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DIREITO DO TRABALHO

Boletim Trabalhista n° 12 - 2ª Quinzena. Publicado em: 22/06/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

APRENDIZ - FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES


Obrigatoriedade, Contrato, Planejamento, Fiscalização, Procedimento, Penalidades

Roteiro 

1. Introdução
2. Obrigatoriedade da Contratação de Aprendizes
3. Contrato de Aprendizagem
3.1. Disposições do Contrato
3.2. Prazo do Contrato de Aprendizagem
3.3. Partes Assinantes
3.4. Continuidade do Aprendiz após Término Contratual
3.5. Rescisão Antecipada pela Redução de Empregados
4. Planejamento da Fiscalização da Aprendizagem
5. Fiscalização
5.1. Da Aprendizagem Profissional
5.1.1. Notificação da Ação Fiscal
5.1.2. Regularidade do Trabalho aos Domingos
5.1.3. Contratos Superiores aos Prazos Legais Permitidos
5.1.4. Auto de Infração pelo Descumprimento da Cota
5.2. Das Entidades Qualificadoras
5.3. Constatação da Irregularidade
6. Descaracterização dos Contratos de Aprendizagem
6.1. Hipóteses de Descaracterização
6.2. Consequência da Descaracterização
7. Procedimento Especial para Ação Fiscal
8. Penalidades

1. Introdução
O aprendiz é uma espécie de empregado regido pela CLT que está em formação técnico-profissional, com idade entre 14 a 24 anos, ou então, no caso de
atividades vedadas para menores de 21 anos, pode ter até 29 anos de idade, conforme artigo 44, § 2°, inciso II do
Decreto n° 9.579/2018.

As empresas devem sempre observar se estão na obrigatoriedade de contratar aprendizes em seu quadro de funcionários, sendo que, a partir do momento
em que a empresa não observa tal obrigatoriedade, pode sofrer autuações através de fiscalizações realizadas pelos Auditores-Fiscais do Trabalho.

Esta matéria trará especificamente a abordagem acerca dos procedimentos das fiscalizações e autuações que podem ocorrer para as empresas que não
observam a obrigatoriedade de contratação e dos deveres na relação trabalhista dos aprendizes.

2. Obrigatoriedade da Contratação de Aprendizes


Conforme o artigo 62, § 1° da
Instrução Normativa (IN) MTP n° 002/2021, as empresas que possuem registrados ao menos sete empregados dos quais os
respectivos CBO’s demandam formação profissional estão obrigadas à contratação do empregado aprendiz.

Nos termos do caput do artigo 62 da


IN MTP n° 002/2021, havendo a obrigatoriedade acima citada, o empregador deve aplicar sobre o número de
empregados que possuem funções que demandam formação profissional os percentuais de no mínimo 5% e máximo 15%.

Ainda, para auxiliar na apuração do número de aprendizes que a empresa deve contratar, sugere-se o simulador disponível na área de estudo especial:

Trabalhista > Áreas Especiais > Menor Aprendiz > Quantidade Obrigatória

Por fim, sugere-se também, para maiores detalhes sobre o tema, a área especial do Menor Aprendiz.

3. Contrato de Aprendizagem
O Auditor-Fiscal do Trabalho tem o dever de observar todos os critérios acerca do contrato de aprendizagem, conforme serão delineados a seguir.
DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 12 - 2ª Quinzena. Publicado em: 22/06/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

3.1. Disposições do Contrato


Conforme artigo 64 da
IN MTP n° 002/2021, os contratos de aprendizagem devem conter as seguintes disposições:

I - o termo inicial e final, necessariamente coincidentes com o prazo do curso de aprendizagem;

II - o nome e número do curso em que o aprendiz está vinculado e matriculado, com indicação da carga horária teórica e prática e obediência
aos critérios estabelecidos na regulamentação do Ministério do Trabalho e Previdência;

III - a função, a jornada diária e semanal, de acordo com a carga horária estabelecida no curso de aprendizagem e o horário das atividades
práticas e teóricas;

IV - a remuneração pactuada;

V - os dados do empregador, do aprendiz e da entidade qualificadora;

VI - o local de execução das atividades teóricas e práticas do curso de aprendizagem;

VII - a descrição das atividades práticas que o aprendiz desenvolverá durante o curso de aprendizagem; e

VIII - o calendário de aulas teóricas e práticas do curso de aprendizagem.

