudo da Irmandade


O Escudo da Irmandade era um dos quatro poderosos escudos dos tempos
antigos. Quando anões e dragões ainda estavam em amizade, Kreatok, o anão, e
Nehal, o dragão, criaram este escudo. Segundo a lenda, ele tinha o poder de
transferir o poder de um irmão de armas para outro. Esta era uma arma
poderosa, assim como os anões da Caverna eram grandiosos. As longas
distâncias se tornaram um problema, porque mesmo os melhores lutadores
não poderiam estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Quando os heróis de
Andor ganharam, como Taren Bragor ou Kheela, o guardião do país do rio, este
escudo também foi encontrado e de grande utilidade para os heróis.

XVII - O Escudo Tempestade


O príncipe Hallwort, o louco, estava no meio de seu arsenal e vivia de acordo com seu
apelido recentemente adquirido. Ele riu alto quando viu seu reflexo no escudo em suas
mãos, grotescamente alongado e sorrindo para ele. Seu cabelo cinzento e comprido
estava amarrado em uma trança desgrenhada e seus olhos azuis brilhavam de alegria.

Na verdade, ele veio ao arsenal para se preparar, porque no dia seguinte começaria
sua grande jornada. Seus seguidores o olhavam quando, há alguns dias, ele lhes contou
sobre a viagem e sua decisão de deixar a Caverna.

Desde então, muita coisa aconteceu. Houve uma luta. "Loucura é isso! Um príncipe não poderia abandonar a Caverna",
gritaram seus capitães. Esta lei de ferro não pode ser quebrada. Mas Hallwort, que até então tinha sido apelidado de
"o Grande", não foi persuadido.

Hallwort era conhecido como um lutador glorioso e poderoso governante,


mas sua inquietude o tornava, às vezes, indisciplinado e injusto. Havia
rumores de que até mesmo seu enorme reino subterrâneo estava se
tornando pequeno demais para ele. Sua curiosidade sobre o mundo fora da
Caverna até então estava tranquila ao enviar espiões para lhe contar o que
estava acontecendo lá fora. Eles contaram sobre os guardiões da Árvore
das Canções e sobre estranhos, os andorenses, que tinham fugido do país
dos escravos (Krahal) e agora estavam se estabelecendo nas terras de Riet.
Qualquer informação era preciosa para ele, pois ele estava sempre ansioso
em aumentar a prosperidade dos Anões do Escudo. Ele também foi quem
ordenou a construção da Ponte do Mercado para poder negociar com o
povo da terras de Riet.

Mas sua curiosidade não conhecia nenhum limite e agora ele tinha decidido deixar a Caverna para explorar Andor e,
depois, o Mar de Hadria. Não se sabe como o príncipe teve essa ideia. Talvez um comerciante viajante tivesse
contado a ele sobre o mar. Mas é certo que Hallwort um dia começou a falar das ilhas da Névoa, dos Tártaros e dos
magos de Hadria, das esposas nascidas no mar e das chamas.

Hallwort sabia que ele quebrou as leis dos Anões do Escudo com a sua partida, mas ele não se importou. Ele colocou
a regência nas mãos de seu filho, o jovem Hallgard, no tempo de sua ausência. E isso também causou muitos
problemas entre os anões, porque Hallgard não era menos impulsivo que seu pai e era jovem, o que tornava difícil a
tarefa de se curvar diante dele.

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Quando Hallwort entrou no arsenal na manhã mencionado antes, vestiu a
camisa de malha finamente trabalhada, o peitoral de ouro, colocou o grande
capacete anguloso e seu olhar fixou num escudo que estava no canto. O
príncipe levantou-o, olhou para seus ricos ornamentos e pensou em Nehal, o
dragão, e Kreatok, o mestre ferreiro dos Anões do Escudo, que juntos
perseguiram a ferraria e criaram os quatro poderosos escudos. Este era um
escudo de prata e o príncipe riu: "Essa coisa inútil! Ha, ha ".

Na verdade, esse escudo tinha sido uma decepção para todos os anões.
Anteriormente, Nehal e Kreatok criaram o Escudo Estelar, um dos mais
significativos dos quatro. Ele foi capaz de parar os eventos do mal e mudar o destino para melhor. Pouco depois, foi
criado o Escudo da Irmandade, também um poderoso. Isso permitia que o usuário aceitasse os poderes de outro
anão ou transferisse o seu poder para outro irmão. Desta forma, os anões poderiam proteger uns aos outros por
longas distâncias.

