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A UNIVERSALIDADE DA MANDALA
O mundo é uma mandala viva. Uma matriz, estrutura originária da qual e através da qual flui uma
sucessão de mudanças elementares, de vagalhões (ondas) primordiais, cada um sobrepondo o
outro, em uma variedade infinita de estruturas orgânicas e impulsos corados, pelo supremo
atributo da consciência refletida. Seu fluir, embora trabalhando através de uma estrutura
relativamente bem definida, está sujeito aos processos infinitos de crescimento e transformação,
por mérito das relações sempre em mudanças, tanto internas quanto externas, da sua estrutura
básica.
Uma mandala consiste em uma série de formas concêntricas, sugestivas de uma passagem
entre diferentes dimensões. Em sua essência a mandala diz respeito não apenas à terra, mas ao
macrocosmo, e ao microcosmo, ao maior e ao menor processo estrutural. Ela é a porta entre os
dois.
“O homem sábio olha para o espaço e não considera o pequeno, tão pequeno, nem grande, tão
grande, porque ele sabe que não há limite para as dimensões”. (Lao Tzu)
A mandala é terra e homem, ambos o átomo que compõe a essência material do homem e a
galáxia da qual a terra não é mais do que um átomo. Através do conceito de estrutura da
mandala, o homem pode ser projetado no universo e o universo no homem. Tal interpretação
mútua é a síntese das várias tendências polarizantes agora manifestas sobre o planeta.
Em sânscrito, MANDALA, literalmente significa círculo e centro. Seu desenho tradicional sempre
utiliza o círculo, símbolo do cosmo em sua inteireza, e o quadro, símbolo da terra ou do homem
feito mundo. No “I Ching”, um dos mais antigos textos, este simbolismo corresponde ao “Yang”, o
masculino, o originador, princípio celestial e ao “Ying”, o feminino, receptivo, princípio da terra.
No Tibet, a mandala encontrou o seu maior e mais completo desenvolvimento – tanto como uma
forma artística – quanto como um ritual de meditação enfatizando a meditação cósmica. O
Centro – a morada da divindade – está contido dentro do quadrado – o palácio da existência
interna – circundado por um círculo ou série de círculos, cada um simbolizando uma fase
particular de iniciação ou nível de consciência.
O CENTRO E AS POLARIDADES
O atributo básico pelo qual a nossa consciência se define, é aquele do contraste, como no bem
conhecido símbolo do taichi, ---, modelo da natureza da nossa consciência, os dois elementos
básicos, ying e yang; existem por mérito de um contraste simultâneo: eles só existem juntos e só
juntos eles formam uma totalidade, simbolizada pelo círculo que os circunscreve. Nós vivemos
imersos em um oceano de polaridade: vida e morte; homem e mulher; fraco e forte; alto e baixo;
preto e branco. Das maneiras mais incríveis, não apenas a nossa consciência, mas a nossa
linguagem tanto quanto as estruturas sociais e técnicas contemporâneas, estão baseadas por
ramificações das polaridades primárias. O nosso erro é acreditar nelas como absolutas, embora
definidas.
O centro e as polaridades são as chaves que abrem a porta da linguagem da mandala, como é a
mandala que pode rebentar os grilhões da escravidão interna e dos conflitos do homem,
guiando-o para o ponto de vista de que as várias polaridades podem ser harmonizadas. Toda a
compreensão, conhecimento e princípios, baseados que são sobre a dualidade primária da
consciência terrena (material), curvam-se ante o mistério do centro, o ponto a partir do qual tudo
parte e para o qual tudo retorna. As polaridades do crescimento e morte, atração e repulsão de
formas e forças, passado e futuro, são mantidas juntas pelo instantâneo embora eterno centro –
semente – o mistério presente. E estas polaridades, são fases do espelho de variedade de
crescimento e transformação transmitidas dos centros-sementes (pontos através dos quais a
energia é dispersa ou focalizada, transformada ou renascida).
A mandala como uma construção, habilita a pessoa a melhor aceitar as suas experiências: para
isto fornece um plano ou esquema geral sobre o qual elas devem ser projetadas e planejadas em
comunhão com os seus opostos ou antíteses. Desta maneira a totalidade de qualquer situação é
compreendida e integrada, a união dos opostos foi encontrada e outro estágio de crescimento se
inicia.