3.2. Prazo do Contrato de Aprendizagem


Conforme artigo 45 do
Decreto n° 9.579/2018, alterado pelo Decreto n° 11.061/2022, o contrato de aprendizagem é por prazo determinado e não pode ter
prazo superior a três anos, exceto nos seguintes casos:

II - quando o aprendiz for contratado com idade entre quatorze e quinze anos de idade incompletos, hipótese em que poderá ter seu contrato
firmado pelo prazo de até quatro anos; ou

III - quando o aprendiz se enquadrar nas situações previstas nos incisos I a V do caput do art. 51-C, hipótese em que poderá ter seu contrato
firmado pelo prazo de até quatro anos.

Ainda, o § 2° do referido artigo, com a alteração que entrará em vigor em 04.07.2022, prevê que o contrato de aprendizagem pode ser prorrogado por meio de
termo aditivo, desde que observado o prazo máximo de quatro anos e que ocorra a continuidade de itinerário formativo, conforme orientação em ato do
Ministro do Estado do Trabalho e Previdência.

Embora exista a previsão de prorrogação do contrato de aprendizagem em virtude da continuidade de itinerário formativo, até o momento da divulgação
dessa matéria, o Ministério do Trabalho não publicou ato regulamentando a situação, logo ainda não é possível aplicar tal prorrogação.

3.3. Partes Assinantes


Devem assinar o contrato de aprendizagem o empregador e o aprendiz (caso seja menor de 18 anos deve ser representado por seu responsável legal), e no
caso de contratação indireta, pelo responsável da empresa que está cumprindo a cota de aprendizagem, conforme artigo 64, § 2° da
IN MTP n° 002/2021.

3.4. Continuidade do Aprendiz após Término Contratual


Finalizando o contrato de aprendizagem, caso o empregador queira permanecer com o aprendiz como empregado comum CLT, basta realizar o respectivo
aditivo contratual para tal alteração, realizando os ajustes necessários.

Ou seja, não há necessidade de rescisão contratual por término do contrato de aprendizagem nessa hipótese, conforme dispõe o artigo 65 da
IN MTP n°
002/2021.

Com essa alteração, o contrato passa a vigorar por prazo indeterminado, e o empregado continua sendo contabilizado para fins de cumprimento da cota de
aprendizagem profissional pelo período máximo de 12 meses, inovação acrescentada pelo Decreto n° 11.061/2022, artigo 51-B, Parágrafo Único.

3.5. Rescisão Antecipada pela Redução de Empregados


Conforme artigo 66 da
IN MTP n° 002/2021, a redução do quadro de empregados da empresa não justifica, ainda que em decorrência de dificuldades
financeiras, as rescisões antecipadas dos contratos de aprendizagem.

Dessa maneira, os contratos de aprendizagem devem perdurar até a data prevista para o término.

4. Planejamento da Fiscalização da Aprendizagem


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Boletim Trabalhista n° 12 - 2ª Quinzena. Publicado em: 22/06/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Em conformidade com o disposto no artigo 68 da


IN MTP n° 002/2021, existem alguns parâmetros expedidos pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho da
Secretaria de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência que devem ser observados quando da preparação da fiscalização da contratação de
aprendizes.

A Inspeção do Trabalho pode ser mais efetiva quando ocorre ação fiscal organizada pela Coordenação-Geral de Fiscalização do Trabalho em relação às
empresas que têm atuação em mais de uma unidade da Federação, nos termos do artigo 68, Parágrafo Único da
IN MTP n° 002/2021

As ações de fiscalização das empresas que cumprem a cota de aprendizes, bem como das entidades qualificadoras, e as ações que abordam situações
quanto à legislação trabalhista com relação às entidades qualificadoras são objetos mínimos na preparação da fiscalização da aprendizagem, conforme
dispõe o artigo 69 da
IN MTP n° 002/2021. Tais objetos também devem ser aplicados nas entidades que estão em fase de habilitação e cadastramento dos
cursos de aprendizagem profissional.

Segundo artigo 70 da
IN MTP n° 002/2021 o Cadastro Nacional de Aprendizagem Profissional é o meio para propostas de cursos e vagas.