Depois que esses dois maravilhosos escudos foram criados, a expectativa era grande nos Anões do Escudo. Qual seria
o próximo escudo que brotava da bainha brilhante de Nehal e da bigorna de Kreatok? Que proteção ele teria? A
melhor prata e ouro foram deixadas para os dois para os próximos trabalhos. E logo eles fizeram outro escudo.
Ele era leve e lindamente decorado. A luz da tocha do grande salão iluminou a prata quando os anões o viram pela
primeira vez. Mas este escudo não tinha poder especial. Muitos já suspeitavam que Kreatok e Nehal haviam perdido
seus poderes na ferraria.

Mas essas preocupações logo se mostraram infundadas, pois o mestre ferreiro e o dragão fizeram um outro último
escudo. Suas habilidades fizeram todas as dúvidas desaparecerem. Também é infundado, e até mesmo improvável,
que a guerra que logo se desencadeou entre Zwegen e Drachen por causa do último escudo.

De qualquer forma, todos os anões elogiaram as habilidades de Kreatok e Nehal e o único escudo que não revelou
nenhuma habilidade foi então descartado como um deslize e foi quase esquecido. Quando um anão se lembrava dele,
ele era chamado de escudo de prata, de escudo silencio ou, principalmente, de escudo inútil.

E por isso é de se admirar que, muito tempo depois, quando os outros escudos já tinham sido perdidos nas guerras
contra dragões e criaturas, o inútil Escudo de Prata ainda estava na posse do Senhor da Caverna.

Agora Hallwort acariciou o metal fino e riu: "O escudo inútil para o príncipe inútil. Eu gosto disso." Ele agarrou o
escudo e deixou o arsenal com um sorriso travesso no rosto.

Na manhã seguinte, Hallwort, Lorde dos Anões do Escudo, saiu da


Caverna com quatro outros anões e seguiu para o norte até o Mar de
Hadria. Ele estava acompanhado por Radan, um anão jovem, mas
careca. Radan foi astuto e o melhor lutador da Caverna. Hallwort estava
feliz por ter Radan ao seu lado. Também o acompanharam Gurd, um
primo do príncipe, e dois anões das minas profundas.

Pouco se sabe sobre sua jornada pela Terra de Riet. Mas quando
Hallwort, Radan, Gurd e os outros anões chegaram às margens de Andor
e encontraram um navio que os levaria para o norte, eles
experimentaram algo que logo esqueceriam.

O navio era um antigo navio mercantil, fabricado na casa de Werft, o maior centro comercial do norte. Seu capitão
era um homem magro e vigoroso chamado Jari Dorr. Seu rosto era estreito e seus olhos eram de um azul frio.
Enquanto os anões subiram a bordo, o capitão observou o escudo atentamente. Radan, o jovem anão careca, não
gostou disso.

"Isso não é para você, rato do mar", Radan retrucou ao capitão. "Nós lhe pagamos um bom ouro, agora nos leve aonde
meu príncipe ordena." O homem sorriu: "Desculpe, anão, eu pensei por um momento que este poderia ser um dos
poderosos quatro escudos. Eu ouvi muito sobre isso e, bem, meus olhos se fixaram sobre ele...". "Mantenha os seus olhos e
todos os seus dedos com você", Radan respondeu com raiva. "Este escudo é na verdade um dos quatro poderosos. É o
sinal da morte", ele mentiu. Ele desconfiava de Jari Dorr e queria assustá-lo um pouco. "Se alguém, que não é um anão
de escudo, o tocar, o relâmpago o mata. Entendeu?" O capitão fez um gesto defensivo e desapareceu silenciosamente
debaixo do convés. "Tudo bem, então", disse Radan. "Ele entendeu isso!"

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Um leve vento do sul soprou as velas e pouco tempo depois o navio saiu da costa
de Andor.

O príncipe Hallwort ficou pela primeira vez em sua vida na proa de um navio e
apreciou o vento áspero que soprou em seu rosto. Gurd também estava feliz com a
vista maravilhosa e o mar que estava sob seus pés. Radan e os outros anões, no
entanto, permaneceram embaixo do convés a maior parte do tempo e logo ficaram
enjoados.

No terceiro dia de sua jornada, aconteceu algo que mudou tudo. O navio havia se
sacudido com força e Radan caíra do beliche. Ele lutou para se levantar e ouviu
gritos altos no convés. Imediatamente ele correu e viu a tripulação eufórica. Radan
olhou para a água e viu penhascos afiados subindo do mar agitado. O capitão Dorr gritou por cima do rugido do
vento ao timoneiro para virar o navio.