A mandala é um instrumento básico para a segunda maior fase de crescimento pela qual
passam as pessoas, aquela que começa onde terminou o essencial do crescimento físico. Até o
momento da maturação, a tensão básica é prestada à coordenação física do organismo, depois
do pico da maturação e dos limites físicos terem sido testados, o foco da atenção lentamente se
desvia para o desenvolvimento e coordenação das atividades mais intuitivas. Como um
instrumento neste processo de crescimento, a interação mútua das partes componentes da
mandala ajudam a pessoa a se concentrar, aumentando o seu sentido próprio de auto-
relacionamento. Cada parte está relacionada e dá suporte a todas outras partes; na natureza isto
pode ser observado em um bloco de neve ou em uma microscópica criatura marítima: cada parte
é um todo orgânico, uma absoluta economia de forma e energia, permitindo ao ser alcançar a
sua função com facilidade máxima.
Acontece com o homem o que acontece com estes organismos. Entretanto, pela complexidade
do seu desenvolvimento e pela maleabilidade resultante da sua estrutura, o homem exibe uma
maior capacidade de integração estrutural e possibilidades de transformação.
Essencialmente cada ser humano é uma mandala para si mesmo; mas esta mandala deve ser
desenvolvida e criada outra vez por cada pessoa. Cada homem deve concentra-se, concretizar
suas próprias coordenadas polares e alcançar o seu centro, para abrir as energias contidas
dentro dele. Dito de outra forma, como disse Dane Rudhyar, cada organismo é uma focalização
do universo inteiro em um dado intervalo espaço-tempo, e da mesma maneira, cada intervalo
espaço-tempo é assim, uma focalização. A mandala pode ser considerada como uma máquina
de mudança, liberando energia em tal amplitude que, a pessoa usando e concentrando sobre
ela, é capaz de se identificar com ela. Finalmente, a mandala conduz seu usuário a uma
visualização e realização da fonte de energia dentro dele mesmo. O princípio da mandala
repousa não na sua forma externa, que é única para cada situação, mas no centro, a fonte
através da qual a energia criadora da forma flui. Estar integrada, estar inteiro, significa manter
contacto com o próprio centro. A mandala é uma técnica de centração (concentração), um
processo de conscientemente seguir um caminho para o próprio centro. Uma pessoa
completamente individualizada, não importa o que possa ocorrer a ela exteriormente, é capaz de
manter contato com a fonte vital de seu ser íntimo. Em um mundo que está dividido pela “Guerra
Civil do Homem”, a cura é necessária para fazer a total integração. A mandala é uma técnica de
integração, ela é a alquimia da reunião dos opostos. A mandala é uma visão, uma canção, uma
história e uma dança – a semente infinitamente renovada que contém em seu núcleo o sonho
coletivo do seu gênero, a energia vital dentro do indivíduo. O homem deve se refazer na
eternidade do seu próprio corpo.
A MANDALA COMO UM PROCESSO VITAL
A mandala é fundamentalmente uma construção visual que é facilmente compreendida pelo olho
porque corresponde à experiência visual primária tanto quanto a estrutura do órgão da visão. A
pupila do olho é ela mesma uma forma de mandala simples. O olho recebe luz e projeta as suas
imagens exteriores através da forma da pupila, isto é, através do centro de um círculo elementar.
A mais pura, mais simples forma é o círculo, a mais rudimentar experiência dos organismos vivos
é a luz, a fonte visível da qual é o sol. Uma relação definida existe entre o modelo e função do
sol, órgão da visão e da experiência da luz. O olho é o intermediário humano entre o presente da
luz externa e a luz que queima dentro. Se os homens pudessem ver claramente como os
videntes, não haveria necessidade de mandala, porque a experiência seria apreendida como um
todo-organismo, continuamente vindo e retornando para a mesma fonte - centro do ser. Ver é ver
o todo de uma experiência, é saber. Os livros dos antigos videntes da Índia são chamados
“Vedas”, um termo em sânscrito relacionado com visão e com sabedoria. O conhecimento dos
antigos videntes veio de uma percepção direta da realidade: eles viram a verdade. A visão direta
se tornou mais difícil de conseguir e então a mandala foi desenvolvida como um lembrete da
percepção direta da realidade.
O OLHO: É a divindade que vê tudo, a faculdade da visão intuitiva, é também o olho místico, luz,
iluminação, conhecimento, a mente, a vigilância, a proteção, a estabilidade, a fixação de
propósitos, mas também a limitação do visível. O “olho do coração” é a percepção, a iluminação,
intuição intelectual. O olho pode também representar o andrógino como sendo formado do
símbolo da fêmea, o oval e o círculo do macho. O olho é o símbolo do mal como os ciclopes,
monstros de poder destrutivos, ou como o olho único da iluminação, o Olho de Deus e da
eternidade ou da auto-contenção.