Para fiscalização nos estabelecimentos quanto ao cumprimento ou não das cotas de aprendizagem, é utilizada primeiro a fiscalização indireta como dispõe
o artigo 71 da
IN MTP n° 002/2021.

Assim, conforme prevê o § 1° do


artigo 71 da
IN MTP n° 002/2021, o empregador é notificado pela fiscalização para que apresente documentação que
comprova a situação regular na contratação de aprendizes. Para tal comprovação, o empregador pode alternativamente utilizar sistema informatizado de
dados, nos termos do § 2° do
artigo 71 da IN MTP n° 002/2021.

O Auditor-Fiscal pode, a seu critério, coordenar uma reunião para conscientização, orientação e esclarecimento de dúvidas quanto às questões que envolvem
aprendizes, iniciando assim uma ação fiscal, conforme § 3° do
artigo 71 da
IN MTP n° 002/2021.

Ainda existe a possibilidade da ocorrência da fiscalização eletrônica de aprendizagem, em que é estabelecida a critério da chefia de fiscalização e do
coordenador estadual de aprendizagem, sendo estabelecidas ordens de serviços em todos os municípios do estado em questão, nos termos do § 5° do
artigo 71 da
IN MTP n° 002/2021. Ressalta-se que essa possibilidade não altera a lotação do Auditor-Fiscal.

Por fim, quando o empregador receber a correspondência, é considerado efetivamente notificado para a fiscalização, conforme § 6° do
artigo 71 da
IN MTP
n° 002/2021.

5. Fiscalização
A fiscalização trabalhista tem o objetivo de verificar se as diretrizes legais estão sendo aplicadas pelas empresas. Essa fiscalização é realizada através de
Auditores-Fiscais do Trabalho mediante credenciais, sendo uma atuação administrativa.

Com relação aos aprendizes, a legislação obriga determinadas empresas a contratarem essa modalidade de empregados, e, portanto, os Auditores-Fiscais
realizam ações para análise do cumprimento das cotas, bem como acerca da regularidade das entidades qualificadoras, e demais situações que envolvem
essa contratação de acordo com a legislação.

5.1. Da Aprendizagem Profissional


A seguir serão tratadas as diretrizes da fiscalização da aprendizagem profissional constantes a partir do artigo 72 da
IN MTP n° 002/2021.

5.1.1. Notificação da Ação Fiscal


O Auditor-Fiscal notificará o empregador durante uma ação fiscal, indicando qual a cota de aprendizes mínima que o estabelecimento precisa contratar, bem
como a competência em que foi analisada essa obrigatoriedade, conforme artigo 72 da
IN MTP n° 002/2021.

Nessa notificação há fixação de prazo suficiente e razoável para que o empregador cumpra a determinação dada pelo Auditor-Fiscal, de acordo com o § 1°
do
artigo 72 da
IN MTP n° 002/2021.

Após recebida a notificação pelo empregador, as contratações de aprendizes posteriores serão consideradas como cumprimento da ação fiscal ocorrida, e
assim será entendida para fins de Relatório de Inspeção, diante o disposto no § 2° do
artigo 72 da
IN MTP n° 002/2021.

Na hipótese do empregador não fornecer a documentação solicitada na notificação, haverá o Auto de Infração lavrado pelo Auditor-Fiscal, conforme dispõe o
artigo 76 da
IN MTP n° 002/2021.

5.1.2. Regularidade do Trabalho aos Domingos


A prestação de serviços aos domingos pelo aprendiz maior de 18 anos só é considerada regular se constar essa possibilidade no contrato de aprendizagem
e no calendário das atividades práticas e teóricas, conforme artigo 73 da
IN MTP n° 002/2021.

Portanto, nesse caso não há autuações por parte da fiscalização.

5.1.3. Contratos Superiores aos Prazos Legais Permitidos


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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

O prazo do contrato de aprendizagem é estipulado para aprendizes em estabilidade de emprego na data do respectivo término contratual, como é o caso de
estabilidade da gestante/licença-maternidade (artigo 10, inciso II, alínea “b” do
ADCT da CF/88) e a ocorrência de benefício previdenciário por acidente de
trabalho (artigo 118 da
Lei n° 8.213/91).