Hallwort e Gurd ainda estavam na frente do navio, tentando não ir ao mar. Então, finalmente, pareceu que o navio
havia mudado o curso a tempo. Os enormes rochedos ficaram de lado e Radan respirou. Mas logo depois ele
reconheceu mais penhascos à frente, aonde não havia nenhum. "Cuidado com as falésias!", gritou ele. Mas o capitão
Dorr sacudiu a cabeça: "Estes não são falésias". "O quê?", gritou Radan. Mas agora ele mesmo viu as rochas, que
cresceram e continuaram a sair da água.

"Estes são os Arrogs!", rugiu o capitão. "Às armas, homens. Ocupar


a balista". E mesmo antes de Radan saber exatamente o que
estava acontecendo com ele, uma das rochas se ergueu ainda
mais longe do mar. E então dois olhos amarelos e quentes
olharam para ele. Radan nunca tinha visto tal criatura antes. A
pele era áspera e pedregosa, com conchas e algas penduradas
nela.

O golpe de uma garra de pedra maciça quebrou o mastro e rasgou


metade do forte do arco. O navio ficou inclinado para o lado.
Quando se afastou um instante depois, Radan viu um marinheiro
voando pelo ar como se estivesse sendo puxado por cordas invisíveis. E então o corpo desapareceu em uma boca
negra reforçada com grandes presas amarelas. Outro Arrog apareceu no porto. Atrás de Radan, a balista estava
zumbindo. Uma grande flecha de aço varreu a cabeça dele e errou a fera, que desferiu outro golpe pesado no navio,
destroçando madeira. Na confusão, Radan viu de repente Hallwort, que ainda estava agarrado a uma corda. Com a
outra mão ele segurava algo que Radan não podia reconhecer logo. Então o céu escureceu. O príncipe tinha em seu
braço o escudo de prata. O escudo agora brilha intensamente na escuridão circundante como uma estrela no céu. O
vento levantou e ondas grandes atravessaram as caretas de pedra dos Arrogs.

A vela restante se inflou como se quisesse explodir e o navio disparou à frente. Radan foi arrancado pela força. Ele
ouviu os Arrogs rugirem e tentou se levantar. Logo depois, o rugido tinha desaparecido. Não havia nenhum som
exceto o deslizar do navio, o uivo do vento e as ondas enormes batendo contra o arco.

Radan perdeu a consciência. Quando ele acordou mais tarde, não


fazia ideia de quanto tempo tinha ficado desacordado.

Ainda estava chovendo, o trovão enchia o ar e o céu estava cinzento.


Mas a tempestade encolhera para um forte vento do sul. Quando ele
se sentou, viu o navio destruído. Gurd o ajudou a se levantar e,
quando Radan olhou ao longe, viu uma ilha não muito longe do
navio. Ela estava cercada por uma névoa espessa. "Você está bem?",
Perguntou Gurd. "Sim", respondeu Radan. "E o príncipe?", ele
perguntou. "Oh, eu acredito", respondeu Gurd. "Hallwort é o anão
mais sortudo da terra. Ele está pagando o capitão pela nossa
travessia. Chegamos a uma das Ilhas da Névoa e Hallwort quer
explorá-la hoje. Você sabe como ele é..."

Então, de repente, ouviu-se um grito terrível. Ambos os anões


pularam e então viram Hallwort cambaleando para fora da cabine.

18
Com as duas mãos, ele pressionou uma grande ferida sangrenta no pescoço. Então o capitão Dorr saltou. Em uma
mão ele usava uma espada curta manchada de sangue e na outra o escudo de prata, ou Escudo da Tempestade, como
todos o chamavam a bordo. Alguns de seus homens pareciam confusos, mas ele passou rapidamente por eles e pulou
em um dos barris atracados. "Homens, vocês não esquecerão este dia! Este é o dia em que todos nós nos tornamos
homens ricos!” Um murmúrio passou pela tripulação e muitos estavam apenas agora tirando os olhos do príncipe
anão ofegante. "Este escudo é nossa recompensa!", gritou Dorr. "Com ouro ruim esses pesos queriam nos salvar, mas,
vejam, eu conquistei o Escudo da Tempestade para nós!"

Radan tirou o machado das costas. No canto do olho, ele viu os dois anões das minas atrás
dele, também tirando suas armas. Gurd correu para seu primo, que estava sangrando.