A CRUZ: É o símbolo cósmico por excelência. É um centro mundial e por isto um ponto de
comunicação entre o céu a terra e um eixo cósmico, assim dividindo o simbolismo da árvore
cósmica, da montanha, do pilar, da escada, etc... A cruz representa a Árvore da Vida e a Árvore
da Nutrição. É também um símbolo universal, do arquiteto do homem, capaz de expansões
infinitas e harmoniosas em ambos os planos, verticais e horizontais.
A RODA: O poder solar; no sol girando no céu, o sol é centro, com os raios da roda como seus
raios. A roda é um atributo de todos os deuses do sol e os seus delegados terrestres, com o rei
sol. Ele simboliza o domínio universal, a mutabilidade e a mudança no mundo manifesto; ele
pode também representar o mundo de manifestação que é retratado pela circunferência como os
limites da manifestação e pelo centro, como o pinto quiescente. O “móvel imóvel!, como o centro
cósmico que produz a radiação.
UROBORUS: Representado como uma serpente ou dragão mordendo sua própria cauda. “Meu
fim é o meu começo (princípio)”. Simboliza a indiferenciação, a totalidade; a unidade primordial, a
auto-suficiência. Ele motiva, une, impregna e mata a si mesmo. É o ciclo da reintegração e
reintegração, o poder que consome eternamente e se renova; o ciclo eterno; o tempo cíclico; o
infinito espacial; a verdade e a cognição; a união dos pais primordiais; o andrógino; as primeiras
vias de água; o escuro antes da criação; a restrição do universo no caos das águas antes da
vinda da luz; o potencial antes da realização.
MANDALA TIBETANA
Compõe-se de:
Um círculo protetor, contendo: fogo, a “vajra” e a faixa de lótus.
Quatro portões e o palácio.
No mais profundo, o lótus, que é o assento da divindade.
Nas pétalas do lótus e colocadas ao redor desta parte mais interna do quadrado, estão outras
figuras representando aspectos da sabedoria, da iluminação.
O círculo mais externo simboliza a barreira de fogo que proíbe o acesso do iniciado, e simboliza
o conhecimento metafísico que queima a ignorância.
À medida que o discípulo se aproxima do centro, ele se aproxima do centro do mundo. De fato,
tão logo ele entra na mandala, ele está num lugar sagrado, fora do tempo, os deuses já
“desceram” (ou já estão presentes).
Vajra, significa ao mesmo tempo relâmpago e diamante, mas o significado de diamante é o que
prevalece, para indicar justamente a indefectibilidade da gnose e a infragibilidade da essência
divina. É o símbolo da compaixão.
A mandala delimita um espaço concreto e o protege da invasão das forças desintegradoras. Mas
a mandala é muito mais que uma área sagrada para manter puro o ritual. Ela é acima de tudo um
mapa do cosmos. É o universo total em seu plano essencial, em seu processo de emanação e
reabsorção. O universo não só em sua expansão espacial e inerte, mas como uma revolução
temporal e ambos como um processo vital com o desenvolvimento vindo do princípio essencial e
rodando em torno do eixo central... o eixo ou centro do mundo, no qual o céu repousa e firma
suas raízes no substrato misterioso.
A mandala consiste numa séria de formas concêntricas, sugestiva de uma passagem para outras
dimensões.
Se tudo é energia e a qualidade básica da energia é uma radiante alegria, então o universo é
fundamentalmente uma canção de alegria, cheia e incandescente penetrando todos os átomos
com a sua tremenda onda criativa.
No presente estágio do planeta a mandala representa a semente símbolo de um mundo mais
ordenado e harmonizado.
Apesar de ser chamada de arte sagrada ou objetiva, na realidade a Mandala é uma forma de
magia. A arte como magia realizando a sua suprema função, levando uma coletividade ativa a
atingir um novo nível de consciência.
Poder do Mundo: Todas as coisas feitas pelo poder do mundo são feitas em círculo.
As formas são os aspectos mais complicados da percepção visual, o que os olhos percebem
primeiro é a luz. Aumento de luz indica o crescimento da consciência.
Raios: Mostram o alcance da consciência, podem ser uma conexão do inconsciente com o
mundo.
A mandala não é só para despertar ou atingir um maior grau de consciência, mas principalmente
sua função é a de transformação de todos os caminhos pelos quais o homem responde ao
mundo em todos os seus impulsos. Esta é a alquimia dos símbolos, cuja fonte é o poder que
reside na Mandala, a mãe de todos os símbolos. Como a matriz do sistema de símbolos, a
Mandala promove somente a parte metafísica do ritual: a transmutação do homem em espiritual.
Como uma verdade em todo o processo mandálico, o fim, é ambos um retorno ao centro ou
princípio, e uma expansão simultânea para a periferia. No presente estágio do planeta, a
mandala representa a semente-símbolo de um mundo mais ordenado e harmonizado.