Portanto, o Auditor-Fiscal do Trabalho deve analisar essas situações, conforme depreende o artigo 74 da
IN MTP n° 002/2021, não implicando em
autuações.

5.1.4. Auto de Infração pelo Descumprimento da Cota


De acordo com o artigo 75 da
IN MTP n° 002/2021, em uma fiscalização, quando constatado o descumprimento da contratação de aprendizes conforme a
cota mínima obrigatória para a empresa, o Auditor-Fiscal procederá com:

a) Auto de Infração com as seguintes indicações: a base de cálculo da cota; a cota mínima do estabelecimento autuado; o número de aprendizes
contratados; o número de empregados em situação irregular, que equivale aos aprendizes que o estabelecimento deixou de contratar para o atingimento da
cota mínima; e o período utilizado como parâmetro para tal aferição.

b) Elaborar Relatório para anexar, o qual conterá quais as funções incluídas e excluídas dos empregados da empresa que fazem base do cálculo para a cota.

5.2. Das Entidades Qualificadoras


A seguir serão tratadas as diretrizes da fiscalização das entidades formadoras de aprendizagem, constantes a partir do artigo 77 da IN MTP n° 002/2021.

Em fiscalização nas entidades qualificadoras de aprendizagem realizada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, esse verifica as seguintes situações obrigatórias:

a) habilitação da entidade e o cadastro dos cursos no CNAP (Cadastro Nacional de Aprendizagem Profissional);

b) com relação a entidades sem fins lucrativos, se há registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;

c) com relação a Escolas Técnicas de Educação, se há credenciamento no órgão competente;

d) com relação a entidades de práticas desportivas, a comprovação da filiação ao sistema nacional do desporto e sistema de desporto dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios;

e) se o curso de aprendizagem está conforme os seguintes parâmetros:

1. se o curso está compatível com as funções exercidas pelo aprendiz;

2. se há acompanhamento e avaliação das atividades do aprendiz, tanto práticas (trabalho) quanto teóricas (curso) em conjunto com o aprendiz e a empresa
onde exerce suas funções;

3. se há instrutores formados com nível técnico pelo menos ou então conhecimento prático em relação à área em que o aprendiz atua;

4. se há o atendimento das normativas relacionadas à proteção ao trabalho e à formação profissional no ambiente e nas instalações da entidade;

5. se os profissionais da entidade possuem vínculo empregatício regular; e

6. se a jornada de trabalho está devidamente distribuída com atividades práticas e teóricas de acordo com a carga horária do curso de aprendizagem;

f) se existe a frequência do aprendiz na instituição de ensino devidamente atualizada por meio de declaração;

g) se a jornada de trabalho do aprendiz está sendo observada e cumprida nos termos da lei;

h) caso a contratação dos aprendizes ocorra por meio de entidade sem fins lucrativos e de práticas esportivas, se há o devido atendimento das normas
trabalhistas.

Importante ressaltar que os instrutores e empregados que prestam apoio aos aprendizes devem ser admitidos pela entidade qualificadora, não podendo se
tratar de empregados da própria empresa cumpridora das cotas, conforme determina o artigo 78 da
IN MTP n° 002/2021.

5.3. Constatação da Irregularidade


Conforme o artigo 79 da
IN MTP n° 002/2021, quando constatada a irregularidade da entidade fiscalizadora pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, esse a
comunicará por meio de relatório circunstanciado, o qual pode ser eletrônico ou pessoalmente, fixando-se um prazo de 10 dias, desde a data da
comunicação, para manifestação pela entidade qualificadora.

Nos termos do § 1° do
artigo 79 da
IN MTP n° 002/2021 na hipótese de não ocorrer a manifestação pela entidade ou, ainda, ocorrendo a manifestação e o
Auditor-Fiscal não acatá-la, decorrerão os seguintes procedimentos:
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a) a devida notificação pela inspeção do trabalho;

b) a formalização, à Subsecretaria de Capital Humano, do pedido de suspensão da habilitação da entidade qualificadora e do curso no CNAP, com a devida
cientificação ao encarregado imediato e também à Subsecretaria de Inspeção do Trabalho; e

c) possibilidade de que ocorra a alteração de entidade qualificadora pelo estabelecimento cumpridor da cota de aprendizes, e não havendo essa
possibilidade, ocorrerá a descaracterização dos contratos de aprendizagem.