- "E você é um anão" - prosseguiu Jari Dorr, voltando-se para Radan -, se você não quer
acabar como seu senhor, aconselho que deixe meu navio agora. Somos muitos para você.
Um trovão rasgou o céu e Jari Dor gritou: "Nade ou tente fugir!"

Com essas palavras, ele ergueu o escudo e por um momento Radan achou que também
estava liberando seus poderes. Mas desta vez, não foi um brilho que rodeou o escudo. Em
vez disso, brilhou em um clarão de luz. Das nuvens acima um relâmpago brilhou e atingiu o
escudo. Jari Dorr foi lançado do ar e caiu diretamente a seus pés. Seu corpo, contorcendo,
estava negro e carbonizado.

Os marinheiros se congelaram ao olhar para o capitão e o escudo caído intacto ao lado dele. Então sua rigidez se
dissolveu. Um deles, um grisalho de aparência sombria, disse: “Ele se foi.” Outro passou pelo cadáver e entrou na
frente de Gurd e Hallwort. Então ele rasgou uma tira de pano de sua túnica e entregou a Gurd para conter a ferida do
príncipe. Outro pegou o escudo e entregou a Radan.

Este foi o fim do capitão Dorr e, infelizmente, o do príncipe. Quando Gurd parou de tentar parar o sangramento,
Hallwort sorriu para ele e pediu para enterrá-lo ali no norte. Ele amava o ar salgado do mar e nunca ficou tão feliz
como ali. E assim aconteceu. Os anões desembarcaram, enterraram o príncipe não longe da costa e logo montaram
um primeiro acampamento. Gurd assumiu o comando. Radan permaneceu a bordo a fim de voltar para casa,
informar sobre Hallwort e, claro, sobre o Escudo da Tempestade. Ele não confiava na equipe, mas um dos anões teve
que retornar à Caverna. Radan não dormiu um só segundo e jamais soltou o machado antes de pisar novamente em
terra firme. O Escudo da Tempestade, no entanto, permaneceu com Gurd no norte.

Após cerca de um mês, Radan chegou à Caverna, que


aparentemente estava intacta. Mas ele havia tomado
outro ferimento, por conta de uma profunda
desconfiança de todas as pessoas o atraíra. E esta
ferida levaria anos para cicatrizar. Hallgard também
foi infectado por essa desconfiança quando ouviu o
relatório de Radan. Mas muitos dos outros Anões do
Escudo sentiam o mesmo anseio que lorde Hallwort
sentira. Havia um espírito de otimismo no ar e nos
anos seguintes muitos Anões do Escudo partiram para
seguir o modelo de Hallwort.

Gurd cavou os primeiros túneis e encontrou grandes


depósitos de minério, ouro e, acima de tudo, prata.
Com o reforço de outros Anões do Escudo da Caverna,
Silberhall surgiu na Montanha de Prata, o reino anão
mais do norte. Não se sabe se os anões que vivem lá
foram posteriormente chamados de Anões de Prata devido à grande descoberta da prata ou por causa do nome
original do escudo. Agora, quanto ao paradeiro do Escudo da Tempestade, só quem ousou desbravar “A Jornada para
o Norte” saberá.

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XVIII - O último dos quatro escudos: O
Escudo de Fogo
Era uma noite de março, quando os poucos
andorenses que não haviam sido sequestrados pelos
Krahders se reuniram na taverna de Andor para
celebrar a existência de três anos da economia. Mart,
o anão, estava em nome do príncipe Krams aqui em
Andor para mobilizar todas as forças. O poderoso
Escudo Estelar e o Escudo da Irmandade caíram nas
mãos dos Krahders? Talvez. E, embora o Escudo da
Tempestade pudesse estar longe ao norte, restava um
último escudo. Para encontrá-lo, Mart contou a Andor
a sua história sombria...

XIX - O segredo dos irmãos


O borrifo do mar de Hadria surfava até a costa da Floresta Vigorosa. Havia uma pequena cabana cinza e
imperceptível na borda da floresta. Ouviu-se, pouco maior que o som das ondas, um suave gemido de dentro da
cabana. O homem deitado na cabana parecia horrível. Cortes e arranhões franziam seu rosto com sua barba
desgrenhada. Sangue seco preso ao cabelo dele. A leve subida e descida de seu peito e os gemidos não rítmicos eram
os únicos sinais que mostravam que ele ainda estava vivo. Ele parecia que tinha brigado ou que sido atacado por um
animal selvagem. Sem dúvida, algo terrível aconteceu com ele. E esse "algo" foi ele mesmo.

A maré fluía ao redor de dois homens altos que


conversavam suavemente perto da cabana. Um deles estava
encharcado e tremendo no frio vento do norte.

"O navio está destruído. Muitos estão mortos. Os humanos têm


um novo líder. É um daqueles bastardos que nos caçaram".

"Calma, irmão. Venha comigo para minha cabana. Fique


aquecido", respondeu o outro, que estava vestindo um longo
manto marrom. Sua pele brilhou azulada na noite sem lua.

"Não. Estou saindo de novo. Eu tenho que reunir minhas


forças. Eu, eu...", o homem olhou para o rebite e galhos
cobertos da cabana de seu irmão. "O homem que eu trouxe te
ajudará a concluir o trabalho".

"Completar o trabalho? Parece que ele nem vai sobreviver à


noite. Se eu nem puder cuidar de suas feridas, ele não ajudará em nada."

"Pare de brincar, Leander!", sibilou o gotejamento. "Você tem o dom da premunição. Você sabe se ele sobreviverá esta
noite".

Leander inclinou a cabeça. Ele era o mais novo dos dois, mas sempre o mais sábio
e paciente. Seu irmão saiu cedo de casa, cheio de energia e de uma ganância
indescritível pela fama. E ele também merecia isso - uma glória sombria. Leander,
por outro lado, ficou em casa. Tinha lido e aprendido um pouco a arte da cura.
Então ele desenvolveu um interesse em idiomas. Primeiro ele aprendeu a língua
dos países vizinhos. Depois, a linguagem mais difícil de todas, a língua do futuro.
Era uma forma de magia negra que lhe permitia ver o que ainda estava por vir.
Mas, como sempre, a Magia Negra cobrava o seu preço. Conforme as habilidades
de Leander aumentavam, a luz de seus olhos diminuiu. Até que um dia se apagou.

Agora ele podia ver muito à frente. Certo dia, apenas pela audição ele reconheceu o seu irmão, que estava na frente
dele. E se ele tivesse visto o quão magro Callem estava, ele poderia ter falado num tom diferente. Mas, em vez disso,
ele exclamou: "Isso não é tão fácil, seu idiota! Penetrar as sombras do presente para reconhecer e interpretar a luz do
futuro não é uma tarefa simples.”

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Callem agarrou seu irmão mais novo firmemente pelos ombros. "Ele é uma fera, você não entende? Um troca-pele! Ele
destruirá os heróis de Andor. Com sua ajuda! Irmão! Se eles se sentirem seguros, você os destruirá no castelo, no
acampamento deles ou em qualquer outro lugar!"

A voz de Callem se estendia para longe do mar e da praia, e Leander o repreendia a ficar
quieto.
"Chega agora. Eu compartilho seu ódio pelos heróis de Andor. Eu sou seu irmão e sua dor
também é minha. Vou tentar realizar o seu plano e...”

De repente, enquanto Leander falava, uma pequena brecha se abriu na escuridão de seu ser e
a luz do futuro próximo o deslumbrou. Uma visão! Então, como se os olhos de seu vidente
estivessem começando a se acostumar com o brilho, ele reconheceu padrões de formas que se
aproximavam.

"Você tem que ir, agora mesmo. A providência está conosco. O lobo, o maldito Rei Lobo, está a
caminho daqui. Ele e outra estranha criatura. O lobo está procurando por seu amigo. Ele está procurando por aliados.
Eu vejo isso muito claramente - vá em frente agora. Tenha certeza, vou colocar seu trabalho em ação. Eu vou
contrabandear a besta sob a ovelha desavisada e vou me certificar de que ele vai se vingar."

"Muito bom. Sim, irmão”. Callem ofegou de excitação. "E acompanhe-a, torne-se sua amiga e, quando
ela menos esperar, fique contra ela. E que eles saibam que foi Callem, aquele que eles acreditavam ter
derrotado, que selou seu destino".

Então Callem deixou seu irmão. Ele cuidou das feridas do troca-pele chamado Drukil.
Na luz cinzenta da primeira manhã, enquanto Lonas, o Lobo, e
Forn, o meio-skral, passavam por eles, os últimos troncos de
árvores da orla da floresta pareciam tão pretos quanto as
barras de uma gaiola.
O lobo foi em frente. Ele sabia quem estava procurando, porque encontrar mais
heróis era a tarefa que Chada lhe dera. Forn, o meio-skral, quase tão rápido
quanto o lobo, já havia sido escolhido para ser escudeiro de Andor. Da mesma
forma, Darh, a invocadora. Finalmente, apareceu uma pequena cabana na beira
da floresta.