Haverá ainda a possibilidade da entidade qualificadora protocolar recurso em face das citadas suspensões no prazo de 10 dias a contar da notificação da
suspensão.

Tal protocolo deve acontecer na autoridade de inspeção do trabalho superior àquela que solicitou as suspensões em um primeiro momento, nos termos do §
2° do
artigo 79 da
IN MTP n° 002/2021.

6. Descaracterização dos Contratos de Aprendizagem


Existem algumas situações que o Auditor-Fiscal do trabalho pode constatar e, como consequência, descaracterizar o contrato de aprendizagem.

6.1. Hipóteses de Descaracterização


São as hipóteses de descaracterização do contrato de aprendizagem, nos termos do artigo 80 da
IN MTP n° 002/2021, as seguintes:

a) quando o empregador não observar as diretrizes legais relativas ao contrato de aprendizagem;

b) quando não houver compatibilidade das atividades teóricas (curso) com as atividades desenvolvidas pelo aprendiz na empresa; e

c) quando constatar a contratação de entidades sem fins lucrativos e de práticas desportivas que não possuem habilitação, ou ainda, se o aprendiz frequenta
curso não cadastrado no CNAP.

6.2. Consequência da Descaracterização


Segundo o §1° do
artigo 80 da
IN MTP n° 002/2021, quando ocorrer a descaracterização do contrato de aprendizagem em decorrência das situações
apresentadas acima, será lavrado auto de infração, além de ocorrer a alteração do prazo do contrato para indeterminado.

Se a contratação do aprendiz ocorreu por meio de entidade sem fins lucrativos ou de práticas desportivas, a empresa cumpridora da cota deve arcar com o
ônus da descaracterização da aprendizagem, estabelecendo o vínculo empregatício diretamente com ele na modalidade comum (contrato por prazo
indeterminado), conforme dispõe o §2° do
artigo 80 da
IN MTP n° 002/2021.

Ainda, caso o aprendiz que teve a descaracterização do contrato de aprendizagem for menor de 16 anos, o contrato será rescindido imediatamente, nos
termos do §4° do
artigo 80 da
IN MTP n° 002/2021.

7. Procedimento Especial para Ação Fiscal


O procedimento especial para ação fiscal é instaurado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho quando este constatar a impossibilidade ou dificuldade da imediata
contratação de aprendizes obrigatórios no estabelecimento no momento do planejamento da fiscalização, conforme artigo 81 da
IN MTP n° 002/2021.

Nesse procedimento especial, pode ser lavrado termo de compromisso, em que são fixadas as obrigações e os respectivos prazos através de metas a serem
cumpridas gradativamente, até o prazo final que não será superior a dois anos. Nesse meio tempo, haverá fiscalizações a serem realizadas para análise do
cumprimento das obrigações conforme cronograma.

Por fim, o estabelecimento que está sob procedimento especial da ação fiscal deve comprovar a efetiva contratação dos aprendizes.

8. Penalidades
Nos termos da Portaria MTP n° 667/2021, bem como, dos artigos 428 ao 438 da
CLT, a multa que pode ser fixada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho será a
seguinte:

BASE
NATUREZA INFRAÇÃO QUANTIDADE OBSERVAÇÕES
LEGAL

CLT
Trabalho do menor (Criança CLT
artigo Por menor irregular até o máximo de R$ 2.012,66, quando infrator
artigo 402,53
e Adolescente) 402/411 primário. Dobrado esse máximo na reincidência
434

Para saber outras multas trabalhistas, orienta-se a Tabela Prática de Multas Trabalhistas disponível no site da Econet.
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Ainda, de acordo com o Manual de Aprendizagem do Ministério do Trabalho (MTb), publicado eletronicamente em 2019, além da possível penalização com
multa administrativa, a empresa pode sofrer outras penalidades, conforme listado a seguir, ou ter que tomar providências cabíveis (pergunta n° 35):

Portanto, o estabelecimento cumpridor da cota de aprendizagem deve tomar as medidas necessárias para evitar autuações e aplicações de multas
administrativas, conforme tratado nesta matéria.

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

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