Conforme a história continua, se Drukil está de fato condenando seus novos


compatriotas, isso será revelado em “As Lendas de Andor – Dark Heroes”.

XX - Tulgor
"Leste ?!" Saro riu, mas no fundo do seu coração ele se preocupava mais
do que ele admitia. Ele era velho e Eforas há muito se tornara homem.
Mas ele ainda era seu filho.
"Partimos de madrugada", disse Eforas, ignorando o riso zombeteiro de
seu pai.
"Nós? Você e ... Haamun?”
"Não só. Haverá mais com a gente..." Eforas começou, mas Saro o
interrompeu.
"Ninguém jamais cruzou Kuolema, e até a morte espera por você lá. Você às
vezes pensa em seu irmão?" Muitos Tulgori tentaram, ano após ano,
encontrar um caminho através das montanhas. Ninguém jamais retornou,
e quando os primeiros raios de sol da primavera derreteram a neve nas
encostas rochosas, as montanhas devolveram os mortos. Muitas vezes os
antigos falavam de espíritos e demônios que viviam nas montanhas. Saro achou que era apenas conversa fiada, mas
permanecia o medo de perder seu primogênito para a montanha.
"Nós não vamos cruzar", disse Eforas. "Haamun sabe o caminho que leva através da montanha..."

"Não há caminho através da montanha!"


"Sim, pai! Desde tempos imemoriais, os Tulgori já estão minerando as pedras Mera, atingindo túneis profundos na
rocha. Nosso caminho nos leva através deles.”

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Os dois homens ficaram em silêncio por algum tempo, como se tudo parecesse ter sido dito. Então Eforas virou-se e
deixou a pequena casa de fazenda.
Saro observou silenciosamente a porta pela qual seu filho havia passado pela última vez.

Uma névoa fina de névoa pairava sobre Tulgor quando o negro da noite deu lugar a uma manhã cinzenta. Foi legal.
Haamun ficou na frente de sua pequena cabana e olhou através da vasta terra.
Fazia sete ou oito anos desde que ele passara pelas montanhas Fahle. Os Tulgori chamavam isso de "Kuolema" -
montanhas nas nuvens, e ninguém era capaz de dizer quão alto elas realmente eram. Haamun sabia, pois tinha
chegado no topo conhecia a verdade sobre os espíritos e demônios...
O povo de Tulgor o recebeu gentilmente e o chamou de Haamun, que significava "luz da manhã". Ali encontrara um
novo lar, embora quase ninguém acreditasse em sua história.

A primeira vez ele ainda estava sem rumo pela terra desconhecida. Grandes campos de milho dourado se espalharam
a partir do pé do Kuolema. Aqui e ali havia pequenas casas com telhados de palha e chaminés negras, das quais
soprava fumaça espessa no inverno. Os agricultores estavam ocupados e o solo era fértil.
Mais para o oeste, a paisagem se tornou estéril. As planícies pareciam intermináveis, mas havia muitas aldeias, e as
pessoas viviam das ovelhas e cabras que os conduziam em pequenos rebanhos sobre a terra plana.

Mais tarde, Haamun se juntou a um grupo de comerciantes, viajando com eles para o norte, através de
assentamentos cada vez maiores, passando por casas, pontes e castelos incomparáveis. Os Tulgori eram mestres
construtores qualificados.

No final do outono, Haamun chegou a uma costa rochosa


íngreme onde não havia portos, então ele decidiu voltar para
as montanhas. Lá ele trabalhou para os mineiros, que
extraíam prata, ouro e ferro e extraíam as preciosas pedras
Mera por séculos. Mera - o brilho da Lua Vermelha, cuja luz
brilhou apenas em alguns dias do ano nas entradas das
montanhas. Ao longo dos tempos, os Tulgori continuaram a
desenvolver a arte de sua mineração, de modo que a luz foi refletida pelas paredes rochosas
e levada cada vez mais fundo para a montanha. Mas apenas em alguns lugares a rocha
realmente começou a brilhar quando a luz da lua a tocou. Então a pedra da parede teve que
ser rapidamente arrancada da rocha antes que a lua se movesse. Os anos se passaram. Haamun recolheu muitas das
raras e muitas vezes desconhecidas ervas da planície, preparou poções e fez várias pomadas, pós e venenos. Mas
quando exerceu o seu trabalho nos túneis do fundo da montanha, pensou mais e mais. Diante dele não estava o
caminho que o trouxe de volta para o outro lado das montanhas.

Ele ainda estava de pé na frente de sua cabana na névoa fina da manhã, olhando para
Kuolema. Há menos de dois dias, as nuvens haviam clareado e os picos cobertos de
neve das montanhas haviam se tornado visíveis. Quando o céu brilhava além das
montanhas em luz vermelha, Haamun sabia que o velho rei havia sido morto e que o
dragão havia sido derrotado. Era hora de voltar para casa.

Eles começaram com os primeiros raios de sol do dia. Haamun, Eforas e uma dúzia
de outros mercadores Tulgori, construtores e cartógrafos cuja curiosidade era mais
forte do que o medo dos espíritos das montanhas.
Quando Haamun entrou no túnel da montanha e ele ficou cercado da escuridão
pálida, ele sorriu. Por fim, voltaria para a terra que outrora deixara com raiva e onde não era mais Haamun, mas
Meres, o feiticeiro de Andor.

XXI - Siantari
Najuk viu a figura branca emergindo das montanhas cobertas de névoa das
Montanhas Fahl. Uma nuvem de neve e gelo girou em torno dela, e parecia que
ela estava flutuando sobre ela. A aparição tinha o rosto de uma mulher. Ela tinha
algo fascinante sobre ela, e Najuk mal conseguia escapar de seu feitiço. Ela
irradiava tanto frio que sentiu seus membros se solidificarem lentamente.
Imóvel, ele viu a figura translúcida aproximando-se dele, e a última coisa que ele
ouviu antes de seus sentidos foram: "Eu sou Siantari. Nos profundos desfiladeiros
de Kuolema, o sol nunca brilha no gelo eterno, e lá está o meu reino".

22
Lentamente, Siantari foi para o Castelo Riet. Um sorriso malicioso brincou em torno de seus lábios gelados. Seus
olhos gelados abraçaram os vastos campos das terras de Riet, viram as casas de fazenda margeando o rio
preguiçosamente fluindo e avistaram o sopé de uma montanha distante no horizonte. "Logo tudo isso terá
desaparecido sob o gelo espesso", ela pensou triunfante, sentindo-se quase como a sorte.
Ela sorriu e quase se surpreendeu com esse sentimento humano. "Eu sou isso?", ela ouviu a pergunta em sua cabeça.
"Sian ... tari? Eu sou humano?”
Seu sorriso desapareceu. Ela fez uma pausa e refletiu de volta num tempo que estava quase 500 anos atrás dela...

Sian deixou a casa dos pais antes do amanhecer. O caminho que ela seguiu subiu a colina através de um mar de
pedras. Uma vez no topo, ela andou por uma rocha que se estendia sobre o caminho como um arco e abriu a vista
para um grande vale. Seu caminho levou Sian ao fundo do vale. Ela se virou. O sol tinha se escondido atrás das
pedras, como se ela tivesse medo de seguir a garota ainda mais.
Os pés descalços de Sian sentiram o frio do chão quando ela chegou ao seu destino - o gelo eterno. Espalhou-se
infinitamente na frente dela. Cintilante branco e frio azul, tanto quanto o olho podia ver, e uma sensação
reconfortante fluiu através dela quando ela se acalmou. "Esta é a minha casa", ela pensou. Para seus pais, Sian nunca
desenvolveu sentimentos amorosos. Para ela, havia apenas indiferença.

Sian sempre soube que ela era diferente. Ela morava com os pais numa cabana miserável ao pé das montanhas do
que a natureza estéril tinha para lhes oferecer ali. Eles coletaram madeira e bagas e caçaram cervos ou coelhos.
Nunca houve contato com outras pessoas além dos poucos migrantes que se perderam lá.
Quando Sian tinha seis ou sete anos de idade, ela sentiu pela primeira vez esse forte desejo de ir ao gelo. Desde então,
ela vinha lá todos os dias - ano após ano - deitava no gelo e desfrutava desses momentos de profundo
contentamento. Claro que ela se perguntara; todas as outras pessoas congelaram antes que ele soubesse o que estava
acontecendo, ela tinha visto isso sozinha. Mas Sian viveu. O gelo parecia amá-la e não poderia machucá-la.
De novo, ela perguntava à mãe sobre isso, mas sempre a olhava com olhos tristes. Alguns dias atrás, no entanto, o
olhar de sua mãe havia mudado. Ela sentou-se ao lado dela e ficou em silêncio por uma eternidade antes de começar
a falar baixinho e deliberadamente.
"Nos vales no alto de Kuolema, o demônio do gelo eterno vive há quase 500 anos. Muito do que sabemos é pouco mais
que uma lenda. Ele já foi um humano, um Tulgori como nós, diz as velhas histórias. Ninguém que viu o Demônio de Gelo
voltou das montanhas vivo, mas seu pai e eu nos encontramos com ele. E você também.”

Sian não disse nada, e foi a única coisa que a conectou à mãe por
um momento.
"A noite em que você nasceu foi extraordinariamente fria",
continuou a mãe de Sian. "Nós fomos até a floresta para recolher
madeira e percebemos tarde demais que o sol estava se pondo. A
escuridão veio rapidamente, nós saímos do caminho e nos
encontramos de repente no gelo eterno novamente. Havia um
sentimento em nós, como se estivéssemos congelando, mas você
não queria congelar até a morte comigo. O nascimento começou.
Nós pensamos que estávamos perdidos quando Rakurtari
apareceu, o Demônio de Gelo. Ele poupou nossas vidas e nos deu a sua."

Mais uma vez, Sian e sua mãe ficaram em silêncio juntos. "O preço de todas as nossas vidas foi alto. Um dia, Rakurtari
ligará para você e você seguirá seu chamado."
Sian ainda estava deitada no gelo, com os braços estendidos.

Chegou o dia de pagar a dívida. Ela tinha ouvido a voz do demônio de gelo em sua cabeça e o seguiu. Ali estava ela
agora e sentiu o frio subir. Sentindo seu corpo lentamente se tornando um com o gelo, Rakurtari deixou este mundo
e tomou seu lugar.
Sian desfrutou da sensação esmagadora de felicidade suprema, mas de repente percebeu que eles nunca mais
trilhariam o caminho, nunca atravessariam o portão rochoso e nunca ultrapassariam as encostas íngremes da
montanha. Uma prisioneira no gelo eterno, condenada a nutrir o gelo por 500 anos para finalmente criar um novo
demônio de gelo e depois afundar para sempre no gelo. Uma determinação selvagem se espalhou nela. Ela
encontraria uma maneira de escapar desse destino. Um dia ela deixaria Kuolema e estaria livre.

Sian morreu com esses pensamentos, com os braços estendidos e os olhos gelados, Siantari se levantou.
As idades passaram e, gradualmente, Siantari sentiu que havia chegado a hora de escolher um novo demônio de gelo.
Mas os poucos Tulgori que se aventuraram nos altos vales remotos não eram bons. Garotos fracos que pensavam que
o gelo das montanhas os transformaria em homens...
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Um dia, porém, um homem entrou no gelo do outro lado das
montanhas. Ele não era um Tulgori, e Siantari achou que ele
poderia ser o certo. Ela estava escondida dele, esperando o frio
enfraquecê-lo. Então era fácil dar-lhe a vida que ele a imploraria,
e ainda tirar essa vida dele.

Mas esse homem era diferente. Ele não era fraco. Ele se aqueceu
no fogo que ele acendeu do nada. Ele parecia sentir a presença
deles e observá-la, mas logo ele cruzou as montanhas sem
Siantari ter deixado seu esconderijo.

Mais uma vez os anos se passaram. Para Siantari, eles foram apenas um piscar de olhos, e então ela sentiu o estranho
retornar. Ele não cruzou o Kuolema. Ele foi para baixo das montanhas e não estava sozinho. E os homens que o
acompanhavam carregavam pedras Mera, esses idiotas!

O Temm havia ensinado o Tulgori a derrubar as pedras da


montanha e usar um pouco do poder delas. Mas eles não lhes
contaram todos os segredos. Eles deveriam ter avisado ao
Tulgori elas que pedras e montanha deles. Siantari pensava, a
montanha de Elor, Avin, Rakur e Sian e todos os Tari que nutriam
o gelo antes deles e o mantinham vivo por todo o tempo.

Mas agora eles haviam lhe mostrado um caminho. "Eles abriram


o portão", Siantari pensou e sorriu brevemente, "meu portão de
pedra".

Então ela virou para o leste e deixou o gelo eterno e as


montanhas Fahle.

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